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Semana 8 Ação Ordinária Obrigação de Fazer

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE Y/Y
Marlene Garcia, brasileira, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade n° ----, inscrito no CPF: -----, residente na Rua. ----, n°, na cidade Y,Estado Y, CEP n°, neste ato representada por MARIA JOSÈ, brasileira, estado civil. identidade n°----, CPF:----, por sua procuradora signatária, conforme os termos do instrumento procuratório em anexo, com endereço à Rua ---, nº, sala nº -, CEP: ---, bairro J, cidade Y, endereço ao qual deverão ser remetidas todas as intimações e notificações, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., propor a presente ação de
AÇÃO DE CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
Em face de município y, pessoa jurídica de direito pública, inscrito no CNPJ sob o n.º xxxxxx com sede na (Rua), (número), (bairro), (CEP), (Cidade), (Estado), pelos motivos de fato e de direito que a seguir passa a expor:
I - DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
Observa-se a legislação vigente, Lei nº 1.060/50, a qual é bastante clara ao afirmar em sua norma contida no artigo 4º, onde expressamente dispõe que:
"Art. 4º A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família."
A Requerente encontra-se sem condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo seu e/ou de sua família, razão pela qual pleiteia os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA.
II – DOS FATOS
A requerente atualmente possui 70 anos, cidadã de parcos recursos, moradora do Município Y, no Estado Y, apresenta quadro de diabetes desde o ano de 2000, agravado pela situação deplorável em que vive impossibilitada de comprar medicamentos e alimentação adequados.
Na última semana, ao passar por mais uma de suas crises, ficou sem oxigenação, perdendo a consciência, entrando em coma e sofrendo um AVC; seus familiares, pessoas humildes, levaram a requerente ao Posto Médico do Município Y, sendo que os médicos, embora tenham atestado a imensa gravidade do estado de saúde dela, afirmaram que não poderiam proceder à internação, por não existir vagas. Diante da situação parentes da requerente, desesperados, buscaram a internação em outros postos e hospitais do Estado Y, sem sucesso.
Todos afirmam não ter vagas para internar a requerente, mas se negavam a fazê-lo por escrito ou a dar um encaminhamento para a paciente, sendo que no Hospital Y se limitaram a fazer uma tomografia, após ameaças da família de chamar o Programa RECLAME AQUI.
Diante do quadro de desespero e do nítido agravamento do estado de saúde da requerente, a sua filha não restou outra saída a não ser ajuizar ação, a fim de resguardar o direito à vida.
II – DO DIREITO
Evidente está o estado crítico de saúde da requerente, e a falta de vaga para internação está causando maiores agravos ao seu estado de saúde, e ainda a negativa de todos os hospitais e postos do direito de assistência médica.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 assegura a todos a inviolabilidade do direito à vida, nos termos do caput do artigo 5º:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, e à propriedade, nos seguintes termos: (...)
Ora, o direito à saúde tem natureza de direito fundamental, de ordem constitucional, e não pode ser negado pela desídia das autoridades públicas, pois segundo a conceituação que a Constituição da Organização Mundial de Saúde (OMS) empresta ao termo "saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença".
Neste sentido, a Constituição Federal Brasileira encampou o conceito e ampliou-o, tanto que é conhecida como a Constituição Cidadã, no seu art. 196 e assumindo o patamar de serviço de relevância pública no dispositivo que se seguiu:
"Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
A Constituição Federal dispõe ainda no art. 6°, que a saúde é um direito social. Todos estes dispositivos visa dar maior efetividade ao direito à saúde, e que é dever do Estado promovê-la.
Cumpre ressaltar que este direito à saúde deve ser efetivado mediante atendimento integral, conforme dispõe o comando constitucional trazido no artigo 198:
 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: (...)
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais. 
O direito fundamental à saúde foi ainda regulado pela Lei 8.080/90, conhecida como Lei Orgânica da Saúde, a qual estabelece que cabe ao Estado promover os meios para a realização do direito à saúde, fornecendo todas as condições necessárias para o seu pleno exercício, inclusive assistência terapêutica integral.
Esta lei visa obrigar o Estado a disponibilizar para a população a execução de todas as ações indispensáveis ao tratamento médico de enfermos, dentre as quais se inclui expressamente a assistência terapêutica integral aos que dela necessitarem, em todos os níveis de complexidade do sistema. Assim, comprovada a necessidade dos medicamentos, do oxigênio e da energia para a garantia da vida da Autora, eles deverão ser fornecidos.
Nos dizeres do ilustríssimo Ministro Celso de Mello,“... o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República[1]”.
Não obstante o direito à vida e à saúde é ainda assegurado pela Carta Magna proteção especial às pessoas idosas, disposto no art. 230: 
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Este dispositivo da Constituição Federal foi regulado pela Lei 10.741/03 a qual institui o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos (art. 1º).
Em seu artigo 3º, o Estatuto do Idoso assegura prioridade absoluta na garantia dos direitos da pessoa idosa, nos seguintes termos:
Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
 I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; (...)
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.
Especificamente em relação ao direito à saúde, o Estatuto do Idoso estabelece que:
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos. (...)
§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
O Estatuto do Idoso é, desta forma, claro ao estabelecer,no parágrafo segundo do artigo 15, a obrigação do Estado em fornecer medicamentos gratuitamente às pessoas idosas, de maneira a efetivar seu direito constitucional à saúde de maneira integral. Resta, portanto, irrefutável a caracterização do direito da Impetrante em ter o seu direito à saúde e à vida garantidos, com prioridade absoluta, pelo Estado.
Portanto, não se pode admitir que, em razão de ausência de expressa previsão dos medicamentos, da oxigenioterapia e da energia em “portaria”, haja risco de vulneração ao maior direito fundamental, que é o direito à vida.
Cumpre lembrar que não basta a prestação de qualquer atendimento médico, mas sim daquele mais adequado e eficiente, que possa cumprir o fim a que se destina.
No presente caso, há a indicação, pela equipe de médicos especializados responsável pelo tratamento da autora, de qual é o tratamento necessário, qual seja, a utilização de condensador de oxigênio altamente consumidor de energia elétrica, oxigenioterapia e medicamentos, os quais são o que se pretende com esta ação.
Somente o fiel cumprimento da prescrição médica garantirá o respeito ao direito à saúde da Autora, não bastando o fornecimento de medicamentos sem a garantia da utilização ininterrupta do oxigênio.
III – DA TUTELA ANTECIPADA
 
É direito garantido pela legislação constitucional e infraconstitucional já invocada a efetivação do direito à vida e à saúde da Autora, dispondo, inclusive, da garantia da prioridade absoluta.
Considerando-se o estado de saúde em que a requerente está, e considerada a forte prova documental juntada aos autos a comprovar os padecimentos das moléstias e a recomendação de sua internação, que seja, então, deferida LIMINARMENTE a ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE MÉRITO com fulcro no art. 273, I do CPC, para determinar que seja realizado a internação para a paciente ter o tratamento necessário.
Ainda que deve ser afastada, qualquer alusão de que não se pode conceder tutela antecipada contra a Fazenda Pública. E isso porque, embora o art. 1º, § 3º, da Lei 8.437/92 proíba, nas ações contra o Poder Público, a concessão de liminar que esgote no todo ou em parte o objeto da ação, há situações em que os requisitos legais para antecipação de tutela são tão presentes, que o fumus boni juris e o periculum in mora, e até o interesse público, não só recomenda como impõe a concessão de liminar para cumprimento pelo poder público, mesmo sem a sua manifestação prévia. Assim ocorre quando há preponderância de princípios constitucionais, no caso presente o direito à saúde.
O art. 2º da Lei 8.437/1992, leva o julgador à análise do cabimento da liminar. Ora, o fato a descoberto pelo direito cuja proteção se busca é de ser levado em conta, em máxima conta! A sobrevida dos pacientes – o direito deles à saúde, à vida, à assistência farmacêutica, todos assegurados pela Constituição Federal.
Os fatos informados e a normatização do caso demonstram a presença do fumus boni iuris, principalmente pelo comando constitucional que garante ser a saúde um direito de todos e obrigação do Estado em prover. Da mesma forma, o periculum in mora se faz presente no caso narrado na presente petição.
Portanto, o assunto em tela se apresenta como prioritário e deve ser resolvido rapidamente, sob pena de agravamento.
Fica evidente, ainda, que o Município Y deve ser compelido a adotar as providências necessárias à organização do serviço de saúde em questão de modo a não reincidir nas irregularidades que levaram ao absurdo aumento da fila de espera apontada acima.
Estão presentes, portanto, os requisitos legais para a concessão da antecipação da tutela jurisdicional requerida, quais sejam, prova inequívoca dos fatos e verossimilhança das alegações.
Noutras palavras, a demora na entrega da tutela jurisdicional acarretará aos titulares do manifesto direito dano material irreparável. Desse modo, faz-se necessária a concessão de tutela de urgência para que desde logo os ora requeridos adotem as providências necessárias para sanar as falhas aqui constatadas.
Discussões administrativas não podem impedir a concretização do direito de acesso à saúde dos cidadãos, direito fundamental, garantido no art. 5º da Constituição Federal de 1988.
IV – DO PEDIDO
Diante do exposto, estando devidamente comprovada a necessidade da Autora em obter vaga para tratamento de saúde, requer:
a) citação dos requeridos, no endereço referido na inicial, para querendo, contestar o pedido inicial, no prazo legal, assim como seja este julgado PROCEDENTE a demanda com o deferimento da ANTECIPAÇÃO de TUTELA, haja visto o grande risco que corre a paciente;
b) a citação do Réu, para querendo, contestar a presente, no prazo legal, sob pena de revelia;
c) a CONDENAÇÃO dos requeridos em conceder vaga e tratamento médico a requerente;
d) a concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita por se tratar de pessoa pobre na acepção jurídica do termo;
e) a CONDENAÇÃO dos réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios de sucumbência,arbitrados em 20% (vinte por cento) do valor atribuído à causa;
f) seja fixada multa diária, para a hipótese de descumprimento da ordem judicial proferida em sede de antecipação de tutela ou decisão definitiva, em valor a ser estabelecido por Vossa Excelência.
g) a produção de prova por todas as modalidades em direito admitidas, especialmente, a documental, testemunhal e pericial, além do depoimento pessoal do representante legal do Réu;
Valor da Causa. R$ 1.000,00
Nestes termos,
Pede deferimento.
Município Y, 16 de outubro de 2014.
OAB/Y 0000

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