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O mecânico Alexandre Dias Generoso, 38, nunca estudou marketing, mas encontrou uma forma diferente de divulgar sua oficina, a High Torque, em Belo Horizonte (MG), e conquistar clientes. Ele criou, em 2006, um canal no YouTube para publicar vídeos mostrando o conserto dos carros dos clientes. Nos filmes, Generoso também dá dicas de manutenção dos veículos. Como resultado, o faturamento da oficina aumentou 40%, passando de R$ 50 mil para R$ 70 mil por mês. O número de clientes diários também subiu de seis para dez. "Já mudei duas vezes de galpão para dar conta dos pedidos. A primeira oficina tinha 200 metros quadrados e a atual tem 350", afirma o empresário. A fila de espera na oficina para agendar uma revisão do veículo pode levar até um mês. Isso porque a fama no YouTube trouxe ao negócio clientes de outros Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Ceará. "Os carros vêm de caminhão-cegonha e nós os buscamos na transportadora. Quando o veículo fica pronto, a maioria dos clientes vem de avião para retirá-lo e levar embora", afirma. Segundo Generoso, o transporte do veículo pode custar de R$ 600 a R$ 1.200, pagos à transportadora, fora a passagem aérea. "Muitos clientes já tiveram problemas com maus profissionais, por isso, preferem pagar mais caro para ter o problema resolvido de vez e ainda verem o carro na internet", diz. As gravações não são feitas em tempo real. O cliente é avisado sobre o horário que o vídeo será divulgado. Google paga empresário para transmitir vídeos pelo YouTube O alto número de seguidores na internet gerou uma receita extra para o empresário. Desde 2008, o Google –empresa que controla o YouTube– paga para ele permitir a inserção de vídeos publicitários no início de seus filmes. Generoso diz que recebe cerca de US$ 2.800 (cerca de R$ 6.500 cotados em 5/9/13) por mês para manter o canal ativo no YouTube. "Nunca pensei em ganhar dinheiro com os vídeos. A ideia inicial era mostrar ao cliente o que foi feito com o carro dele e divulgar o nome da empresa." O canal do empresário tem cerca de 2 milhões de acessos mensais e 112 mil assinantes, que recebem uma mensagem a cada novo vídeo postado. Mecânico vendeu o carro para abrir negócio Para abrir a oficina, em 2005, Generoso investiu R$ 14,5 mil. A maior parte deste capital (R$ 12 mil) foi obtida com a venda do próprio carro, um Honda Civic 1995. O restante (R$ 2.500) ele tinha guardado. Segundo o empresário, os primeiros vídeos foram feitos em baixa qualidade, com uma câmera de celular. Hoje, a oficina tem duas filmadoras em alta definição. "O mercado está carente de profissionais honestos. Acho que o sucesso da minha oficina veio porque tudo o que faço nos carros é publicado e o cliente tem a certeza de que não foi enganado", diz. Sem preparação, popularidade na web pode ser 'tiro no pé' De acordo com coordenador do centro de inovação e empreendedorismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas (SP), Luiz Ayres, publicar conteúdo em canais como o YouTube, Facebook e Twitter dá visibilidade ao negócio. "Com a exposição na internet, a empresa consegue atrair clientes rapidamente", afirma. No entanto, Ayres diz que é preciso ter estrutura para suportar o aumento na procura por conta da divulgação na web. Caso contrário, a empresa pode dar um grande "tiro no pé". "No caso da oficina mecânica, se ela não tiver capacidade para suportar a demanda, o serviço prestado pode perder qualidade ou mesmo o prazo de entrega ser descumprido", declara. Ambiente deve estar limpo e organizado nos vídeos Ao gravar vídeos na empresa e postá-los no YouTube é preciso ter cuidado para não prejudicar a imagem do negócio, diz a coordenadora de web da agência de marketing Rae MP, Francielli Lima. Segundo ela, o ambiente da empresa precisa estar organizado durante as filmagens. "Objetos espalhados pelo chão e sujeira demonstram a desorganização do negócio, o que pode gerar piadas e perda de credibilidade entre os clientes", afirma. Lima declara, ainda, que os vídeos devem mostrar um serviço útil ao público, como dicas para conservar o carro. A linguagem na internet deve ser descontraída e bem-humorada, mas é preciso ter cuidado ao fazer críticas a produtos e a outras empresas. "Falar mal de um produto ou de uma marca pode gerar processos judiciais para o empresário. Além disso, ele pode perder popularidade se o público entender que o filme tem um caráter mais institucional do que de serviço", diz.
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