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FOME DE PODER LARISSA PRONTO

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O filme fome de poder nos mostra a trajetória de sucesso dos irmãos Mac e Dick McDonald retrata a história, e como eles conseguiram se tornar a lanchonete de sucesso em todo mundo. A lanchonete, claro, era o primeiro McDonald's, e o filme mostra com que custos, econômicos e humanos, aquele pequeno estabelecimento na Califórnia se tornou o que é hoje. 
Em 1954, Os irmãos Mac e Dick McDonald estavam à frente da fabricação e administração da lanchonete, e tudo funcionava bem. Nada de espera para receber um simples hambúrguer, nada de discutir com a garçonete porque ela novamente tinha errado o seu pedido. O sanduíche chegava em 30 segundos. Eles priorizavam pela total eficiência da organização e, para que se alcançassem a eficiência, todos os detalhes formais eram vistos com antecedência, a fim de que não existissem interferências pessoais que pudesse atrapalhar todo o processo. Nesse sentido, os irmãos Mac e Dick McDonald tiveram a ideia de racionalizar, de "burocratizar" ao máximo as atividades de uma lanchonete. Em vários momentos é possível relacionar a teoria burocrática a começar por exemplo em uma cena em que mostra como as coisas funcionam, nas próprias confecções dos hambúrgueres, revela como trabalhava a linha de produção, com cada empregado se especializando numa tarefa específica: ou fritar a carne, ou colocar duas rodelinhas (sempre duas) de pepino sobre o queijo derretido. Portanto, com o óleo das batatas em temperatura constante, com a duração de cada etapa rigidamente cronometrada, com o gerente zelando pela obediência às regras. Total racionalidade em todas as funções e processos, dos pedidos a produção dos hambúrgueres até as entregas. Só que dentro dessa racionalidade ainda havia os seus limites. 
Os criadores de todo esse sistema não se interessavam em expandir o negócio, seu sucesso eram local, existia apenas o desejo de trazer para o público local algo melhor que as outras lanchonetes fazia, ou seja, um trabalho diferenciado. Não existia neles a ambição de ampliar, de fazer desse negócio alto tão grande. 
Eles queriam apenas que a lanchonete fosse um local agradável para receber famílias, tanto é que tirou do seu estabelecimento tudo que pudesse reunir pessoas baderneiras, como as máquinas de vender cerveja e cigarros, os aparelhos de música automática, na tentativa de tornar o local acolhedor as famílias que ali sentassem para comer.
A partir daí entra o protagonista do filme, "The Founder" ("O Fundador"), como diz o título original. Ray Kroc (Michael Keaton) transforma a lanchonete num sistema de franchising, cobrindo o mundo inteiro com o logotipo da empresa.
Em muitos aspectos, Kroc é bem mais "racional" do que Mac e Dick McDonald. Na frase em que ele diz: - Por que não usar uma mistura em pó para fazer milk-shake, se isso economiza milhões nos custos de refrigeração? Os irmãos rejeitam pois não visam apenas o lucro, preferencialmente para eles o melhor para o cliente é a forma como eles implantaram no primeiro momento e estava dando certo. Kroc tinha a ambição de ganhar mais com isso, sua visão era ampla e de negócio ele entendia muito bem, em se tratando de cálculo, do lucro e os modos de disciplinar a atividade dos franqueados ganham em sofisticação e o filme mostra algumas tiradas autenticamente geniais desse ponto de vista.
Há outro fator em jogo, todavia. Não se trata apenas de lucro mas quase de religião também. Os "arcos dourados" da lanchonete, na cabeça de Ray Kroc, teriam de elevar-se em cada cidade, ao lado da bandeira americana nos edifícios públicos e da cruz na torre das igrejas. Este modelo racional-tradicionalista dos dois irmãos dá espaço a um tipo de vocação messiânica por parte de Ray Kroc do mesmo modo que as modernas igrejas evangélicas adotam, por sua vez, o sistema de "franchising" para sua expansão. Racionalidade e espírito missionário sem qualquer crença sobrenatural hoje em dia combinam-se mais uma vez, como nas teorias do velho Max Weber sobre a origem do capitalismo.
Ray Kroc conseguiu chegar aonde ele queria, passou por cima dos seus irmãos e atropelou a ética e a moral, para ele lucrar mais, dessa perspectiva, não é egoísmo, é questão de sobrevivência, neste ou no outro mundo. Os arcos dourados da lanchonete surgem para ele como um portal sagrado.

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