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Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Vamos explorar em seguida alguns teoremas importantes sobre funções reais de variável real deriváveis. Estes teoremas, para além de nos ajudarem a compreender melhor estes conceitos, estão na base de muitas aplicações importantes do Cálculo Diferencial. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 1 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Máximos e mínimos locais Começamos por relembrar o conceito de máximo e mínimo local. Dados D ⊆ R e f : D → R, dizemos que f tem um máximo local em x0 ∈ D se existir ε > 0 tal que f (x0) = max f (D∩]x0 − ε, x0 + ε[). Analogamente se define mínimo local. Seja f : D → R e suponhamos que D contém um intervalo da forma ]x0 − ε, x0 + ε[ (x0 é ponto interior de D). Se f tem um máximo ou mínimo local em x0 e é derivável em x0, então f ′(x0) = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 2 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Máximos e mínimos locais De facto, suponhamos que f ′(x0) = limh→0 f (x0+h)−f (x0) h > 0 (o caso f ′(x0) < 0 é análogo). Pelo Princípio da Permanência do Sinal, existe δ > 0 tal que 0 6= |h| < δ ⇒ f (x0 + h)− f (x0) h > 0. Logo h ∈]0, δ[ ⇒ f (x0 + h) > f (x0), h ∈]− δ, 0[ ⇒ f (x0 + h) < f (x0), o que impossibilita que f tenha um máximo ou mínimo local em x0. Os pontos em que f ′(x) = 0 dizem-se os pontos críticos de f . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 3 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Candidatos a máximos e mínimos O Teorema de Weierstrass garante que uma função contínua definida num intervalo fechado e limitado atinge um máximo e um mínimo. Uma vez que os extremos (absolutos ou globais) também são extremos locais, o resultado anterior permite-nos identificar candidatos a pontos de valor máximo ou mínimo para uma função f : [a, b] → R contínua. Seja f : [a, b] → R contínua. Os pontos de valor máximo ou mínimo de f estão entre: As extremidades do intervalo, a e b; Os pontos críticos de f em ]a, b[; Os pontos onde f não é derivável. Se soubermos calcular os pontos críticos de f (nem sempre é possível), e calcular o valor da função em todos estes candidatos, podemos determinar o máximo e o mínimo por simples comparação destes valores. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 4 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Candidatos a máximos e mínimos Exemplo Seja f : [−1, 2] → R definida por f (x) = x3 − x = x(x − 1)(x + 1). Como f ′(x) = 3x2 − 1 = 3(x −√1/3)(x +√1/3), os pontos críticos de f são x = −√1/3 e x = √1/3 (ATENÇÃO: é importante confirmar se pertencem ao domínio da função, o que é o caso). Logo os possíveis pontos de máximo e mínimo de f são −1,−√1/3,√1/3, 2. -1 2 √1/3 −√1/3 Ora, f (−1) = 0, f (−√1/3) = 23 √ 1 3 , f ( √ 1/3) = −23 √ 1 3 , f (2) = 6. Como −23 √ 1 3 < 0 < 2 3 √ 1 3 < 6, o valor máximo da função é 6 e o seu valor mínimo −23 √ 1 3 . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 5 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Teorema de Rolle Este é um excelente exemplo de como a derivada pode fornecer informação muito útil sobre a função de que partimos. Vamos continuar a explorar estas importantes relações entre uma função (derivável) e a sua derivada. Teorema de Rolle Seja f : [a, b] → R derivável tal que f (a) = f (b). Então f ′(c) = 0 para algum c ∈ ]a, b[. a f(a)=f(b) c c b1 2 Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 6 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Teorema da Média de Lagrange Demonstração: Sejam m,M ∈ [a, b] pontos de mínimo e máximo de f , respectivamente. Se m ou M está em ]a, b[, é necessariamente um ponto crítico pelo resultado anterior, e obtemos o pretendido. Resta-nos o caso em que m,M ∈ {a, b}. Mas então f (a) = f (b) implica f (m) = f (M), logo f é constante e qualquer c ∈ ]a, b[ satisfaz f ′(c) = 0. O Teorema de Rolle é na realidade um caso particular do seguinte resultado: Teorema da Média de Lagrange Seja f : [a, b] → R derivável. Então f ′(c) = f (b)−f (a) b−a para algum c ∈ ]a, b[. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Teorema da Média de Lagrange Como f ′(c) é o declive da recta tangente ao gráfico de f no ponto (c, f (c)), o Teorema da Média de Lagrange ganha um significado geométrico claro: Há pelo menos um ponto do gráfico de f em que a recta tangente é paralela ao segmento de extremidades (a, f (a)) e (b, f (b)). c1 c2a b f(a) f(b) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 8 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Teorema de Cauchy Por sua vez, o Teorema da Média de Lagrange admite uma versão mais geral: Teorema de Cauchy Sejam f , g : [a, b] → R deriváveis. Então (g(b) − g(a))f ′(c) = (f (b)− f (a))g ′(c) para algum c ∈ ]a, b[. De facto, se g(x) = x , esta igualdade equivale a (b − a)f ′(c) = f (b)− f (a) e logo a f ′(c) = f (b)−f (a) b−a . Note-se que, nos casos em que a divisão é possível, a igualdade do Teorema de Cauchy pode ser escrita como f ′(c) g ′(c) = f (b)− f (a) g(b) − g(a) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 9 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Teorema de Cauchy Demonstração: Seja h : [a, b] → R a função definida por h(x) = (g(b) − g(a))f (x)− (f (b)− f (a))g(x). É imediato que h é derivável e h′(x) = (g(b)− g(a))f ′(x) − (f (b)− f (a))g ′(x). Além disso, h(a) = g(b)f (a)− f (b)g(a) = h(b). Pelo Teorema de Rolle, temos h′(c) = 0 para algum c ∈ ]a, b[. Logo (g(b) − g(a))f ′(c) − (f (b)− f (a))g ′(c) = 0 e portanto (g(b) − g(a))f ′(c) = (f (b)− f (a))g ′(c). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 10 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Derivada nula Uma primeira aplicação do Teorema da Média de Lagrange é a demonstração do seguinte facto: Sejam I ⊆ R um intervalo e f : I → R derivável. Se f ′(x) = 0 para todo x ∈ I, então f é uma função constante. Suponhamos que f não é constante. Então existem a, b ∈ I tais que a < b e f (a) 6= f (b). Mas então, pelo Teorema da Média de Lagrange, existe c ∈ ]a, b[ ⊆ I tal que f ′(c) = f (b)−f (a) b−a 6= 0, absurdo. Logo f é constante. Nota: Este resultado já não é válido no caso geral em que o domínio da função não é um intervalo. Por exemplo, seja f : R \ {0} → R definida por f (x) = { −1 se x < 0 1 se x > 0. Então f ′(x) = 0 para todo x ∈ R \ {0} mas f não é constante. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 11 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média O regresso das primitivas Podemos agora estabelecer facilmente o seguinte: Sejam I ⊆ R um intervalo e f : I → R primitivável. Se F1,F2 são primitivas de f , então existe uma constante C ∈ R tal que F2(x) = F1(x) + C para todo x ∈ I. De facto, tomemos G(x) = F2(x) − F1(x). Então G é derivável em I e G ′(x) = F ′2(x)− F ′1(x) = f (x)− f (x) = 0 para todo x ∈ I, logo G(x) é uma função constante. Portanto existe uma constante C ∈ R tal que F2(x) = F1(x) + C para todo x ∈ I. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 12 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Intervalos de monotonia Recordamos que f : D → R se diz: ◮ estritamente crescente sse ∀x1, x2 ∈ D, x1 < x2 ⇒ f (x1) < f (x2); ◮ estritamente decrescente sse ∀x1, x2 ∈ D, x1 < x2 ⇒ f (x1) > f (x2); ◮ estritamente monótona se for estritamente crescente ou decrescente. Sejam I ⊆ R um intervalo e f : I → R derivável. ◮ Se f ′(x) > 0 para todo x∈ I, então f é estritamente crescente. ◮ Se f ′(x) < 0 para todo x ∈ I, então f é estritamente decrescente. Vamos mostrar o segundo caso (o primeiro é análogo). Suponhamos que f não é estritamente decrescente. Então existem x1, x2 ∈ I tais que x1 < x2 e f (x1) ≤ f (x2). Como f é derivável em [x1, x2] ⊆ I, resulta do Teorema da Média de Lagrange que existe c ∈ ]x1, x2[ ⊆ I tal que f ′(c) = f (x2)−f (x1) x2−x1 ≥ 0, contradizendo f ′(x) < 0 para todo x ∈ I. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 13 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Intervalos de monotonia O recíproco não é válido, mas verifica-se uma versão mais fraca: Sejam I ⊆ R um intervalo e f : I → R derivável. ◮ Se f é uma função crescente, então f ′(x) ≥ 0 para todo x ∈ I. ◮ Se f é uma função decrescente, então f ′(x) ≤ 0 para todo x ∈ I. Vejamos por exemplo o caso crescente. Como numerador é nulo ou tem o mesmo sinal do denominador em f (x)−f (x0) x−x0 , o quociente é maior ou igual a zero e logo f ′(x0) = limx→x0 f (x)−f (x0) x−x0 ≥ 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 14 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Intervalos de monotonia f(x)=x3Note-se que uma função estritamente monótona pode ter pontos críticos, como é o caso da função f (x) = x3, onde f ′(0) = 0. Sejam I ⊆ R um intervalo e f : I → R derivável. A determinação dos zeros de f ′, quando é possível, é fundamental para compreender o comportamento de f . De facto, se f ′ for contínua (o que acontece na generalidade dos casos estudados, pelo menos em sub-intervalos do domínio), resulta do Teorema dos Valores Intermédios que entre dois zeros consecutivos de f ′ a derivada f ′ é sempre positiva ou sempre negativa... e logo f só pode ser crescente ou decrescente nesse subintervalo, ditos intervalos de monotonia de f . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 15 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Intervalos de monotonia Isto permite a identificação de máximos e mínimos locais, ilustrada nas seguintes tabelas: x (x < c) c (x > c) f ′ + 0 − f ր . . . ց c é um ponto de valor máximo local x (x < c) c (x > c) f ′ − 0 + f ց . . . ր c é um ponto de valor mínimo local Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 16 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Concavidade Note-se que um ponto crítico pode não ser nem ponto de máximo nem ponto de mínimo local: é o caso de x = 0 quando f (x) = x3. E que informação nos pode fornecer a segunda derivada f ′′? Como f ′′ = (f ′)′, resulta da discussão anterior que f ′′ > 0 ⇒ f ′ é crescente ⇒ o declive da tangente ao gráfico de f é crescente. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 17 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Concavidade Caso f ′′ < 0, temos a situação oposta: Pode provar-se que: ◮ Se f ′′ > 0 num intervalo I, então a concavidade do gráfico de f está voltada para cima em I. ◮ Se f ′′ < 0 num intervalo I, então a concavidade do gráfico de f está voltada para baixo em I. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 18 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Pontos de inflexão Um ponto em que a segunda derivada f ′′ é contínua e muda de sinal diz-se um ponto de inflexão de f . A determinação dos pontos de inflexão e sinal da segunda derivada é muito importante para o esboço do gráfico de f , fazendo-se uso de tabelas tal como no caso da derivada. Por exemplo: x (x < c) c (x > c) f ′′ − 0 + f ⌢ . . . ⌣ c é um ponto de inflexão Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 19 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média O teste da segunda derivada A segunda derivada pode permitir também determinar rapidamente (caso seja não nula) a natureza de um ponto crítico da função: Suponhamos que f ′(c) = 0 e f tem segunda derivada em c. ◮ Se f ′′(c) > 0, então f tem um mínimo local em c. ◮ Se f ′′(c) < 0, então f tem um máximo local em c. Suponhamos por exemplo que f ′′(c) < 0. Como f ′′(c) = lim x→c f ′(x) − f ′(c) x − c = limx→c f ′(x) x − c , resulta do Princípio da Permanência do Sinal que existe δ > 0 tal que f ′(x) x−c < 0 em ]c − δ, c + δ[. Logo f ′(x) > 0 quando x ∈]c − δ, c[ e f ′(x) < 0 quando x ∈]c, c + δ[. Concluimos assim que f tem um máximo local em c. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 20 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Esboço do gráfico Podemos agora combinar todas estas ferramentas: ◮ cálculo da função em determinados pontos, ◮ eventual determinação dos zeros e variação do sinal da função, ◮ análise do sinal da derivada, ◮ análise do sinal da segunda derivada, para nos ajudar a esboçar o gráfico de uma função f : [a, b] → R duas vezes derivável. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 21 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Esboço do gráfico Seja f : [−4, 6] → R definida por f (x) = x3 − 2x2 − 15x = x(x + 3)(x − 5). Logo f tem zeros em −3, 0 e 5. Por outro lado, f ′(x) = 3x2 − 4x − 15 = 3(x + 53 )(x − 3), f ′′(x) = 6x − 4 = 6(x − 23 ) o que nos conduz à tabela seguinte: x −53 23 3 f ′ + 0 − − − 0 + f ′′ − − − 0 + + + f ր⌢ ց⌢ ց⌣ ր⌣ Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 22 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Aplicações dos teoremas da média Esboço do gráfico Note-se que, para determinar o sinal de f ′ num dos seus intervalos de monotonia, basta conhecer o sinal de f ′ num dos pontos do intervalo (desde que f ′ seja contínua, o que é o caso). O mesmo se aplica a f ′′. Tendo em conta o valor de f em todos os pontos especiais (zeros, extremos, pontos críticos, pontos de inflexão), é agora possível esboçar o gráfico de f : -3-4 2/3 -5/3 3 6 54 Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 23 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Limites no infinito E se o domínio de f não for um intervalo limitado? Ou se não for contínua em todos os pontos? Para ajudar a responder a estas perguntas, temos que iniciar a discussão dos limites infinitos e no infinito, e das indispensáveis assímptotas. Seja f : D → R uma função, com D ⊆ R. De forma análoga ao que fizemos para sucessões, se o domínio de f não é limitado superiormente podemos definir o limite de f (x) quando x tende para +∞. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 24 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Limites no infinito Mais precisamente, diremos que limx→+∞ f (x) = b se ∀ε > 0 ∃N ∈ N ∀x ∈ D (x > N ⇒ |f (x)− b| < ε), ( ( b b-ε b+ε | lim f(x) = b x→ +∞ N Analogamente, se D não é minorado, (substituindo x > N por x < −N) definimos limx→−∞ f (x) = b. Em alternativa, podemos usar a igualdade limx→−∞ f (x) = limx→+∞ f (−x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 25 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Assímptotas horizontais Do ponto de vista geométrico, o significado de limx→+∞ f (x) = b é de que o gráfico da função se aproxima tanto quanto nós quisermos da recta de equação y = b quando x se torna suficientemente grande. O mesmo acontece relativamente a limx→−∞ f (x) = b, para x suficientemente negativo. ( ( b b-ε b+ε | lim f(x) = b x→ -∞ -N Dizemos então que f tem uma assímptota horizontal y = b. Note-se que uma função pode ter no máximo duas assímptotas horizontais!Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 26 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Assímptotas horizontais Exemplo: A função f (x) = x1+|x | tem assímptotas horizontais y = −1 e y = 1. 1 −1 Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 27 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Assímptotas oblíquas Os limites em ±∞ podem produzir também outro tipo de assímptotas, quando o gráfico da função se aproxima tanto quanto nós quisermos de uma recta de declive m 6= 0. São as assímptotas oblíquas. Mais precisamente, dizemos que f tem uma assímptota y = mx + b se limx→+∞(f (x)−mx) = b (ou limx→−∞(f (x)−mx) = b). Se m = 0, obtemos uma assímptota horizontal, caso contrário é oblíqua. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 28 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Assímptotas oblíquas Como podemos identificar uma assímptota oblíqua? A chave reside na identificação do possível valor do declive m. De facto, se limx→+∞(f (x)−mx) = b (é análogo para x → −∞), então f (x) x = mx + (f (x)−mx) x = m + f (x)−mx x , logo limx→+∞ f (x) x = m. Portanto, só pode existir uma assímptota oblíqua se existir limx→+∞ f (x) x . Determinado assim o candidato a m, o processo conclui-se com o cálculo do limite limx→+∞(f (x)−mx). ATENÇÃO: a existência de limx→+∞ f (x) x não garante que exista limx→+∞(f (x)−mx) (nem consequentemente assímptota). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 29 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Exemplo Seja f (x) = x 2+x−1 x−1 . Vejamos se f (x) tem uma assímptota quando x → −∞: lim x→−∞ f (x) x = lim x→−∞ x2 + x − 1 x2 − x = limx→−∞ 1 + 1 x − 1 x2 1− 1 x = 1, logo uma eventual assímptota (quando x → −∞) terá declive m = 1. Ora limx→−∞(f (x)− x) = limx→−∞( x2+x−1x−1 − x 2 −x x−1 ) = limx→−∞ 2x−1 x−1 = limx→−∞(2 + 1x−1 ) = 2, logo f tem uma assímptota oblíqua y = x + 2 quando x → −∞. Na realidade, obtemos esta mesma assímptota quando x → +∞. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 30 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Limites infinitos no infinito As assímptotas oblíquas são na realidade um caso particular de limites infinitos no infinito: dizemos que limx→+∞ f (x) = +∞ se, para x suficientemente grande, f (x) for tão grande quanto for requerido. Mais precisamente, diremos que limx→+∞ f (x) = +∞ se ∀M ∈ N ∃N ∈ N ∀x ∈ Df (x > N ⇒ f (x) > M), onde assumimos naturalmente que Df não é limitado superiormente. N M Analogamente (substituindo f (x) > M por f (x) < −M, definimos limx→+∞ f (x) = −∞. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 31 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Limites infinitos no infinito Com as adaptações previsíveis, definimos limx→−∞ f (x) = +∞ se ∀M ∈ N ∃N ∈ N ∀x ∈ Df (x < −N ⇒ f (x) > M), quando Df não está limitado inferiormente. -N M Em alternativa, podemos usar a igualdade lim x→−∞ f (x) = limx→+∞ f (−x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 32 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Limites infinitos no infinito Finalmente, substituindo f (x) > M por f (x) < −M, definimos limx→−∞ f (x) = −∞. Exemplos: ◮ limx→+∞ sen xx = 0 (por enquadramento de limites, pois−1 x ≤ sen x x ≤ 1 x para x > 0); ◮ limx→+∞ e √ x = +∞ (pois limx→+∞ √ x = +∞ e limx→+∞ ex = +∞); ◮ limx→−∞ x 2 x+1 = limx→−∞ x 1+ 1 x = −∞. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 33 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Limites infinitos num ponto Discutimos em seguida o caso de limites infinitos num ponto. Os casos mais frequentes são os de limites laterais. Dizemos que limx→x+ 0 f (x) = +∞ se, para x suficientemente próximo de x0 (por excesso), f (x) for tão grande quanto for requerido. Mais precisamente, diremos que limx→x+ 0 f (x) = +∞ se ∀M > 0 ∃δ > 0 ∀x ∈ D (x ∈ ]x0, x0 + δ[ ⇒ f (x) > M), onde assumimos naturalmente que x0 é um ponto de acumulação de D, à direita. (( x +δx0 0 M Analogamente (substituindo ]x0, x0 + δ[ por ]x0 − δ, x0[), definimos limx→x− 0 f (x) = +∞. Se ambos os limites laterais forem +∞, podemos escrever limx→x0 f (x) = +∞. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 34 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Assímptotas verticais De forma análoga se definem os limites iguais a −∞. Por exemplo, limx→x− 0 f (x) = −∞ se ∀M > 0 ∃δ > 0 (x ∈ ]x0 − δ, x0[ ⇒ f (x) < −M). Do ponto de vista geométrico, o significado destes limites é de que o gráfico da função se aproxima tanto quanto nós quisermos da recta de equação x = x0 quando x tende para x0 (pela esquerda ou pela direita). Dizemos então que f tem uma assímptota vertical x = x0. Note-se que uma função pode ter uma infinidade de assímptotas verticais. Além do mais, se algum destes pontos fizer parte do domínio da função, será necessariamente um ponto de descontinuidade. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 35 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Exemplo A função tg x tem assímptotas verticais x = pi2 + Kπ para todo K ∈ Z. | | | | | || | y=tg x pi/2−pi/2 pi−pi 3pi/2−3pi/2 2pi−2pi De facto, se x0 = pi 2 + Kπ, temos limx→x−0 tg x = +∞ e limx→x+ 0 tg x = −∞. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 36 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Esboço do gráfico Estas generalizações do conceito de limite, e a determinação de eventuais assímptotas, são as ferramentas que nos faltavam para poder esboçar o gráfico de uma função definida num domínio arbitrário de R: Exemplo: Vamos esboçar o gráfico da função f (x) = 2x 2+x−1 x2 = 2 + 1 x − 1 x2 . O domínio é R \ {0} e resolvendo a equação 2x2 + x − 1 = 0 concluimos que os zeros de f são −1 e 12 . Também é claro que lim x→+∞ f (x) = lim x→+∞ (2 + 1 x − 1 x2 ) = 2 = lim x→−∞ f (x), logo f tem uma assímptota horizontal y = 2. Como a função não está definida em 0, é importante calcular os limites laterais nesse ponto. Temos lim x→0+ f (x) = lim x→0+ (2 + x − 1 x2 ) = −∞ = lim x→0− f (x), logo f tem uma assímptota vertical x = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 37 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Esboço do gráfico Finalmente, calculamos f ′(x) = − 1 x2 + 2 x3 = 2− x x3 , f ′′(x) = 2 x3 − 6 x4 = 2x − 6 x4 , pelo que 2 é ponto crítico e 3 ponto de inflexão de f . ATENÇÃO: na tradicional tabela é essencial assinalar, para além dos pontos críticos e de inflexão, os pontos de descontinuidade ou que interrompem o domínio da função, pois a persistência do sinal só se verifica em intervalos. x 0 2 3 f ′ − X + 0 − − − f ′′ − X − − − 0 + f ց⌢ X ր⌢ ց⌢ ց⌣ Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 38 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Esboço do gráfico Temos agora informação suficiente para produzir o seguinte esboço do gráfico de f : | | | || | 11/2−1 2 2 3 Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 39 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Infinito e limites Cálculo de limites Mas como é que se calculam limites afinal? Vimos anteriormente algumas técnicas que se revelam úteis em muitos casos simples: ◮ A aritmética de limites ◮ Se f é contínua e limx→a g(x) = L, então limx→a f (g(x)) = f (L) ◮ Enquadramento de limites◮ Teorema de Heine. Estas propriedades mantêm-se análogas para limites do tipo limx→±∞ f (x) = L ∈ R. Se considerarmos também limites infinitos, as propriedades aritméticas mantêm-se válidas apenas em certos casos, mediante algumas convenções já conhecidas: Se L ∈ R, +∞+ L = L + (+∞) = +∞+ (∞) = +∞; Se L ∈ R+, +∞ · L = L · (+∞) = (+∞) · (+∞) = (−∞) · (−∞) = +∞ e −∞ · L = L · (−∞) = (+∞) · (−∞) = (−∞) · (+∞) = −∞; Se L ∈ R−, +∞ · L = L · (+∞) = −∞ e −∞ · L = L · (−∞) = +∞; Se L ∈ R, L ±∞ = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 40 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Mas como proceder em casos mais complicados, nomeadamente no caso de indeterminações? Uma indeterminação é um caso prático de cálculo de limite que não se pode resolver através da aritmética de limites, usualmente por se ter encontrado uma das seguintes situações: 00 , ∞ ∞ , 0×∞, +∞−∞, ∞0, 1∞ e 00. Nestes casos não é possível convencionar resultados para estas “operações aritméticas” de forma a que se possam aplicar sempre resultados análogos aos do slide 1.8. O auxílio chega da famosa Regra de L’Hôpital (Cauchy) Se limx→a f (x) = limx→a g(x) = 0 e existe limx→a f ′(x) g ′(x) = L, então também limx→a f (x) g(x) = L. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 41 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Demonstração A Regra pode ser demonstrada com a ajuda do Teorema de Cauchy. Assumindo que f (a) = g(a) = 0, podemos escrever lim x→a f (x) g(x) = lim x→a f (x)− f (a) g(x) − g(a) = limx→a f ′(cx ) g ′(cx ) , onde cx está entre a e x . Como limx→a f ′(x) g ′(x) = L, resulta que lim x→a f ′(cx ) g ′(cx ) = lim x→a f ′(x) g ′(x) = L, e a Regra é válida. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 42 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Variantes A Regra de L’Hôpital mantém-se válida com diversas variantes: ◮ limx→a f (x) = limx→a g(x) = ±∞; ◮ L = ±∞; ◮ limites laterais (x → a− ou x → a+); ◮ limites no infinito (x → −∞ ou x → +∞). Além disso, pode ser aplicada sucessivamente, nas diversas versões... por exemplo: Se limx→a f (x) = limx→a g(x) = limx→a f ′(x) = limx→a g ′(x) = 0 e existe limx→a f ′′(x) g ′′(x) = L, então também limx→a f (x) g(x) = L. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 43 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Exemplos 1. limx→+∞ log xx é uma indeterminação do tipo +∞ +∞ . Como limx→+∞ (log x)′ x ′ = limx→+∞ 1 x 1 = 0, resulta que limx→+∞ log x x = 0. 2. limx→+∞ x 2 2x é uma indeterminação do tipo +∞ +∞ . Como limx→+∞ (x2)′ (2x )′ = limx→+∞ 2x 2x log 2 é ainda uma indeterminação do mesmo tipo, podemos tentar aplicar a Regra de L’Hôpital uma segunda vez, obtendo desta vez limx→+∞ (x2)′′ (2x )′′ = limx→+∞ 2 2x (log 2)2 = 0. Logo limx→+∞ x 2 2x = 0. Nota: NUNCA, em caso algum, deve a Regra de L’Hôpital ser aplicada a quocientes que não sejam indeterminações! Por exemplo, limx→0 x 2+1 x+1 = 1 mas limx→0 (x2+1)′ (x+1)′ = limx→0 2x 1 = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 44 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Produtos e diferenças Procuramos reduzir indeterminações do tipo 0×∞ ou +∞−∞ a indeterminações do tipo 00 ou ∞ ∞ por manipulações algébricas, aplicando em seguida a Regra de L’Hôpital. Exemplos: 3. limx→0+(x log x) é uma indeterminação do tipo 0× (−∞). Escrevendo x log x = log x1 x , obtemos uma indeterminação do tipo −∞+∞ e podemos aplicar a Regra. Como lim x→0+ (log x)′ ( 1 x )′ = lim x→0+ 1 x − 1 x2 = lim x→0+ (−x) = 0, obtemos limx→0+(x log x) = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 45 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Produtos e diferenças 4. limx→0+(cotg x − 1x ) é uma indeterminação do tipo +∞−∞. Escrevendo cotg x − 1 x = 1 tg x − 1 x = x − tg x x tg x , obtemos uma indeterminação do tipo 00 e podemos aplicar a Regra. Como lim x→0+ (x − tg x)′ (x tg x)′ = lim x→0+ 1− 1 cos2 x tg x + x cos2 x = lim x→0+ cos2 x − 1 sen x cos x + x é ainda uma indeterminação do tipo 00 , podemos tentar aplicar a Regra de L’Hôpital uma segunda vez, obtendo desta vez lim x→0+ (x − tg x)′′ (x tg x)′′ = lim x→0+ −2 sen x cos x cos2 x − sen2 x + 1 = 0 2 = 0. Logo limx→0+(cotg x − 1x ) = 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 46 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Potências Procuramos reduzir indeterminações do tipo ∞0, 1∞ e 00 a indeterminações do tipo 00 ou ∞ ∞ usando a igualdade f (x)g(x) = eg(x) log(f (x)), aplicando em seguida a Regra de L’Hôpital. Exemplos: 5. Para calcular o limite da sucessão ( n √ n)n, vamos calcular limx→+∞ x 1 x , que é uma indeterminação do tipo (+∞)0. Logo limx→+∞ x 1 x = limx→+∞ e 1 x log x = elimx→+∞ log x x (pois a função ex é contínua) e uma simples aplicação da Regra fornece-nos limx→+∞ log xx = 0 e logo limx→+∞ x 1 x = e0 = 1. 6. limx→0+ xx é uma indeterminação do tipo 00. Logo limx→0+ xx = limx→0+ ex log x = elimx→0+ x log x (pois a função ex é contínua). Pelo exemplo 4., obtemos limx→0+ xx = e0 = 1. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 47 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Regra de L’Hôpital Potências 7. limx→+∞(1 + 1x ) x é uma indeterminação do tipo 1+∞. Logo lim x→+∞ (1 + 1 x )x = lim x→+∞ ex log(1+ 1 x ) = e limx→+∞(x log(1+ 1 x )). Ora limx→+∞(x log(1 + 1x )) é uma indeterminação do tipo (+∞)× 0, logo lim x→+∞ (x log(1 + 1 x )) = lim x→+∞ log(1 + 1 x ) 1 x , que é do tipo 00 . Aplicando a regra, obtemos lim x→+∞ (log(1 + 1 x ))′ ( 1 x )′ = lim x→+∞ − 1 x2 1+ 1 x − 1 x2 = lim x→+∞ 1 1 + 1 x = 1. Logo limx→+∞(x log(1 + 1x )) = 1 e limx→+∞(1 + 1 x )x = e1 = e. Daqui se conclui também o famoso limite limn→+∞(1 + 1n ) n = e. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 48 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios Máximos e mínimos 66 Determine: a) Dois números positivos cuja soma é 100 e cujo produto é o maior possível. b) Três números não negativos cujo produto seja o maior possível, a sua soma é 60 e a soma do primeiro com o dobro do segundo mais o triplo do terceiro é 120. c) O volume máximo de um cilindro (circular e recto) que pode ser inscrito numa esfera de raio R. 67 Justifique que as funções definidas nas alíneas seguintes atingem valores máximo e mínimo nos intervalos indicados e calcule-os, assim como os pontos onde são atingidos. Verifique quais das funções admitem máximo e mínimo em R. a) f (x) = −x3 + 1, no intervalo [−1, 8]. b) f (x) = √ 3 cos(x − pi/3), no intervalo [0, pi]. c) f (x) = 6x4/3 − 3x1/3, no intervalo [−1, 1]. 68 Diga, justificando, se cada uma das seguintes afirmações é verdadeira ou falsa: a) Se f é uma função contínua cujo domínio é um intervalo limitado, então f é limitada. b) Se I é um intervalo fechado e limitado e f : I −→ R é uma função contínua, então f (I) é um intervalo fechado e limitado. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 49 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios Máximos e mínimos 69 Considere a função f (x) = arctg ( 1 1−x2 ) . a) Verifique que não é possível prolongar f a uma função contínua com domínio R. b) Verifique que f (0) > 0, f ( √ 1 + √ 3) < 0 e no entanto não existe x ∈ R \ {−1, 1} tal que f(x) = 0. Justifique que este facto não contradiz o Teorema dos valores intermédios. c) Justifique que f atinge valores máximo e mínimo (absolutos) no intervalo[ − √ 1− 1√ 3 , √ 1− 1√ 3 ] e determine-os. 70 (P) Seja y = f (x) uma função derivável definida em R, P um ponto do plano que não pertence ao gráfico Gf da função e Q = (x0, f (x0)) ∈ Gf um ponto que minimiza a distância de P a Gf , isto é, para todo x ∈ R, ‖P − (x , f (x))‖ ≥ ‖P − Q‖. Mostre que a recta que passa pelos pontos P e Q é perpendicular à tangente a Gf no ponto Q. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 50 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios Teoremas da Média 71 Mostre que, para qualquer a ∈ R, a função de R em R definida por f (x) = x3 − 3x + a nunca tem dois zeros em [0, 1]. 72 Mostre que p(x) = x3 − 6x2 + 9x − 1 possui exactamente uma raíz em ]1, 3[. 73 Confirme que as conclusões do Teorema da Média de Lagrange não se verificam para as seguintes funções. Explique que isto não contradiz o Teorema. a) f (x) = |x |, x ∈]− 1, 3[ b) f (x) = x + 1 x , x ∈]− 1, 2[ c) f (x) = x2 x−1 , x ∈]0, 2[. 74 Deduza do Teorema da Média de Lagrange que: a) ∀x ∈ R+0 , √ x ≤ x + 1 2 b) ∀x ∈ R, | sen x | ≤ |x | c) 1 9 < √ 66− 8 < 1 8 75 (*) Seja f : [a, b] → R (a < b ∈ R) uma função contínua. Use o Teorema de Lagrange para mostrar que ∫ b a f (t) dt = (b − a)f (c), para algum c ∈ [a, b]. 76 (*) Mostre que uma função f : I −→ R, derivável no intervalo I, satisfaz, para um certo C ∈ R, a condição de Lipschitz ∀x , y ∈ I, |f (x)− f (y)| ≤ C |x − y | se e só se ∀x ∈ I, |f ′(x)| ≤ C . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 51 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios Monotonia e extremos 77 Para cada uma das seguintes propriedades, dê exemplo de uma função derivável f : D −→ R, com D ⊆ R, que a verifique ou explique porque não existe tal exemplo: a) f ′(x) = 0 para todo x ∈ D, mas f não é constante; b) f ′(x) > 0 para todo x ∈ D, mas f não é estritamente crescente; c) f tem um extremo local em x0 e f ′(x0) 6= 0; d) f é estritamente crescente, mas não verifica f ′(x) > 0 para todo x ∈ D; e) f é estritamente decrescente, mas não verifica f ′(x) ≤ 0 para todo x ∈ D. 78 Considere a função f (x) = ex sen x . a) Verifique que f (−pi/2) < −e−pi < f (0). b) Justifique que existe x ∈ [−pi/2, 0] tal que f (x) = −e−pi. c) Verifique que f ′(−pi/4) = 0 e f ′′(−pi/4) > 0. Pode concluir daqui que x = pi/4 é extremo local de f ? De que tipo? d) Justifique que f atinge valores máximo e mínimo (absolutos) no intervalo [−pi/2, 0] e calcule-os, assim como os pontos onde são atingidos. e) A função f tem máximo (absoluto) em R? Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 52 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios Monotonia e extremos 79 Faça o estudo de cada uma das seguintes funções, determinando o domínio, os zeros e a variação do sinal, as assímptotas, os intervalos de monotonia e os máximos mínimos locais, pontos de inflexão e variação da concavidade do gráfico. Use a informação obtida para fazer um esboço do gráfico. a) f (x) = 1 3 x3 + x + 2 b) f (x) = −x4 + 6x2 + 2 c) f (x) = x + 1 x d) f (x) = x 2+2x+1 x2+1 e) f (x) = ln(x2 + 2x + 2) f) f (x) = ( 1 2 )1/x g) f (x) = 21/x , se x < 0 0, se x = 0 (x−1)2 x , se x > 0 h) f (x) = x (x−1)2 , se x < 1 arctgx , se x ≥ 1 80 a) Calcule a derivada da função dada por f (x) = x + x2 sin 1 x , se x 6= 0, e f (0) = 0. b) Mostre que f não é monótona em nenhum intervalo centrado em 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 53 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios Regra de L’Hôpital 81 Calcule os seguintes limites: A. Indeterminações do tipo 0 0 : a) lim x−→2 3x2 − 5x − 2 3x2 − 7x + 2 b) limx−→1 x3 − x2 − x + 1 x3 + x2 − 5x + 3 c) limx−→0 1− cos x sen x d) lim x−→0 x − sen x 1− cos x e) limx−→0 arctg x arcsen x f) lim x−→0 (arctg x)2 ln(1 + x2) g) lim x−→+∞ sen 4 x 1 x h) lim x−→+∞ arctg 1 x sen 1 x i) lim x−→1/2+ √ 2x − 1 ln 2x B. Indeterminações do tipo ∞∞ : a) lim x−→+∞ x3 + 2x + 2 2x3 + x2 − 3x + 1 b) limx−→(pi/2)− tg x ln(cos x) c) lim x−→(pi/2)− ln(tg x) tg x d) lim x−→1+ ln(x − 1) ln(x2 − 1) e) limx−→0+ ln x e1/x f) lim x−→+∞ x ln x (x + 1)2 g) lim x−→+∞ ln(x + ex ) x h) lim x−→+∞ ex + ln x ex + x Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 54 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios Regra de L’Hôpital C. Indeterminações de outro tipo: a) lim x−→0+ (sen x)(ln x) b) lim x−→0+ x 3 e 1/x c) lim x−→0+ ( 1 ex − 1 − 1 x ) d) lim x−→0+ ( 1 x − 1 sen x ) e) lim x−→1 ( 1 ln x − x x − 1 ) f) lim x−→+∞ x 1/x g) lim x−→0 ( 1 + 1 x2 )x2 h) lim x−→0+ (cos x)1/x i) lim x−→0+ (ex + x) 1/x j) lim x−→0+ x x k) lim x−→0+ (sen x)x l) lim x−→0+ (ln(1 + x))x 82 Seja f : R → R contínua. Calcule lim x→0 1 x ∫ x 0 f (t) dt. 83 Considere a função f (x) = √ pi 2 − 2|arctgx |. a) Mostre que lim x→0 arctgx x = 1 e conclua que f não é derivável em 0. b) Justifique que f atinge valores máximo e mínimo (absolutos) no intervalo [− 1√ 3 , 1] e calcule-os, assim como os pontos onde são atingidos. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 55 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios Exercícios 84 (*) a) Mostre que se f : R → R é uma função derivável tal que limx→+∞ f (x) = a e limx→+∞ f ′(x) = b, para certos a ∈ R e b ∈ R ∪ {±∞}, então necessariamente b = 0. Interprete geometricamente este resultado. (Sugestão: Mostre que existe uma sucessão (xn)n∈N tal que f ′(xn) = f (n + 1) − f (n)) b) Mais geralmente, mostre que se f tem uma assímptota em +∞ de equação y = mx + b e existe o limite da derivada em +∞ , então limx−→+∞ f ′(x) = m. c) Mostre, construindo um exemplo adequado, que a existência de uma assímptota nas condições de a) não implica a existência de limx−→+∞ f ′(x); e que, nos casos em que este limite não existe, se existir f ′′ não pode ser limitada. 85 (*) O resultado a estabelecer neste exercício, chamado o Teorema de Darboux, pode ser enunciado simplesmente por: “A derivada de uma função num intervalo verifica a propriedade dos valores intermédios.” (Nota: existem funções deriváveis com derivada descontínua, pelo que o Teorema dos Valores Intermédios não é aplicável, em geral, para a garantir esta propriedade.) a) Mostre que se f : [a, b]−→ R é derivável e f ′(a) · f ′(b) < 0, então existe c ∈]a, b[ tal que f ′(c) = 0. (Sugestão: use o Teorema de Weierstrass e mostre que os extremos de f são atingidos no interior do intervalo). b) Mostre o caso geral: se u é um qualquer valor entre f ′(a) e f ′(b), existe c ∈]a, b[ tal que f ′(c) = u. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2015/2016 5. 56 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial e aplicações Exercícios
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