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o direito a acesso a medicamentos e patentes farmaceuticas

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1 O DIREITO AO ACESSO A MEDICAMENTOS
1.1 O acesso a medicamentos como direitos humanos de primeira geração 
	Primeiramente cabe umaxreflexão acerca do conceito dexDireitos Humanos, tendo em vistaxa abrangência xdo tema. Algumas teoriasxtentam justificarxexde limitarxo alicerce dos direitos humanos; podemos xressaltar a jusnaturalista, a positivista exaxmoralista. 
A teoriaxjusnaturalistaxinserexosxdireitosxhumanos em um nível superior, universalxeximutável, defendendo quexnão se trata de umaxcriaçãoxhumana. 
A teoria positivista assegura com certeza absoluta que os direitos humanos tratam -sexde uma criaçãox normativa, afirmando serxumaxlegítima manifestaçãoxda soberania doxpovo. Então, sóxseriamxconsideradosxdireitos humanosxosx reconhecidos pela legislaçãoxpositiva.
Por conseguinte, xaxteoria moralistax (ou de Perelman), preceituaxque a base dosxdireitos humanosxencontra-se na xconsciência moral das pessoas. Conforme ensinamentos de AlexandrexdexMoraes: 
As teoriasxse completam, devendo xcoexistir, pois somente ax partir da formação xde umaxconsciência social ( teoriaxdexPerelman), baseadaxprincipalmente emxvalores fixados naxcrença dexuma ordemxsuperior, universalx e ximutável (teoriaxjusnaturalista) é que o legisladorxou os tribunaisxencontra substratoxpolítico e socialxpara reconheceremxaxexistência de determinados direitosxhumanos fundamentais xcomo integrantes doxordenamento jurídico (teoria positivista). (MORAES, 2008, p.35): 
A partirxdextais premissas pode-sexdefinirxdireitosxhumanos comoxa reuniãoxdexprerrogativas e garantias relativasxaoxhomem, cujo objetivoxbásico éxo respeitoxàxsua dignidade, amparando-oxcontra as arbitrariedadesxdo Estado, determinandoxum mínimoxde condições dexvida (PIOVEZAN, 2016).
Assim,xconclui-se que osxdireitos são indissociáveis da condição humana. Não se fala emxdireitos humanos semxfalar em dignidadexhumana ou dignidadexda pessoaxhumana, princípio xesse amparadoxpela CartaxMagna, noxartigo 1º, incisoxIII. Axconcepção de dignidade humanaxéxque conservaxa limitaçãoxdoxarbítrio e do poder Estatal. Esse princípio deve serxentendido subjetivamentexaxpartir de um valor espiritualxinerente ao próprioxhomem, quexsexrevela por meio daxliberdade de resolução e conhecimentoxaxseu respeito.
	Na visão de Carvalho (2007), mesmo nos tempos remotos, no surgimento da existência humana, já havia uma forma primária de Direito, ainda que violento e sem normatividade expressa. Por conseguinte, com o desenvolvimento das sociedades, fez-se necessária a intervenção do ente estatal com o objetivo de que os homens convivessem de maneira harmônica e menos violenta.
Os direitosxhumanos passaram a xfigurar nas Constituições, dexmodo mais xmarcante, após a xSegunda Guerra xMundial, tendo maior xefetivação axpartir doxinício do século XX. Na segunda geração foram reconhecidos xos Direitosxsociais, econômicos xex culturais relativoxà Revolução Francesa, referem-se xaoxPrincípio daxIgualdade. 
Os Direitos Humanos de terceira geraçãoxsurgiram comoxuma nova seara xjurídica voltada xpara o pensamentoxdo ser humanoxenquanto xgênero, em xsua xessência e razão dexexistir. Ouxseja, há um resgatexdoxfundamento dexsolidariedade e fraternidade xvoltadas para a xproteção do ser humano em suaxessência. 
Compondo, assim, novos direitosxcomo: direitoxà xpaz no mundo; direitoxaoxdesenvolvimento econômicoxdosxpaíses; direito à preservação ambiental, aoxpatrimônio comum x da x humanidade; e direito x à x comunicação. Entendimento recente agrupa os x referidos direitos entre x os x direitos difusos ou coletivos, cuja efetivação só é xpossível se houver cooperação entre os povos. 
O x direito de x terceira geração tem osxDireitos difusos ouxcoletivos reconhecidosxconstitucionalmente exsão remissivosxao Princípio da Fraternidadexouxsolidariedade, enunciadosxnaxRevolução Francesa. 
 OsxDireitos dexquartaxgeração, mesmoxnão sendo o principal objetivo doxestudo, refere-se aoxdireito àxdemocracia, à informação xe o aoxpluralismo (PIOVEZAN, 2016). 
Axsociedade globalizada ampliaxhorizontes materiais exintelectuais, porém, expõexoxindivíduo à dominaçãoxpor outrosxpovos. Também são direitos de quartaxgeração aqueles relativosxà pesquisa biológica que permitiráxmanipulaçõesxdo patrimônio genéticoxdexcada indivíduo. 
Axconstrução histórica mundialxjustifica exexplica o quexsejam osxdireitos humanos; aquelesxdireitos que podem ser reclamadosxpor todos frente a qualquer espéciexde Estado, dexforma complementar, enumerativaxe não taxativa, vistoxque servemxaxgarantia e à permanênciaxdaxespécie humanaxcom dignidadexexem condições dexigualdade, favorecendo, assimxo desenvolvimento sustentável, assimxprogressivo (CARVALHO, 2007)
De fato, osxdireitos humanos possuemxvalidade material exformal. A validadexformalxse dá pela fonte maior doxdireito internacional, ou seja, os tratados, instrumentosxdexconstrução e reconstruçãoxinternacional dosxdireitos humanos e porxconseguinte axvalidade material se referexaxessencialidade do tema, poisxquando se fere umxdosxdireitos, os outrosxtambém sãoxafrontados, hajaxvistaxserem complementares (CARVALHO, 2007).
Aoxse abordar o temaxdo direito aoxacesso a medicamentos comoxum direito humano, busca-sexdemonstrar aximportância e prioridadexquexpossui esse direitoxpara a consecuçãoxde outrosxdireitos comoxo daxvida, da saúde e doxdesenvolvimento. Principalmentexporquexesse direito encontra-sexprotegido pelaxlegislaçãoxpátria.
1.2 As organizações internacionais e o desenvolvimento dos direitos humanos
Apósxo nascimento da Organizaçãoxdas NaçõesxUnidas, iniciaram-se os movimentos que redundaramxna DeclaraçãoxUniversal dos Direitos Humanos, adotadaxpela Assembléia Geralxdas NaçõesxUnidas em dezembroxdex1948. 
EssaxDeclaração captou e universalizouxos ideais daxRevolução Francesa, representandoxa manifestação histórica que se alastrava a nível mundial, com oxreconhecimento dos valores supremosxda igualdade, da liberdadexe daxfraternidade entrexosxhomens. 
Juntamente desse movimento, surgiuxa concepçãoxcontemporânea de direitosxhumanos que objetiva integrarxos direitos civis e políticos, quexvinham se desenvolvendoxdesde o séculoxXVIII, aos chamadosxdireitosxeconômicos, sociaisxexculturais, demandados nosxséculos XIXxexXX pelo movimentoxoperário (OLIVEIRA, 2016).
A Declaração reconhece que os direitos humanos devem buscar respeitar todasxasxdimensões que se referem ao respeito à vida comxdignidade e sobxo olharxjurídico, os direitosxhumanos passaram a configurarxuma unidade universal,xindivisível, interdependentexexinter-relacionada (PIOVEZAN, 2016). 
Vale salientar que, emboraxa declaraçãoxunaxos direitos civis expolíticos aos econômicosxexsociais, nãoxsignifica que se tenhaxpromovido uma coexistênciaxpacífica entrexaxótica liberal e axsocialista. Produzidoxnoxcontexto daxcorrelação mundialxdexforças do pós-guerra, essexdocumento busca uma conciliaçãoxformal, apenas normativaxentre essas duasxvisões dexmundo (TRINDADE, 2015).
Axaplicação dos princípios enunciadosxlogo esbarraria numaxrealidade divididaxemxclasses com interessesxcontraditórios entre si excindida entrexpaíses de regimes sócioeconômicos divergentesxemxdisputa. 
Ao observar a tríade da RevoluçãoxFrancesa, pode-sexverificar quexo princípioxda igualdadexestá afirmado no artigo II, quexestabelece quextoda pessoaxtemxcapacidade para gozarxosxdireitos e as liberdadesxestabelecidas na declaração, semxdistinção dexqualquerxespécie. 
Noxartigo VII éxgarantida a igualdadexde todos perantexaxlei. Porxsuaxvez, o princípioxdaxliberdade enseja tanto a dimensãoxpolítica, que dizxrespeito à disposiçãoxde cada indivíduo poder participarxdo governo de seuxpaís (art. XXI), quantoxàxdimensão individual, refletidaxnas garantias de liberdade de locomoção (art. XIII), dexpensamento (art. XVIII),dexexpressão e dexreunião (art.XX). 
Oxprincípio da fraternidadexou solidariedadexestá na base dosxdireitos econômicosxe sociais, a saber:xdireito à seguridadexsocial (art. XXII e XXV) (direitoxàxalimentação, vestuário,xhabitação, cuidados médicos exserviços sociaisxindispensáveis; direitosxàxsegurança em caso dexdesemprego, doença, ouxoutrosxcasos de perdaxdos meios dexsubsistência), direitoxaoxtrabalho (art. XXII,1), direitoxàxremuneração igual porxtrabalho igual (art. XXXIII, 3), direito a repousoxexlazer, bem como àxlimitaçãoxrazoável das horasxdextrabalho e férias periódicasxremuneradas (art. XXIV), direitoxà livre sindicalização dos trabalhadores (art. XIII, 4), direitoxàxeducação (art. XXVI) exdireito dexparticipar livrementexda vida culturalxdaxhumanidade (art. XXVII) (PIOVEZAN, 2016; CARVALHO, 2007; OLIVEIRA, 2016).
AxDeclaração de Direitos Humanosxjá consagrava axindivisibilidade e a interdependênciaxdos direitos humanosxfundamentais, aoxdeclarar, sem distinção, direitosxcivis expolíticos e tambémxsociais, econômicosxe culturais, o quexfoi reforçado comxa chegada dos PactosxInternacionais emx1966 (CARVALHO, 2007).
Os Direitos Humanos, compreendidosxsob o prismaxdaxindivisibilidade, foi reiteradoxpela Declaraçãoxe Programa dexAção de Viena, dex1993, quando afirmaxem seux§ 5º que: “Todos os direitosxhumanos sãoxuniversais, indivisíveis, interdependentesxexinter-relacionados. A comunidadexinternacional devextratar osxdireitos humanos globalmentexde forma justa e equitativa, em pé de igualdadexe comxa mesmaxênfase”.
 A interdependênciaxe indivisibilidadexdos direitosxhumanos fundamentais trazemxo entendimento dexque “um certo direito nãoxalcança a eficáciaxplena semxa realizaçãoxsimultânea de alguns ou dextodos os outrosxdireitosxhumanos” (PIOVEZAN, 2016, p.89).
Essexnovo modeloxdemanda ao Estadoxuma série dexpapéis econômicos e sociais. Cabe a elexplanejar, racionalizarxexorientar a produção, garantindo umaxestrutura que ofereça a possibilidade doxacesso plenoxa serviços exseguros sociais (educação,xmoradia,xsaúde, previdência) axfim de afastarxqualquer instabilidade.
1.3 Acesso a medicamentos na Legislação pátria nacional
 
AxConstituição Federal de 1988xreflete a associação lógicaxeximediata entrexoxdireito à vidaxe oxdireito à saúde. Osxdispositivos constitucionais quexlhes concedemxproteção estãoxreferidos abaixo, destacando-sexalgumas de suas importantes características, como sua eficáciaxexaplicabilidade. 
A proteção constitucionalxdo direto à saúde, sexinicia logo noxartigo 1º da Cartaxdex1988, que elegexaxdignidade da pessoaxhumana como fundamentoxda RepúblicaxFederativa do Brasil. O artigo 3º complementaxconstituindoxcomo objetivoxa promoçãoxdo bemxdextodos (CARVALHO, 2007; PIOVEZAN, 2016).
O legislador no artigo 5º asseguraxaxinviolabilidade do direitoxàxvida; e, no artigo 6º, o direitoxà saúde éxexpressamente garantidoxdentre os direitosxsociais. Ambosxestãoxentre os direitos e garantiasxfundamentais (BRASIL, 1988).
 Outrasxdisposições podem ser elencadas comoxo dever de cuidar da saúdexe daxassistência pública é de competênciaxcomum da União, dos Estados, doxDistrito Federal exdosxMunicípios (artigo 23, II) e quando delimitaxa competênciaxconcorrente da União, Estados exDistrito Federalxpara legislar sobrexproteção e defesaxdaxsaúde (artigo 24, XII). 
De maneira mais objetiva, no artigo 196, axCarta Magna prescrevexa saúdexcomo direitoxde todos e dever doxEstado, indicandoxao Poder Público o caminhoxparaxassegurá-lo: por meioxde políticas sociaisxe econômicas que visemxàxredução do risco dexdoença e de outrosxagravos e ao acessoxuniversal e igualitárioxàs ações e serviçosxpara suaxpromoção, proteçãoxexrecuperação. 
A jurista Flávia Piovezan, ao tratarxdo conteúdoxnormativo do direitoxà saúde, ressalta essexdireito possui duas facetasxcomplementares, umaxmais estritaxexrelativa a prestações negativas, e a outra, maisxampla, quexexige prestaçõesxpositivas. A primeiraxdizxrespeito ao direitoxdosxindivíduos de não teremxsuaxsaúde agredida porxações do Estadoxouxde particulares, nessexúltimo cabe ao Estadoxfiscalizar e controlarxatividades que sejam nocivasxàxsaúde (PIOVEZAN, 2016).
Nesse esteio, ao enfatizar o dispositivo do artigo 196, a autora, ressalta que oxEstado temxoxdever de oferecer, dexforma universalxe isonômica, serviçosxde atendimentoxàxsaúde da população, preventivosxexcurativos. Essa obrigaçãoxaxuma atuaçãoxpositiva nãoxé, porém, apenasxdoxEstado. Também osxcidadãos e suasxorganizaçõesxprivadas (empresas,xassociaçõesxetc.) estão comprometidosxaxadotar posturas ativasxnaxpromoção da saúde, podendoxaxlei exaxadministração pública imporxobrigações dexagir, positivamente.
Osxserviços e ações de saúde por serem serviços públicos, já indicaxa responsabilidadexdo Estado porxprestá-los. Públicos referem-se àqueles serviçosxque se destinamxaxassegurar o bem do povo, axeliminar asxcarências individuaisxe regionais, refletindo oxcomprometimento comxa concretizaçãoxda dignidadexdaxpessoa humana exdoxEstado DemocráticoxdexDireito (PIOVEZAN, 2016).
Noxque se refere ao artigo 196, o mesmo busca osxprincípios da universalidade exda igualdade exo Sistema Únicoxde Saúde (SUS) éxuniversal, destinando-sexa toda axpopulação, não apenasxaos carentesxou aosxque contribuemxparaxa previdênciaxsocial, masxaxtodos quexprecisarem de seus serviços. E o princípio daxigualdade vedaxqualquer forma dexdiscriminação no acessoxexna prestaçãoxdosxserviços dexsaúde.
Valexsalientar que, entre asxdiretrizes dosxserviços públicos de saúde, o atendimentoxintegral com prioridade paraxas atividadesxpreventivas, sem prejuízosxdasxassistenciais, englobandoxaxprevenção, oxatendimento médicoxe hospitalarxexa assistênciaxfarmacêutica (CARVALHO, 2007). 
Axintegralidade conferexaos indivíduos oxdireito de seremxatendidos e assistidos semprexque necessitarem, emxqualquer situação dexameaça ou de agravo àxsaúde, utilizandoxinsumos, equipamentos, instalaçõesxmédicas, medicamentosxou o que forxnecessário (PIOVEZAN, 2016).
A respeito daxconsagração do direito à saúde noxdireito internacional, também contribui paraxos contornos do direitoxà saúde o dispostoxno Pacto InternacionalxdexDireitos Econômicos, Sociais exCulturais, ratificadoxpelo Decretoxn. 591/1992, especialmentexseuxartigo 12:
Artigo 12 – 1. Os Estados-partes no presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa desfrutar o mais elevado nível de saúde física e mental. 2. As medidas que os Estados-partes no presente Pacto deverão adotar, com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito, incluirão as medidas que se façam necessárias para assegurar: a) A diminuição da mortinatalidade e da mortalidade infantil, bem como o desenvolvimento das crianças. b) A melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do meio ambiente. c) A prevenção e o tratamento das doenças epidêmicas, endêmicas, profissionais e outras, bem como a luta contra essas doenças. d) A criação de condições que assegurem a todos assistência médica e serviços médicos, em caso de enfermidade. 
Nesse esteio, a relaçãoxdexcontinência entre o direito à vidaxe o direito à saúde e entrexeles e o direitoxao acesso aosxmedicamentos, produtos farmacêuticosxda mais altaxrelevância, ficou evidenciadaxpela exposiçãoxfeita atéxaqui acerca dos direitosxhumanos fundamentaisxà vida e àxsaúde, consagradosxpela ConstituiçãoxBrasileira. 
De fato, cabem os questionamentos: comoxpoderá ser possívelxsuprir o direitoxaxvida e àxsaúde, bem comoxexrecuperar os cidadãos das doençasxque os acometem sem ter emxmente o acesso a medicamentos? Comoxse pautar pelaxgarantia do atendimento integralxsem assegurar o fornecimentoxdos medicamentosxnecessários? Mesmo que esses medicamentos possuam patentes?
No que se refere a fundamentalidade do direito aoxacesso aos medicamentos, assimxcomo sua relação comxoutros direitos humanos fundamentais, emxespecial com o direitoxàxsaúde:
Já sãoxmuitos os tribunais e leis que têm protegido e garantido o acesso aos produtos farmacêuticos argüindo distintosdireitos fundamentais, direitos tão distintos como o direito à vida, à liberdade de movimentos, o direito à saúde e o direito de participar do progresso científico e técnico. Para garantir o acesso a produtos farmacêuticos sobressai o direito à saúde, pelo qual se entende o direito ao mais alto nível possível de saúde física e mental e que remete a uma série de obrigações estatais, tanto de caráter negativo como positivo (SEUBA, 2014, p.229).
Nesse caso axOMS recomenda quexosxpaíses formulem e implementem uma política nacionalxde medicamentos, quexpromova a equidade exa sustentabilidadexdo setorxfarmacêutico, tendoxcomo principais objetivosxa promoçãoxdoxacesso, daxqualidade e doxuso racional dexmedicamentos.
Oxque se observa éxque ao longoxda história, osxmedicamentosxtiveram sua utilizaçãoxrelacionada àxmagia,xciência, saúde e, maisxrecentemente, ao mercado. 
A partir da RevoluçãoxIndustrial, as indústriasxfarmacêuticasxregistraram crescimentoximpressionante, tornando-sexmegacorporações. Atualmente, pode-sexdizer que ciênciaxexmercado passaram a terxpesos semelhantesxnoxsetor de medicamentos (CARVALHO, 2007).
De fato, o que se observa é que o peso econômicoxexmercadológico, com frequencia colocaxaxsaúde das pessoas emxsegundo plano, quandoxestaxdeve serxo objetivoxprincipal exúnico dos medicamentos e daquelesxque sexdedicam, porxmeio dexpesquisas e investimentos, axaperfeiçoá-los, a descobri-los e mesmoxaxcomercializá-los.
2 DA PROTEÇÃO A PATENTE FARMACÊUTICA
2.1 Pactos internacionais sobre propriedades industriais relativas ao comércio
	Cabe inicialmente fazer uma reflexão acerca da evolução dos acordos que regem sobre o comércio internacional. No período pós-guerra foram criadas três organizações internacionais por meio do acordo de Bretton Woods no ano de 1944, quais sejam: o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BIRD) e a Organização Internacional do Comércio (OIC), sendo essas voltadas a reestruturação e cooperação entre as nações, a fim que entrassem em consenso com relação a regras e que houvesse validade internacional (CARVALHO, 2007). 
	Em decorrência das negociações, 23 países assinaram O GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) com o intuito de supervisionar e coordenar o comércio internacional. O GATT fundamenta-se em algumas regras como lista de concessões, tratamento nacional, transparência e eliminação das restrições quantitativas, assim como exceções comerciais, entre outros.
	O GATT cumpre a sua função e serve como parâmetro e fundamento para a criação da OMC (Organização Mundial do Comércio) em 1995. Anteriormente transpareceu-se a necessidade de transposição de acordo que tivesse validade internacional, assim como taxas alfandegárias e que atendesse a diversos setores (como têxtil, agrícola, etc.), funcionando como um sistema próprio de resolução de controvérsias, assim como uma maior inter-relação dos temas comércio mundial, desenvolvimento e questões sociais (CARVALHO, 2007).
	Uma das conquistas prévias à criação da OMC, foi substanciado pelo Acordo de Marrakesh, por meio da garantia dos direitos de propriedade intelectual, através do Acordo Sobre Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio (TRIPS).
	Conforme entendimento de Thorstensen (2001), cabe à OMC coordenar as negociações das regras do comércio internacional e supervisionar as práticas de tais regras além de coordenar as negociações sobre novas regras ou temas relacionados ao comércio.
	Nesse esteio, as regras da OMC destinam-se a interconectar as economias nacionais distintas inseridas em um mercado globalizado, buscando uma unidade que tenha valor internacional, ou seja um sistema multilateral de comércio regido por normas.
	Cabe ainda à OMC, regrar o comércio de maneira responsável, buscando o desenvolvimento sustentável, adotando um sistema multilateral de comércio, por meio de acordos recíprocos e mutuamente vantajosos à redução substancial das tarifas e demais barreiras, assim como eliminação do tratamento discriminatório de comércios internacionais.
Emxrelação ao regimexinternacional dexpropriedadexintelectual, oxmesmo origina-se com a criaçãoxda CUP (Convenção da União de Paris), em 1883, que surgexestabelecendo trêsxprincípios chaves: tratamento nacional (direitos iguais àqueles concedidosxaos cidadãos doxpaís em quexse busca axproteção), prioridadexunionista (com o período de graçaxde 12xmeses paraxdepositar o pedido emxoutro paísxmembro) e independênciaxdexprivilégios (cada país é soberanoxquanto a decisão daxconcessão daxpatente) (SILVA, 2015).
Ao longoxdoxtempo, a CUP passouxpor reexamesxperiódicos visando a incrementação do regime daxpropriedadexindustrial, não sendoxsua adesão obrigatória axtodos os paísesxmembros. Assim, axCUP permitiaxaxcoexistência de diferentesxregras aplicáveis axdiferentes países, de modo axrespeitar as necessidadesxadvindas dosxmais diversos níveisxde desenvolvimento tecnológicoxexindustrial. Segundoxinteresses nacionais, cada país podiaxdefinir, internamente, osxcritérios de patenteabilidade como também osxsetores passíveisxdexproteção. 
Nessexcontexto, países comoxo Brasil e a Índiaxoptaram por excluir proteção aoxsetorxfarmacêutico, em vista de seu caráter estratégico exdoxobjetivo de fomentar oxprocesso de estruturaçãoxexcapacitação da indústria local. Assim, beneficiando-sexde legislações mais brandas emxmatéria de propriedadexintelectual, países dexindustrialização recente, por meio de investimentosxmassivos em engenhariaxreversa para copiar e adaptar tecnologias alcançaramxposições de destaque no mercado mundial. 
Empresas origináriasxdexpaíses desenvolvidos, em especialxdosxEstados Unidos, alarmadasxcom a queda emxsuasxvendas, associaram sua perda relativa dexcompetitividade à frágilxobservânciaxdos direitos dexpropriedade intelectual. O grupo de paísesxdesenvolvidos colocouxem marcha axnegociação de um novoxtratado multilateral emxmatéria de propriedadexintelectual, visandoximpor regras mais rígidasxconsoantes ao padrãoxque já vigoravaxem suasxleisxinternas.	
O TRIPS constituiuxassim um dos acordosxpadrões mínimos dexproteção aos direitos dexpropriedade intelectual que devem serxobrigatoriamente internalizadosxpelos países membrosxda OMC (Organização Mundial do Comércio), consagrandoxoxvínculo entre propriedade intelectualxexcomércio. 
Assim, todosxos signatários foramxobrigados a conceder patentesxpara todos os setoresxtecnológicos, sem possibilidade dexdiscriminação quanto ao fato de os produtosxserem importados ouxproduzidosxlocalmente (art. 27.1), por um períodoxmínimo de vinte anosxaxcontar da dataxdexdepósito (art. 33). 
Dessa forma, os paísesxficaram impossibilitadosxde exigir axfabricação localxdosxprodutos patenteados e deixaramxde contar com a possibilidadexde adequarxoxgrau e o tempoxdexproteção, conferido segundoxsuas necessidades de desenvolvimento, comoxera anteriormente facultado pelaxCUP. Os países desenvolvidosxseguiram pressionandoxpela adesão imediataxdosxdemais países àxintegralidade doxAcordoxTRIPS. 
A TRIPS assume grande relevância no que se refere aos aspectos dos direitos de propriedade intelectual, haja vista estabelece exceções às regras que favorecem o acesso a medicamentos. Cabe a esse acordo, não apenas implementar regras, mas reconhecer a importância do acesso a medicamentos como um Direito humano, concedendo um conjunto de direitos a fim de facilitar, pelos respectivos ordenamentos mundiais, a proteção, inclusive, dos interesses sociais (CARVALHO, 2007).
	De acordo com o preâmbulo da TRIPS, cabe a mesma reduzir as distorções e obstáculos ao comércio internacional, protegendo os direitos de propriedade intelectual. Contudo, essas regras não são inflexíveis, visto que, diante da proteção concedida, há o encarecimento dos medicamentos. Para garantir essa flexibilização, traz algumas regras como o estabelecimento de normas farmacêuticas que reflitam os interesses da saúde pública; previsão legislativa das licenças compulsórias; exceções aos direitos exclusivose outras medidas que promovam a concorrência de genéricos; direito a importância de um medicamento que seja vendido a um preço mais acessível em outro país (VARGAS, 2005, p.324). 
Cabe adentrar um pouco acerca dessas exceções permitidas pelo preâmbulo da TRIPS, haja vista ser objeto do trabalho. As mesmas são admitidas em diversos países. Os interesses da saúde pública equivalem à compatibilidade entre os direitos à patentes farmacêuticas e o direito à saúde, por meio da função social da propriedade.
As licenças compulsórias são aquelas que permitem (via legislativa) a possibilidade de suspensão, temporária, do uso exclusivo de uma patente farmacêutica, par ao problema de saneamento de problemas relacionados à saúde pública (como em casos de epidemia, redução de medicamentos específicos a uma parcela considerável da população, etc.) (CARVALHO, 2007).
A importação paralela refere-se a entrada de um medicamento, por meio da importação, o qual o país não possui ou não detém as licenças, objetivando a obtenção desse medicamento a um preço mais acessível, visando o atendimento de uma necessidade médica (VARGAS, 2005).
Oxprincipal tratadoxno campo dexpropriedade intelectualxem termos de contribuiçãoxé oxTRIPS, devido àxharmonização por elexproduzida e porxseu caráter punitivoxque torna a observaçãoxde suas normasxobrigatórias. 
Em segundoxlugar estão as Convençõesxde Paris, de 1883, quexbuscaram a harmonizaçãoxda legislaçãoxsobre patentes, marcasxe outros componentesxdaxpropriedade industrial; e o Tratadoxde Berna de 1886, quexfoi o tratadoxinternacional para axproteção de direitosxautorais, no qual nãoxdeve haverxformalidades para conceder axproteção; as obras devemxser protegidas nos Estadosxda União, ainda quexnão o sejam em seusxpaíses dexorigem. Os demaisxtratados, apesar dexsua relevância comoxcontribuintesxda proteção à propriedadexintelectual em âmbitoxmultilateral, possuem importânciaxsecundária (VARGAS, 2005; OLIVEIRA, 2015).
2.2 Da proteção a patente farmacêutica
2.2.1 Proteção a patente farmacêutica na legislação internacional
Considerandoxo desenvolvimento históricoxe as contribuições dos tratadosxexconvenções internacionais, é xpossível observarxa mudança desdexas primeirasxautorizações para exclusividadexde exploração da invençãoxaté a concessão contemporâneaxdexpatentes. 
As patentesxpodem ser definidasxcomo um direitoxlegal e concedidoxpelo Estado paraxque o detentor daxcarta-patente explore dexforma exclusivaxa invenção. A exploraçãoxse dá nãoxsomente naxfabricação, mas naxliberdade de definir formasxdexutilização, distribuiçãoxe vendas doxproduto ouxprocesso. 
Um direitoxterritorial (uma invençãoxpatenteada é protegidaxsomentexnos locais ondexa patente foi requeridaxexconcedida), a patente temxduração previamentexestabelecida na legislação do país onde foi concedida exgeralmente éxde 20xanos (OLIVEIRA, 2015). 
Para que umxproduto possa serxpatenteado como atividadexinventiva, deve, segundoxaxlei 9.279/96, ser umaxnovidade, possuir atividadexinventiva (nãoxpode serxconsiderada óbvia quandoxumaxpessoa da área axexamina), ter aplicaçãoxindustrial (segundo oxartigo art. 8) e possuirxsuficiência descritiva (conformexartigox24) (BRASIL, 1996). 
Esse componentexda propriedadexindustrial é bastantexrelevantexem setoresxcom alta atividadexde pesquisa, masxquexsão relativamente fáceisxde copiar, como éxo caso da indústriaxquímica, farmacêutica exdexmaquinário. Ramos industriaisxpadronizados ou comxbaixas taxas de imitaçãoxnão necessitamxdextanta proteção, e, logo, sofremxmenos influênciasxdos direitosxde patente (MASKUS,x1998). 
ReichmanxexDreyfuss (2007) e Lyard (2007) ponderamxque a razão dexser das patentesxestá relacionada comxo incentivo àxinovação. Dessexmodo, osxlucros decorrentes daxdescoberta e dexseu uso exclusivoxpodem estimularxa pesquisa. 
Pimentel (1999) xvai mais além dessaxrelação e classifica axinovação tecnológica comoxsendo “(...) oxmotor daxatividade econômica” (PIMENTEL, 1999, p. 25) exumxpromotor de desenvolvimentoxeconômico. Talxdefinição explicaxemxlarga medida o interessexdos Estados emxpromovê-la e usarxa propriedadexintelectual como umaxferramenta não paraxgerar axinovação, mas paraxgarantir suaxpropagação. 
Maskus (2000) argumentaxtambém que por trásxda ideiaxfinanceiraxda patentexestáxa lógicaxsocial. Em outrasxpalavras, enquantoxoxdetentor da patentexrecebe osxganhos advindos daxprodução e comercializaçãoxexclusiva de seu produtoxpor um tempoxdeterminado, devexfornecer, emxcontrapartida, dadosxsobre axinvenção, de modo a xtornar o conhecimentoxacessível aos demaisxquando axpatente sexextinguir. Muitosxautores, entretanto, veemxcom receioxoxaumento da concessãoxdexpatentes e de sua duração em determinadas áreas, comoxé oxcaso da indústriaxfarmacêutica, objetoxdessaxpesquisa. 
Dentrexeles, destaca-se axatuação da OMS, a qualxvem promovendo conferências paraxoxdebate dessa questão quexafeta, entre outrasxáreas, a saúdexpública e conseguiu, comxa DeclaraçãoxdexDoha, de 2001, importantes concessõesxemxrelação às patentesxdexmedicamentos.

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