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Derivadas e Primitivas Derivada Motivação geométrica O conceito de derivada é um dos mais fundamentais do Cálculo, estando associado a noções geométricas, como a de recta tangente a uma curva, à descrição de fenómenos físicos e a várias ferramentas de cálculo. Informalmente, uma função real de variável real f é derivável num ponto a do domínio se o gráfico de f numa “vizinhança” de x0 é “suficientemente suave” para que seja possível traçar uma “recta tangente” (não vertical) ao gráfico de f nesse ponto. 1 1 2 2 gr f gr g gr h f é derivável em todos os pontos g não é derivável em x x x x0 0 h não é derivável em x e em x Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 1 Derivadas e Primitivas Derivada Motivação geométrica Nesse caso, a recta tangente ao gráfico de f em (x0, f (x0)) fica determinada pelo seu declive, que se representa por f ′(x0), e tem equação y = f (x0) + f ′(x0)(x − x0). Considerando outro ponto (x , f (x)), o declive da secante ao gr f que passa em (x0, f (x0)) e (x , f (x)) é dado por m = tg θ = f (x)−f (x0) x−x0 . f(x ) recta tangente a gr f em (x ,f(x )) x0 0 0 0 θ f(x) x Tomando valores de x cada vez mais próximos de x0, (|x − x0| cada vez menor) estas secantes aproximam-se sucessivamente da tangente. É assim natural definir f ′(x0) = lim x→x0 f (x)− f (x0) x − x0 . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 2 Derivadas e Primitivas Derivada Significado físico Em termos físicos, o conceito de derivada surge naturalmente associado ao conceito de velocidade (instantânea), seja no contexto estrito do movimento, seja no sentido mais lato de um qualquer processo (velocidade de uma reacção química, por exemplo). Tomemos o exemplo simples de um móvel M em movimento rectilíneo, sem mudanças de sentido, cuja posição (em função do tempo t) é dada pela função s(t). Então s(t)−s(t0) t−t0 expressa a velocidade média de M entre os instantes t0 e t, e s ′(t) = lim t→t0 s(t)− s(t0) t − t0 expressará a velocidade instantânea v(t0) de M no instante t0. Em Cálculo Infinitesimal II, aquando do estudo das curvas em Rn, será aprofundado o significado físico da derivada. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 3 Derivadas e Primitivas Derivada Definição Estamos agora em condições concretizar a definição de derivada. Seja f uma função definida numa vizinhança de x0 ∈ dom f . Dizemos que f é derivável (ou diferenciável) em x0 se existir limx→x0 f (x)−f (x0) x−x0 . Nesse caso, o número real f ′(x0) = lim x→x0 f (x) − f (x0) x − x0 diz-se a derivada de f em x0. Fazendo a mudança de variável h = x − x0, é imediato que x → x0 é equivalente a h → 0. Logo também podemos escrever f ′(x0) = lim h→0 f (x0 + h)− f (x0) h . Se f for derivável em todos os pontos do seu domínio, diz-se derivável (ou diferenciável). Nesse caso, f ′ : x 7→ f ′(x) diz-se a função derivada de f . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 4 Derivadas e Primitivas Derivada Derivadas laterais Se restringirmos a nossa atenção ao comportamento de f numa vizinhança lateral de x0, obtemos as respectivas derivadas laterais: f ′−(x0) = lim x→x− 0 f (x) − f (x0) x − x0 diz-se a derivada à esquerda de f em x0 e f ′+(x0) = lim x→x+ 0 f (x)− f (x0) x − x0 diz-se a derivada à direita de f em x0 (caso estes limites existam). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 5 Derivadas e Primitivas Derivada Exemplos 1. Vejamos que (x2)′ = 2x para todo x ∈ R. De facto, temos limh→0 (x+h)2−x2 h = limh→0 x 2+2hx+h2−x2 h = limh→0 2hx+h 2 h = limh→0(2x + h). Como |h| < ε⇒ |(2x + h)− 2x | < ε para todo ε > 0, é imediato que limh→0(2x + h) = 2x e logo (x2)′ = 2x para todo x ∈ R. 2. A função f (x) = |x | não é derivável em x0 = 0: apesar de existirem ambas as derivadas laterais neste ponto, elas são diferentes: declive = -1 dec liv e = 1 f ′−(0) = lim x→0− |x | − |0| x − 0 = limx→0− −x x = −1 f ′+(0) = lim x→0+ |x | − |0| x − 0 = limx→0+ x x = 1 Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 6 Derivadas e Primitivas Primitiva Definição A operação de derivação, que associa a uma função derivável f a sua derivada f ′, admite uma operação inversa, dita primitivação. Dada uma função g , dizemos que f é uma primitiva (também se usa o termo anti-derivada) de g se f for derivável e f ′ = g . Por razões que só ficarão claras mais adiante, é comum usar a notação∫ g(x) dx = f (x) para exprimir que f é uma primitiva de g . O símbolo ∫ diz-se um integral (indefinido), por isso a primitivação também é designada por integração. Assim como nem todas as funções são deriváveis, nem todas as funções admitem primitiva. Uma função que tem uma primitiva diz-se primitivável. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 7 Derivadas e Primitivas Primitiva Não há unicidade! Como o limite de uma função, a existir, é único, a derivada de uma função (a existir) também tem que estar unicamente determinada. O mesmo não se passa com as primitivas, pois uma função primitivável admite sempre uma infinidade de primitivas: Se f (x) é uma primitiva de g(x) e C ∈ R, então f (x) + C também é uma primitiva de g(x). De facto, limh→0 (f (x+h)+C)−(f (x)+C) h = limh→0 f (x+h)−f (x) h = f ′(x) = g(x). Por isso é habitual escrever também∫ g(x) dx = f (x) + C (C ∈ R) quando se procede ao cálculo de um integral. Veremos mais adiante que em certas condições uma expressão deste tipo representa todas as primitivas da função g . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 8 Derivadas e Primitivas Derivadas e primitivas Funções elementares Apresentamos em seguida as derivadas das funções elementares mais comuns, que são já conhecidas do ensino secundário, e das primitivas que daí resultam directamente. Alguns casos serão analisados mais à frente. Abaixo, C designa a função constante x 7→ C , α 6= 0, β 6= −1 e a > 0. C ′ = 0 ∫ C dx = Cx + K (K ∈ R) (xα)′ = αxα−1 ∫ xβ dx = xβ+1 β + 1 + K (K ∈ R) (log x)′ = 1 x ∫ x−1 dx = log |x | + K (K ∈ R) (loga x) ′ = 1 x log a (ex )′ = ex ∫ ex dx = ex + K (K ∈ R) (ax)′ = ax log a ∫ ax dx = ax log a + K (K ∈ R) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 9 Derivadas e Primitivas Derivadas e primitivas Funções elementares (sen x)′ = cos x ∫ sen x dx = − cos x + K (K ∈ R) (cos x)′ = − sen x ∫ cos x dx = sen x + K (K ∈ R) (tg x)′ = 1 cos2 x (cotg x)′ = − 1 sen2 x Refira-se relativamente às potências, as funções do tipo f (x) = xα com α ∈ R, que nem sempre são deriváveis em todo o domínio. Especificamente, para 0 < α < 1, f (x) = xα não é derivável em 0, como veremos adiante. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 10 Derivadas e Primitivas Derivadas e primitivas A derivada de sen x Por exemplo, recordando que limx→0 sen xx = 1, podemos provar a expressão indicada para a derivada do seno. Como cos h−1 h = (cos h−1)(cos h+1) h(cos h+1) = cos2 h−1 h(cos h+1) = −( sen hh )2 · hcos h+1 , conclui-se do limite anterior e da aritmética de limites que lim h→0 cos h − 1 h = ( lim h→0 sen h h )2( lim h→0 h cos h + 1 ) = 12 · 0 = 0. Logo, usando a fórmula do seno da soma e a aritmética de limites, obtemos sen′ x = lim h→0 sen(x + h)− sen x h = lim h→0 sen x cos h + sen h cos x − sen x h = lim h→0 (sen x cos h − 1 h + cos x sen h h ) = sen x · lim h→0 cos h− 1 h︸ ︷︷ ︸ =0 + cos x · lim h→0 sen h h︸ ︷︷ ︸ =1 = cos x . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 11 Derivadas e Primitivas Derivadas Derivabilidade e continuidade Se f é derivável em x, então é contínua em x. Demonstração:Suponhamos que f é derivável em x . Temos ( lim h→0 f (x + h)) − f (x) = lim h→0 (f (x + h)− f (x)) = lim h→0 h f (x + h)− f (x) h . Como f é derivável em x , resulta da aritmética de limites que ( lim h→0 f (x + h))− f (x) = ( lim h→0 h)( lim h→0 f (x + h)− f (x) h ) = 0 · f ′(x) = 0, logo limh→0 f (x + h) = f (x) e f é contínua em x . Resulta imediatamente que: Toda a função derivável é contínua. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 12 Derivadas e Primitivas Derivadas Derivabilidade e continuidade O recíproco não é verdadeiro, como podemos ver pelo exemplo da função módulo f (x) = |x |, já referido. Outro exemplo de características diferentes é fornecido pela função y= x y = -xf (x) = { x sen 1 x , se x 6= 0 0 se x = 0 relativamente à qual já mostrámos que limx→0 f (x) = 0 = f (0), ou seja, que é contínua em 0. É claro que é contínua nos restantes pontos. No entanto, geometricamente percebe-se que os declives f (x)−f (0) x−0 oscilam sempre entre −1 e 1 quando x se aproxima de 0, pelo que não existe limx→0 f (x)−f (0) x−0 , i.e., f não é derivável em 0. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 13 Derivadas e Primitivas Derivada da soma e do produto escalar Passamos agora a estudar a relação da derivação e primitivação com as operações entre funções, o que permitirá o cálculo de muitas derivadas e primitivas, sem necessidade de recorrer à definição. Resulta facilmente da aritmética de limites que: Se f e g são deriváveis em x, e C ∈ R, então: ◮ f + g é derivável em x e (f + g)′(x) = f ′(x) + g ′(x); ◮ Cf é derivável em x e (Cf )′(x) = Cf ′(x). No caso da soma, por exemplo, obtemos limh→0 (f +g)(x+h)−(f +g)(x) h = limh→0 f (x+h)−f (x)+g(x+h)−g(x) h = limh→0 f (x+h)−f (x) h + limh→0 g(x+h)−g(x) h = f ′(x) + g ′(x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 14 Derivadas e Primitivas Primitiva da soma e do produto escalar Decorre imediatamente que: Se f e g são primitiváveis e C ∈ R, então: ◮ f + g é primitivável e ∫ (f + g)(x) dx = ∫ f (x) dx + ∫ g(x) dx; ◮ Cf é primitivável e ∫ (Cf )(x) dx = C ∫ f (x) dx. Exemplo:∫ 3x + 1dx = 3 ∫ x dx + ∫ 1dx = 3 2 x2 + x . Recorde-se que esta igualdade deve ler-se “unilateralmente”: significa que f (x) = 32x 2 + x é uma primitiva de g(x) = 3x + 1; ou seja, que (32x 2 + x)′ = 3x + 1. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 15 Derivadas e Primitivas Derivada do produto e do quociente Se f e g são deriváveis em x0, então ◮ f · g é derivável em x0 e (f · g)′(x0) = f ′(x0) g(x0) + f (x0) g ′(x0); ◮ além disso, se g(x0) 6= 0, fg é derivável em x0 e ( f g )′ (x0) = f ′(x0) g(x0)− f (x0) g ′(x0) g2(x0) . (À frente veremos uma técnica de primitivação associada à derivada do produto.) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 16 Derivadas e Primitivas Derivada do produto e do quociente Demonstração: Suponha-se que f e g são deriváveis em x0. Então, f é contínua em x0 e tem-se: lim x→x0 (f ·g)(x)−(f ·g)(x0) x − x0 = limx→x0 f (x) g(x)−f (x) g(x0)+f (x) g(x0)−f (x0) g(x0) x − x0 = lim x→x0 f (x) ( g(x)−g(x0) ) + g(x0) ( f (x)−f (x0) ) x − x0 = lim x→x0 f (x)· lim x→x0 g(x)−g(x0) x − x0 + g(x0)· limx→x0 f (x)−f (x0) x − x0 = f (x0) g ′(x0) + g(x0) f ′(x0) A derivada do quociente pode ser obtida usando primeiro a definição para a função 1 g e depois derivando o produto f · 1 g . Em alternativa, podemos deduzir esta regra das do produto e derivada da potência de expoente −1, escrevendo f (x) g(x) = f (x) · (g(x))−1 e usando a regra da derivação da função composta, que veremos a seguir. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 17 Derivadas e Primitivas Derivada da função composta Regra da derivação da função composta (ou Regra da Cadeia) Sejam f e g funções reais de variável real tais que Im g ⊆ dom f . Se g é derivável em x0 e f é derivável em g(x0) então f ◦ g é derivável em x0 e (f ◦ g)′(x0) = f ′(g(x0)) · g ′(x0). Exemplos: Seja f1(x) = sen(x2). Então, f1 = sen ◦g , onde g(x) = x2. Logo, pela regra da cadeia, f ′1(x) = (sen) ′(g(x)) · g ′(x) = (sen)′(x2) · (x2)′ = cos(x2) · 2x . Agora, considerando f2(x) = sen2(x) temos f2 = g ◦ sen. Portanto, f ′2(x) = g ′(sen x) · sen′(x) = 2 sen x · cos x . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 18 Derivadas e Primitivas Derivada da função composta Regra da derivação da função composta (ou Regra da Cadeia) Demonstração (passos principais): Suponhamos que g é derivável em x0 e f é derivável em g(x0). Então, g é contínua em x0, i.e., limx→x0 g(x) = g(x0). Verifica-se então que também é contínua em x0 a função h(x) = { f (g(x))−f (g(x0)) g(x)−g(x0) , se g(x) 6= g(x0) f ′(g(x0)), se g(x) = g(x0) (para y = g(x) e y0 = g(x0), lim x→x0 h(x) = lim y→y0 f (y)− f (y0) y − y0 = f ′(y0) = h(x0)) Assim, lim x→x0 f (g(x))− f (g(x0)) x − x0 = limx→x0 h(x) g(x)− g(x0) x − x0 = lim x→x0 h(x) · lim x→x0 g(x)− g(x0) x − x0 = h(x0) · g ′(x0) = f ′(g(x0)) · g ′(x0) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 19 Derivadas e Primitivas Derivada da função composta Regra de primitivação associada Da regra da derivação da função composta resulta imediatamente a seguinte regra geral de primitivação: Se f admite uma primitiva F , então (f ◦ g) · g ′ é primitivável e∫ f (g(x)) · g ′(x) dx = F (g(x)). Prova: Pela regra da cadeia, (F (g(x)))′ = F ′(g(x)) · g ′(x) = f (g(x)) · g ′(x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 20 Derivadas e Primitivas Derivada da função composta Exemplos 1. Em geral, para qualquer número real α, pode definir-se xα = eα log x , para x > 0. Obtém-se então, da derivada da função exponencial e da regra da cadeia, (xα)′ = eα log x · (α log x)′ = xα · α x = α · xα−1. Daqui resulta, se α 6= −1 e para x > 0, a regra de primitivação já referida∫ xα dx = x α+1 α+1 . 2. ∫ 2x 1+x2 dx = log(1 + x2), porque( log(1 + x2) )′ = log′(1 + x2) · (1 + x2)′ = 1 1+x2 · 2x . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 21 Derivadas e Primitivas Derivada da função composta Regra de primitivação associada - exemplos Ou, de forma equivalente, ∫ 2x 1+x2 dx = ∫ f (g(x)) · g ′(x) dx , onde f (x) = 11+x , g(x) = x 2 e uma primitiva de f é log(1 + x). Logo,∫ 2x 1+x2 dx = log(1 + x2). 3. ∫ x2 √ 1 + x3 dx = 13 ∫ √ 1 + x3 · (3x2) dx = 13 · 23(1 + x3)3/2. 4. ∫ cos3 x sen x dx = − ∫ cos3 x · (cos x)′ dx = −14 cos4 x . 5. Para primitivar as funções sen2 e cos2, podem usar-se a igualdade cos 2x = cos2 x − sen2 x e a fórmula fundamental da trigonometria para escrever cos2 x = 1 + cos 2x 2 e sen2 x = 1− cos 2x 2 . Assim, por exemplo∫ sen2 x dx = ∫ 1 2 dx − 1 2 ∫ cos 2x dx = 1 2 x − sen 2x 4 . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 22 Derivadas e Primitivas Derivada da função composta Regra de primitivação associada - exemplos Em muitos casos é possível primitivar produtos de potências das funções sen e cos usando igualdades trigonométricas para escrever a função a primitivar como soma de funções do tipo do exemplo 3 (que aparecem directamente como derivadas de uma potência de sen ou cos) e das funções sen, cos, sen2 e cos2. Por exemplo, 6. ∫ cos3 x dx = ∫ cos x(1− sen2 x) dx = ∫ cos x dx − ∫ cos x sen2 x dx = sen x − 13 sen3 x ; 7. ∫ sen4 x dx = ∫ (1−cos 2x 2 )2 dx = 1 4 ( ∫ 1dx − ∫ 2 cos 2x dx + ∫ cos2 2x dx) = 14(x − sen 2x + ∫ 1+cos 4x2 dx) = = 14 ( x − sen 2x + 12(x + 14 sen 4x) ) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 23 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Teoremada derivação da função inversa Seja f uma função invertível e derivável em x0 = f −1(y0) (para x0 ∈ dom f , y0 ∈ Im f ). Então, f −1 é derivável em y0 = f (x0) sse f ′(x0) = f ′(f −1(y0)) 6= 0. Além disso, no caso afirmativo, declive = ___ declive = f´(x )0 0 x0 y0 x0 y0 - 1 1 f´(x ) y=f(x) x = f (y ) (f −1)′(f (x0)) = 1 f ′(x0) ou, de forma equivalente, (f −1)′(y0) = 1 f ′(f −1(y0)) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 24 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Teorema da derivação da função inversa Demonstração: Para todo o x ∈ dom f temos (f −1 ◦ f )(x) = x , logo, (f −1 ◦ f )′(x) = 1. Se f −1 é derivável em f (x0), pela regra da cadeia, 1 = (f −1 ◦ f )′(x0) = (f −1)′(f (x0)) · f ′(x0), donde resulta que f ′(x0) 6= 0 e (f −1)′(f (x0)) = 1f ′(x0) . Reciprocamente, suponhamos f ′(x0) 6= 0. Como f é bijectiva, qualquer y ∈ dom f −1 é da forma y = f (x), para um único x ∈ dom f ; e, sendo f contínua em x0 (porque é derivável nesse ponto), x → x0 exactamente quando y = f (x) → y0 = f (x0). Podemos então escrever lim y→y0 f −1(y)− f −1(y0) y − y0 = limx→x0 f −1(f (x)) − f −1(f (x0)) f (x)− f (x0) = lim x→x0 x − x0 f (x)− f (x0) = 1 f ′(x0) e portanto existe (f −1)′(y0) = 1f ′(x0) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 25 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Exemplos 1- A função f : R → R x 7→ x3 é bijectiva, com inversa f −1 : R → R y 7→ 3√y ; e f é derivável em qualquer x ∈ R, com f ′(x) = 3x2. Em x = 0, tem-se f ′(0) = 0 e portanto f −1 não é derivável em f (0) = 0; f(x)=x3 f(x)=√x3 f não é derivável em 0 (tangente vertical) -1f´(0)=0 (tangente horizontal) -1 Se x 6= 0, então f ′(x) 6= 0 e f −1 é derivável em y = x3( ⇐⇒ x = 3√y), sendo ( f −1 )′ (y) = 1 f ′(x) = 1 3x2 = 1 3 ( 3 √ y )2 = 13y− 23 . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 26 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Exemplos Analogamente se determinam as derivadas das funções do tipo x 1 n , com n ∈ N+. Para n > 1, estas funções não são deriváveis em x = 0. 2- f (x) = ex (x ∈ R) e f −1(x) = log x (x ∈ R+) são mutuamente inversas e portanto a derivada de uma pode ser obtida da outra. Por exemplo, assumindo que f ′(x) = ex 6= 0, ∀x ∈ R conclui-se que f −1(y) = log y é derivável em qualquer y = ex ∈ R+ e( f −1 )′ (y) = 1 f ′(x) = 1 ex = 1 elog y = 1 y . Consequentemente, ∫ 1 x dx = log x , para x ∈ R+. Como, para x < 0, (log(−x))′ = 1−x · (−1), pode-se ainda afirmar que∫ 1 x dx = log |x |, em R \ {0}. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 27 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Inversas das funções trigonométricas Nenhuma das funções trigonométricas sen, cos, tg e cotg é invertível, uma vez que nenhuma é injectiva. No entanto, podem-se considerar restrições apropriadas destas funções que sejam invertíveis: −pi/2 −pi/2 pi/2 pi/2 y= x y=sen x y=arcsen x 1 1 -1 -1 A função sen|[−pi 2 ,pi 2 ] : [−pi2 , pi2 ] → [−1, 1] é bijectiva. A sua inversa é arcsen : [−1, 1] → [−pi 2 , pi 2 ]. Assim, ∀x ∈ [−pi2 , pi2 ],∀y ∈ [−1, 1], arcsen y = x ⇔ y = sen x ; ou seja, para y ∈ [−1, 1], arcsen y é o único número entre −pi2 e pi2 cujo seno é y . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 28 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Inversas das funções trigonométricas pi/2 pi pi/2 pi y= x y=cos x y=arccos x 1 1 -1 -1 A inversa da função cos|[0,pi] : [0, pi] → [−1, 1] é arccos : [−1, 1] → [0, pi]. Assim, arccos y = x ⇔ y = cos x , ∀x ∈ [0, pi],∀y ∈ [−1, 1]. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 29 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Inversas das funções trigonométricas y=arctg x pi/2 −pi/2 A função arctg : R →]− pi 2 , pi 2 [ é inversa da restrição da função tangente tg|]−pi 2 ,pi 2 [ :]− pi2 , pi2 [→ R. | y=arcotg x pi/2 pi A inversa da função cotg|]0,pi[ : [0, pi] → R é arcotg : R →]0, pi[. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 30 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Inversas das funções trigonométricas Por exemplo, ◮ arcsen 12 = pi 6 (porque sen pi 6 = 1 2 e pi 6 ∈ [−pi2 , pi2 ]); ◮ arcsen 0 = 0 (porque sen 0 = 0 e 0 ∈ [−pi2 , pi2 ]); ◮ sen(arcsen 14) = 1 4 (porque sen e arcsen são mutuamente inversas); ◮ cos(arcsen 14 ) = + √ 1− ( 1 4 )2 = √ 15 4 (pois α = arcsen 1 4 ∈ [−pi2 , pi2 ], logo cosα > 0, e cos2 α + sen2 α = 1); ◮ arccos x < pi2 ⇐⇒ x > 0 (uma vez que arccos 0 = pi2 e arccos é uma função decrescente em [−1, 1]); ◮ arctg 0 = 0 e arctg x > 0 ⇐⇒ x > 0 (uma vez que arctg 0 = 0 e arctg é uma função crescente). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 31 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Inversas das funções trigonométricas Para determinar a derivada de cada uma das inversas das funções trigonométricas, usa-se o Teorema da Derivação da função inversa: A função arcsen é inversa de f = sen|[−pi/2,pi/2], que é derivável. Pelo referido teorema, f −1 = arcsen é derivável em todos os pontos y ∈ [−1, 1] tais que f ′(f −1(y)) 6= 0. Ora, f ′(f −1(y)) = cos(arcsen y) 6= 0⇔ arcsen y 6= ±pi/2⇔ y 6= ±1. Assim, arcsen é derivável em ]− 1, 1[ e, para y ∈]− 1, 1[,( f −1 )′ (y) = 1 f ′(f −1(y)) = 1 cos(arcsen y) . Pode-se escrever esta expressão com outro aspecto: se x = arcsen y então sen x = y e cos x = √ 1− sen2 x = √ 1− y2. Portanto, arcsen′(y) = 1√ 1− y2 , ∀y ∈]− 1, 1[. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 32 Derivadas e Primitivas Derivada da função inversa Inversas das funções trigonométricas Quanto à função arctg, verifica-se analogamente que é derivável em todo o domínio e arctg′(y) = 1 1 + y2 , ∀y ∈ R. Resultam imediatamente as correspondentes primitivas: ∫ 1√ 1− x2 dx = arcsen x e ∫ 1 1 + x2 dx = arctg x . Exemplo: ∫ x2 1+x2 dx = ∫ 1+x2−1 1+x2 dx = ∫ 1dx − ∫ 1 1+x2 dx = x − arctg x . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 33 Derivadas e Primitivas Técnicas de primitivação Primitivação por substituição Nos exemplos que vimos até agora, a determinação de primitivas surgiu naturalmente como “aplicação inversa” das regras de derivação. Iremos agora estudar algumas técnicas de primitivação específicas que muito vão auxiliar em casos menos evidentes. Em particular, no que se refere à regra de primitivação associada à derivada da função composta, nem sempre a função a primitivar aparece de maneira óbvia na forma (f ◦ g) · g ′. Muitas vezes ajudará fazer o que se chama uma mudança de variável ou substituição. Mas antes de apresentarmos o método de primitivação por substituição, vamos introduzir a notação de diferenciais desenvolvida por Leibniz que simplifica imenso a aplicação desse método e será sempre usada. (Leibniz terá dito:“é como se a notação fizesse todo o trabalho sozinha”). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 34 Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Notação de diferenciais (de Leibniz) A notação de diferenciais, como dx , aparece já na representação usada para o integral indefinido, ∫ f (x) dx , e indica a variável relativamente à qual se está a primitivar (ou derivar). Em geral, se y = f (x), f ′ pode representar-se por df dx ou dy dx podendo-se acrescentar a menção explícita ao ponto onde é calculada: por exemplo, f ′(x) = df dx ∣∣∣ x e f ′(1) = df dx ∣∣∣ 1 . Pode também escrever-se, com o mesmo sentido de dy dx = f ′(x), dy = f ′(x) dx . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 35Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Notação de diferenciais (de Leibniz) Nesta notação, a regra da cadeia escreve-se com o seguinte aspecto, bastante simples e formalmente semelhante ao produto de fracções (embora não se trate aqui de fracções!!): se y = f (x) e z = g(y), então a composta z = g(f (x)) tem derivada dz dx ∣∣∣∣ x = dz dy ∣∣∣∣ y(x) · dy dx ∣∣∣∣ x . A derivada da função inversa também se escreve facilmente: se f é invertível e y = f (x), então x = f −1(y) e dx dy ∣∣∣∣ y(x) = 1 dy dx ∣∣∣ x . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 36 Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Notação de diferenciais (de Leibniz) - exemplo Por exemplo, se y = ex , então dy dx ∣∣∣ x = ex , ou ainda, dy = ex dx . Como a função exponencial é invertível com inversa log, pode também escrever-se x = log y e portanto dx dy ∣∣∣ y = 1 y ou dx = 1 y dy . Considerando agora z = y2, tem-se dz dy ∣∣∣ y = 2y , e a função composta z(y(x)) = (ex )2 tem derivada dz dx ∣∣∣∣ x = dz dy ∣∣∣∣ y(x) · dy dx ∣∣∣∣ x . = 2ex · ex = 2e2x . De forma equivalente, dz = 2y dy e y = ex , logo dy = ex dx e dz = 2ex · ex dx . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 37 Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Teorema da Mudança de Variável (Teorema da mudança de variável) Seja y = g(x) uma função bijectiva e derivável, com inversa x = g−1(y) derivável. Se f for primitivável, então uma primitiva de f , ∫ f (x) dx, é dada por ∫ f (g−1(y)) · (g−1)′(y) dy calculada em y = g(x). Demonstração: Seja G(y) = ∫ f (g−1(y)) · (g−1)′(y) dy . Pretende-se mostrar que ( G(g(x)) )′ = f (x). Ora, ( G(g(x)) )′ = dG dy ∣∣∣∣ g(x) · dy dx ∣∣∣∣ x = f (g−1(g(x))) · (g−1)′(g(x)) · dy dx ∣∣∣∣ x = f (x) · dx dy ∣∣∣∣ g(x) · dy dx ∣∣∣∣ x = f (x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 38 Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Teorema da Mudança de Variável - aplicação Suponhamos que se pretende calcular ∫ f (x) dx usando a mudança de variável y = g(x), ou seja x = g−1(y) (“substitui-se a variável x pela variável y”). Escreve-se então dx = (g−1)′(y) dy . Substituindo x e dx em ∫ f (x) dx , obtém-se∫ f (x) dx = ∫ f (g−1(y))︸ ︷︷ ︸ f (x) · (g−1)′(y) dy︸ ︷︷ ︸ dx como no enunciado do teorema. Prossegue-se então determinando uma primitiva G(y) = ∫ f (g−1(y)) · (g−1)′(y) dy , voltando por fim a substituir y por g(x) para obter a primitiva procurada: ∫ f (x) dx = G(g(x)). Evidentemente, o sucesso na aplicação deste método depende de se encontrar uma mudança de variável adequada de forma a que consigamos primitivar a função resultante f (g−1(y)) · (g−1)′(y) (em ordem a y). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 39 Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Exemplos 1. Para primitivar a função f (x) = √ 2x + 3 · x , vamos usar a mudança de variável y = √ 2x + 3. Então, x = y 2−3 2 e dx = ( y2−3 2 )′ dy = y dy . Fazendo a substituição: ∫ f (x) dx = ∫ √ 2x + 3 · x dx x = y2−3 2 dx = y dy = ∫ y · (y2 − 3 2 ) ︸ ︷︷ ︸ f (x) · y dy︸︷︷︸ dx = 1 2 ∫ y4 − 3y2 dy = 1 2 (y5 5 − y3) y= √ 2x+3 = 1 2 ( ( √ 2x + 3)5 5 − (√2x + 3)3 ) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 40 Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Exemplos 2. Para calcular ∫ 1 1 + √ x dx faça-se a mudança de variável y = √ x , ou seja, x = y2. Então dx = 2y dy e, substituindo,∫ 1 1 + √ x dx = ∫ 1 1 + y · 2y dy . Para calcular a primitiva obtida (veremos à frente uma abordagem sistemática à primitivação de funções racionais), podemos proceder da seguinte forma:∫ 1 1 + y · 2y dy = 2 ∫ y 1 + y dy = 2 ∫ 1 + y − 1 1 + y dy = 2 (∫ 1 dy − ∫ 1 1 + y dy ) = 2(y − log(1 + y)) Finalmente, volta-se a substituir y = √ x para obter∫ 1 1 + √ x dx = 2 √ x − 2 log(1 +√x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 41 Derivadas e Primitivas Primitivação por substituição Exemplos 3. Determine-se uma primitiva da função f (x) = √ 1− x2 usando a mudança de variável x = sen y , ou seja, y = arcsen x (∈ ]− pi2 , pi2 [). Desta forma, √ 1− x2 = √1− sen2 y = cos y︸ ︷︷ ︸ ≥0 e dx = cos y dy . Fazendo a substituição, ∫ √ 1− x2 dx x = sen y dx = cos y dy = ∫ cos2 y dy = ∫ cos 2y + 1 2 dy = sen 2y 4 + y 2 y=arcsen x = 1 2 ( arcsen x + 1 2 sen(2 arcsen x) ) = 1 2 arcsen x + 1 2 sen(arcsen x) cos(arcsen x) = 1 2 arcsen x + 1 2 x · √ 1− x2. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 42 Derivadas e Primitivas Primitivação por partes Da regra de derivação do produto resulta imediatamente a seguinte técnica de primitivação, conhecida por primitivação por partes: Suponhamos que uma função da forma f ′ · g é primitivável. Então, f · g ′ também é primitivável e∫ f · g ′ = f · g − ∫ f ′ · g . Prova: Basta notar que se f ′ · g admite uma primitiva ∫ f ′ · g então, (f · g − ∫ f ′ · g)′ = (f · g)′ − f ′ · g = f ′ · g + f · g ′ − f ′ · g = f · g ′. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 43 Derivadas e Primitivas Primitivação por partes Exemplos 1. Vamos usar primitivação por partes para determinar ∫ x ex dx . Para tal, precisamos de escrever esta função como um produto f (x)g ′(x) de forma a que conheçamos uma primitiva g de g ′. Teremos posteriormente de calcular ∫ f ′(x)g(x) dx e por isso convém escolher f e g de forma a que f ′g seja mais fácil de primitivar do que a função inicial fg ′. Neste caso, podemos escolher f (x) = x e g ′(x) = ex , sendo g(x) = ex :∫ x ex dx = ∫ f (x)g ′(x) dx = f (x)g(x) − ∫ f ′(x)g(x) dx = x ex − ∫ ex dx = ex(x − 1). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 44 Derivadas e Primitivas Primitivação por partes Exemplos Se, pelo contrário, escolhermos f (x) = ex e g(x) = x 2 2 (de forma a que g ′(x) = x), obtemos, usando primitivação por partes, ∫ x ex dx = x2 2 ex − ∫ x2 2 ex dx relacionando assim a primitiva procurada, ∫ x ex dx , com outra ainda mais difícil de determinar, ∫ x2 2 e x dx . Não conseguimos então qualquer vantagem na aplicação do método. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 45 Derivadas e Primitivas Primitivação por partes Exemplos 2. Para determinar ∫ x2e−x dx , primitivando por partes, considere-se f (x) = x2 e g ′(x) = e−x = −g(x). Obtém-se então∫ x2e−x dx = −x2e−x + 2 ∫ xe−x dx . Agora pode-se usar novamente primitivação por partes para determinar∫ xe−x dx = −xe−x + ∫ e−x dx = −xe−x − e−x . Substituindo na equação anterior, vem finalmente∫ x2e−x dx = −x2e−x − 2xe−x − 2e−x = −e−x(x2 + 2x + 2). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 46 Derivadas e Primitivas Primitivação por partes Exemplos 3. Calcule-se agora uma primitiva de h(x) = ex sen x , usando primitivação por partes e aproveitando a “circularidade” nas derivadas das funções trigonométricas sen e cos. Em primeiro lugar, obtém-se∫ ex︸︷︷︸ g ′ 1 (x) sen x︸ ︷︷ ︸ f1(x) dx = ex︸︷︷︸ g1(x) sen x︸ ︷︷ ︸ f1(x) − ∫ ex︸︷︷︸ g1(x) cos x︸ ︷︷ ︸ f ′ 1 (x) dx . Por sua vez, ∫ ex︸︷︷︸ g ′ 2 (x) cos x︸ ︷︷ ︸ f2(x) dx = ex cos x + ∫ ex sen x dx . Substituindo acima, resulta a equação∫ ex sen x dx = ex sen x − ex cos x − ∫ ex sen x dx que se pode resolver em ordem a ∫ ex sen x dx para concluir que∫ ex sen x dx = 1 2 ex (sen x − cos x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 47 Derivadas e Primitivas Primitivaçãopor partes Exemplos 4. Em certos casos, o método de primitivação por partes é eficaz para calcular primitivas de funções que não aparecem explicitamente como um produto. Por exemplo, não conhecemos uma primitiva da função log mas sabemos derivá-la. Pode-se escrever log x = 1 · log x = g ′(x) · f (x), onde g(x) = x e f (x) = log x . Obtém-se então∫ log x dx = x log x − ∫ x · 1 x dx = x log x − x = x(log x − 1). 5. O mesmo método resulta para determinar∫ arctg x dx = ∫ 1 · arctg x dx = x arctg x − ∫ x · 1 1 + x2 dx = x arctg x − 1 2 log(1 + x2). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 48 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Faremos agora uma abordagem geral e sistemática ao problema de determinar primitivas de funções racionais. Considere-se então f (x) = p(x) q(x) , onde p e q são funções polinomiais. Em primeiro lugar note-se que se grau p ≥ grau q, pode-se dividir o polinómio p(x) por q(x) para obter p(x) = d(x) q(x) + r(x), para certos polinómios d(x) e r(x) com grau r < grau q. Assim, f (x) = d(x) + r(x) q(x) e portanto para primitivar f bastará primitivar a função polinomial d(x), (o que é sempre fácil) e a função racional r(x) q(x) . Por exemplo,∫ x2 x − 1 dx = ∫ (x+1)+ 1 x − 1 dx = ∫ x+1 dx+ ∫ 1 x − 1 dx = x2 2 +x+log |x−1|. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 49 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Funções p(x) q(x) com grau p < grau q e grau q ≥ 1 Tendo isto em conta, no que se segue considera-se sempre f (x) = p(x) q(x) com grau p < grau q e grau q ≥ 1. O método para primitivar estas funções consiste em decompô-las como soma de fracções (“parciais”) dos tipos A (x − a)n ou Bx + C (x2 + bx + c)n em que x2 + bx + c é um polinómio irredutível (i.e., sem raízes reais) e A,B,C , a, b, c ∈ R e n ∈ N. Começamos então por ver (ou recordar) como primitivar estas funções, que podem ser obtidas como combinação linear de funções das seguintes formas, quase todas com primitivas já conhecidas: Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 50 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais i) Funções do tipo 1 (x − a)n , (a ∈ R, n ∈ N) ◮ Se n = 1, ∫ 1 x − a dx = log |x − a|; ◮ e, se n > 1, ∫ 1 (x − a)n dx = (x − a)−n+1 −n + 1 . Exemplos: ◮ ∫ 2 3x + 1 dx = 2 3 ∫ 1 x + 13 dx = 2 3 log |x + 1 3 | ou ∫ 2 3x + 1 dx = 2 ∫ 1 3x + 1 dx = 2 3 log |3x + 1| (as duas primitivas diferem de uma constante!); ◮ ∫ 1 (3x + 1)3 dx = −1 6 1 (3x + 1)2 . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 51 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais ii) Funções do tipo 2x + b (x2 + bx + c)n , (b, c ∈ R, b2 − 4c < 0, n ∈ N) ◮ Se n = 1, ∫ 2x + b x2 + bx + c dx = log |x2 + bx + c|; ◮ e, se n > 1, ∫ 2x + b (x2 + bx + c)n dx = (x2 + bx + c)−n+1 −n + 1 . Exemplos: ◮ ∫ x + 1 x2 + 2x + 2 dx = 1 2 log |x2 + 2x + 2|; ◮ ∫ x + 1 (x2 + 2x + 2)2 dx = − 1 2(x2 + 2x + 2) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 52 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais iii) Funções do tipo 1 x2 + bx + c , (b, c ∈ R, b2 − 4c < 0) Uma vez que o polinómio x2 + bx + c é irredutível (e só nesse caso!) é possível escrevê-lo na forma C · ((Ax + B)2 + 1), com A,B,C ∈ R e A,C 6= 0. Então, ∫ 1 x2 + bx + c dx = 1 C ∫ 1( (Ax + B)2 + 1 ) dx = 1 C · A arctg(Ax + B). Exemplo: ◮ x2 − 2x + 5 = (x − 1)2 + 4 = 4(( x−12 )2 + 1), logo∫ 1 x2 − 2x + 5 dx = 1 4 ∫ 1( x−1 2 )2 + 1 dx = 1 2 arctg (x − 1 2 ) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 53 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais iv) Funções do tipo 1 (x2 + bx + c)n , (b, c ∈ R, b2 − 4c < 0, n ∈ N+) (Este é o caso mais trabalhoso!) Para n > 1, reduz-se o cálculo da primitiva ∫ 1 (x2 + bx + c)n dx ao cálculo de ∫ 1 (x2 + bx + c)n−1 dx usando primitivação por partes ; aplicando este processo n − 1 vezes, reduz-se ao caso n = 1 visto atrás. Para isso, começa-se também por escrever x2 + bx + c na forma C · ((Ax + B)2 + 1) já indicada atrás. Simplificando, admita-se que este polinómio é x2 + 1; a resolução no caso geral terá os devidos ajustes mas pode ser reduzida a este com a substituição y = Ax + B. Tem-se∫ 1 (x2 + 1)n dx = ∫ x2 + 1 (x2 + 1)n − x 2 (x2 + 1)n dx = ∫ 1 (x2 + 1)n−1 dx − ∫ x2 (x2 + 1)n dx Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 54 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais iv) Funções do tipo 1 (x2 + bx + c)n , (b, c ∈ R, b2 − 4c < 0, n ∈ N+) Por sua vez, ∫ x2 (x2 + 1)n dx = ∫ x 2︸︷︷︸ f (x) · 2x (x2 + 1)n︸ ︷︷ ︸ g ′(x) dx primitiva-se por partes, onde g(x) = ∫ 2x (x2 + 1)n dx é uma primitiva do tipo ii). Obtém-se o resultado em função de ∫ 1 (x2 + 1)n−1 dx . Exemplo: ∫ 1 (x2 + 1)2 dx = ∫ 1 x2 + 1 dx − ∫ x2 (x2 + 1)2 dx = arctg x − (x 2 · ∫ 2x (x2 + 1)2 dx − ∫ 1 2 g(x) dx ) = arctg x − (x 2 · −1 x2 + 1 + 1 2 ∫ 1 x2 + 1 dx ) = 1 2 arctg x + 1 2 x x2 + 1 Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 55 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais De volta ao caso geral das funções f (x) = p(x) q(x) , com grau p < grau q 6= 0 Estudados estes casos, para resolver o problema geral de primitivar de f (x) = p(x) q(x) , com grau p < grau q 6= 0, basta agora ver como se decompõe esta função numa combinação linear de funções dos tipos já considerados. Começa-se por (tentar!) factorizar q(x) em polinómios do primeiro grau e polinómios do segundo grau irredutíveis. Isto é sempre possível pelo teorema que se enuncia a seguir - Teorema Fundamental da Álgebra - mas não há algoritmos que garantam que o consigamos sempre fazer na prática. (De facto, prova-se que para polinómios de grau ≥ 5, não existe uma “fórmula resolvente”, envolvendo apenas as operações aritméticas básicas e radicais.) Usa-se então essa factorização para escrever p(x) q(x) como combinação linear de funções dos tipos i),ii), iii) e iv). Essa possibilidade é garantida pelo resultado que se enuncia depois, também sem prova. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 56 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Teorema Fundamental da Álgebra Todo o polinómio de coeficientes reais q(x) = anx n + · · ·+ a0 se decompõe de maneira única (a menos da ordem dos factores) como um produto de polinómios do primeiro grau e do segundo grau irredutíveis, q(x) = an(x−α1)r1 · · · · ·(x−αk)rk ·(x2+b1x +c1)l1 · · · · ·(x2+bmx +cm)lm em que α1, . . . , αk são as raízes reais distintas de q(x) (de multiplicidades r1, . . . , rk respectivamente), os polinómios x 2 + bix + ci , i = 1, . . . ,m são irredutíveis, e r1 + · · · + rk + 2 (l1 + · · ·+ lm) = n. (Nota: Os polinómios x2 + bix + ci correspondem às raízes complexas conjugadas de q(x): em C, x2 + bix + ci = (x − zi )(x − z¯i ), em que os números complexos conjugados zi e z¯i são raízes de q(x).) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 57 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Decomposição em combinação linear dos tipos A (x−a)n e Bx+C (x2+bx+c)n , A,B,C , a, b, c ∈ R, b2 − 4c < 0 e n ∈ N. Se p(x) e q(x) são polinómios tais que grau p < grau q 6= 0 e q(x) = an(x−α1)r1 · · · · ·(x−αk)rk ·(x2+b1x +c1)l1 · · · · ·(x2+bmx +cm)lm está factorizado nas condições do teorema anterior, então p(x) q(x) escreve-se de maneira única (a menos da ordem das parcelas) na forma[ a1,1 x − α1 + a1,2 (x − α1)2 + · · ·+ a1,r1 (x − α1)r1 ] + · · ·+[ ak,1 x − αk + · · ·+ ak,rk (x − α1)rk ] + [ b1,1x + c1,1 x2 + b1x + c1 + · · ·+ b1,l1x + c1,l1 (x2 + b1x + c1)l1 ] + · · · · · ·+ [ bm,1x + cm,1 x2 + bmx + cm + · · ·+ bm,lmx + cm,lm (x2 + bmx + cm)lm ] para certos ai,ji ∈ R, com i ∈ {1, . . . , k}, ji ∈ {1, . . . , ki} e bi′,j′i , ci′,j′i ∈ R, com i ′ ∈ {1, . . . ,m}, j ′i ∈ {1, . . . , li}. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 58 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Resumo Resumindo, para primitivar uma função racional f (x) = p(x) q(x) , procede-se sucessivamente da seguinte forma: 1 No caso de grau p ≥ grau q divide-se o polinómio p(x) por q(x) de forma a obter∫ f (x) dx = ∫ d(x) dx + ∫ r(x) q(x) dx com grau r < grau q; 2 Factoriza-se (quando o conseguirmos...) o polinómio q(x) em polinómios irredutíveis; 3 Usa-se essa factorização para escrever r(x) q(x) como combinação linear de funções racionais dos tipos i) - iv); 4 Primitiva-se f (x) como combinação linear de primitivas de d(x) e das funções dos tipos i) - iv) obtidas. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 59 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Exemplos 1. Para primitivar p(x) q(x) = x3 − x + 1 x2 − 1 , começa-se por dividir p(x) por q(x) obtendo x3 − x + 1 = x .(x2 − 1) + 1; logo,∫ x3 − x + 1 x2 − 1 dx = ∫ x dx + ∫ 1 x2 − 1 dx . Agora, factorizando x2 − 1 = (x − 1) (x + 1), sabe-se que 1 x2 − 1 = A x − 1 + B x + 1 = A(x + 1) + B(x − 1) x2 − 1 , ∀x 6= ±1, para certos A,B ∈ R, que são determinados univocamente pela condição 1 = (A + B)x + (A− B), ∀x ∈ R. Daqui resulta o sistema linear{ A + B = 0 A− B = 1 cuja solução é A = 1/2 e B = −1/2. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 60 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Exemplos (ex. 1 - continuação) Alternativamente, para determinar A e B, note-se que de 1 = (A + B)x + (A− B), ∀x ∈ R resulta em particular para x = −1, 1 = −2B e para x = 1, 1 = 2A. Assim, 1 x2 − 1 = 1/2 x − 1 − 1/2 x + 1 e logo ∫ x3 − x + 1 x2 − 1 dx = ∫ x dx + ∫ 1/2 x − 1 dx − ∫ 1/2 x + 1 dx = x2 2 + 1 2 log |x − 1| − 1 2 log |x + 1|. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 61 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Exemplos 2. O polinómio (x − 1)2(x2 + 1) está já factorizado como produto de polionómios irredutíveis. Tem-se então 1 (x − 1)2(x2 + 1) = A x − 1 + B (x − 1)2 + Cx + D x2 + 1 , para certos A,B,C ,D ∈ R que se determinam por 1 = A(x − 1)(x2 + 1) + B(x2 + 1) + (Cx + D)(x − 1)2, ∀x ∈ R ⇔1 = (A + C)x3+(−A + B − 2C + D)x2+(A− 2D + C)x+(−A + B + D), ∀x ∈R ⇔ A + C = 0 −A + B − 2C + D = 0 A− 2D + C = 0 −A + B + D = 1 ⇔ A = −1/2 B = 1/2 C = 1/2 D = 0 . Portanto, ∫ 1 (x − 1)2(x2 + 1) dx = − 1 2 ∫ 1 x − 1 dx + 1 2 ∫ 1 (x − 1)2 dx + 1 2 ∫ x x2 + 1 dx = −1 2 log |x − 1| − 1 2 1 x − 1 + 1 4 log(x2 + 1). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 62 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Exemplos 3. Como x7 + 2x5 + x3 = x3(x2 + 1)2, então x5 + 2x3 + 1 x7 + 2x5 + x3 = A1 x + A2 x2 + A3 x3 + B1x + C1 x2 + 1 + B2x + C2 (x2 + 1)2 , para certos números reais A1,A2,A3,B1,B2,C1,C2 que se determinam tal como nos exemplos anteriores. Obtém-se então∫ x5 + 2x3 + 1 x7 + 2x5 + x3 dx = = ∫ −2 x dx + ∫ 0 x2 dx + ∫ 1 x3 dx + ∫ 2x + 1 x2 + 1 dx + ∫ 1x + 1 (x2 + 1)2 dx = −2 log |x | − 1 2x2 − log(x2 + 1) + arctg x − 1 x2 + 1 + (1 2 arctg x + 1 2 x x2 + 1 ) ︸ ︷︷ ︸∫ 1 (x2+1)2 dx (já calculada) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 63 Derivadas e Primitivas Primitivação de funções racionais Exemplos 4. Determine-se uma primitiva de f (x) = x 3 x2+x+1 . Usando o algoritmo da divisão, obtém-se x3 x2 + x + 1 = x − 1 + 1 x2 + x + 1 . Por outro lado, o polinómio x2 + x + 1 (irredutível!) escreve-se na forma x2 + x + 1 = ( x + 1 2 )2 + 3 4 = 3 4 [(x + 1/2√ 3/2 )2 + 1 ] . Logo,∫ x3 x2 + x + 1 dx = ∫ x − 1 + 4/3( 2x+1√ 3 )2 + 1 dx = x2 2 − x + 2√ 3 arctg ( 2x + 1√ 3 ) . Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 64 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Derivadas 31 Determine: a) a recta tangente à curva de equação y = 2x2 − 1 no ponto (−1, 1); b) uma equação da recta tangente ao gráfico de f (x) = x + 1 x no ponto (1, 2); c) a recta normal ao gráfico de f (x) = 2x + 3 x2 no ponto de abcissa x = 1. 32 Mostre que a recta y = −x é tangente à curva y = x3 − 6x2 + 8x . Qual é o ponto de tangência? Essa recta corta a curva noutros pontos? 33 Calcule, directamente a partir da definição de derivada num ponto: a) f ′(−1), para f (x) = 3x2 − 1; b) f ′(x0), para f (x) = x3; c) f ′(2), para f (x) = 1 x−1 ; d) f ′(0) para f (x) = sen x . 34 Calcule, usando regras de derivação, as derivadas das seguintes funções: a) f (x) = (x2 + 3x − 1)4 b) f :]− π/2, π/2[ −→ R x 7→ tg x c) f (x) = √ x + x−1 d) f (x) = (2x + 1)3 √ 1− x2 e) f (x) = √ 1+ √ 1+ x f) f (x) = 1− 3x2√ x2 − 4x + 1 g) f (x) = (x2 + 4) √ 2 h) f (x) = √ sen x Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 65 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Derivadas e primitivas i) f (x) = sen ( x2 ) . (sen x)3 j) f (x) = sen(cos x) k) f (x) = x √ x l) f (x) = √ 1+ e2x m) f (x) = √ 1+ 22x n) f (x) = ex sen x + e1/x o) f (x) = log(x2 + 1) p) f (x) = 1− 3x cos x q) f (x) = log( ex + 1 ex − 1 ) r) f (x) = log2( √ x) s) f (x) = log 1 2 ( 1 x ) t) (x2 + 1)sin 2x 35 Verifique que não é derivável no ponto x = 0 a função f : R → R dada por x 7→ { −x2 se x ≥ 0 1− x3 se x < 0 . 36 Sejam f e g funções de R em R tais que f (x) = xg(x), ∀x ∈ R. Mostre que se g é contínua em zero, então f é derivável em zero e f ′(0) = g(0). 37 Mostre que a função f : R −→ R dada por f (x) = 1, se x ≥ 0, e f (x) = 0, se x < 0, não tem nenhuma primitiva em R, isto é, não existe F : R −→ R, derivável, com F ′(x) = f (x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 66 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Primitivas 38 Determine: a) ∫ 1+ x2 dx b) ∫ z + z5 dz c) ∫ 2 x4 − 3 x5 dx d) ∫ (√ x2 + 1 x2 )′ dx e) f (x), sabendo que ∫ f (x) dx = x7 + 10; f) g(t), sabendo que ∫ g(t)dt = (t2 + 4t + 1)3/2 + C ; g) F (6), sabendo que F ′(t) = t − 1 e F (0) = 4; h) G(−1), sabendo que G ′′(u) = u2 − 3u e G(0) = 1,G(1) = 7 12 ; i) uma primitiva, que se anule em 1, da função f (u) = 2u2/3 − u5; j) uma primitiva, que em 2 tome o valor 1, da função f (z) = z(z2 − 5)6. 39 Calcule directamente as seguintes primitivas: a) ∫ (5x4 − 4x3)dx b) ∫ 3dx c) ∫ 5 8x6 dx d) ∫ √ 16x5 dx e) ∫ (R + 1 R )2 dR f) ∫ eu eu + 1 du g) ∫ y y2 + 1 dy h) ∫ 1 x2 + 2x + 1 dx i) ∫ x2 + 2x − 3 x − 1 dx Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 67 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Primitivas e derivada da inversa j) ∫ sen u cos u du k) ∫ cos θ sen4 θ dθ l) ∫ e 5x+1 dx m) ∫ xe −x2 dx n) ∫ log x x dx o) ∫ 1 x √ 1− (log x)2 dx p) ∫ log(cos x). tg x dx q) ∫ e2x√ 1− e2x dx r) ∫ cos2 x dx 40 Seja f (x) = x3 + 2. Determine f −1 e calcule f ′(f −1(2)). Conclua que f −1 não é derivável em 2 e interprete geometricamente a situação. 41 a) Justifique que a função f (x) = x3 + 2x é estritamente crescente. Calcule (f −1)′(0) e (f −1)′(3). b) Justifique que a função f (x) = 3− x − 2x3é estritamente decrescente. Determine (f −1)′(3) e (f −1)′(0). c) Verifique que a função h(z) = z2 − z + 1 é estritamente crescente para z > 1/2. Se k é a função inversa de h ∣∣ ]1/2,+∞[ , calcular k ′(3) e k ′(7). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 68 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Inversas das funções trigonométricas 42 Determine: a) sen(arcsen √ 3 2 ) b) cos(arcsen 4 5 ) c) tg(arcotg 3 4 ) d ) ( arctg ( 1 x ))′ e) ( arcsen (x2 − 1) )′ f) ( 1 arcos(x2 − 1) )′ g) ∫ dt t2 + 16 h) ∫ v√ 1− v4 dv i) ∫ arctg x 1+ x2 dx 43 Considere a função f (x) = π − 2 arcsen(√x). a) Determine o domínio e contradomínio de f . b) Resolva a equação f (x) = π/2. c) Calcule f ′(1/2) e (f −1)′(π/2), sem usar a expressão de f −1. d) Determine a função f −1. 44 Considere a função f (x) = arcsen 1√ x . a) Determine o domínio e contradomínio de f . b) Resolva a equação f (x) = pi 4 . c) Calcule f ′(2) e determine uma equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto de abcissa 2. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 69 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Notação de diferenciais d) Justifique que f −1 é derivável em pi 4 e calcule (f −1)′(pi 4 ) sem usar a expressão de f −1. e) Determine a função f −1. 45 a) Calcule d(5x3). b) Se y = √ x3 − 3x2 + 1, a que é igual dy? c) Se y = 3 sen(x − 2), para x ∈]− pi 2 + 2, pi 2 + 2[, a que é igual dx? d) Se dy = x1/2 dx e y = 0 para x = 9, escreva y como função de x . e) Se d(2 √ x + x4 − 1) = f (x)dx , a que é igual f (1) ? f) Se x2 df = (x3 − 1) dx e f (1) = 0, a que é igual f (2) ? g) Se f é derivável em R e d(xf ) = (2+ 3 √ x)dx , a que é igual f (0) ? h) Se d(f + g) = x dx , d(f − g) = (1− x) dx e f (0) = g(0) = 1, determine f (x) e g(x). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 70 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Primitivação por substituição 46 Calcule as seguintes primitivas, por substituição. a) ∫ x√ 1+ x dx b) ∫ e3x + e2x + 1 ex − e−x dx c) ∫ x + √ 2x + 1 1+ 2 √ 2x + 1 dx d) ∫ x (x − 1)6 dx e) ∫ 1√ x + 3 √ x dx f) ∫ 1√ x + 4 dx g) ∫ e2x ex + 4 dx h) ∫ x √ x2 − 9dx i) ∫ sen √ x√ x dx j) ∫ 1√ x + 4 dx l) ∫ x √ 1+ x dx m) ∫ x2√ 1− x2 dx n) ∫ (1+ x) √ 1− x2 dx (Sugestão para m) e n): fazer a substituição x = sen y) Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 71 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Primitivação por partes 47 Calcule, usando primitivação por partes: a) ∫ √ x log x dx b) ∫ x log x dx c) ∫ x 2 e x dx d) ∫ log2 x dx e) ∫ arcsen x dx f) ∫ x sen x dx g) ∫ x tg2 x dx h) ∫ x3x dx i) ∫ e ax cos bx dx j) ∫ cos(log x) dx k) ∫ x log(x2)dx l) ∫ x log( √ x) dx m) ∫ x arctg x dx Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 72 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios Primitivas de funções racionais 48 Calcule as seguintes primitivas de funções racionais: a) ∫ 1+ x2 1+ x dx b) ∫ x3 x2 + x + 1 dx c) ∫ 1 x3 + 1 dx d) ∫ x3 x2 − 2x − 3 dx e) ∫ x2 + x + 1 (2x + 1)(x2 + 1) dx f) ∫ x3 − 3x2 + 2x − 3 (x2 + 1)2 dx g) ∫ x (x − 1)2 dx h) ∫ 2x2 + 1 (x − 2)3 dx i) ∫ x2 + x + 1 (x − 1)(x − 2)(x − 3) dx j) ∫ x3 x2 + x + 1 dx k) ∫ x3 (x + 1)(x2 + 1) dx l) ∫ 1 (x2 + x − 2)(x − 1) dx m) ∫ 1 (x2 + 2x + 1)(x2 + 1) dx Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 73 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios 49 Enquadramento de derivadas: Mostre, com exemplos adequados, que as condições g(x) ≤ f (x) ≤ h(x) e g ′(x0) = h ′(x0) = m não implicam necessariamente a existência de f ′(x0) ou que, no caso de existir, seja f ′(x0) = m. E com alguma condição adicional? 50 a) Seja α > 1. Mostre que se f : R → R satisfaz a condição ∀x ∈ R, |f (x)| ≤ |x |α, para algum α > 1, então f é derivável em 0. E se α for igual a 1? b) Seja 0 < β < 1. Mostre que se f satisfaz |f (x)| ≥ |x |β e f (0) = 0, então f não é derivável em 0. 51 (⋆) Construa exemplos de funções que são r vezes mas não r + 1 vezes deriváveis, por primitivação, a partir da função módulo. Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 74 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios 52 (⋆) Uma equação diferencial (numa incógnita f ) é uma equação que relaciona uma função f com as suas derivadas (num determinado domínio); uma solução da equação diferencial será então uma função f que verifica a condição dada pela equação. a) Mostre que se f : R −→ R é duas vezes derivável, com f ′′ + f = 0 e f (0) = 0 = f ′(0), então f = 0. (Sugestão: começar por mostrar que d dx [ (f ′(x))2 + (f (x))2 ] = 0) b) Mostre que se f : R −→ R é duas vezes derivável, com f ′′ + f = 0 e f (0) = a , f ′(0) = b, então f = a cos x + b sin x . c) Mostre que, para uma constante ω ∈ R, as soluções f da equação diferencial f ′′ + ω2f = 0 são as funções da forma f (x) = a cosωx + b sinωx , para certos a, b ∈ R. (Sugestão: considerar F (x) = f (x/ω)) d) Deduza, usando a alínea b), as identidades trigonométricas: sin(x + y) = sin x cos y + cos x sin y cos(x + y) = cos x cos y − sin x sin y (Sugestão: para cada y ∈ R (fixo), considere a função f (x) = sin(x + y)). Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 75 Derivadas e Primitivas Exercícios Exercícios 53 (∗) (Comece por recordar (ou deduzir) a equação do movimento num plano inclinado, sob a acção apenas da gravidade e sem atrito.) Considere a figura abaixo. Mostre que o tempo de queda ao longo do plano inclinado cor- respondente a uma corda PA da circunferência (do ponto P ao ponto base A) não depende do ponto P considerado na circunferência. A P Cálculo Infinitesimal I (M111) - 2011/2012 2. 76 Derivadas e Primitivas Exercícios
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