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Resenha O Mercado e a Norma

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Universidade Federal de Minas Gerais
Disciplina: Estado, Economia e Relações Internacionais
Docente: Bernardo Campolina
Discente: Talyta Marques
Resenha: “O Mercado e a Norma: O Estado moderno e a intervenção pública na economia” – Bruno P.W. Reis.
	Bruno Reis analisa em seu texto as relações entre o Estado e o mercado e entre a democracia e desenvolvimento, pela ótica do Estado apenas como instituição seja capaz de fomentar a plena operação de uma economia de mercado, ou seja, o mercado depende da existência do Estado formalizado.
	A dimensão sociológica do mercado é relevante à Reis para a relação entre a política e economia, assim como a análise dos atributos e das suas funções.
	O mercado, embasado pela ideia de Weber e reafirmado pelo autor, pode ser ambíguo; sendo fruto de uma socialização, de uma relação interpessoal “que preserva uma dimensão comuna”, onde as trocas dos bens se dão pelos interesses dos indivíduos, com direitos iguais e sob reciprocidade, mas que necessariamente não precisam estar “preocupados” com o bem-estar do outro. 
Deduz-se na formação das sociedades modernas, a legitimação da indiferença, colocando-a como mais mercantil ou mais violenta, dada a socialização impessoal que ocorre nela decorrente do processo da modernização, enfatizando a “socialização entre estranhos” através do mercado, que se sobrepõe a modos menos formais de interação.
Reis tenta explicar a disseminação e o surgimento da estrutura (a economia de mercado) através do funcionalismo, expondo a competitividade cada vez maior da “sociedade-mercantil”.
Sobre essa competitividade, é ressaltado que, quanto maior facilidade de acumulação de riqueza, os indivíduos passem a cobrar “direitos políticos”, a democracia; esta e o mercado estariam baseadas na “busca individual da felicidade e à procura de interesses próprios” e que, em determinado contexto passa a ter importância para a classe de trabalhadores em busca da sua democracia, mas ainda assim estariam subordinados a um Estado detentor de normas. Ou seja, o mercado para funcionar, precisa de uma sociedade que se relacione através de normas regidas pelo Estado e que tenham seus direitos em comum assegurados pelo mesmo, a fim de que cause o mínimo de perturbação social possível.
O Estado assume um papel central na economia, intervendo nas indústrias já no século XX (para controlar o surgimento de monopólio/oligopólio), nota-se também que as classes começam a se mover estruturalmente, pela maior participação das massas na política. Esses acontecimentos culminaram no surgimento do estado de bem estar social. A ordem pública e o mercado passam a ter a necessidade de incluir todas as camadas sociais politicamente e materialmente no sistema, resultado da luta pelos direitos civis e sociais, possibilitado pelo reconhecimento da cidadania das massas.
O autor aponta no contexto atual a desregulamentação econômica que reflete negativamente desfazendo, desorganizando as normas dos direitos sociais adquiridos anteriormente. Esse fator acarreta em uma necessidade maior de regulamentação pelo Estado e ao invés de encontrar uma solução para cada ator presente no sistema, o que é proposto seria uma reforma no Estado, “solução institucional”. 
Cada governo enfrenta um dilema entre optar pela proteção social e a competitividade comercial. Ou mantêm foco no dinamismo econômico, podendo lidar com as desigualdades em seu território, ou mantém a paz social interna, mostrando como é delicada e complicada a questão da democracia. É apontado que o problema que os governos enfrentam atualmente é bem mais grave do que haviam nos Estados nacionais há mais de um século.
A democracia deveria permitir que os indivíduos pudessem ir à busca de seus interesses pessoais, porém esse fato pode não se desdobrar a todos, sendo injusto. O poder público além de intervir na democracia, teria que interferir na operação do mercado, provendo uma igualdade nas oportunidades e na competição dos indivíduos.
O que o autor nos deixa a refletir é que a democracia seria um vetor para um pleno funcionamento do mercado, mas para isso é necessário a atuação do Estado diante seu poder coercitivo e dos direitos sociais dos indivíduos. Mesmo que ainda ocorra essa harmonia entre o sistema do Estado Moderno, ele ainda seria defeituoso devido aos limites e papéis tanto de um e de outro. Tais limites existiriam ou coexistiriam? O papel do Estado realmente deveria subjugar o papel do mercado? Os interesses dos indivíduos poderiam ameaçar de fato o poder do Estado?
Fonte: REIS, Bruno P. W. O mercado e a norma: o Estado moderno e a intervenção pública na economia. Revista brasileira de Ciências Sociais. 2003, vol.18, n.52, pp.55-80. ISSN 1806-9053.

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