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PENAL II Aula 2 Da pena privativa de liberdade.doc

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�Direito Penal II 
Aula 2 – Da pena privativa de liberdade
Ementa: 1 Natureza; 1.1 Espécies; 1.2 Sistemas e Regimes penitenciários; 1.3 Regras dos regimes prisionais; 1.4 Regime disciplinar diferenciado; 1.5 Direitos do preso; 1.6 Superveniência de doença mental; 1.7 Detração; 1.8 Trabalho prisional e Remição; 1.9 Limite das penas; 1.10 Cálculos de progressão de regime prisional
1 NATUREZA
A natureza da pena privativa de liberdade está contida em seu próprio nomem iuris: retira do condenado, de uma forma mais rígida ou menos branda, o direito à liberdade.
É a que restringe, com maior ou menor intensidade, a liberdade do condenado, consistente em permanecer em algum estabelecimento prisional, por um determinado tempo, tudo na conformidade do regime imposto.
1.1 Espécies
Há três espécies de penas privativas de liberdade:
Reclusão (reservada para os crimes considerados mais graves);
Detenção (reservada para os crimes considerados menos graves); e,
Prisão simples (reservada para as contravenções penais).
1.2 Sistemas e Regimes Penitenciários
1.2.1 Sistemas penitenciários
Três são os sistemas penitenciários que podemos chamar clássicos: o de Filadélfia, o de Auburn e o Inglês ou Progressivo.
1.2.1.1 Filadélfia ou Pensilvânico
Consistia em isolamento celular.
O sentenciado ficava fechado na cela, sem sair, a não ser de vez em quando, para passeios em pátios cerrados. Trabalhava na própria cela, onde recebia as visitas de religioso: pastor ou sacerdote, dos diretores do estabelecimento, funcionários e médico. É um sistema rigorosamente celular.
1.2.1.2 Auburn
Consistia no isolamento somente durante o período noturno, pois, durante o dia, o sentenciado trabalhava juntamente com os outros. Há trabalho em comum, porém, feito em silêncio.
1.2.1.3 Inglês ou progressivo
A princípio, o sentenciado fica recluso na cela. É o chamado período inicial ou de prova, com prazo determinado. Depois, passa a trabalhar em comum, e, finalmente, é posto em liberdade sob condição.
Nosso atual ordenamento penal não adotou rigorosamente o sistema progressivo, mas sim um sistema progressivo/evolutivo, com feições inteiramente peculiares.
Com efeito, o chamado SISTEMA PROGRESSIVO com suas adaptações para cumprimento da pena privativa de liberdade foi o adotado pelo nosso ordenamento jurídico penal. Isso significa que, comprido ao menos 1/6 da pena em determinado regime, poderá o condenado passar a cumprir o restante em regime menos rigoroso, e daí por diante, desde que satisfeitos os demais requisitos de ordem subjetiva. Tudo para prepará-lo para o pleno retorno ao convívio social. Mas, se o condenado se mostrar desmerecedor do regime menos rigoroso, poderá tornar a cumprir a pena em regime mais rigoroso.
O sistema progressivo de cumprimento de pena privativa de liberdade, assim, implica em três possibilidades: a progressão, a regressão e a transferência.
1.2.2 Progressão, Regressão e Transferência
Pelo sistema progressivo adotado pelo CP com a Reforma de 84, permite-se ao condenado a conquista gradual da liberdade, durante o cumprimento da pena, tendo em vista o seu comportamento, de forma que a pena aplicada pelo juiz não será necessariamente executada em sua integralidade.
Na progressão, passa-se de um regime mais rigoroso para um menos rigoroso; na regressão, ocorre o inverso, sendo que, neste caso, pode-se passar diretamente do regime aberto para o fechado, o que não acontece com a progressão (do fechado tem que ir para o semi-aberto, nunca diretamente para o aberto); na transferência, o condenado inicia já o cumprimento da pena em regime mais rigoroso, por “transferência” em razão de necessidade, pelo grau de periculosidade do réu.
Para que ocorra a progressão de regime, é necessário o preenchimento de certos requisitos: cumprimento de um sexto da pena no regime anterior; mérito do condenado (demonstração de que ele tem condições de ir para um regime menos severo); exame criminológico; parecer da Comissão Técnica de Classificação - CTC. No caso de regime aberto, deve-se atentar ainda para o artigo 114 da LEP – Lei de Execução Penal, o qual estabelece que deve o sentenciado estar trabalhando ou ter possibilidade de vir a fazê-lo e que ele deve apresentar sinais que façam presumir que terá autodisciplina e senso de responsabilidade.
Segundo o artigo 118 da LEP, haverá a regressão de regime sempre que o apenado cometer um crime doloso ou falta grave (artigo 50 da LEP) ou quando for condenado por crime anterior, cuja pena, adicionada ao restante daquela que está sendo executada, não permitir o regime atual. Na hipótese de regime aberto, estabelecem os artigos 36, § 2º do CP e 118, § 1º da LEP a regressão também se dará se o sentenciado frustrar os fins da pena ou se deixar de pagar a pena de multa quando podia fazê-lo. Em todos os casos, ele deverá ser ouvido previamente, salvo quando a regressão seja conseqüência da condenação por crime anterior.
A transferência por sua vez, não ocorre durante o cumprimento da pena, e sim quando da fixação do regime inicial de pena já na sentença, quando o Juiz, na prolação da mesma verificar, seja pela gravidade do crime, seja pelas circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do CP que o regime legal não corresponde à severidade da sanção a ser aplicada, posto que seria ineficaz para a punição. Assim sendo, mediante fundamentação na própria sentença, poderá o Juiz estabelecer um regime mais rigoroso de pena. De observar-se, que a transferência também opera no caso da fixação de um regime prisional mais brando quando observados os mesmos requisitos para a transferência, sendo lógico que tais circunstâncias deverão serem favoráveis ao mesmo, como a contrario sensu serem desfavoráveis na primeira hipótese. 
Discute-se na doutrina e na jurisprudência sobre qual o tratamento aplicável aos crimes hediondos quanto à progressão de regime. Preceitua o artigo 2º, § 1º da Lei 8072/90 que a pena por tais crimes deverá ser cumprida integralmente em regime fechado: para muitos, seria inconstitucional, pois feriria o princípio da individualização da pena; para outros, é constitucional, uma vez que a CF atribuiria à legislação ordinária a especificação da forma de cumprimento das penas. Reacendeu-se a discussão com o advento da Lei 9455/97, a qual estabelece que a pena pelo crime de tortura deverá ser cumprida inicialmente em regime inicial fechado – alguns entendem isto prevalece apenas para o crime de tortura, o qual receberia um tratamento diferente por estar em lei específica; outros defendem ser incoerente a distinção do tratamento, uma vez que a CF equipara, quanto à sua danosidade social, os crimes hediondos, de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo (artigo 5º, inciso XLIII), daí porque deve preponderar a regra do sistema progressivo da Lei 9455/97 (interpretação extensiva da lei mais benéfica), podendo ser aplicada inclusive retroativamente, discussão essa reaberta pelo HC concedido recentemente pelo STF possibilitando a possibilidade de progressão de regime prisional a condenado por crime hediondo. É certo que hodiernamente, o entendimento acerca da possibilidade de progressão de regime prisional em crime hediondo é o de que caberá ao Juiz da instrução, quando do decreto condenatório, estabelecer, qual o regime prisional, se inicial ou integralmente fechado, após análise das circunstâncias judiciais.
1.2.3 Regimes penitenciários
De acordo com o Código Penal, a quantidade da pena e a reincidência são os dois fatores determinantes na fixação do regime inicial de cumprimento de pena, sendo estes:
Fechado: cumpre a pena em estabelecimento penal de segurança máxima ou média;
Semi-aberto: cumpre a pena em colônia agrícola, industrial ou em estabelecimento similar;
Aberto: trabalha ou freqüenta cursos em liberdade, durante o dia, e recolhe-se na casa do albergado ou estabelecimento similar à noite e nos dias de folga.
1.2.3.1 Regimes penitenciários da penade reclusão
se a pena imposta for SUPERIOR a 8 anos sendo o condenado primário: Inicia o seu cumprimento em regime fechado;
se a pena imposta for SUPERIOR a 4, mas NÃO EXCEDER a 8 anos sendo o condenado primário: Inicia em regime semi-aberto;
se a pena for IGUAL ou INFERIOR a 4 anos sendo o condenado primário: Inicia em regime aberto;
se o condenado for REINCIDENTE: Inicia sempre em regime fechado, não importando a quantidade da pena imposta;
se as CIRCUNSTÂNCIAS do art. 59 do CP forem DESFAVORÁVEIS ao condenado, mesmo sendo primário: Poderá iniciar a cumprir a pena em regime fechado ou semi-aberto.
1.2.3.2Regimes penitenciários da pena de detenção
se a pena imposta for SUPERIOR a 4 anos sendo o condenado primário: Inicia o seu cumprimento em regime semi-aberto;
se a pena for IGUAL ou INFERIOR a 4 anos sendo o condenado primário: Inicia o seu cumprimento em regime aberto;
se o condenado for REINCIDENTE: Inicia no regime mais gravoso existente, ou seja, no semi-aberto, excepcionalmente, poderá iniciar a cumprir a pena em regime fechado;
se as CIRCUNSTÂNCIAS do art. 59 do CP forem DESFAVORÁVEIS ao condenado, mesmo sendo primário: Poderá iniciar a cumprir a pena em regime fechado ou semi-aberto.
1.2.3.3 Regimes penitenciários da pena de prisão simples
a pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum sendo primário: Inicia o seu cumprimento em regime aberto;
se o condenado for reincidente: Inicia no regime mais gravoso existente, ou seja, no aberto, excepcionalmente, poderá iniciar a cumprir pena em regime semi-aberto.
se as CIRCUNSTÂNCIAS do art. 59 do CP forem DESFAVORÁVEIS ao condenado, mesmo sendo primário: Poderá iniciar a cumprir a pena em regime semi-aberto, JAMAIS no fechado.
1.2.3.4 Regime de pena nos crimes hediondos
No caso de crime hediondo (lei 8.072/90), tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo e tortura, a pena deve ser cumprida inicialmente em regime FECHADO, cabendo progressão de regime prisional, cumpridos os requisitos de ordem subjetiva e objetiva constantes de 2/5 (dois quintos) se primário e 3/5 (três quintos) se reincidente.
1.3 Regras dos regimes prisionais
1.3.1 Regras do regime FECHADO:
Exame criminológico: no início do cumprimento da pena, o condenado será submetido a exame criminológico de classificação para individualização da execução (art. 34, caput, do CP e art. 8º, caput, da LEP);
Trabalho interno: fica sujeito ao trabalho interno durante o dia, de acordo com suas aptidões ou ocupações anteriores à pena;
o trabalho é um direito social de todos (art. 6º do CP)
o trabalho do condenado tem finalidade educativa e produtiva (art. 28 da LEP)
o trabalho do preso é remunerado, não podendo tal remuneração ser inferior a 3/4 do salário mínimo (art. 39 do CP e 29 da LEP)
o preso tem direito aos benefícios da Previdência Social (art. 39 do CP e 41, III da LEP)
o trabalho do preso não está sujeito ao regime da CLT e legislação trabalhista, uma vez que seu trabalho não decorre de contrato livremente firmado com o empregador, sujeitando-se a regime de direito público (art. 28, § 2º da LEP)
o trabalho interno é dever do preso (arts. 31 e 39, V, da LEP)
a recusa do preso ao trabalho é falta grave (art. 50, VI da LEP)
o preso provisório não está obrigado ao trabalho (art. 31, parágrafo único da LEP)
o preso político não está obrigado ao trabalho (art. 200 da LEP)
na atribuição do trabalho, deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso (art. 32 da LEP)
a jornada normal de trabalho não será inferior a 6, nem superior a 8 horas, com descanso nos domingos e feriados (art. 33 da LEP)
serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal podem ter horário especial (art. 33, parágrafo único da LEP)
a cada 3 dias de trabalho, o preso tem direito de descontar um dia de pena (instituto da remição - art. 126 da LEP)
se o preso já vinha trabalhando, sofre acidente do trabalho e fica impossibilitado de prosseguir, continuará a beneficiar-se da remição (art. 126, § 2º, da LEP)
aplicada falta grave, o preso perderá direito ao tempo remido (art. 126, § 3º, da LEP)
atividades exercidas por distração ou acomodação não são consideradas trabalho para fins de remição
trabalhos artesanais, executados como simples passatempo, não dão direito à remissão;
Trabalho externo: É admissível o trabalho fora do estabelecimento carcerário, em serviços ou obras públicas, desde que tomada as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina (arts. 34, § 3º do CP e 36 da LEP)
o limite máximo de presos corresponderá a dez por cento do total dos empregados da obra (art. 36, § 1º, da LEP)
o trabalho externo confere os mesmos direitos do trabalho interno;
exige o preenchimento dos seguintes requisitos: aptidão, disciplina, responsabilidade e cumprimento de 1/6 da pena;
é indispensável o exame criminológico antes de autorizar o trabalho externo, pois não existe outro meio de avaliar se o condenado preenche os requisitos subjetivos pra o benefício.
o trabalho externo depende de autorização administrativa do diretor do estabelecimento.
1.3.2 Regras do regime SEMI-ABERTO:
Exame criminológico: o CP dispõe que é necessária a sua realização antes do ingresso nesse regime (art. 35 do CP), mas a LEP prevê que tal exame não será obrigatório, podendo ou não ser realizado (art. 8º, parágrafo único, da LEP).
Saída temporária: nesse regime os condenados podem obter autorização judicial para sair temporariamente da colônia penal com a finalidade de visitar a família, freqüentar cursos ou participar de atividades ressocializadoras, por prazo não superior a 7 dias, renovável por mais 4 vezes ao ano, EXCETO no caso dos cursos, em que a autorização estender-se-á por todo o período relativo aos mesmos (arts. 12 e incisos, 123 e incisos e 124, parágrafo único da LEP)
Trabalho: segue as mesmas regras do regime fechado, dando direito também à remição, com a diferença de que é desenvolvido no interior da colônia penal, em maior liberdade do que no estabelecimento carcerário.
1.3.3 Regras do regime ABERTO:
Requisitos: exige-se autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado (art. 36 do CP), somente podendo ingressar nesse regime se estiver trabalhando ou comprovar possibilidade de fazê-lo, apresentar mérito para a progressão e aceitar as condições impostas pelo Juiz (arts. 113 e 114 da LEP)
Condições: permanecer no local que for designado durante o repouso e nos dias de folga, não se ausentar da cidade onde reside sem prévia autorização judicial, cumprir os horários para entrada e saída do estabelecimento, comparecer periodicamente em juízo a fim de justificar as atividades desempenhadas (art. 115 e incisos da LEP)
Casa do albergado: destina-se ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime aberto (art. 93 da LEP)
Prisão albergue domiciliar: somente se admite o recolhimento do beneficiário do regime aberto em residência particular quando se tratar de condenado maior de 70 anos acometido de doença grave e de condenada gestante com filho menor ou deficiente físico ou mental (art. 117 e incisos da LEP)
Inexistência de casa do albergado na comarca: admite-se o recolhimento domiciliar mesmo fora das hipóteses do art. 117 da LEP, pois o condenado não pode ser prejudicado pela ineficiência do Estado, eis que quando da promulgação e entrada em vigência da LEP, deveria ter sido providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios para a instalação de casas de albergados em número suficiente para possibilitar o ingresso no regime aberto de todos os condenados que ao mesmo fizessem jus (art. 203, § 2º da LEP).
1.3.4 Regime Especial
Específico para mulheres, bem como para o maior de sessenta anos, com direito a tratamento especial em estabelecimento próprio, de acordo com suas condições pessoais.
A CF/88 lhes assegura também o direitode permanecerem com seus filhos, durante o período de amamentação (os filhos ficam com a mãe).
A Lei 9.460/97 que regulamenta o artigo 37 do CP, dispondo sobre o recolhimento em estabelecimento próprio para mulheres e para o maior de 60 anos.
13.5 Prisão especial
Influenciados pela opinião pública, que se indignava pela maneira pela qual alguns “presos ilustres” aguardavam, em prisão especial, o julgamento de seus processos, o Estado editou a lei 10258/01, alterando o inciso V, bem como criando parágrafos para o artigo 295 do CPP, esclarecendo o significado da expressão prisão especial, a sua localização no sistema carcerário, os seus requisitos físicos, o transporte do preso especial, bem como os seus direitos e deveres.
1.4 Regime disciplinar diferenciado – RDD
Antes previsto em lei estadual, o regime disciplinar diferenciado foi instituído em âmbito nacional pela Lei 10792/03.
Dispõe o artigo 52, caput, e incisos da LEP que: “a prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: I – duração máxima de trezentos e sessenta dias,sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II – recolhimento em cela individual; III – visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; IV – o preso terá direito à saída da cela por duas horas diárias para banho de sol.” “O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentam alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade”. “Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando”.
Trata-se de uma sanção disciplinar (artigo 53 da LEP), imposta pelo Juiz das Execuções, ao preso definitivo, ou pelo Juiz que preside o processo de conhecimento, no caso de preso provisório, quando o detento:
cometer fato previsto como crime doloso e que ocasionar subversão da ordem ou disciplina interna do estabelecimento penitenciário;
representar alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
for suspeito de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando.
Tem duração máxima de 360 (trezentos e sessenta) dias, prorrogáveis até o limite de 1/6 (um sexto) da pena imposta (observando-se o total das penas e não o limite de 30 anos de cumprimento, constante do artigo 75 do CP, de modo semelhante à solução preconizada na Súmula 715 do STF), se o sentenciado cometer novo fato gerador da medida, e acarreta as seguintes restrições:
recolhimento em cela individual;
visitas semanais de, no máximo, duas pessoas, sem contar as crianças, com duração não superior a duas horas;
saída da cela limitada a duas horas para banho de sol.
1.5 Direitos do Preso
O preso conserva todos os direitos não atingidos pela condenação (art. 38 do CP e art. 3º da LEP).
Direito à vida: É o direito de não ter interrompido o processo vital senão pela morte espontânea e inevitável, por isso o Estado tem o dever de garantir a vida do preso durante a execução da pena.
Direito à integridade física e moral: “Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. “É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral” (art. 5º, III e XLIX, art. 3º da LEP e art. 38 do CP) “Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios. (art. 40 da LEP).
Direito à igualdade: “Todo preso tem direito à igualdade de tratamento” (art. 41, XIII da LEP) “O preso provisório e o internado têm os mesmos direitos do condenado” (art. 42 da LEP)
Direito de propriedade: art. 29, § 2º, e 41, IV da LEP.
Direito à liberdade de pensamento e convicção religiosa: o preso tem direito à assistência religiosa, mas nenhum preso poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa ou culto. (art. 24 e §§ da LEP) e art. 5º, IV, VI, VII, VIII e IX e art. 220 da CF/88.
Direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra abuso de poder: Direito de petição e representação: art. 5º, XXXIV, “a” da CF/88 Direito à obtenção de certidões para defesa de direito: art. 5º, XXXIV, “b” da CF/88 e art. 41, XIV da LEP.
Direito à assistência jurídica: “O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos” (art. 5º, LXXIV, da CF/88 e arts. 11, III, 15 e 16 da LEP, L. 4215/63, art. 41, IX, c/c art. 89, III)
Direito à educação e à cultura: “A educação é direito de todos e dever do Estado” (art. 205 da CF/88) “A assistência educacional compreende a formação profissional do preso e a instrução escolar obrigatória de primeiro grau (art. 208, I da CF/88 e art. 17 a 21 da LEP)
Direito à indenização por erro judiciário: “art. 5º, LXXV, da CF/88 e art. 630 do CPP)
Direito à alimentação, vestuário e alojamento com instalações higiênicas: arts. 12 e 13 da LEP.
Direito de assistência à saúde: art. 14 e §§ da LEP.
Direito à assistência social: art. 22 da LEP.
Direito à individualização da pena: art. 5º, XLI, XLVI, XLVIII e L, da CF/88 e arts. 5º, 6º, 8º, 9º, 19 e seu parágrafo único, 32, e §§ 2º e 3º, 33 e parágrafo único, 41 e inc. XII parte final, 57, 82 e §§ 1º e 2º, 86, e § 1º, 110, 112, 114 e incisos, 117 e incisos, 120, 121, 122 a 125 da LEP.
Direito de receber visitas: art. 41, X da LEP. Esse direito pode ser limitado por ato motivado do diretor do estabelecimento ou do Juiz, não constituindo direito absoluto do reeducando nos termos do parágrafo único do artigo 41 da LEP.
Direitos políticos: Nos termos do artigo 15, III, da CF/88, a condenação transitada em julgado acarreta a SUSPENSÃO dos direitos políticos enquanto durarem seus efeitos. OBS.: A perda de mandato eletivo decorre de condenação criminal por crime praticado com abuso de poder ou violação de dever inerente à função sempre que a pena aplicada for superior a 4 anos. Trata-se de efeito extrapenal específico que precisa ser motivadamente declarado na sentença (art. 92, I do CP e art. 55, VI da CF/88)
Direito à visitação íntima: Resolução 001/99, que criou o direito à visitação íntima aos presos de ambos os sexos, pelo menos uma vez por mês.
1.6 Superveniência de doença mental
Se no curso do cumprimento da pena privativa de liberdade sobrevier doença mental ao condenado, ele deverá, como determina o art. 41 do CP ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. 
O período em que o condenado permanecer internado será descontado da pena que lhe foi imposta, por força do que dispõe o artigo 42, parte final do Código Penal.
A efetiva execução da pena é sobrestada quando sobrevém ao condenado doença mental (já que ele será recolhido a estabelecimento de atenção à saúde, mas o tempo de internação hospitalar será computado do total da pena que deve ser cumprida.
Há que se ressaltar nos termos do artigo 183 da LEP, no caso de superveniência de doença mental, a pena pode vir a ser SUBSTITUÍDA por medida de segurança. Nesse caso, o entendimento pacífico é de que a duração da medida de segurança não pode ultrapassar o tempo da pena aplicada na sentença.
1.7 Detração Penal
É o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão provisória (prisão em flagrante, prisão preventiva, prisão temporária, prisão por pronúncia, e prisão por sentença condenatória recorrível), no Brasil ou no estrangeiro, de prisão administrativa e de internação em hospital de custódia e tratamento ou estabelecimento similar.1.7.1 Pena privativa de liberdade
Somente se permite a detração penal nas penas privativas de liberdade, não cabendo nas penas pecuniárias, nem nas restritivas de direito.
1.7.2 Competência
A detração é matéria de competência exclusiva do Juízo da Execução nos termos do art. 66, III, “c” da LEP.
1.7.3 Prisão provisória em outro processo
É possível descontar o tempo de prisão provisória de um processo cuja sentença foi absolutória, em outro processo de decisão condenatória? Entendimento majoritário: SIM.
1.7.4 Detração para fins de prescrição
Pode ser aplicada calculando-se a prescrição sobre o restante da pena.
1.7.5 Medida de segurança
Admite-se detração do tempo de prisão provisória em relação ao prazo mínimo de internação.
1.7.6 Fundamentação
A decisão que concede a detração penal precisa ser fundamentada, sob pena de nulidade.
1.8 Trabalho prisional e Remição
A experiência demonstra que nas penitenciárias onde os presos não exercem qualquer atividade laborativa o índice de tentativas de fuga é muito superior aos daquelas onde os detentos atuam de forma produtiva, aprendendo e trabalhando em determinado ofício.
O trabalho do preso é um direito-dever que visa a diminuir os efeitos criminógenos da prisão, com finalidade educativa e produtiva; a ele não se sujeita o preso provisório ou por crime político, os quais, contudo, se quiserem trabalhar, terão os mesmos direitos dos demais. A jornada diária não pode ser inferior a seis horas ou superior a oito, com folga aos domingos e feriados; a remuneração deverá ser, no mínimo, de três quartos do salário mínimo, assegurando-se todos os benefícios da Previdência Social (art. 39, CP), inclusive a aposentadoria. 
De acordo com a LEP, a remuneração servirá para: 
indenização civil determinada judicialmente;
assistência à família; 
ressarcimento ao Estado pelas despesas com a manutenção do apenado, proporcionalmente; 
o saldo restante deverá ser depositado em caderneta de poupança.
A remição permite o abatimento de parte da pena a ser cumprida pelo trabalho realizado dentro da prisão. Ela ocorre na forma de três dias de trabalho por um dia de pena.
Convém esclarecer que o preso que estiver impossibilitado de prosseguir no trabalho em virtude de acidente continuará a beneficiar-se com a remição (artigo 126, §§ 1º e 2º, da LEP).
O apenado que for punido por falta grave, perderá o direito ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração disciplinar (artigo 127 da LEP).
O tempo remido será computado para a concessão de livramento condicional e indulto (artigo 128 da LEP). Apesar da previsão contida neste dispositivo legal, o período remido também deverá ser computado para a progressão de regime de cumprimento de pena e para a comutação.
1.9 Limites das penas
Estabelece o artigo 75 do CP que “o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos”.
O artigo 10 da Lei das Contravenções Penais também determina que “a duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a 5 (cinco) anos”.
Esses dois dispositivos legais, inspirados na proibição constitucional da pena de prisão perpétua, traçam limites à duração da pena privativa de liberdade.
Admite-se, porém, condenação superior a trinta anos de prisão. Nesse caso, o juízo da execução unifica as penas no limite máximo de trinta anos. Essa unificação, conforme se depreende do artigo 75, é só para efeito de cumprimento de pena, não se aplicando, a nosso ver, à obtenção da progressão de regimes, bem como à concessão do livramento condicional, remição ou a outras finalidades.
1.10 Cálculos de progressão de regime prisional
Conforme já dito, para a progressão de regime de cumprimento de pena, deverá o reeducando preencher os requisitos de ordem subjetiva e principalmente os de ordem objetiva, que traduzem-se no cumprimento do lapso temporal correspondente a 1/6 (um sexto) da pena a que fora condenado, ou a 2/5 (dois quintos) se primário ou 3/5 (três quintos) se reincidente, ambos em crime hediondo.
Convém perguntar-se: Como faço para saber qual a quantidade de pena é necessária para a progressão?
Abstratamente, se estabelece como resposta o 1/6 (um sexto), mas, e concretamente?
Para isso, podemos estabelecer algumas regras:
1.10.1 Regras para cálculo de progressão em regime inicial FECHADO
Para o cálculo de progressão em penas cujo regime inicial é o fechado, estabelecemos quatro passos a saber:
Supondo que o agente fora condenado à pena de 15 (quinze) anos de reclusão.
1º passo – Encontrar a quantidade de pena a ser cumprida no regime Fechado:
Fórmula: F = PT/6
Legenda
F = Fechado
PT = pena total
6 = divisor
Assim temos: 
F = 15 anos/6 
F = 02 anos e 06 meses
2º passo – Encontrar a pena restante
Fórmula: PR = PT – PCRF
Legenda
PR = pena restante
PT = pena total
PCRF = pena cumprida no regime fechado
Assim temos:
PR = 15 anos – 02anos e 06 meses
PR = 12 anos e 06 meses
3º passo – Encontrar a quantidade de pena a ser cumprida no regime semi-aberto
Fórmula: SA = PR/6
Legenda
SA = semi-aberto
PR = pena restante
6 = divisor
Assim temos:
SA = 12 anos e 06 meses/6
SA = 02 anos e 01 mês
4º passo – Encontrar a quantidade de pena a ser cumprida no regime aberto
Fórmula: AB = PR – PCSA
Legenda
AB = aberto
PR = pena restante
PCSA = pena cumprida no semi-aberto
Assim temos:
AB = 12 anos e 06 meses – 02 anos e 01 mês
AB = 10 anos e 05 meses
1.10.2 Regras para cálculo de progressão em regime inicial SEMI-ABERTO
Para o cálculo de progressão em penas cujo regime inicial é o semi-aberto, estabelecemos dois passos a saber:
Supondo que o agente fora condenado à pena de 06 (seis) anos de reclusão.
1º passo – Encontrar a quantidade de pena a ser cumprida no regime semi-aberto:
Fórmula: SA = PT/6
Legenda
SA = semi-aberto
PT = pena total
6 = divisor
Assim temos: 
SA = 06 anos/6 
SA = 01 ano
2º passo – Encontrar a quantidade de pena a ser cumprida no regime aberto
Fórmula: AB = PT – PCSA
Legenda
AB = aberto
PT = pena total
PCSA = pena cumprida no semi-aberto
Assim temos:
AB = 06 anos – 01 ano
AB = 05 anos

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