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Prescrição e decadência trabalho de APS

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UNIVERSIDADE PAULISTA DE RIBEIRÃO PRETO 
FACULDADE DE DIREITO 
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA JURÍDICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
APS – PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA E PROVAS 
 
 
 
 
Ribeirão Preto 
2015 
 
 
 
UNIVERSIDADE PAULISTA DE RIBEIRÃO PRETO 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 2 
FACULDADE DE DIREITO 
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA JURIDICAS 
 
 
 
 
APS – PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA E PROVAS 
 
Trabalho apresentado a 
Universidade Paulista – Unip, 
como parte das atividades da 
disciplina: Teoria Geral do 
Direito Civil. 
 
 
Professor avaliador 
 
 
______________________________ 
 
 
 
Ribeirão Preto/SP 
2015 
 
 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 3 
 
INDICE 
INTRODUÇÃO 4 
CONCEITO DE PRESCRIÇÃO 5 
ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO 7 
REQUISITOS DA PRESCRIÇÃO 7 
ALEGAÇÃO DA PRESCRIÇÃO 8 
PRAZOS DE PRESCRIÇÃO 9 
PRAZOS PRESCRICIONAIS EM MATÉRIA DE DIREITO INTERTEMPORAL 14 
SUSPENSÃO OU IMPEDIMENTOS DA PRESCRIÇÃO 15 
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO 18 
PRESCRIÇÃO DE DÍVIDA PÚBLICA 22 
RENÚNCIA 23 
DECADÊNCIA 24 
EFEITOS 26 
PRAZOS DE DECADÊNCIA 27 
DISTINÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 29 
PROVA 33 
MEIOS DE PROVA 34 
DOCUMENTO 36 
TESTEMUNHA 37 
PRESUNÇÕES 38 
PERÍCIA 40 
BIBLIOGRAFIA 44 
PERIÓDICOS E SITES 45 
 
 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 4 
 
INTRODUÇÃO 
 
Desde a concepção do ser humano o tempo influi nas relações jurídicas de 
que o indivíduo participa. É ele o personagem principal do instituto da 
prescrição. Nesse campo, a interferência desse elemento é substancial, pois 
existe interesse da sociedade em atribuir juridicidade àquelas situações que se 
prolongaram no tempo1 
O tempo é um fato jurídico natural de enorme importância nas relações 
jurídicas travadas na sociedade, uma vez que tem grandes repercussões no 
nascimento, exercício e extinção de direitos. 
O decurso de certo lapso temporal no exercício de determinadas faculdades 
jurídicas pode ser o fato gerador da aquisição de direitos, como, por exemplo, 
no usucapião, em que a posse mansa e pacífica — ainda que sem boa-fé — 
possibilita a aquisição da propriedade móvel ou imóvel. 
Além disso, o tempo tem força modificativa, a exemplo do que ocorre na 
teoria das capacidades. Com o passar dos anos, modificamos a nossa situação 
jurídica individual: partimos da absoluta incapacidade para a prática dos atos 
da vida civil (abaixo dos dezesseis anos), avançamos para a fase intermediária 
da incapacidade relativa (entre dezesseis e dezoito anos), e, finalmente, 
atingimos a plena capacidade civil ao atingirmos a maioridade (dezoito anos)2. 
 O maior fundamento da existência do próprio direito é a garantia de 
pacificação social. 
De fato, ao fazermos tal afirmação, temos em mente a ideia de que o 
ordenamento jurídico deve buscar prever, na medida do possível, a disciplina 
das relações sociais, para que todos saibam — ou tenham a expectativa de 
saber — como devem se portar para o atendimento das finalidades — 
negociais ou não — que pretendam atingir. 
Por isso, não é razoável, para a preservação do sentido de estabilidade 
social e segurança jurídica, que sejam estabelecidas relações jurídicas 
perpétuas, que podem obrigar, sem limitação temporal, outros sujeitos, à mercê 
do titular. 
Ademais, a existência de prazo para o exercício de direitos e pretensões é 
uma forma de disciplinar a conduta social, sancionando aqueles titulares que 
se mantêm inertes, ou seja, o titular do direito não pode ficar inerte aos seus 
direitos. 
 
1 Francisco Amaral, Direito civil, p. 555; Silvio Rodrigues, Direito civil, v. 1, p. 323. t. 3, p. 633. 
2 Pablo Stolze Gagliano; Rodolfo Pamplona Filho, Novo Curso De Direito Civil 1, Editora Saraiva, 
São Paulo, 14ª edição, pg 444 
 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 5 
Segundo Cunha Gonçalves, a prescrição é indispensável à estabilidade e 
consolidação de todos os direitos; sem ela, nada seria permanente; o 
proprietário jamais estaria seguro de seus direitos, e o devedor livre de pagar 
duas vezes a mesma dívida3 
 
CONCEITO DE PRESCRIÇÃO 
 
Com o intuito de indicar que não se trata de um direito subjetivo público 
abstrato de ação, o atual Código Civil adotou a tese da prescrição da 
pretensão. De acordo com o art. 189 do CC, violado um direito, nasce para o 
seu titular uma pretensão, que pode ser extinta pela prescrição. A prescrição é 
a perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da inércia do 
seu titular, no prazo previsto pela lei4. 
Se o titular do direito permanecer inerte, tem como pena a perda da 
pretensão que teria por via judicial. Repise-se que a prescrição constitui um 
benefício a favor do devedor, pela aplicação da regra de que o direito não 
socorre aqueles que dormem, diante da necessidade do mínimo de segurança 
jurídica nas relações negociais. 
Neste caso, a obrigação jurídica prescrita converte-se em obrigação 
natural, que é aquela “que não confere o direito de exigir seu cumprimento, 
mas, se cumprida espontaneamente, autoriza a retenção do que foi pago”5 
O pensamento de CARVALHO SANTOS: 
“Tal prescrição pode definir-se como sendo um modo de extinguir os 
direitos pela perda da ação que os assegurava, devido à inércia do 
credor durante um decurso de tempo determinado pela lei e que só 
produz seus efeitos, em regra, quando invocada por quem dela se 
aproveita”6 
No entanto, no pensamento de alguns doutrinadores, o direito de ação, 
ou seja, o direito de pedir ao Estado um provimento jurisdicional que ponha fim 
ao litígio, é sempre público, abstrato, de natureza essencialmente processual e 
indisponível. Não importando se o autor possui ou não razão, isto é, se detém 
ou não o direito subjetivo que alega ter, a ordem jurídica sempre lhe conferirá o 
legítimo direito de ação, e terá, à luz do princípio da 
inafastabilidade, inviolável direito a uma sentença. 
 
3 Tratado de direito civil, t. 3, p. 633., p. 16. 
4 CC-02: “Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela 
prescrição, nos prazos a que se referem os arts. 205 e 206”. 
5 Sérgio Carlos Covello, A Obrigação Natural — Elementos para uma Possível Teoria, São Paulo: 
LEUD, 1996, p. 71-2. 
6 M. de Carvalho Santos, Código Civil Brasileiro Interpretado — Parte Geral, Rio de Janeiro: 
Freitas Bastos, 1950, v. III, p. 371. 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 6 
Por isso, não se pode dizer que a prescrição ataca a ação! A prescrição 
não atinge o direito de ação — que sempre existirá —, mas, sim, a pretensão 
que surge do direito material violado. 
Na doutrina nacional, alguns autores, como Maria Helena Diniz (Curso..., 
2007, v. 1, p. 383) e Sílvio de Salvo Venosa (Direito civil..., 2005, p. 595, v. 1), 
ainda conceituam a prescrição extintiva como sendo a perda do direito de ação 
ou da própria ação, tese antiga de Clóvis Beviláqua e com a qual não há como 
concordar, principalmente com a emergência da codificação de 2002. 
O escritor MIGUEL REALE, com sabedoria, pontifica: “Ainda a propósito 
da prescrição, há problema terminológico digno de especial ressalte. Trata-se 
de saber se prescreve a ação ou a pretensão. Após amadurecidos estudos, 
preferiu-se a segunda solução, por ser considerada a mais condizente com o 
Direito Processual contemporâneo, que de há muito superou a teoria da ação 
como simples projeção de direitos subjetivos”7 
Camara Leal aponta quatro elementosintegrantes ou condições 
elementares da prescrição: a) existência de uma ação exercitável (actio nata); 
b) inércia do titular da ação pelo seu não exercício; c) continuidade dessa 
inércia durante um certo lapso de tempo; d) ausência de algum fato ou ato a 
que a lei atribua eficácia impeditiva, suspensiva ou interruptiva do curso 
prescricional8. O primeiro elemento, todavia, deve ser atualizado, tendo em 
vista que a moderna doutrina e o novo Código Civil exigem não uma ação 
exercitável, mas uma pretensão. E o último não constitui propriamente 
elemento conceitual da prescrição, implicando apenas na não tipificação ou em 
mera forma alternativa de contagem do prazo9. 
O que se entende por pretensão? 
Pretensão é a expressão utilizada para caracterizar o poder de exigir de 
outrem coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico, vale dizer, é o 
poder de exigir a submissão de um interesse subordinado (do devedor da 
prestação) a um interesse subordinante (do credor da prestação) amparado 
pelo ordenamento jurídico. 
Um exemplo irá tornar claro o pensamento. 
Joaquim (credor) é titular de um direito de crédito em face de Fabrício 
(devedor). Nos termos do contrato pactuado, Caio teria direito ao pagamento 
de 100 reais, no dia 1.º de janeiro de 2002 (dia do vencimento). Firmado o 
contrato no dia 10 de dezembro de 2001, Caio já dispõe do crédito, posto 
somente seja exigível no dia do vencimento. Observe, pois, que o direito de 
crédito nasce com a realização do contrato, em 10 de dezembro. No dia do 
 
7 Miguel Reale, O Projeto do Novo Código Civil, 2. ed., São Paulo: Saraiva, 1999, p. 68. 
8 Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro Vol I, 10 Ed. São Paulo – Editora Saraiva, 
2012, pg 1182 
9 Renan Lotufo, Código Civil comentado, p. 189. Caio Mário da Silva Pereira, , Instituições de 
Direito Civil, v. 1, p. 439. 
 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 7 
vencimento, para a surpresa de Caio, o devedor nega-se a cumprir a sua 
obrigação. Torna-se, portanto, inadimplente, violando o direito patrimonial de 
Caio de obter a satisfação do seu crédito. Neste exato momento, portanto, 
violado o direito, surge para o credor a legítima pretensão de poder exigir, 
judicialmente, que o devedor cumpra a prestação 
assumida. Esta pretensão, por sua vez, quedará prescrita, se não for exercida 
no prazo legalmente estipulado para o seu exercício (dez anos, no Novo 
Código Civil — art. 205; vinte anos, no Código de 1916 — art. 177).10 
Observando que o objeto da prescrição extintiva é a pretensão, e não o 
direito de ação em si, que sempre existirá, mesmo depois de decorrido o prazo 
prescricional estabelecido em lei. No entanto, mesmo que o direito em si 
permaneça, ele não ficou com a proteção jurídica para solucioná-lo, por isso 
que se pagar uma divida prescrita, a pessoa não pode pedir o ressarcimento 
dos valores só porque estava prescrita, ele continuava devedor, só que o 
credor tinha perdido o tempo hábil para cobrar a dívida. 
Hoje, no entanto, predomina o entendimento, na moderna doutrina, de 
que a prescrição extingue a pretensão, que é a exigência de subordinação de 
um interesse alheio ao interesse próprio. O direito material, violado, dá origem 
à pretensão (CC, art. 189), que é deduzida em juízo por meio da ação. Extinta 
a pretensão, não há ação. Portanto, a prescrição extingue a pretensão, 
atingindo também a ação. O instituto que extingue somente a ação 
(conservando o direito material e a pretensão, que só podem ser opostos em 
defesa) é a perempção. 
Registre-se que os “relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm 
ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à 
prescrição, ou não a alegarem oportunamente” (art. 195 do CC-02), regra que 
também é aplicável para a decadência, por força do art. 208 do CC-02. Tal 
preceito destaca a importância dos institutos — e de sua arguição em juízo —, 
uma vez que podem ensejar ações de responsabilização civil por perdas de 
chance. 
 
ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO 
 
REQUISITOS DA PRESCRIÇÃO 
 
Pode-se dizer, pois, que a prescrição tem como requisitos: a) a violação 
do direito, com o nascimento da pretensão; b) a inércia do titular; c) o decurso 
do tempo fixado em lei. 
Camara Leal define que para que se configure a prescrição, 
imprescindível será a ocorrência de quatro requisitos. 
 
10 Pablo Stolze Gagliano; Rodolfo Pamplona Filho, Novo Curso De Direito Civil 1, Op. Cit. Pg 477 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 8 
1) Existência de uma pretensão, que possa ser em juízo alegada por 
meio de uma ação exercitável, que é seu objeto, em virtude da 
violação do direito, que ela tem por fim remover. Deveras, violado o 
direito pessoal ou real nasce a pretensão (ação em sentido material) 
contra o sujeito passivo; com a recusa deste em atender a pretensão, 
nasce a ação processual, com a qual se provoca a intervenção 
estatal, que prescreverá se o interessado não a mover. 
2) Inércia do titular da ação ( em sentido material) pelo seu não 
exercício, que é sua causa eficiente, mantendo-se em passividade 
ante a violação que sofreu em seu direito, deixando que ela 
permaneça. Cessa tal inércia no momento em que o titular ajuizar 
uma ação pedindo ao órgão judiciário o restabelecimento de seu 
direito, impondo ao infrator a reparação de perdas e danos. 
3) Continuidade dessa inércia durante um certo lapso de tempo, que é o 
seu fator operante, pois o que a norma jurídica pretende punir é a 
inércia prolongada e não a passageira. Para a consumação da 
prescrição exige-se inércia continuada, sem qualquer interrupção, 
durante todo o tempo previsto em lei para o exercício da ação. O 
código Civil fixa, no art. 205, o prazo prescricional de 10 anos para os 
caso em que a lei não fixou prazo menor e prazos especiais para as 
diversas ações no art. 206. Não havendo prazo especial, a ação 
submete-se ao prazo geral, segundo sua natureza pessoal ou real. 
Salvo casos expressamente previsto em lei. 
4) Ausência de algum fato ou ato a que a lei confere eficácia impeditiva, 
suspensiva ou interruptiva de curso prescricional, que é o seu fator 
neutralizante. 
 
 
 
ALEGAÇÃO DA PRESCRIÇÃO 
 
Dispõe o art. 193 da codificação vigente que a prescrição pode ser 
alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita (o 
devedor ou qualquer interessado). Ilustrando, a prescrição pode ser alegada 
em sede de apelação, ainda que não alegada em contestação: 
“Direitos civil e processual civil. Prescrição. Espécie extintiva. Alegação. 
Apelação. Possibilidade. Art. 162, CC. Silêncio em contestação. Irrelevância. 
Precedentes. Recurso especial. Enunciado n. 7 da Súmula/STJ. Recurso 
desacolhido. I – A prescrição extintiva pode ser alegada em qualquer fase do 
processo, nas instâncias ordinárias, mesmo que não tenha sido deduzida na 
fase própria de defesa ou na inicial dos embargos à execução. II – A 
pretensão recursal, que depende do reexame de documentos apresentados 
nas instâncias ordinárias, não comporta análise nesta Corte, a teor do 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 9 
Enunciado n. 7 de sua Súmula” (STJ, REsp 157.840/SP, Rel. Min. Sálvio de 
Figueiredo Teixeira, 4.ª Turma, j. 16.05.2000, DJ 07.08.2000, p. 109). 
Em complemento, anote-se que, em recente julgado envolvendo o 
Direito Tributário, concluiu o STJ que a prescrição pode ser conhecida de ofício 
em qualquer grau de jurisdição, por envolver matéria de ordem pública, não 
havendo supressão de instância(STJ, Ag Rg-REsp 1.176.688/RJ, 1.ª Turma, 
Rel. Min. Luiz Fux, j. 10.08.2010, DJE13.10.2010). 
 
 
PRAZOS DE PRESCRIÇÃO 
 
Quanto à contagem do prazo prescricional, é o teor do Enunciado n. 14 
do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, realizada em setembro de 
2002: 
“Art. 189: 1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da 
pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz 
respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do 
direito absoluto ou da obrigação de não fazer”. 
A doutrina majoritária sempre foi favorável ao que refere o enunciado, 
sendo certo que os parâmetros que nele constam devem ser aplicados para o 
início da contagem dos prazos prescricionais. A título de exemplo, pode-se 
apontar: 
– No caso de uma dívida a termo, a prescrição tem início quando ela não é 
paga (vencimento + inadimplemento). 
– No caso de um ato ilícito, a prescrição tem início quando ocorre o evento 
danoso. 
Todavia, esses parâmetros de início da contagem do prazo prescricional 
– a partir da violação do direito subjetivo – vêm sendo contestados 
jurisprudencialmente. Isso porque cresce na jurisprudência do Superior 
Tribunal de Justiça a adoção à teoria da actio nata, pela qual o prazo deve ter 
início a partir do conhecimento da violação ou lesão ao direito subjetivo. 
Realmente, a tese é mais justa, diante do princípio da boa-fé11. 
Seguindo nas concretizações práticas, a teoria da actio nata é abstraída 
da conclusão de que, no caso de falecimento de pessoa da família, o início do 
prazo prescricional para que os parentes promovam a demanda reparatória se 
dá com o falecimento do ente querido. Assim: “O termo inicial da contagem do 
prazo prescricional na hipótese em que se pleiteia indenização por danos 
 
11 Flávio Tartuce. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. 
Pg 1095 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 10 
morais e/ ou materiais decorrentes do falecimento de ente querido é a data do 
óbito, independentemente da data da ação ou omissão. Não é possível 
considerar que a pretensão à indenização em decorrência da morte nasça 
antes do evento que lhe deu causa” (STJ, REsp 1.318.825/SE, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, j. 13.11.2012, publicado no seu Informativo n. 509). 
Em sede legislativa, a teoria foi adotada pelo art. 27 do Código de 
Defesa do Consumidor, pelo qual, havendo acidente de consumo, o prazo 
prescricional de cinco anos tem início do conhecimento do dano e de sua 
autoria. Pois bem, o art. 190 do CC/2002 traz novidade, prevendo que a 
exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. A exceção é vista 
como um contra direito frente à pretensão, geralmente com o fim de negá-la ou 
de afastar o seu cumprimento (LARENZ, Karl. Derecho Civil..., p. 321). 
Como é notório, os prazos de prescrição não podem ser alterados por 
acordo das partes, outra inovação que consta do art. 192 do CC/2002. 
Questão controvertida na doutrina fora dirimida pelo Novo Código Civil: a 
possibilidade de alteração convencional dos prazos prescricionais. 
“Problema que, por outro lado, desperta a atenção dos juristas”, observa 
CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, “é o que se contém na indagação se é 
possível a alteração dos prazos prescricionais. Atentando na circunstância de 
envolverem um interesse de ordem pública, entende-se que é ilícita a sua 
extensão convencional, sob fundamento de que envolveria uma renúncia 
antecipada, e, como a lei a proíbe, veda também o alongamento do prazo. 
Tem-se discutido a validade da cláusula que o restringe, admitindo-se a sua 
eficácia, por implicar a mais rápida liberação do devedor”12 
Nesse ponto, talvez pelo fato de a prescrição somente poder ser fixada 
por lei (ao contrário da decadência, que admite a delimitação pela via negocial), 
os “prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes”, 
conforme preceitua o art. 192, que pôs fim à controvérsia. 
SOBRE O PRAZO EM SI. 
O prazo da prescrição, como se sabe, é o espaço de tempo que decorre 
entre seu termo inicial e final. 
Ao contrário da codificação anterior, o Código Civil de 2002 optou por 
um critério simplificado de 10 anos para o prazo prescricional geral, tanto para 
as ações pessoais como para as reais, salvo quando a lei lhe tenha fixado 
prazo menor (art. 205 do CC). 
Assim, os prazos de prescrição recebem a seguinte classificação: 
 
12 Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, 19, Ed., Rio de Janeiro: forense, 2001, 
p. 445 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 11 
a) Prazo ordinário ou comum – quando não houver previsão de prazo 
especial, tem-se o prazo prescricional de 10 anos, tanto para as ações 
pessoais quanto reais. 
b) Prazos especiais – prazos mais exíguos para possibilitar o exercício 
de certos direitos subjetivos, em situações especiais – art. 206, §§ 1.° a 5.°, do 
CC. Os prazos de prescrição, no Código Civil de 2002, estão todos previstos no 
citado art. 206 e são de 1, 2, 3, 4 ou 5 anos, de acordo com o número do 
parágrafo correspondente. 
 
 Vários doutrinadores classificam o tempo conforme os artigos 206, 
seguiremos aqui a linha de racícionio de Maria Helena Diniz que explica: 
 I) Prescrevem em 1 ano: 
1) “I — a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres 
destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o 
pagamento da hospedagem ou dos alimentos; 
2) As pretensões decorrentes do contrato de seguro (CC, Art 206 § 1º, 
Ii, a e b) sejam, elas do segurado contra o segurador, ou as deste 
contra aquele, contado o prazo: a) para o segurado, no caso de 
seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para 
responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, 
ou da daa que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) 
quantos aos demais seguros, da ciência do fato gerador da 
pretensão. 
3) A pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários 
judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e 
honorários. 
4) A pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram 
para a formação do capital de sociedade anônima, contado da 
publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo. 
5) a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e 
os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de 
encerramento da liquidação da sociedade. 
 
II) Prescreve em 2 (dois) anos a pretensão para haver prestações 
alimentares já fixadas, a partir da data em que se vencerem. Esclareça-se que 
a ação de alimentos em si não está sujeita à prescrição ou à decadência. 
Apenas prescrevem em dois anos os valores fixados em sentença ou em 
acordo, a partir dos respectivos vencimentos (prescrição parcial ou parcelar). 
Sobre o tema, esclarece Nestor Duarte que, “quando o direito se dividir em 
cotas periódicas, distingue-se a prescrição nuclear, ou de fundo de direito, da 
prescrição parcelar” (DUARTE, Nestor. Código Civil Comentado.... 4. ed., 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 12 
2010, p. 144). A primeira atinge toda a pretensão; a segunda, apenas parcelas 
relativas ao direito subjetivo.13 
 
 III) Prescrevem em 3 (três) anos: 
1) A pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos. 
2) A pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou 
vitalícias. 
3) A pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações 
acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de umano, com capitalização 
ou sem ela. 
4) A pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa. 
5) A pretensão de reparação civil – prazo este que era de vinte anos, 
aplicando-se a regra geral do Código de 1916 pela ausência de norma 
específica, e alterou a sistemática da matéria de responsabilidade civil, 
conforme tópico que ainda será discutido. Pelo tratamento específico que 
consta do atual Código, deve-se entender que estão canceladas as seguintes 
súmulas: Súmula n. 39 do STJ – “Prescreve em vinte anos a ação para haver 
indenização, por responsabilidade civil, de sociedade de economia mista”; 
Súmula n. 143 do STJ – “Prescreve em cinco anos a ação de perdas e danos 
pelo uso de marca comercial” e Súmula n. 22 do 1.° TACSP – “Prescreve em 
cinco anos as ações de indenização decorrentes de acidente ferroviário 
propostos contra a Ferrovia Paulista S/A”. Para todos esses casos, deverá ser 
aplicado o novo prazo legal de três anos, eis que as hipóteses anteriores 
tratavam de reparação civil. A questão não é pacífica, uma vez que julgados do 
STJ concluem pela aplicação de outros prazos especificados em outros 
preceitos e não no comando em análise, em havendo a citada responsabilidade 
civil contratual. Assim, aplicando o prazo de geral de dez anos do art. 205 do 
CC: STJ, REsp. 1.176.320/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, Terceira Turma, j. 
19.02.2013,DJe 26.02.2013; REsp 1.222.423/SP, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, Quarta Turma, j. 15.09.2011, DJe 01.02.2012; e REsp 1.276.311/RS, 
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 20.09.2011, DJe 17.10.2011. 
Esta última parece a melhor solução, especialmente quando a 
responsabilidade civil contratual envolver a tutela de vulneráveis, como 
consumidores e aderentes. Relativamente às ações de responsabilidade civil 
decorrentes de acidente de trabalho, filia-se à corrente segundo a qual continua 
em vigor o prazo prescricional de cinco anos, previsto para o trabalhador 
urbano ou o rural (art. 7.°, XXIX, da CF/1988), prazo esse que é mais favorável 
ao trabalhador-vulnerável. Nessa linha de conclusão, o preciso Enunciado n. 
420 do CJF/STJ, da V Jornada de Direito Civil: “Não se aplica o art. 206, § 3.°, 
V, do Código Civil às pretensões indenizatórias decorrentes de acidente de 
 
13 Flávio Taturce, Op CIt, p 1142 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 13 
trabalho, após a vigência da Emenda Constitucional n. 45, incidindo a regra do 
art. 7.°, XXIX, da Constituição da República”.14 
6) A pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, 
correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição. 
7) A pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou 
do estatuto, contado o prazo: 
• para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade 
anônima; 
• para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do 
balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou 
da reunião ou assembleia-geral que dela deva tomar conhecimento; 
• para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à 
violação. 
8) A pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do 
vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial. Esse dispositivo 
somente se aplica a títulos de crédito atípicos, aqueles sem previsão legal. Não 
se aplica ao cheque e à duplicata, por exemplo, que têm tratamento legal 
específico (art. 903 do CC). 
9) A pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, 
no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. Aqui se enquadra a 
cobrança do DPVAT, nos termos da recente Súmula 405 do STJ. Neste artigo 
temos dois comando: a) terceiro, beneficiário do seguro (por ex. Seguro de 
vida), como, por exemplo herdeiro indicado, no contrato, por segurado, terá 3 
anos para fazer valer sua pretensão contra a seguradora; b) terceiro 
prejudicado, não beneficiário (por exemplo vítima de acidente de transito), 
havendo seguro obrigatório de responsabilidade civil, conforme citado acima 
DPVAT, terá também prazo prescricional de 03 anos para exigir sua pretensão 
contra a seguradora. A indenização, como ensina Nestor Duarte, será devida, 
ocorrendo o dano (lesão corporal, falecimento), cujo valor a lei estabelece, bem 
como o procedimento administrativo para seu recebimento (Lei n. 8.441/92) 
IV) Prescreve em 4 (quatro) anos a pretensão relativa à tutela, a contar 
da data da aprovação das contas. 
 V) Prescrevem em 5 (cinco) anos: 
1) A pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento 
público ou particular. 
2) A pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, 
curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão 
dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato. Como se 
 
14 Ibidem, p. 1146 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 14 
nota, em tal previsão se enquadram as cobranças de créditos em benefício dos 
advogados em geral frente aos seus clientes. 
3) A pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo. 
4) A ação para reparação pelos danos causados por fato do produto ou do 
serviço, contado o prazo da data do conhecimento do prejuízo e de sua autoria 
(Lei n. 8.078/90, ARts 27, 12 a 17). 
5) A pretensão para o trabalhador urbano quanto aos créditos resultantes das 
relações de trabalho, até o limite de dois anos após a extinção do contrato 
(CLT, Art 11, I). 
 
 Vale registrar que o prazo do Art 205 somente é aplicável no silêncio de 
previsão específica, seja no supratranscrito art 206, seja na legislação especial. 
 
PRAZOS PRESCRICIONAIS EM MATÉRIA DE DIREITO 
INTERTEMPORAL 
 
Quanto aos prazos de prescrição cuja contagem se iniciou na vigência 
do Código Civil de 1916, aplica-se a regra de direito intertemporal constante do 
art. 2.028 da atual codificação, a saber: 
“Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por 
este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais 
da metade do tempo estabelecido na lei revogada”. 
Parece-nos importante tratar da questão dos prazos prescricionais em 
matéria de Direito Intertemporal, quando há conflito de normas jurídicas no 
tempo, fixando prazos distintos. 
O art. 6.º da LINDB estabelece que “a lei em vigor terá efeito imediato e 
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. 
Assim, dois princípios básicos podem ser enunciados sobre o tema: 
1) Imediatidade dos efeitos da lei; 
2) Irretroatividade da nova regra legal. 
Quando uma nova lei entra em vigor, três situações jurídicas bem 
distintas podem ocorrer: 
1) Pretéritas — iniciadas e terminadas antes da vigência da nova lei; 
2) Pendentes — iniciadas antes da vigência da lei; 
3) Futuras — iniciadas após a vigência da lei nova e ainda não 
concluídas. 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 15 
Em relação às situações pretéritas, nenhuma dificuldade há de se 
colocar, uma vez que se trata de uma situação jurídica consolidada. 
No caso das situações futuras stricto sensu, a questão é ainda mais 
fácil, pois simplesmente aplicar-se-á a nova regra prescricional, sem qualquer 
maior questionamento. 
A situação, porém, é mais complexa em relação às situações jurídicas 
pendentes (facta pendentia), nas quais se incluem as situações futuras ainda 
não concluídas quando da edição da nova norma. 
No caso de uma nova lei não estabelecer regras de transição, o escritorWILSON DE SOUZA CAMPOS BATALHA15 inspirado nas diretrizes do Código 
Civil alemão, aponta alguns critérios: 
I — Se a lei nova aumenta o prazo de prescrição ou de decadência, 
aplica-se o novo prazo, computando-se o tempo decorrido na vigência da lei 
antiga; 
II — Se a lei nova reduz o prazo de prescrição ou decadência, há que se 
distinguir: 
a) se o prazo maior da lei antiga se escoar antes de findar o prazo 
menor estabelecido pela lei nova, adota-se o prazo da lei anterior; 
b) se o prazo menor da lei nova se consumar antes de terminado o 
prazo maior previsto pela lei anterior, aplica-se o prazo da lei nova, contando-
se o prazo a partir da vigência desta. 
 
 
 
SUSPENSÃO OU IMPEDIMENTOS DA PRESCRIÇÃO 
 
 A priori, não há diferença ontológica entre impedimento e suspensão da 
prescrição, pois ambas são formas de paralisação do prazo prescricional. A 
sua diferença fática é quanto ao termo inicial, pois, no impedimento, o prazo 
nem chegou a correr, enquanto na suspensão, o prazo, já fluindo, “congela-se”, 
enquanto pendente a causa suspensiva. 
As causas impeditivas estão arroladas no arts. 197, I a III, 198, I, e 199, I 
e II, do Código Civil, que se fundam no status da pessoa, individual ou familiar, 
 
15 Wilson de Souza Campos Batalha, Lei de Introdução ao Código Civil, São Paulo: Max Limonad, 
1957, v. 1, t. 1, p. 229 e s. Pablo Stolze Gagliano, Op cit, p. 1301 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 16 
atendendo a razões de confiança, parentesco, amizade e motivos de ordem 
moral16. 
Assim, dispõe o art. 197 que não corre prescrição “entre os cônjuges na 
constância da sociedade conjugal” (inc. I). Se o prazo ainda não começou a 
fluir, a causa ou obstáculo (no caso, a constância da sociedade conjugal) 
impede que comece. Se, entretanto, o obstáculo (casamento) surge após o 
prazo ter se iniciado, dá-se a suspensão. Nesse caso, somam-se os períodos, 
isto é, cessada a causa de suspensão temporária, o lapso prescricional volta a 
fluir somente pelo tempo restante. Diferentemente da interrupção, que será 
estudada adiante, em que o período já decorrido é inutilizado e o prazo volta a 
correr novamente por inteiro. 
A justificativa para a suspensão da prescrição está na consideração 
legal de que certas pessoas, por sua condição ou pela situação em que se 
encontram, estão impedidas de agir. Assim, o art. 197 declara: 
“Não corre a prescrição: 
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; 
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante 
a tutela ou curatela”. 
O motivo, nos três casos, é a confiança, a amizade, os laços de afeição 
que existem entre as partes. 
O rol do dispositivo retrotranscrito é taxativo, não admitindo interpretação 
extensiva. Tendo em vista que a prescrição é instituto de ordem pública, a 
benesse é restrita às hipóteses legais. 
Exemplificando: João é credor de Maria de uma dívida já vencida e 
exigível, constante em instrumento público ou particular, estando em curso o 
prazo prescricional (para se formular a pretensão condenatória, via ação de 
cobrança) de cinco anos (na forma do art. 206, § 5.º, do CC-02; no CC-16, o 
prazo era o geral de vinte anos). Dois anos após a data do vencimento da 
dívida, contraem matrimônio, por força do qual o prazo prescricional ficará 
suspenso até a dissolução da sociedade conjugal. No caso, decretada a 
separação judicial do casal, o prazo prescricional (suspenso durante o tempo 
de convivência conjugal) continuará a correr, computados os dois anos 
transcorridos, até que o credor atue ou seja atingido o limite máximo da 
prescrição. O matrimônio, no caso, atuou como uma causa suspensiva da 
prescrição. Se, todavia, Maria, respeitado o regime de separação de bens, 
 
16 Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro, 17. ed., São Paulo: Saraiva, 2001, v. 1, p. 
271 P. 438 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 17 
contrai a dívida perante João, no curso do casamento, o prazo prescricional 
ficará impedido de correr até a dissolução da sociedade conjugal17. 
Diante da proteção constitucional da união estável (art. 226 da CF/1988), 
na IV Jornada de Direito Civil, foi aprovado o Enunciado n. 296 do CJF/STJ 
prevendo que “Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da 
união estável”. Tal conclusão já foi aplicada pela jurisprudência nacional, 
contando com o apoio deste autor (TJMG, Apelação Cível 1.0702.08.432531-
6/0011, Uberlândia, 13.ª Câmara Cível, Rel. Des. Luiz Carlos Gomes da Mata, 
j. 04.06.2009, DJEMG 29.06.2009)18. 
O mesmo raciocínio é aplicado entre ascendentes e descendentes, 
durante o poder familiar (expressão que substitui o superado “pátrio poder”), e 
entre tutelados e curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou 
curatela. 
Outros casos de suspensão foram criados por leis especiais (cf. art. 440 
da CLT; art. 6º da Lei de Falências etc.). A jurisprudência admite a suspensão 
da prescrição em caso de obstáculo judicial, como greve dos servidores etc. 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
I — contra os incapazes de que trata o art. 3.º; 
II — contra os ausentes do País em serviço público da União, dos 
Estados ou dos Municípios; 
III — contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em 
tempo de guerra. 
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: 
I — pendendo condição suspensiva; 
II — não estando vencido o prazo; 
III — pendendo ação de evicção”. 
Da mesma forma, não corre a prescrição contra os absolutamente 
incapazes, os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados e 
dos Municípios, e os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo 
de guerra. 
Note-se que, dado o interesse público envolvido, a prescrição não 
corre contra essas pessoas, embora possa correr a favor. Assim, se o credor 
ausentou-se do País para prestar serviços em uma embaixada brasileira em 
Islamabad, por exemplo, o prazo prescricional ficará suspenso até o seu 
retorno. Por outro lado, se o ausente for o devedor, a prescrição corre a seu 
 
17 Pablo Stolze Gagliano; Rodolfo Pamplona Filho, Op. Cit. Pg 457 
18 Flávio Tartuce. – 10. , Cit. Pg 1118 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 18 
favor, de maneira que, durante o período em que estiver fora, o prazo fluirá 
normalmente. 
Um dado importantíssimo, de grandes consequências práticas, é a novel 
regra do art. 200 do CC-02, que assim dispõe: 
“Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no 
juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva”. 
Com efeito, muitas vezes, determinados fatos geram repercussões tanto 
no juízo civil, quanto no criminal, correndo processos simultaneamente que 
poderiam gerar, inclusive, sentenças contraditórias, caso a sentença civil seja 
prolatada antes da penal. 
Por fim, saliente-se que a suspensão da prescrição em favor de um dos 
credores solidários somente aproveitará aos outros se a obrigação for 
indivisível, consoante já disciplinava o art. 171 do CC-16, cuja regra vem 
repetida no art. 201 do CC-02: 
“Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores 
solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível”. 
Assim, se Caio, Tício e Tácito são credores solidários de Xerxes 
(devedor), de uma quantia de trezentos reais, verificada uma causa suspensiva 
em face de algum deles (ex.: Caio ausentou-sedo país, em serviço público da 
União), só restará suspenso o prazo prescricional em favor do beneficiário 
direto da suspensão, uma vez que se trata de obrigação divisível (prestação de 
dar dinheiro). Contra os outros credores, o prazo prescricional fluirá 
normalmente. Diferentemente, se o objeto da obrigação for indivisível (ex.: um 
cavalo de raça), a suspensão da prescrição em face de um dos credores 
beneficiará todos os demais. 
 
 
 
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO 
 
A diferença entre a interrupção e a suspensão da prescrição é que, 
enquanto na segunda o prazo fica paralisado, na primeira “zera-se” todo o 
prazo decorrido, recomeçando a contagem “da data do ato que a interrompeu, 
ou do último ato do processo para a interromper” (parágrafo único do art. 202 
do CC-02). Assim, transcorridos dois anos do prazo prescricional para se 
formular uma pretensão, via ação ordinária de cobrança (prazo máximo de dez 
anos no CC-02 — vinte anos no CC-16), por exemplo, e verificada 
posteriormente uma causa interruptiva, todo o lapso temporal recomeça “do 
zero”. 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 19 
Uma outra inovação da disciplina legal da prescrição pelo Novo Código 
Civil diz respeito à interrupção da prescrição, que, agora, somente poderá 
ocorrer uma única vez. 
Esta limitação nos parece bastante salutar, no sentido de moralizar a 
utilização da possibilidade de interrupção, evitando-se abusos generalizáveis e 
a própria perpetuação da lide. 
Pois bem, estatui o art. 202, caput, do atual Código Civil que a 
interrupção da prescrição somente poderá ocorrer uma vez, novidade que traz 
alguns problemas práticos, conforme será analisado. 
a) Como primeira hipótese de interrupção (art. 202, inc. I, do CC), esta 
pode ocorrer “por despacho do juiz, mesmo incompetente, que 
ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma 
da lei processual”. 
De início, é interessante confrontar esse dispositivo, novidade parcial, 
com o art. 219 do CPC, que preceitua: “A citação válida torna prevento o juízo, 
induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz 
incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. § 1.° A 
interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação”. Anote-se 
que a previsão é mantida pelo projeto de Novo Código de Processo Civil (art. 
209 do Substitutivo). 
Resta a dúvida: há realmente um conflito entre tais normas ou 
antinomia? O Código Civil de 2002 revogou o Código de Processo Civil? 
Acredita-se que não. 
A melhor resposta é dada por Carlos Roberto Gonçalves (Prescrição: 
questões relevantes e polêmicas. Questões controvertidas..., 2003, v. I), entre 
os civilistas; e Flávio Luiz Yarshell (A interrupção..., Síntese Jornal, n. 75, p. 13, 
maio 2003), entre os processualistas. Entendem esses doutrinadores que não 
houve revogação. Na verdade os dois artigos devem ser interpretados 
sistematicamente e em complemento. O que se procura fazer é um diálogo de 
complementaridade entre as duas leis, outra aplicação da festejada tese 
do diálogo das fontes, de Erik Jayme e Cláudia Lima Marques. 
A solução, então, é a seguinte: a interrupção dar-se-á com o despacho 
do juiz (Código Civil), retroagindo essa interrupção ao momento da propositura 
da ação (Código de Processo Civil). Seguindo a ideia, na V Jornada de Direito 
Civil aprovou-se enunciado com o seguinte teor: “O art. 202, I, do CC, deve ser 
interpretado sistematicamente com o art. 219, § 1.°, do CPC, de modo a se 
entender que o efeito interruptivo da prescrição, produzido pelo despacho que 
ordena a citação, possui efeito retroativo até a data da propositura da 
demanda” (Enunciado n. 417). 
b) O protesto, nas mesmas condições do inciso antecedente (inc. II). 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 20 
Trata-se, aqui, da medida cautelar de protesto, prevista nos arts. 867 a 
873 do Código de Processo Civil. 
Pode, pois, o credor, vencendo a sua inércia, valer-se do protesto 
judicial para dar ciência de seu interesse no cumprimento da obrigação ao 
devedor, interrompendo, dessa forma, a prescrição. “É o protesto, portanto, ato 
judicial de comprovação ou documentação de intenção do promovente. Revela-
se, por meio dele, o propósito do agente de fazer atuar no mundo jurídico uma 
pretensão, geralmente, de ordem substancial ou material”19 
Por fim, observe que, por expressa disposição de lei, o protesto só terá o 
condão de interromper o curso do prazo prescricional se o “interessado o 
promover no prazo e na forma da lei processual”. 
c) O protesto cambial (inc. III). 
Trata-se, neste ponto, de uma inovação. 
De fato, a Lei Codificada anterior, segundo a doutrina, só previa 
o protesto judicial como causa de interrupção da prescrição (art. 172, II, do CC-
16). 
O Novo Código Civil, por sua vez, alargando o horizonte de aplicação da 
norma, admitiu, em regra expressa, o protesto cambial como causa interruptiva, 
revogando inequivocamente o entendimento anterior já assentado pelo 
Supremo Tribunal Federal na Súmula 153 (“simples protesto cambiário não 
interrompe a prescrição”). 
Em conclusão, e para a boa fixação do tema, cumpre-nos transcrever a 
precisa definição de RUBENS REQUIÃO: 
“O protesto constitui precisamente um ato oficial e público que comprova 
a exigência do cumprimento daquelas obrigações cambiárias, constituindo-se 
em prova plena”20. Assim, o protesto de uma nota promissória, por exemplo, 
além de repercutir junto aos coobrigados indiretos da cártula, tem o efeito de 
interromper o curso do prazo prescricional. 
d) A quarta modalidade de atos interruptivos da prescrição é a 
“apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em 
concurso de credores” (inciso IV). 
A habilitação do credor em inventário, nos autos da falência ou da 
insolvência civil, constitui comportamento ativo que demonstra a intenção do 
titular do direito em interromper a prescrição. 
 
19 Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, 21. ed., Rio de Janeiro: 
Forense, 1998, v. 2, p. 518 
20 Rubens Requião, Curso de Direito Comercial, 23. ed., São Paulo: Saraiva, 1998, v. 2, p. 
391. 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 21 
O inciso V do art. 202 declara, ainda, que a prescrição pode ser 
interrompida por “qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor”. 
Diante da generalização, inclui-se na hipótese toda manifestação ativa do 
credor, em especial a propositura de medidas cautelares, notadamente 
notificações e interpelações. A propositura de ação pauliana, necessária para a 
cobrança eficaz do crédito, já foi considerada como hábil para interromper a 
prescrição. 
e) Por último, dispõe o inciso VI do art. 202 que a prescrição se 
interrompe por “qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que 
importe reconhecimento do direito pelo devedor”. 
Esta é a única hipótese em que a interrupção da prescrição ocorre sem 
a manifestação volitiva do credor. Incluem-se, nesses atos de reconhecimento 
da dívida, por exemplo, pagamentos parciais, pedidos de prorrogação do prazo 
ou de parcelamento, pagamento de juros etc. 
Ressalte-se que outras causas de interrupção da prescrição são 
previstas em leis especiais. 
“A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado” (CC, art. 
203), como, por exemplo, o próprio titular do direito em via de prescrição, quem 
legalmente o represente ou, ainda, terceiro que tenha legítimo interesse 
(herdeiros do prescribente, seus credores e o fiador do devedor). 
Os efeitos da prescrição são pessoais. Em consequência,“a interrupção 
da prescrição por um credor não aproveita aos outros”, assim como aquela 
promovida contra um devedor, ou seu herdeiro, “não prejudica aos demais 
coobrigados” (CC, art. 204). 
Essa regra, porém, admite exceção: a interrupção por um dos credores 
solidários (solidariedade ativa) aproveita aos outros; assim como a interrupção 
efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros 
(solidariedade passiva, em que cada devedor responde pela dívida inteira). A 
interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não 
prejudica os outros herdeiros ou devedores (o prazo para estes continuará a 
correr), a não ser quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. Neste 
caso, todos os herdeiros ou devedores solidários sofrem os efeitos da 
interrupção da prescrição, passando a correr contra todos eles o novo prazo 
prescricional (art. 204, §§ 1º e 2º). 
Já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “Se o direito em discussão é 
indivisível, a interrupção da prescrição por um dos credores a todos aproveita”. 
Por fim, dispõe o § 3º do art. 204 que “a interrupção produzida contra o 
principal devedor prejudica o fiador”. Como a fiança é contrato acessório, e 
este segue o destino do principal, se a interrupção for promovida apenas contra 
o principal devedor ou afiançado, o prazo se restabelece também contra o 
fiador, que fica, assim, prejudicado. O contrário, entretanto, não é verdadeiro: a 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 22 
interrupção operada contra o fiador não prejudica o devedor, pois o principal 
não acompanha o destino do acessório. 
Com respeito à retroatividade da lei prescricional, preleciona Camara 
Leal: “Estabelecendo a nova lei um prazo mais curto de prescrição, essa 
começará a correr da data da nova lei, salvo se a prescrição iniciada na 
vigência da lei antiga viesse a completar-se em menos tempo, segundo essa 
lei, que, nesse caso, continuaria a regê-la, relativamente ao prazo”21 
O Código de Defesa do Consumidor, por exemplo, estabeleceu prazo 
prescricional de cinco anos para as ações pessoais. Os prazos vintenários do 
Código Civil de 1916 que estavam em curso, referentes a relações de 
consumo, recomeçaram a correr por cinco anos, a contar da data da nova lei, 
nos casos em que o tempo faltante era superior. Quando a lei nova estabelece 
um prazo mais longo de prescrição, a consumação se dará ao final desse novo 
prazo, “contando-se, porém, para integrá-lo, o tempo já decorrido na vigência 
da lei antiga”22 
Nas “Disposições Transitórias”, o novo Código Civil estabeleceu a 
seguinte regra: “Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este 
Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da 
metade do tempo estabelecido na lei revogada” (art. 2.028). 
Assim, por exemplo, se quando da entrada em vigor do Código de 2002 
já haviam decorrido doze anos para o ajuizamento de uma ação de reparação 
de danos, continuará valendo o prazo da lei anterior e ainda faltarão oito anos 
para a consumação da prescrição vintenária. Se, contudo, o prazo decorrido 
era de apenas oito anos, aplicar-se-á o prazo de três anos estabelecido no art. 
206, § 3º, V, do novo diploma, a partir de sua entrada em vigor. 
 
PRESCRIÇÃO DE DÍVIDA PÚBLICA 
 
Lei nº 7/98 de 03-02-1998
 
TÍTULO III - Gestão da dívida pública 
 Artigo 14.º - Prescrição da dívida pública 
 
 1 — Os créditos correspondentes a juros e a rendas perpétuas prescrevem 
no prazo de cinco anos contados da data do respectivo vencimento. 
 2 — Os créditos correspondentes ao capital mutuado e a rendas vitalícias 
prescrevem, considerando-se abandonados a favor do Fundo de Regularização 
da Dívida Pública, no prazo de 10 anos contados da data do respectivo 
 
21 Da prescrição e da decadência, cit., p. 90, n. 67. Antonio Luiz da Camara Leal, , cit., p. 91. 
22 Antonio Luis da Camara Leal, Da Prescrição e da Decadência, 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, 
1959, p. 91. 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 23 
vencimento ou do primeiro vencimento de juros ou rendas posterior ao dos 
últimos juros cobrados ou rendas recebidas, consoante a data que primeiro 
ocorrer. 
 3 — Aos prazos previstos nos números anteriores são aplicáveis as 
regras quanto à suspensão ou interrupção da prescrição previstas na lei 
civil. 
 
RENÚNCIA 
 
De acordo com o art. 191 do atual Código, passa a ser admitida a 
renúncia à prescrição por parte daquele que dela se beneficia, ou seja, o 
devedor. Está superada a admissão da renúncia prévia, pois a renúncia 
somente é possível após se consumar a prescrição. Inicialmente, essa 
renúncia à prescrição poderá ser expressa, mediante declaração comprovada e 
idônea do devedor, sem vícios. Pode ocorrer ainda a renúncia tácita da 
prescrição, por condutas do devedor que induzem a tal fato, como o 
pagamento total ou mesmo parcial da dívida prescrita, que não pode ser 
repetida, exemplo que é de obrigação natural (art. 882 do CC). Igualmente há 
renúncia tácita à prescrição no caso de acordo para parcelamento da dívida 
(TJMG, Apelação Cível 1.0145.02.0039445/0011, Juiz de Fora, 6.ª Câmara 
Cível, Rel. Des. Edilson Olímpio Fernandes, j. 
20.10.2009, DJEMG 11.12.2009). Essa renúncia à prescrição ainda pode 
ser judicial – quando manifestada em juízo –, ou extrajudicial – fora dele23. 
 
A própria possibilidade de renúncia prévia é elemento interessante para 
a distinção, uma vez que a decadência, prevista em lei, é irrenunciável (art. 
209), enquanto a renúncia à prescrição não é somente admissível, como 
também se aceita a sua caracterização tácita. Para se renunciar à aplicação da 
prescrição, todavia, é preciso que a mesma já esteja consumada e não haja 
prejuízo a terceiro 
“Renunciar à prescrição” consiste na possibilidade de o devedor de uma 
dívida prescrita, consumado o prazo prescricional e sem prejuízo a terceiro, 
abdicar do direito de alegar esta defesa indireta de mérito (a prescrição) em 
face do seu credor. Se anuncia o pagamento, e o executa, renunciou 
expressamente. Se, embora não o haja afirmado expressamente, constituiu 
procurador, providenciou as guias bancárias para o depósito ou praticou 
qualquer ato incompatível com a prescrição, significa que renunciou 
tacitamente24. 
 
 
23 Flávio Tartuce. – 10. , Cit. Pg 1101 
24 Pablo Stolze Gagliano; Rodolfo Pamplona Filho, Op. Cit. Pg 454 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 24 
De forma clara podemos reafirmar que o art. 191 não admite 
a renúncia prévia da prescrição,25 isto é, antes que se tenha consumado. Não 
se admite a renúncia prévia, nem de prescrição em curso, mas só da 
consumada, porque o referido instituto é de ordem pública e a renúncia tornaria 
a ação imprescritível por vontade da parte. 
Dois são os requisitos para a validade da renúncia: a) que a prescrição 
já esteja consumada; b) que não prejudique terceiro. Terceiros eventualmente 
prejudicados são os credores, pois a renúncia à possibilidade de alegar a 
prescrição pode acarretar a diminuição do patrimônio do devedor. Em se 
tratando de ato jurídico, requer a capacidade do agente. 
 
DECADÊNCIA 
 
Segundo Francisco Amaral, decadência é a perda do direito potestativo 
pela inércia do seu titular no período determinado em lei. Seu objeto são os 
direitos potestativos de qualquer espécie, disponíveis ou indisponíveis, direitos 
que conferem ao respectivo titular o poder de influir ou determinar mudanças 
na esfera jurídica de outrem, por ato unilateral, sem quehaja dever 
correspondente, apenas uma sujeição.26 
Um dos critérios usados pela doutrina para distinguir prescrição de 
decadência consiste em considerar que, nesta, o prazo começa a fluir no 
momento em que o direito nasce. Desse modo, no mesmo instante em que o 
agente adquire o direito já começa a correr o prazo decadencial. O prazo 
prescricional, todavia, só se inicia a partir do momento em que este tem o seu 
direito violado. 
Também se diz que a prescrição resulta exclusivamente da lei, enquanto 
a decadência pode resultar da lei (legal), do testamento e do contrato 
(convencional). 
O Código Civil de 1916 não se referia, expressamente, 
à decadência, também denominada caducidade. Englobava, 
indiscriminadamente, em um mesmo capítulo, as causas devidas à fluência do 
tempo, aparecendo todas sob a denominação genérica de prescrição. 
O novo Código, contudo, inspirado no Código Civil italiano, optou por uma 
fórmula segura de distinção, considerando prescricionais somente os prazos 
taxativamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 (regra geral) e 206 
(regras especiais), sendo decadenciais todos os demais, estabelecidos como 
complemento de cada artigo que rege a matéria, tanto na Parte Geral como na 
 
25 Carlos Roberto Gonçalves, Op Cit., p 1194 
26 Direito civil: Introdução, p. 561. José Carlos Moreira Alves, , p. 155-156. 
 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 25 
Especial. Para evitar discussões sobre se ação prescreve, ou não, adotou a 
tese da prescrição da pretensão, por ser considerada a mais condizente com o 
direito processual contemporâneo. 
Na decadência, que é instituto do direito substantivo, há a perda de um 
direito previsto em lei. O legislador estabelece que certo ato terá que ser 
exercido dentro de um determinado tempo, fora do qual ele não poderá mais 
efetivar-se porque dele decaiu o seu titular. A decadência se consubstancia, 
pois, no decurso infrutífero de um termo prefixado para o exercício do direito. O 
tempo age em relação à decadência como um requisito do ato, pelo que a 
própria decadência é a sanção consequente da inobservância de um termo. 
A Comissão revisadora, aduziu que: “Logo, se a hipótese não é de 
violação de direito (quando se exercer, judicialmente, o direito de anular um 
negócio jurídico, não se está pedindo condenação de ninguém por violação de 
direito, mas, apenas, exercendo um direito por via judicial), mas há prazo para 
exercer esse direito — prazo esse que não é nem do art. 205, nem do art. 206, 
mas se encontra em outros artigos —, esse prazo é de decadência”27 
Dizia Caio Mário da Silva Pereira que o tratamento dado à decadência 
convencional deveria ser, pelo menos em parte, o mesmo dado à prescrição, o 
que pode ser percebido pelo art. 209 do CC, pelo qual: “É nula a renúncia à 
decadência fixada em lei” (Instituições..., 2004, p. 691-692). Mais uma vez, com 
intuito didático, socorremo-nos de um quadro esquemático: 
Renúncia 
À prescrição: Só admite-se depois de consumada e desde que não acarrete 
prejuízo a terceiros 
À decadência: 
– legal: é nula; 
– convencional: admite-se. 
 
Dessa forma, não é admitida a renúncia à decadência legal, o mesmo não 
se podendo dizer quanto à convencional. Para esta última, por analogia, deve 
ser aplicada a regra do art. 191, cabendo a renúncia pelo devedor após a 
consumação, não sendo também aceita a renúncia prévia da decadência 
convencional. 
Mas o que se percebe é que, se Caio Mário da Silva Pereira ainda 
estivesse entre nós, deveria rever os seus conceitos. 
Isso porque, de acordo com o art. 210 do CC/2002, deve o juiz, de ofício, 
conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Assim sendo, por 
envolver preceito de ordem pública, o juiz deve decretar de ofício a decadência 
legal, julgando a ação improcedente com a resolução do mérito, conforme o art. 
 
27 José Carlos Moreira Alves, A Parte Geral do Projeto de Código Civil brasileiro, p. 155-156., 
130/1001; , 652/128 e 656/220. 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 26 
269, inc. IV, do CPC. Quanto à decadência convencional, há regra específica 
vedando o seu reconhecimento de ofício pelo juiz. Trata-se do art. 211 do CC, 
segundo o qual: “se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita 
pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a 
alegação”. 
Nesse ponto, o tratamento da decadência convencional não é mais igual 
ao da prescrição. Por isso é que, se ainda estivesse entre nós, Caio Mário teria 
que rever os seus conceitos. Isso, diante da Lei 11.280/2006, que revogou a 
previsão do art. 194 do CC e alterou o § 5.° do art. 219 do CPC, prevendo que 
o juiz deve reconhecer de ofício a prescrição. Para esclarecer as diferenças 
entre a decadência legal e a convencional, propomos o quadro a seguir: 
Decadência Legal Decadência Convencional 
Deve ser reconhecida de ofício 
pelo juiz (art. 210 do CC), como ocorre 
com a prescrição. 
Não pode ser reconhecida pelo 
juiz (art. 211 do CC). 
Não pode ser renunciada pela 
parte (art. 209 do CC). 
Pode ser renunciada após a 
consumação, assim como ocorre com 
a prescrição. 
 
 
EFEITOS 
 
Do conceito de decadência pudemos depreender que seu efeito direto é a 
extinção do direito em decorrência de inércia de seu titular para o seu 
exercício; extingue, indiretamente, a ação correspondente , se ela nasceu 
juntamente com este, representando o modo de seu exercício, e impede o 
nascimento dessa ação, se ela não se originou do mesmo fato gerador do 
direito, mas deveria protegê-lo, futuramente, depois de definitivamente 
efetivado, sobrevindo algum obstáculo ao seu livre exercício. Extinto o direito 
pela decadência, torna-se, portanto, inoperante; não pode ser fundamento de 
qualquer alegação em juízo, nem ser invocado, ainda mesmo por via de 
exceção. A decadência produz seus efeitos extintivos de modo absoluto. 
O prazo decadencial corre contra todos; nem mesmo aquelas pessoas 
contra as quais não corre a prescrição ficam isentas dos seus efeitos, salvo a 
hipótese do Art 198, ( Código Civil), pois tal prazo não correrá contra os 
absolutamente incapazes (CC, Art 208), e a prevista no art. 26 § 2º da Lei n. 
8.078/90. 
Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os 
seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à decadência, ou 
a não alegarem oportunamente (CC., Art 195 c/c o Art. 208). 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 27 
A decadência não se suspende nem se impede ou interrompe exceto se 
houver disposição legal em contrário e só é impedida pelo efetivo exercício do 
direito, dentro do lapso de tempo prefixado (CC, Art 207). 
 
Prazos de decadência 
 
 
Os prazos prescricionais estão discriminados no art. 206 do CC. Logo, 
todos os demais prazos estabelecidos em outros artigos, tanto na parte geral 
quanto na parte especial do Código Civil, são decadenciais. Deve ficar claro 
que a parte geral da codificação traz prazos de decadência, como os já 
transcritos arts. 178 e 179. 
Citemos alguns prazos decadenciais, de forma exemplificativa: 
a) 3 dias – sendo a coisa móvel, inexistindo prazo estipulado para 
exercer o direito de preempção (preferência), após a data em que o comprador 
tiver notificado o vendedor (art. 516 do CC). 
b) 30 dias – contados da tradição da coisa, para o exercício do direito de 
propor a ação em que o comprador pretende o abatimento do preço da coisa 
móvel recebida com vício redibitório – ação estimatória –, ou rescindiro 
contrato e reaver o preço pago, mais perdas e danos – ação redibitória (art. 
445 do CC). 
c) 60 dias – para exercer o direito de preempção, inexistindo prazo 
estipulado, se a coisa for imóvel, contados da data em que o comprador tiver 
notificado o vendedor (art. 516 do CC). 
d) 180 dias – para o condômino, a quem não se deu conhecimento da 
venda, haver para si a parte vendida a estranhos, depositando o valor 
correspondente ao preço – direito de preferência ou prelação legal –, sendo a 
coisa móvel (art. 513, parágrafo único, do CC). O prazo é o mesmo para anular 
casamento do menor quando não autorizado por seu representante legal, 
contados os 180 dias do dia em que cessou a incapacidade (se a iniciativa for 
do incapaz), a partir do casamento (se a ação for proposta pelo representante 
legal) ou da morte do incapaz (ação proposta pelos herdeiros) – art. 1.555 do 
CC. O mesmo prazo vale para a anulação de casamento, do incapaz de 
consentir, prazo contado da data da sua celebração (art. 1.560, inc. I, do CC). 
Também é de 180 dias o prazo para anular o casamento de menor de 16 anos, 
contado o prazo do dia em que o mesmo perfez a idade núbil para o caso de a 
demanda ser proposta pelo próprio menor ou da data do matrimônio para a 
ação proposta pelos seus representantes legais (art. 1.560, § 2.°, do CC). 
e) 1 ano – para obter a redibição ou abatimento no preço, se a coisa 
viciada for imóvel, contado o prazo da entrega efetiva ou do conhecimento do 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 28 
vício (art. 445 do CC). O prazo decadencial de um ano também vale para se 
pleitear revogação de doação por ingratidão ou diante da inexecução do 
encargo, contado da data do conhecimento do doador do fato que a autorizar 
(art. 559 do CC). 
f) 1 ano e 1 dia – para desfazer janela, sacada, terraço ou goteira sobre 
o seu prédio, em face do vizinho, prazo esse que é contado da conclusão da 
obra (art. 1.302 do CC). 
g) 2 anos – para anular negócio jurídico, não havendo prazo, contado da 
data da conclusão do ato, prazo geral de anulação dos atos e negócios 
jurídicos (art. 179 do CC). Mesmo prazo vale para exercer o direito de 
preferência se a coisa for imóvel (art. 513, parágrafo único, do CC), bem como 
para anular casamento se incompetente a autoridade celebrante (art. 1.560, II, 
do CC) e para pleitear anulação de ato praticado pelo consorte sem a outorga 
do outro, conforme rol do art. 1.647 do CC, contado do término da sociedade 
conjugal (art. 1.649 do CC). 
h) 3 anos – para o vendedor de coisa imóvel recobrá-la, se reservou 
para si o direito de retrovenda, mediante a devolução do preço e o reembolso 
das despesas do comprador (art. 505 do CC). O mesmo prazo é previsto para 
anular casamento celebrado com erro essencial quanto à pessoa do outro 
cônjuge, contado da data da sua celebração (art. 1.560, III, do CC). 
i) 4 anos – para pleitear anulação de negócio jurídico celebrado com 
vício do consentimento ou vício social, contados: nos casos de coação, do dia 
em que ela cessar; nos de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo 
ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico (art. 178, inc. II, do CC). 
O prazo de quatro anos de igual modo serve para os casos de anulação do 
negócio jurídico por incapacidade do agente, prazo contado de quando cessar 
a incapacidade (art. 178, I, do CC). Também é de quatro anos o prazo para 
anulação de casamento celebrado sob coação, a contar da celebração do ato 
(art. 1.560, inc. IV, do CC). 
j) 5 anos – prazo para impugnar a validade de testamento, contado da 
data de seu registro (art. 1.859 do CC). 
Mais uma vez consigne-se que, de acordo com a obra de Agnelo Amorim 
Filho (Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para 
identificar as ações imprescritíveis), os prazos decadenciais referem-se às 
ações constitutivas, sejam elas positivas ou negativas, diante da existência de 
um direito potestativo. Na grande maioria das vezes, relacionada com prazo 
decadencial, tem-se a ação constitutiva negativa típica, que é a ação 
anulatória. Exemplo mais comum da prática é a hipótese de se pleitear a 
anulação de um negócio jurídico por nulidade relativa, situação em que o prazo 
correspondente é decadencial. 
 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 29 
 
DISTINÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 
 
Para distinguir prescrição de decadência28, o atual Código Civil optou por 
uma fórmula que espanca qualquer dúvida. Prazos de prescrição são, apenas 
e exclusivamente, os taxativamente discriminados na Parte Geral, nos arts. 205 
(regra geral) e 206 (regras especiais), sendo de decadência todos os demais, 
estabelecidos como complemento de cada artigo que rege a matéria, tanto na 
Parte Geral como na Especial. Para evitar a discussão sobre se ação 
prescreve, ou não, adotou-se a tese da prescrição da pretensão, por ser 
considerada a mais condizente com o Direito Processual contemporâneo. 
Como a matéria era demais confusa na vigência do Código Civil de 
1916, visando a esclarecer o assunto, Agnelo Amorim Filho concebeu um 
artigo histórico, em que associou os prazos prescricionais e decadenciais a 
ações correspondentes, buscando também quais seriam as ações 
imprescritíveis (Critério científico..., 1960, RT 300/7 e 744/725). Este professor 
observa: 
“A questão referente à distinção entre prescrição e decadência — tão velha 
quanto os dois velhos institutos de profundas raízes romanas — continua a 
desafiar a argúcia dos juristas. As dúvidas são tantas e vêm se acumulando de 
tal forma através dos séculos, que, ao lado de autores que acentuam a 
complexidade da matéria, outros, mais pessimistas, chegam até a negar — é 
certo que com indiscutível exagero — a existência de qualquer diferença entre 
as duas primeiras espécies de prazos extintivos. É o que informa De Ruggiero 
(Instituições de Direito Civil, v. 1.º, p. 335, da trad. port.). Já Baudry-Lacantinerie 
e Albert Tissler declaram que são falíveis, ou imprestáveis, os vários critérios 
propostos para distinguir os dois institutos. Acentuam, ainda, que não se pode, a 
priori, estabelecer diferença entre prescrição e decadência e assim examinar 
caso por caso, para dizer, a posteriori, se o mesmo é de prescrição ou de 
decadência. Clóvis Beviláqua, por sua vez, afirma que ‘a doutrina ainda não é 
firme e clara neste domínio’ (Teoria Geral, 2. ed., p. 367). Para Amílcar de 
Castro, é ‘uma das mais difíceis e obscuras questões de Direito essa de 
distinguir a prescrição da decadência’ (RT, v.156/323). Giorgi diz que a ciência 
ainda não encontrou um critério seguro para distinguir a prescrição das 
caducidades (Teoría de las obligaciones, v. 9.º, p. 217). E Camara Leal, 
inegavelmente o autor brasileiro que mais se dedicou ao estudo do assunto, 
chegando mesmo a elaborar um método prático para se fazer a distinção entre 
os dois institutos, diz que este é ‘um dos problemas mais árduos da Teoria Geral 
do Direito Civil’ (Da Prescrição e da Decadência, 1.ª ed., p. 133)” 
No seu Artigo o professor paraibano associou a prescrição às ações 
condenatórias, ou seja, àquelas ações relacionadas com direitos subjetivos, 
próprio das pretensões pessoais. Assim, a prescrição mantém relação com 
 
28 Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro Vol I, 10 Ed. São Paulo – Editora Saraiva, 2012, pg 
1179 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 30 
deveres, obrigações e com a responsabilidade decorrente da inobservância 
das regras ditadas pelas partes ou pela ordem jurídica. 
Por outro lado, a decadência estáassociada a direitos potestativos e às 
ações constitutivas, sejam elas positivas ou negativas. As ações anulatórias de 
atos e negócios jurídicos, logicamente, têm essa última natureza. A 
decadência, portanto, tem relação com um estado de sujeição, próprio dos 
direitos potestativos. Didaticamente, é certo que o direito potestativo, por se 
contrapor a um estado de sujeição, é aquele que encurrala a outra parte, que 
não tem saída.29 
Por fim, as ações meramente declaratórias, como aquelas que buscam a 
nulidade absoluta de um negócio, são imprescritíveis, ou melhor, tecnicamente, 
não estão sujeitas à prescrição ou à decadência. A imprescritibilidade dessa 
ação específica está também justificada porque a nulidade absoluta envolve 
ordem pública, não convalescendo pelo decurso do tempo (art. 169 do CC). 
Na doutrina nacional, destaca-se o critério sugerido por CAMARA LEAL, 
nos seguintes termos: 
“É de decadência o prazo estabelecido pela lei, ou pela vontade unilateral ou 
bilateral, quando prefixado ao exercício do direito pelo seu titular. E é de 
prescrição, quando fixado, não para o exercício do direito, mas para o exercício 
da ação que o protege. Quando, porém, o direito deve ser por meio de ação, 
originando-se ambos do mesmo fato, de modo que o exercício da ação 
representa o próprio exercício do direito, o prazo estabelecido para a ação 
deve ser tido como prefixado ao exercício do direito, sendo, portanto, de 
decadência, embora aparentemente se afigure de prescrição”30. 
MARIA HELENA DINIZ, fazendo uma compilação de todos os critérios 
propostos para a distinção entre os institutos, apresenta o seguinte quadro 
esquemático, antes do Novo Código Civil: 
“1) A decadência extingue o direito e indiretamente a ação; a prescrição 
extingue a ação e por via oblíqua o direito. 
2) O prazo decadencial é estabelecido por lei ou por vontade unilateral 
ou bilateral; o prazo prescricional somente por lei. 
3) A prescrição supõe uma ação cuja origem seria diversa da do direito; 
a decadência requer uma ação cuja origem é idêntica à do direito. 
4) A decadência corre contra todos; a prescrição não corre contra 
aqueles que estiverem sob a égide das causas de interrupção ou suspensão 
previstas em lei. 
 
29 Flávio Tartuce. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. 
Pg 1086 
30 Antonio Luis da Camara Leal, Da Prescrição e da Decadência, 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, 
1959, p.133-4. 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 31 
5) A decadência decorrente de prazo legal pode ser julgada, de ofício, 
pelo juiz, independentemente de arguição do interessado; a prescrição das 
ações patrimoniais não pode ser, ex officio, decretada pelo magistrado. 
6) A decadência resultante de prazo legal não pode ser renunciada; a 
prescrição, após sua consumação, pode sê-lo pelo prescribente. 
7) Só as ações condenatórias sofrem os efeitos da prescrição; a 
decadência só atinge direitos sem prestação que tendem à modificação do 
estado jurídico existente”31. 
Todos esses critérios, embora válidos para efeitos didáticos, acabam 
pecando por não explicitar a efetiva causa de cada um desses institutos 
jurídicos, estando muitas vezes mais preocupados em delimitar as suas 
consequências que, em verdade, dependem muito mais de disciplina legal do 
que propriamente de sua essência32 
O critério clássico, no direito brasileiro33, consiste em colocar o elemento 
diferenciador no campo de incidência da cada um dos institutos. Assim, a 
prescrição atinge diretamente a ação e, por via oblíqua, faz desaparecer o 
direito por ela tutelado (o que perece é a ação que protege o direito). A 
decadência, ao contrário, atinge diretamente o direito e, por via oblíqua, 
extingue a ação (é o próprio direito que perece). 
O critério mais aceito na doutrina é o apresentado por Agnelo Amorim 
Filho, denominado “critério científico”, baseado na classificação dos direitos 
subjetivos e nos tipos de ações correspondentes. Para o mencionado 
doutrinador, são sujeitas a prescrição somente as ações de natureza 
condenatória, em que se pretende a imposição ao cumprimento de uma 
prestação, pois a prescrição é a extinção da pretensão à prestação devida. Só 
as ações condenatórias podem sofrer os efeitos da prescrição, pois são as 
únicas ações por meio das quais se protegem judicialmente os direitos que 
irradiam pretensões. 
Os direitos potestativos, que são direitos sem pretensão ou direitos sem 
prestação, insuscetíveis de violação, dão origem a ações de natureza 
constitutiva ou desconstitutiva. Quando têm prazo fixado na lei, esse prazo é 
decadencial; quando não têm (como no caso das ações de separação judicial, 
p. ex.), a ação é imprescritível. As ações de natureza declaratória também são 
imprescritíveis porque visam apenas à obtenção de uma certeza jurídica. 
 
31 Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro, 17. ed., São Paulo: Saraiva, 2001, v. 1, p. 
271. Com efeito, a questão, por exemplo, da inaplicabilidade geral de causas impeditivas, 
suspensivas ou interruptivas da prescrição ao instituto da decadência — prevista 
expressamente no art. 207 do CC-02 — é excepcionada pela Lei n. 8.078/90 (Código de Defesa 
do Consumidor), que, em seu art. 26, § 2., admite causas obstativas do prazo. 
32 Pablo Stolze Gagliano; Rodolfo Pamplona Filho, Novo Curso De Direito Civil 1, Op. Cit. Pg 450 
33 Gonçalves, Carlos Roberto, Op. Cit , pg 1189 
TRABALHO DE APS – PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA – ANO 2015. 
 32 
Acrescente-se que a prescrição resulta exclusivamente da lei, enquanto 
a decadência pode resultar da lei, do costume e do testamento; e que, segundo 
proclama a Súmula 150 do Supremo Tribunal Federal, “prescreve a execução 
no mesmo prazo da prescrição da ação”34. 
E isto se dá, em verdade, porque se a prescrição é a extinção da 
pretensão à prestação devida — direito este que continua existindo na relação 
jurídica de direito material — em função de um descumprimento (que gerou a 
ação), esta somente pode ser aplicada às ações condenatórias. Afinal, 
somente este tipo de ação exige o cumprimento coercitivo de uma prestação. 
Já a decadência, como se refere à perda efetiva de um direito, pelo seu 
não exercício no prazo estipulado, somente pode ser relacionada aos direitos 
potestativos, que exijam uma manifestação judicial. Tal manifestação, por ser 
elemento de formação do próprio exercício do direito, somente pode-se dar, 
portanto, por ações constitutivas. 
Por fim, as ações declaratórias, que visam somente ao mero 
reconhecimento de certeza jurídica (e isto independe de qualquer prazo), 
somente podem ser imprescritíveis, uma vez que não são direcionadas a 
modificar qualquer estado de coisas. 
Por exceção, nos casos de direitos potestativos exercitáveis mediante 
simples declaração de vontade do titular, sem prazo especial de exercício 
previsto em lei, a eventual ação judicial ajuizada (ações constitutivas sem prazo 
especial de exercício previsto em lei) também será imprescritível, como é o 
caso da ação de divórcio, que desconstitui o vínculo matrimonial. 
 
Prescrição Decadência 
Extingue a pretensão. Extingue o direito 
Prazos somente estabelecidos pela 
lei. 
Prazos estabelecidos pela lei (decadência legal) ou 
por convenção das partes (decadência 
convencional). 
Deve ser conhecida de ofício pelo 
juiz. 
A decadência legal deve ser reconhecida de ofício 
pelo magistrado, o que não ocorre com a decadência 
convencional. 
A parte pode não alegá-la. Pode ser 
renunciada pelo devedor após a 
consumação.

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