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Resumo Gershenkron

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Economic Backwardness in Historical Perspective (Alexander Gershenkron)
	O autor do texto (correspondente ao primeiro capítulo do livro homônimo) aponta que o pensamento relativo à industrialização de países atrasados é dominado pela ideia marxista de que a história do desenvolvimento de países industriais avançados indica o caminho que, no futuro, deverá ser seguido pelos países mais atrasados. O objetivo do texto é demonstrar que tal generalização não passa de uma meia verdade, no sentido de que, embora possam ser encontrados diversos aspectos semelhantes nos processos de industrialização de vários países, também é possível enxergar, especialmente na industrialização de países atrasados, elementos importantes que diferem significativamente dos encontrados em países mais adiantados. Gershenkron defende que a direção que tende a ser seguida por certos aspectos da industrialização de um país vai variar de acordo com o nível de atraso daquele país. A favor de sua hipótese, desmembra alguns dos pensamentos mais aceitos no âmbito do estudo do processo de industrialização. 
	Segundo ele, pode-se dizer que qualquer país, antes da industrialização, é marcado por uma tensão entre a situação da atividade econômica no campo, mais os obstáculos ao desenvolvimento industrial, e o que se espera desse possível desenvolvimento. Quanto maior a quantidade de recursos naturais presentes no país, mais forte é o último aspecto e, portanto, a tensão. Dada uma quantidade suficiente de recursos e a remoção dos mencionados obstáculos, as oportunidades oferecidas a um país pela industrialização serão maiores quanto maior seu nível de atraso. Países atrasados, afinal, podem usufruir das inovações tecnológicas trazidas pelos países avançados, um comportamento que tende a ser criticado. 
	No entanto, esquece-se que a massiva importação de máquinas e conhecimentos dos países avançados, entre outros proporcionadores de oportunidades para uma rápida industrialização, nem sempre faz com que as potencialidades econômicas do país atrasado condigam com o que é efetivamente feito. Gershenkron também aponta que, apesar de autores apontarem a existência de mão de obra numerosa e barata em países atrasados como um fator compensador da escassez de capital ou mesmo como um grande auxiliador do processo de industrialização, tal mão de obra dificilmente pode ser classificada como adequada às fábricas, levando-se em conta que grande parte dela ainda está de certo modo conectada a modos de produção arcaicos. Assim, a mão de obra dos países em vias de industrialização seria, na verdade, bastante escassa. Daí, e da competição com países avançados, viria o hábito dos países atrasados de importarem máquinas e técnicas avançadas, demandantes de menos mão de obra. De fato, observa-se uma tendência dos países atrasados, nos estágios iniciais de industrialização, de promover setores onde o progresso tecnológico é mais acelerado.
	A utilização de técnicas modernas, por parte de países tidos como atrasados no século XIX, fez com que sua industrialização se iniciasse já com plantas industriais de tamanho considerável. As complementaridades e indivisibilidades dos processos econômicos, por sua vez, determinaram que a industrialização fosse estendida a diferentes setores da economia (sendo que a saída da estagnação e a superação definitiva das estruturas econômicas preexistentes só poderiam ter início a partir do momento em o país apresentasse condições de se industrializar em grande escala, permitindo assim que o esperado da industrialização superasse o já garantido pelas condições vigentes). Nesse sentido, pode-se dizer que o desenvolvimento industrial desses países, de fato, ocorreu de um modo um tanto quanto “revolucionário”. 
Um exemplo dado pelo autor é a França do período de Napoleão III, onde os obstáculos à industrialização puderam ser superados por um desenvolvimento da indústria bancária e criação de organizações financeiras. O exemplo francês serviu de base para outros países da Europa, com as devidas adaptações. Nesse ponto, podemos notar a presença de uma das citadas diferenças entre as industrializações de países avançados e as de países atrasados. A avançada Inglaterra, por exemplo, por ter tido um processo de industrialização mais gradual e uma acumulação de capital mais vistosa, não precisou do auxílio de quaisquer instituições bancárias especializadas em fornecer capital de longo prazo para a indústria, as quais são necessárias somente diante de características típicas dos países atrasados, tais como o capital escasso, a desconfiança em relação a atividades industriais, a pressão por grandeza (dada a explicação dada em parênteses no parágrafo anterior) e a falta de talento empreendedor por parte dos locais. Essas instituições foram as principais responsáveis por desenvolver a indústria da Alemanha, por exemplo.
No entanto, há exemplos de países tão atrasados que nem mesmo as instituições bancárias eram suficientes para estimular a industrialização. Um bom exemplo é a Rússia, na qual o sistema de servidão persistiu até meados do século XIX e cujo processo de expansão territorial desencadeou conflitos militares constantes com o Oeste. Como resultado, o estado passou a dirigir a economia de acordo com seus interesses militares, o que implicava opressão da população e inconstância do nível crescimento econômico de acordo com as necessidades militares. A opressão às vezes ultrapassava o grau que a população era capaz de suportar, fazendo com que períodos de grande crescimento fossem frequentemente seguidos por períodos de estagnação. Mais tarde, porém, quando a nobreza foi emancipada de suas obrigações para com o governo, a servidão perdeu sua ligação com o desenvolvimento econômico, retardando o mesmo de forma significativa. Ou seja, tendo em conta aquilo afirmado pelo autor anteriormente, sugere-se que tal acontecimento elevou a tensão entre os potenciais benefícios de uma industrialização e aquilo que se obtinha da estrutura servil. Tamanho era o atraso do país, porém, e tão grande era sua escassez de capital, que nenhum sistema bancário seria capaz de fazer o financiamento de uma industrialização em larga escala, que acabou, assim, a cargo do governo. Após algum tempo, tanto a indústria alemã quanto a russa se desenvolveram a ponto de se tornarem menos dependentes das instituições bancárias e do governo.
Gershenkron também cita como determinadas formas de pensamento em voga nos países interferem diretamente nos seus processos de industrialização. Na França, por exemplo, a difusão do socialismo Saint-Simoniano, ao oferecer a esperança de um futuro iminente glorioso, serviu para estimular a população, inclusive os empresários, a trabalhar pelo desenvolvimento do país. Na Rússia, por outro lado, o marxismo ortodoxo serviu para reconciliar o povo com as recentes mudanças através da ideia de que a introdução do capitalismo representava um degrau acima na escada do desenvolvimento histórico.
A conclusão do autor em relação a tudo que foi exposto anteriormente é a de que o modelo de industrialização dos países avançados, ao ser imitado pelos países atrasados, sempre vem acompanhado de elementos determinados endogenamente.
Reflections on the Concept of “Prerequisites of Modern Industrialization” (Alexander Gershenkron)
Nesse texto, correspondente ao segundo capítulo do livro “Economic Backwardness in Historical Perspective”, de Alexander Gershenkron, o autor trata da questão dos pré-requisitos necessários ao início de um processo de industrialização. Ele acredita que vários dos fatores tidos como pré-requisitos não podem ser aplicados a quaisquer países, especialmente os considerados atrasados. Em certos casos, alguns desses fatores teriam aparecido durante o processo de industrialização, ou mesmo como uma consequência deste.
Uma dúvida é lançada sobre o conceito marxista de “acumulação originalde capital”, por exemplo. Para que este conceito seja aceito, diz Gershenkron, é necessário ignorar o lucro industrial como uma fonte de acumulação. Caso contrário, o conceito se igualaria ao de acumulação prévia proposto por Adam Smith, perdendo sua especificidade. A acumulação original, assim sendo, negaria a existência uma industrialização gradual, determinando que, ou a industrialização vem na forma de um surto, ou simplesmente não vem.
Embora se possa dizer que é observável a ocorrência de surtos de crescimento em estágios iniciais de industrialização, deve-se levar em consideração que considerar o processo como um “surto” ou mesmo dizer que tais surtos ocorreram em um momento “inicial” do processo pode variar de acordo com o método utilizado para analisar o evento. Daí parte o questionamento de Gershenkron sobre a verdadeira relevância da acumulação original do capital para o rápido processo de industrialização de alguns países. Afinal, o conceito pressupõe uma grande acumulação de riqueza em períodos históricos anteriores à industrialização. Quando o período de tempo tomado é muito longo, podemos observar que, embora em vários momentos haja criação de riqueza, há períodos em que esta também é destruída. Por outro lado, quando o período de tempo tomado é curto, ainda assim é necessário que a riqueza acumulada acabe nas mãos de quem esteja disposto a investi-la na indústria.
Outro ponto abordado, e já mencionado no capítulo anterior do livro, é a atribuição de certas características essenciais da industrialização para qualquer lugar do globo, o que, embora seja verdade em se tratando de algumas dessas características, perde força gradualmente à medida que se estuda cada caso separadamente. No entanto, os estudos feitos em torno da industrialização dos países atrasados indicam que, nestes, instituições bancária ou o estado substituíram a acumulação original de capital como o principal pré-requisito para a industrialização. Afinal, tal acumulação perde importância diante da possibilidade de importar capital e técnicas dos países mais avançados. 
Tudo o que foi escrito serve de argumento para a defesa do autor da grande variedade e elasticidade dos processos de industrialização dos vários países, reforçando que o caminho a ser seguido pela industrialização de um país pode ser em grande parte determinado por seu nível de atraso.

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