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MARLUCE GOMES – CRECI: 9459 FONE: (81) 9830-4715 / 8529-9549 /9485-6566 / 3093-2225 E-MAIL: marlucemariagomes@hotmail.com 1 de março de 2013 ÉTICA Por ÉRIKA COSTA da Metodologia Ciência por Érika A. Costa 1 É T IC A | É R IK A C O S T A ÉTICA Por ÉRIKA COSTA O tema do plágio gera crescentes inquietações quanto à ética e honestidade na escrita. O plágio é um desvio de autoria, pois consiste na apropriação indevida de ideias ou palavras sem que se dê crédito ao autor original; ele desrespeita, de um lado, o direito do autor de ser reconhecido por seu trabalho e, de outro, a expectativa do leitor de acessar um texto inédito (DINIZ e MUNHOZ, 2011). No Brasil, a preocupação ética com esse tema tem inspirado ações de distintas entidades. Entre 28 de maio e 1° de junho de 2012, realizou-se o II Encontro Brasileiro de Integridade em Pesquisa, Ética na Ciência e em Publicações (Brispe), nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, com o apoio de organizações como CNPq, OAB, Ibict, Fapesp e SBPC. Entre as questões consideradas na Declaração Conjunta sobre Integridade em Pesquisa do Encontro (2012, p. 556), está seguinte recomendação: Que as instituições do país [...] conscientizem os alunos que o plágio é uma violação acadêmica, seja no ensino fundamental, ensino médio ou universitário. As instituições de ensino e pesquisa do país devem fornecer materiais educativos que mostrem que o plágio em monografias, dissertações e teses também é, além de violação acadêmica, uma prática ilegal no Brasil. Além disso, o CNPq, a Capes e a OAB têm se manifestado a respeito do plágio e outras fraudes, como a compra e venda de trabalhos acadêmicos — que, embora também constitua uma infração ética, não equivale ao plágio, pois não há cópia, e sim a violação de um dever de autoria do estudante que paga para que alguém faça seu trabalho. A OAB (2010) divulgou o documento Proposta de Adoção de Medidas para Prevenção do Plágio nas Instituições de Ensino e do Comércio Ilegal de Monografias, de autoria do advogado e professor universitário Ricardo Bacelar Paiva. O CNPq (2011) publicou, em seu site, diretrizes para garantir a integridade acadêmica e a qualidade do trabalho científico. E a postura da Capes (2011, p. 1), por sua vez, foi reforçar as orientações dadas no documento da OAB, A Plágio é uma Questão de Ética 2 É T IC A | É R IK A C O S T A entre elas a conscientização de estudantes sobre propriedade intelectual, a fim de coibir o plágio. O texto da OAB sugere, ainda, medidas como a adoção de softwares de detecção de plágio e a criação de comissões específicas para avaliar possíveis casos de cópia indevida. Esse posicionamento da OAB, do CNPq, da CAPES e dos membros participantes do grupo de trabalho do II Brispe vai ao encontro do que é defendido por Munhoz e Diniz (2011, p. 54), para quem estratégias como o uso de softwares caça-plágio e a instauração de comissões de especialistas são, talvez, inevitáveis para o controle do plágio; entretanto, esse não deve ser o objetivo das universidades, dos centros de pesquisa e dos editores de periódicos. Antes, apostamos numa postura ética de prevenção ao plágio, por dois caminhos: no campo da ciência, por meio do rigor na exigência de respeito às normas da comunicação científica, bem como [...] da comunidade científica como próprio sistema de controle; e no campo educacional, por meio da adoção de uma cultura de formação ética, que abranja estratégias pedagógicas valorizadoras da honestidade acadêmica. Quando se trata de textos públicos, como artigos de periódico, livros e dissertações ou teses, em que se pressupõe um autor familiarizado com as regras da comunicação científica, remediar o plágio pode envolver medidas de grande proporção — retratações, processos por possível infração de direitos autorais, exonerações, humilhação pública. Casos ocorridos no Brasil e no exterior registram desde o pagamento de multas por violação de direitos autorais até a perda de títulos devido a publicações contendo plágio. A consequência inescapável do plágio, porém, é a total perda de crédito e confiabilidade do plagiador perante seus pares. Já no ambiente de sala de aula, como entre alunos da educação básica e de graduação, lidar com casos de cópia por estudantes deve envolver cuidados pedagógicos, especialmente quando se trata de plágio por ignorância ou domínio incipiente das normas de registro das fontes consultadas. Nesse campo, as infrações éticas podem ter as mais distintas motivações — desde o desinteresse pela aula e pela atividade proposta até o desconhecimento das regras básicas de escrita. Nesse contexto, portanto, lidar com o plágio, assim como com outras infrações textuais, requer medidas mais educativas que, simplesmente, punitivas. A aposta é que a formação ética de escritores leve à existência de autores cientes das normas de reconhecimento e registro das fontes. 3 É T IC A | É R IK A C O S T A O combate ao plágio insere-se no debate sobre a dimensão ética da escrita e a integridade acadêmica (DINIZ, 2008), mas também sobre a própria qualidade da educação. Para garantir que o exercício da cidadania previsto no art. 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, assim como no inciso I do art. 43 da referida lei, que prevê “o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo”(BRASIL, 2010, p. 35), se torne realidade, é necessário que estudantes, professores, pesquisadores e poder público se comprometam com a educação ofertada nas salas de aula, desde a educação básica até os cursos de pós- graduação. Uma das questões fundamentais que isso implica é discutir a integridade na escrita e prevenir e combater o plágio, tanto entre pesquisadores experientes como entre estudantes de diferentes níveis de ensino. REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 20. ed. São Paulo: Loyola, 2006. 102p. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 5. ed. Brasília: [Câmara dos Deputados], Coordenação Edições Câmara, 2010. 64p. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/ bitstream/handle/bdcamara/2762/ldb_5ed.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2013. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq). Relatório da Comissão de Integridade de Pesquisa do CNPq. 2011. Disponível em: <http:// www.cnpq.br/documents/10157/a8927840-2b8f-43b9-8962 5a2ccfa74dda>. Acesso em: 28 jan. 2013. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior(CAPES). Orientações Capes: combate ao plágio. Brasília, 4 jan. 2011. Disponível em: <http://capes.gov.br/images/stories/download/diversos/ OrientacoesCapes_CombateAoPlagio.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2013. Declaração conjunta sobre integridade em pesquisa do II Encontro Brasileiro de Integridade em Pesquisa, Ética na Ciência e em Publicações (II BRISPE),28 Maio- 01 de Junho de 2012.Dados, v. 55, n. 2, p. 555-560, 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/dados/v55n2/a09v55n2.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2013. 4 É T IC A | É R IK A C O S T A 1º caso: A explosão do foguete Challenger em 26 de janeiro de 1986. Todos os jornais do mundo noticiaram o acidente ocorrido 73 segundos depois da decolagem do foguete tripulado, de Cabo Kennedy, na Flórida. Se o foguete tivesse suportado mais 47 segundos, teria se livrado de sua parte impulsora,e, já descarregado de combustível, teria navegado tranquilamente pelo espaço e retornado à Terra. Morreram 7 astronautas, dentre os quais a primeira astronauta mulher e o programa espacial americano atrasou-se 5 anos na averiguação das causas do acidente. O acidente aconteceu depois de 4 lançamentos com êxito, diante da pressão política na competição com a Rússia, acelerando o programa. O que se pode constatar foi que o lançamento foi feito num ambiente que registrou a mais baixa temperatura, abaixo de 0ºC, diferentemente dos 4 lançamentos anteriores. A origem da falha foi identificada como a perda de flexibilidade do selante anelar em baixa temperatura, deixando de cumprir sua função de evitar o vazamento. O combustível sólido, ao se esquentar, causou a dilatação do cilindro de aço que o continha, não acompanhada pelas partes frias. A empresa particular encarregada da fabricação dos impulsores de combustível sólido foi a Morton Thiokol, que possuía o engenheiro chefe Bob Lund. Um dos engenheiros de Bob Lund era Roger Boisjoly, que havia lutado durante o projeto para resolver o problema material do selante. Não tempo tido tempo de resolver o problema dentro do prazo político estipulado, advertiu seu chefe, sem ser levado a sério pela Morton e pela administração da NASA. Um dos gerentes principais da Morton ridicularizou- o em público: “Tire o seu capacete de engenheiro e coloque na cabeça o da Morton!” Boisjoly não perdeu o emprego mas foi afastado do projeto. No final de julho de 1986, um mês após o término da comissão presidencial, Boisjoly renunciou ao seu emprego na Morton. B 5 É T IC A | É R IK A C O S T A O desenrolar dos fatos sugere diversas perguntas relacionadas com a ética da engenharia. Eis algumas delas: Qual o papel correto de um engenheiro diante de problemas de segurança? Deve um engenheiro aceitar prazos para resolver um problema? Quem deve decidir uma ação final, a engenharia ou a administração da empresa? É correto para um engenheiro, em situações críticas, divulgar informações reservadas da empresa?
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