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Sumário 1 Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas 1 1.1 Introdução às Equações Diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1.3 Equações Diferenciais Ordinárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.5 Equações Separáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.6 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.7 Equações Diferenciais Homogêneas de 1a Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.9 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.10 Equações Exatas de 1a Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.11 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.12 EDO’s Lineares de 1a Ordem e a Equação de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.13 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 iii 1 Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas 1.1 Introdução às Equações Diferenciais Da maneira mais informal possível, podemos dizer que uma equação diferencial é uma equação que relaciona uma determinada aplicação às suas derivadas, caso elas estejam em função de apenas uma variável independente a equação diferencial será ordinária (EDO); caso a aplicação esteja em função de duas ou mais variáveis independentes, a equação diferencial será parcial (EDP). Aqui trataremos das equações diferenciais ordinárias (EDO’s); no entanto, sempre que con- veniente, mencionaremos exemplos de equações diferenciais parciais (EDP’s). Vamos a alguns exemplos ilustrativos: Exemplo 1.1.1 Supondo y = y(x), função de única variável x, a equação xdydx = ln(x) é uma equação diferencial ordinária. Sem muita dificuldade, é fácil percerber que o ato de substituir y por (ln(x))2 torna a igualdade verdadeira. Dizemos que y(x) = (ln(x))2 é uma solução da EDO. Exemplo 1.1.2 Analogamente ao exemplo anterior, é fácil verificar que a equação d 2y dx2 − yx − 2y = 0 é satisfeita pelas funções y1(x) = e−x e y2(x) = e2x. Isto significa que y1 e y2 são soluções da EDO. Adiante veremos que y1 e y2 formam um conjunto linearmente independente de soluções da EDO e que y(x) = C1y1+C2y2, onde C1 e C2 são constantes arbitrárias, é solução geral da EDO. Exemplo 1.1.3 A equação p ′ = p(λ − ap + be−p), em que λ, a e b são constantes fixadas e p = p(t) a população no instante t, é uma EDO proposta pelos pesquisadores Francisco J. Ayala, Michael E. Glipin e Joan G. Ehrenfeld em "Competiotion between species: theorical models and experimental texts" no ano de 1973, para modelar o crescimento de uma população atrelada a uma competição com uma segunda espécie. Exemplo 1.1.4 Quando u = u(x,y, z, t) representa um campo de temperaturas, a equação diferencial parcial ∂u ∂t = η ( ∂2u ∂x2 + ∂2u ∂y2 + ∂2u ∂z2 ) = η∇2u, 2 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas onde η é uma constante fixa chamada de coeficiente de difusão térmica, é denominada equação do calor. Exemplo 1.1.5 Quando a equação u = u(x,y, z, t) representa o deslocamento de uma onda, a equação diferencial parcial ∂u ∂t = c2 ( ∂2u ∂x2 + ∂2u ∂y2 + ∂2u ∂z2 ) = c2∇2u, onde c é uma constante fixa, é chamada de equação de onda. Exemplo 1.1.6 A equação diferencial parcial ∂2u ∂x2 + ∂2u ∂y2 + ∂2u ∂z2 = 0 ( ou ∇2u = 0) , é chamada equação de Laplace. Soluções da equação de Laplace estão relacionadas a temas que vão da Lei de Gravitação Universal de Kepler à Mecânica dos Fluidos e ao Eletromag- netismo. Como destacado em alguns exemplos anteriores, uma solução de uma equação diferencial é uma função que torna a igualdade verdadeira. Exercitaremos esta propriedade em alguns exercícios. 1.2 Exercícios 1.2.1 Para cada uma das equações diferenciais a seguir verifique se a função dada é ou não solução. (a) d2y dx2 − 2 x2 y = 0, y(x) = x2 (b) d2u dx2 − u = 0, u(x) = ex (c) d2u dx2 − dudx − 6u = 0, u(x) = Se −2x + �3x (d) y ′ = 4x, y(x) = 2x2 + 4 (e) y ′′ + 4y = 0, y(x) = c1 sin(2x) + c2 cos(2x) (f) xu ′ − u2 − u = x2, u(x) = x tan(x) (g) t∂u∂t + ∂2u ∂x2 = 0, u(x, t) = t cos(x) (h) x2y ′′ + xy ′ − 2y = x2, y(x) = x2 (i) x2y ′′ + xy ′ + y = x, y(x) = x (j) dudx + e xu = ex, u(x) = 1 (k) y ′ − y2 = 0, y(x) = − 1x+2 (l) y ′ − √ y = 0, y(x) = x2 Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.3. Equações Diferenciais Ordinárias 3 (m) ∂xf+ ∂yf+ ∂zf = 0, f(x,y, z) = x2 − 2xy+ 2yz. 1.3 Equações Diferenciais Ordinárias A partir de agora, a não ser que ocorra menção explícita em contrário, trataremos funções de apenas uma variável independente de x (ou t, quando conveniente). Consideremos u : R −→ R x −→ u(x) uma função (não necessariamente conhecida) e du dx , d2u dx2 , . . . , dnu dxn suas derivadas ordinárias. Sejam Φ : Rn+1 −→ R( u(x),u ′(x), . . . ,u(n) ) −→ Φ ( u(x),u ′(x), . . . ,u(n) ) um campo e f : R −→ R x −→ f(x) uma função real. Uma equação diferencial ordinária (EDO) será aqui representada em sua forma geral pela igualdade Φ ( u, du dx , d2u dx2 , . . . , dnu dxn ) = f(x) (1.3.1) Quando existirem funções reais a0, a1, an : R −→ R tais que aj : R −→ R x −→ aj(x) eΦ ( u, dudx , d2u dx2 , . . . , d nu dxn ) = ∑n j=0 aj(x) dju dxj ; (isto é,Φ ( u, dudx , d2u dx2 , . . . , d nu dxn ) = a0(x)u+a1(x) du dx , . . . ,an(x) dnu dxn ) diremos que a EDO é linear. Em caso contrário a EDO será não linear. Assim, por exemplo, • são lineares as EDO’s Exemplo 1.3.1 x2u ′′ − 2xu ′ + √ xu = 2x Exemplo 1.3.2 (1+ x2)u ′ − x 3 2 = 0 Exemplo 1.3.3 d3u dx + 2 d2u du2 − 5dudx + 2u = sin(x) Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 4 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas Exemplo 1.3.4 (cos(x))y ′ − (sin(x))y = 1 • não são lineares as EDO’s Exemplo 1.3.5 √ u ′′ − u ′ = 2x Exemplo 1.3.6 x(u ′)2 + u = 0 Exemplo 1.3.7 d2w dx2 dw dx +w = 0 Exemplo 1.3.8 ln(y ′′) + xy = x2 + 1 Como descrito informalmente nas seções anteriores uma solução para o Exemplo 1.3.1 é uma função u que, juntamente com suas derivadas ordinárias, torna a igualdade satisfeita. Caso an : R −→ R não seja identicamente nula, a EDO linear an(x) dnu dxn + an−1(x) dn−1u dxn−1 + · · ·+ a2(x)d 2u dx2 + a1(x) du dx + a0u = f(x) (1.3.2) tem ordem n. A EDO linear do exemplo 1.3.1 é de 2a ordem; no exemplo 1.3.2 temos uma EDo de 2a ordem; uma EDO linear de 3a ordem é apresentada no exemplo 1.3.3; e, finalmente, outra EDO de 1a ordem aparece no exemplo 1.3.3. Com o objetivo de reconhecer o objeto de estudo, lançamos mais alguns exercícios prelimi- nares. 1.4 Exercícios 1.4.1 Classifique cada uma das equações a seguir em linear ou não linear. Caso a equação seja linear, determine sua ordem. a) d2u dx2 + 3 du dx + 2u = x b) (u ′)2 + 2u = 0 c) y ′′′ − 2y ′′ + 3y ′ − 2y = ex d) x ′ cos(t) + x sin(t) = 1, x = x(t) e) 4 d4u dx4 − 5 d2u dx2 + u = 0 f) xu ′ − u ln(u) = 0 Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.5. Equações Separáveis 5 1.5 Equações Separáveis Nesta seção classificaremos a classe mais simples de equações diferenciais ordinárias. Mais pre- cisamente, revisaremos as propriedades e técnicas de integração introduzidas logo após a apre- sentação do Teorema Fundamental do Cálculo, estudado nos dois primeiros semestres do curso. Uma equação diferencial ordináriaé separável quando é possível reconhecer funçõesψ1,ψ2 : R→ R de maneira que seja possível reescrever a EDO na forma ψ1(u)du = ψ2(x)dx. (1.5.1) Neste caso, determinar a solução da EDO é tão simples quanto for simples a obtenção das primitivas de ψ1 e ψ2 para funções Ψ1 e Ψ2, respectivamente. É compreensível que a função u nem sempre será obtida de modo explícito (isso será ilustrado em alguns exemplos). Exemplo 1.5.1 Consideremos a EDO linear de 1a ordem 1 x u ′ + xu = 0. Temos du dx = −x2u e, portanto, 1 u du = −x2dx. Assim comparando com o Exemplo 1.5.1, ψ1(u) = 1u e ψ2(x) = −x 2 e, Ψ1(u) = ln |u| + C1 e Ψ2(x) = − x3 3 + C2. Lançando mão das propriedades básicas de integração, portanto, da igualdade 1udu = −x 2dx segue, imediatamente, ln |u| = −x 3 3 + C. Logo |u| = e − x 3 3 +C = e− x3 3 eC = Ke− x3 3 . Como o segundo membro é sempre positivo, podemos escrever u(x) = Ke− x3 3 . Exemplo 1.5.2 Encontre y = y(x) tal que y ′ = (x+ y− 5)2. Aqui a EDO apresentada não é homogênea e nem linear. Também não aparenta ser separável; no entanto, utilizando a substituição simples u = x+ y− 5 temos dudx = 1+ dy dx . Portanto, du dx − 1 = u 2. Logo, du dx = u2 + 1⇒ 1 u2 + 1 du = dx⇒ arctan(u) = x+ c. ⇒ u = tan(x+ c)⇒ x+ y− 5 = tan(x+ c) y(x) = tan(x+ c) − x+ 5 Exemplo 1.5.3 A altura, no instante t, de um objeto em queda livre, relativamente ao solo satisfaz a EDO linear de 2a ordem separável d2h dt2 = −g, onde g é a aceleração da gravidade (g ≈ 10m/s2). De d2h = −gdt segue dhdt = −gt + C1 e h = −gt 2 2 + C1t + C2. As propriedades físicas do problema no dizem que dh dt representa a velocidade de queda em cada instante. Se considerarmos que o objeto foi lançado de uma Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 6 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas altura inicial (isto é, no instante t0) h0 a uma velocidade inicial v0 temos: dh dt (0) = −g (0) + C1 = V0 ⇒ C1 = V0 e h(0) = − g 2 (0)2 + V0 (0) + C2 = h0 ⇒ C2 = h0. Logo, h(t) = −g2 t 2 + v0t+ h0. Nos modelos do exemplo 1.5.3, quando atrelamos a uma EDO valores de contorno temos uma forma de determinar as constantes de integração envolvidas. Evidentemente, a quantidade de constantes é exatamente igual à ordem da EDO. Observe que, ao resolver uma EDO obtemos um conjunto de funções como solução e ao determinarmos todas as constantes obtemos uma função particular, chamada solução do Problema de Valor Inicial, ou Problema de Cauchy. Sejam u,a0,a1, . . . ,an : R −→ R. Fixando x0 ∈ R, chamamos de problema de Valor Inicial (PVI), ou ainda de Problema de Cauchy, ao sistema an(x)u (n) + an−1(x)u (n−1) + · · ·+ a2(x)u ′′ + a1(x)u ′ + a0(x)u = f(x) u(x0) = u0 u ′(x0) = u1 u ′′(x0) = u2 ... u(n−1)(x0) = un−1 (1.5.2) Exemplo 1.5.4 Seja T a temperatura de um corpo no instante t. Suponha que o corpo seja imerso em um ambiente cuja temperatura seja Ta. Um modelo simplificado da Lei de Resfriamento de Newton (um modelo mais completo envolve derivadas parciais) nos diz que dTdt = −K(T−Ta), onde K é uma contante positiva. O PVI { dT dt = −K(T − Ta) T(0) = T0 tem solução imediata T(t) = (T0 − Ta)e −Kt + Ta. Observe que no exemplo anterior consideramos que a temperatura do ambiente Ta permanece constante. Obviamente, se estabelecermos que Ta varia após a interação com o corpo (o que faremos em momento oportudo), obteremos uma situação um pouco mais complexa. Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.6. Exercícios 7 Exemplo 1.5.5 Considere o Problema de Cauchy { u ′ = u2 u (0) = 3 . Observe que, embora a equação u ′ = u2 seja não linear, de dudx = u 2 temos u−2du = dx e, portanto, −u− 1 = x+ c⇒ u = − 1 x+ c . Como u(0) = − 1c = 3⇒ c = −13 . Então, podemos afirmar que a solução do problema de Cauchy é u(x) = 3 1− 3x 1.6 Exercícios 1.6.1 Determine o conjunto de funções que satisfazem as seguintes EDO’s: a) dydx = y2+1 x b) u ′ = xu c) u ′ = 2u3 d) dydx = 2xy x2+1 e) dwdx = w x f) dwdx = x w g) dudx = 3y 1+2x h) uu ′ − sin(x) = 0 i) xu ′ − sec(x) = 0 j) uu ′ − ex = 0 k) x3y ′ + y3 = 0 l) xyy ′ = y+ 1 1.6.2 Determine a solução do problema de Cauchy. a) { xu ′ − ln(x) = 0 u(1) = 1 b) du dx = xu sin(x) u(0) = 1 c) { dT + k(T − 60)dt = 0 T(0) = 20 d) { u 1/2u ′ + x1/2 = 0 u(1) = 2 e) du dx = −u(x+ 1) u(−2) = 1 f) dy dt = ky ( 1− y c ) y(0) = y0 g) dP dt = k(c− P) P(0) = P0 h) { u ′ − x2u2 = 0 u(2) = −1 1.7 Equações Diferenciais Homogêneas de 1a Ordem Muitas equações diferenciais abordadas neste texto podem se tornar mais simples efetuando-se uma mudança de variáveis adequada. Nesta seção discutiremos as equações homogêneas que embora não sejam separáveis podem transformar-se em equações separáveis. Seja ϕ : R2 −→ R (x,y) −→ ϕ(x,y) Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 8 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas uma função. Diremos que ϕ é homogênea de grau k quando ϕ (tx, ty) = tkϕ (x,y). A função ϕ1 (x,y) = xy2 − 2x3 + y3 − 3x2y é homogênea de grau 3 já que ϕ1 (tx, ty) = t3ϕ1 (x,y). Já a função ϕ2 (x,y) = x2e x/y+ 2xy tan ( x y ) é homogênea de grau 2. Já ϕ3 (x,y) = e x/y+ tan ( x y ) é homogênea de grau 0. Por outro lado, ϕ (x,y) = x2−2xy+y não é homogênea. Definição 1.7.1 Uma equação diferencial é homogênea quando pode ser escrita na forma M (x,y)dx+N (x,y)dy = 0 onde M e N são funções homogêneas de mesmo grau. Suponha M e N funções homogêneas de grau k. Logo, se escrevemos y = vx temos dy = xdv+ vdx eM(x, vx) = xkM(1, v) e N(x, vx) = xkN(1, v). Portanto,M(x,y)dx+N(x,y)dy = 0 transforma-se em xk [M(1, v)dx+N(1, v)(xdv+ vdx)] = 0. Isso significa que podemos escrever: [M (1, v) + vN(1, v)]dx = −xN (1, v)dv e, para M (1, v) + vN (1, v) 6= 0 e x 6= 0 1 x dx = −N (1, v) M (1, v) + vN (1, v) dv (1.7.1) Observe que o dado esquerdo da igualdade depende apenas de x e o lado direito depende apenas de v, o que nos garante o seguinte resultado. Proposição 1.8. Seja M (x,y)dx + N (x,y)dy uma equação homogênea. Então é possível reescrevê-la na forma de uma equação de variáveis separáveis na forma descrita em (1.7.1) através da mudança de variáveis y = vx, onde v é uma função diferenciável na variável x. Exemplo 1.8.1 Resolva a equação diferencial xy ′ = x+ y. Escrevendo a equação na forma xdy = (x+ y)dx é fácil ver que trata-se de uma equação homogênea de grau 0 (verifique!). Fazendo y = vx e, portanto, dy = vdx + xdv segue x (vdx+ xdv) = (x+ vx)dx. Supondo x 6= 0, v 6= 0 temos vdx+ xdv = (1+ v)dx⇒ dv = 1 x dx⇒ v = ln x+ c ou ainda v = lnkx. Como v = y x temos y (x) = x lnkx (ou y (x) = x ln x+ c) Exemplo 1.8.2 A EDO 2xyy ′ = 4x2 + 3y2 é homogênea de grau 2. Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.9. Exercícios 9 Usando novamente a substituição y = vx (supondo x 6= 0 e y 6= 0) podemos escrever 2v v2 + 4 dv = 1 x dx⇒ v2 + 4 = cx ⇒ y 2 x2 + 4 = cx ⇒ y2 = cx3 − 4x2. 1.9 Exercícios 1.9.1 Resolva as seguintes EDO’s homogêneas. a) y ′ = x+ y x− y b) xy ′ = y+ 2xe−y/x c) xdy = √ x2 + y2dx = 0 d) ( x3 + y3 ) dx− xy2dy = 0 e) x2y ′ = 2y2 + 3xy f) (2x+ 3y)dx− xdy = 0 1.9.2 Resolva o Problema de Cauchyy ′ = 2x− y+ 4 x− 2y+ 5 y (0) = 2 1.10 Equações Exatas de 1a Ordem Dada uma função ϕ : R2 −→ R (x,y) −→ ϕ(x,y) diferenciável e de derivadas parciais primeiras contínuas, temos a garantia que ∂f ∂x∂y = ∂f ∂y∂x . Tal relação, chamada relação de Cauchy-Riemann, será a ferramenta desta seção, utilizada na resolução das equações que classificaremos de exatas, segundo a definição a seguir. Definição1.10.1 Sejam M,N : R2 → R funções deriváveis e de derivadas parciais contí- nuas em um certo domínio. Uma equação na forma M (x,y) +N (x,y) dy dx = 0 Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 10 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas é chamada equação diferencial exata quando ∂M ∂y = ∂N ∂x (ou My =Mx) em cada pondo deste domínio. Exemplo 1.10.1 Considere a equação y ′ = 4y− 6x− 14xy 7x2 − 4x . Observe que podemos reescrevê-la na forma (6x− 4y+ 14xy) + ( 7x2 − 4x ) dy dx = 0 ou ainda (6x− 4y+ 14xy)dx+ ( 7x2 − 4x ) dy = 0. Considerando M (x,y) = 6x− 4y+ 14xy e N (x,y) = 7x2 − 4x, é de imediata verificação que ∂M ∂y = −4+ 14x = ∂N ∂x e, portanto a equação é exata. Ainda a respeito do exemplo anterior, suponha f uma função de duas variáveis tais que (I) ∂f ∂x =M (x,y) e (II) ∂f ∂y = N (x,y) Logo, ∂f ∂y∂x =My = Nx = ∂f ∂x∂y . Sem muita dificuldade, podemos integrar ∂f =M (x,y)∂x, obtendo f (x,y) = ∫ M (x,y)∂x+ φ (y) e, após derivar esta última expressão, determinamos φ por comparação com (II). No nosso exemplo, f (x,y) = ∫ (6x− 4y+ 14xy)dx = 3x2 − 4xy+ 7x2y+ φ (y) . Logo, ∂f ∂y = −4x+ 7x2 + φ ′ (y)⇒ φ ′ (y) = 0⇒ φ (y) = k1. Assim, f (x,y) = 3x2−4xy+7x2y+k1 é uma família de funções satisfazendo ∂f ∂x =M e ∂f ∂y = N. De volta à nossa EDO, é imediato que uma solução y = y (x) é dada, na forma implícita, pela equação 3x2 + ( 7x2 − 4x ) y+ k1 = k2, ou ainda, y = y (x) = c− 3x2 7x2 − 4x (para x 6= 0 e x 6= 47). c = k2 − k1 é uma constante. Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.11. Exercícios 11 Evidentemente, nem sempre será possível (nem aqui e nem nos casos anteriores e posteriores) obtermos uma solução de modo explícito como acima. De fato, muitas vezes trabalharemos com a solução na forma implícita (ou até mesmo na forma de uma integral). Exemplo 1.10.2 Resolva a equação dy dx = −1 x+ 2ye−y . Observe que é possível reescrever a equação na forma ey + (xey + 2y)dy = 0. Considerando M (x,y) = ey e N (x,y) = xey + 2y temos My = e y = Nx e, portando, a equação é exata. Assim, existe f : R2 → R tal que M (x,y) = ∂f ∂x e N (x,y) = ∂f ∂y . Logo, integrando M em relação a x obtemos f (x,y) = xey + φ (y) e, portanto, ∂f ∂y = xey + φ ′ (y) = N (x,y) = xey + 2y⇒ φ ′ (y) = 2y ∴ φ (y) = y2 + k1 e f (x,y) = xey + y2 + k1 Então, uma solução y = y (x) da equação é dada por f (x,y) = k2 ou ainda xey + y2 = c. (Evidentemente, aqui não há como obter uma solução na forma explícita). 1.11 Exercícios 1.11.1 Verifique quais das equações são exatas. Resolva as que forem exatas. a) (y cos x+ 2xey)dx+ ( sin x+ x2ey − 1 ) dy = 0 b) dy dx = 2xy x2 − y2 c) dy dx = −y2 2+ xy d) dy dx = 1+ y x− 1 e) (2x+ 3) + (2y− 2)y ′ = 0 f) ( 2xy2 + 2y ) + ( 2x2y+ 2x ) y ′ = 0 Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 12 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas 1.12 EDO’s Lineares de 1a Ordem e a Equação de Bernoulli Sejam P, f : R→ R funções que suporemos integráveis. A equação dy dx + P (x)y = f (x) (1.12.1) é chamada EDO linear de 1a ordem. Para iniciar um esboço de resolução da equação (1.12.1) lembramos que, dadas funções dife- renciáveis de variável x, v e w, temos v dw dx +w dv dx = d dx [vw] . Comparando com o 1o membro de (1.12.1) somos instigados a nos perguntar a respeito da pos- sibilidade de existência de uma certa função µ = µ (x) que multiplicada por (1.12.1) transforme o lado direito na derivada de um produto. Mas, multiplicando µ (x) por (1.12.1) obtemos µ (x) dy dx +µ (x)P (x)y = µ (x)+f (x), portanto, para que a resposta à nossa pergunta seja afirmativa é necessário e suficiente que µ (x)P (x) = d dx µ (x)⇒ 1 µ (x) d [µ (x)] = P (x)dx. Logo, ln |µ (x)| = ∫ P (x)dx e, portanto, µ (x) = e ∫ P(x)dx é o nosso fator procurado, chamado fator integrante de (1.12.1). Observe que, com isso, d dx [ e ∫ P(x)dxy ] = e ∫ P(x)dxf (x)⇒ y = y (x) = e− ∫ P(x)dx ∫ f (x) e ∫ P(x)dxdx. Com isso, podemos destacar o seguinte resultado: Teorema 1.12.1. A solução da EDO linear de 1a ordem y ′ + P (x)y = f (x) é y = y (x) = e− ∫ P(x)dx ∫ f (x) e ∫ P(x)dxdx. Exemplo 1.12.1 A solução da equação y ′ + 1 x y = x é y (x) = e− ∫ 1 xdx ∫ xe ∫ 1 xdx = x−1 ∫ x2dx = 1 x ( x3 3 + c ) ∴ y (x) = x 2 3 + c x (c = cte) Observe que o fator integrante é µ (x) = x. Multiplicando pela equação temos xy ′ + 1y = x2. É imediato que d dx [xy] = x2 Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.12. EDO’s Lineares de 1a Ordem e a Equação de Bernoulli 13 e, portanto, xy = x3 3 + c. Em outras palavras, a solução y (x) = x 2 3 + c x foi obtida com uma notação “menos carregada”. Evidentemente, tando a EDO quanto a solução encontrada estão definidas em intervalos da reta que não contenham a origem. Exemplo 1.12.2 Determine a solução geral da EDO y ′ + ( 1+ 2 x ) y = x−2ex. O fator integrante é µ (x) = e ∫ (1+ 2x)dx = ex+lnx 2 = exx2. Portanto, multiplicando pelo fator integrante, temos a nova EDO x2exy ′ + ( x2 + 2x ) ex 2 y = e2x ⇒ d dx [ x2exy ] = e2x ⇒ x2exy = e 2x 2 + c⇒ y (x) = 1 2 x−2ex + cx−2e−2x. Exemplo 1.12.3 A EDO d2y dx2 + 3 x dy dx = 2x2 é de 2a ordem. Porém, fazendo z = dy dx temos dz dx = d2y dx2 e a equação dz dx + 3 x z = 2x2 cujo fator integrante é µ (x) = e ∫ 3 xdx = x3. De x3 dz dx + 3x2z = 2x5 segue d dx [ x3z ] = 2x5. Logo, x3z = 1 3 x6 + c1 ⇒ z = 13x 3 + c1x −3. Para obter a solução de nossa EDO original, lembremos que z = dy dx . Portanto, y (x) = ∫ ( 1 3 x3 + c1x −3 ) dx = 1 4 x4 − c1 2 x−2 + c2, ou ainda, y (x) = x4 4 + kx−2 + c. Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 14 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas Exemplo 1.12.4 Resolva o Problema de Cauchy dy dx − 1 x y = 3 x y (1) = 3 Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.12. EDO’s Lineares de 1a Ordem e a Equação de Bernoulli 15 A EDO y ′ − 1 x y = 3 x tem fator integrante µ (x) = 1 x . Temos 1 x y ′ − 1 x2 y = 3 x2 ⇒ ( 1 x y )′ = 3 x2 ⇒ 1 x y = − 3 x + c. Logo, y (x) = −3+ cx. Como y (1) = 3 temos 3 = −3+ c⇒ c = 6. ∴ y (x) = −3+ 6x é a solução procurada. Uma generalização da equação (1.12.1) é dada por dy dx + P (x)y = Q (x)yn (1.12.2) chamada equação de Bernoulli. Quando n = 0 ou n = 1, a equação (1.12.2) reduz-se ao caso anterior. Supondo n 6= 0 e n 6= 1, a substituição simples z = y1−n acarreta dz dx = (1− n)y−n dy dx e de y−n dy dx + P (x)y1−n = Q (x) segue dz dx + (1− n)P (x) z = (1− n)Q (x) (1.12.3) que é uma EDO linear de 1a ordem. A solução de (1.12.3) é obtida imediatamente do Teorema 1.12.1, observando a mudança de variáveis z = y1−n. Exemplo 1.12.5 Resolva a EDO y ′ + 2 x y = 1 x y3. Trata-se de uma equação de Bernoulli com n = 3. Multiplicando a equação por y−3 segue y−3y ′ + 2 x y−2 = 1 x . Fazendo, a exemplo da descrição anterior, z = y−2, a equação acima torna-se z ′ − 4 x z = − 2 x ⇒ x−4z ′ − 4x−5z = −2x−1 ⇒ (x−4z)′ = −2x−1 ⇒ x−4z = ln (kx−2) . Exemplo 1.12.6 Encontre todas as soluções da EDO dy dx = y+ y2. Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 16 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas Trata-se de uma EDO de Bernoulli com n = 2. Podemos reescrevê-la na forma y−2 dy dx − y−1 = 1 e, após a substituição z = y−1 e, portanto,dz dx = −y−2 dy dx temos dz dx + z = −1⇔ ex dz dx + exz = ex. Logo, d dx [exz] = ex ⇒ exz = ex + c⇒ z = 1+ ce−x. Portanto, como z = 1 y , temos y (x) = 1 1+ ce−x . 1.13 Exercícios 1.13.1 Encontre a solução de cada uma das EDO’s. a) dy dx + 1 x y = x−2 b) y ′ + 2 x = x c) y ′ − 1 x y = ex d) y ′ − 1 x y = x2 − sin x e) x du dx + u = 1 f) y ′ + 1 x u = xu3 g) dy dx + 1 x y = x2 ln xy2 h) x2u ′ + 2xu = 5u3 i) (cos x)y ′ − (sin x)y = cos2 x j) 2xu du dx = u2 − x k) 2y ′ + y = ex l) ( 1+ x2 ) du dx + 4xu = x 1+ x2 m) 2xyy ′ + x = y2 1.13.2 Segundo modelo empírico proposto pelo biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy, a massa m = m (t) de um peixe satisfaz a equação dm dt = am 2/3 − bm, onde a e b são constantes que representam, respectivamente, a taxa de síntese de massa por unidade de superfície do peixe (anabolismo), e a taxa de diminuição de massa por unidade de massa (catabolismo). Mostre que m (t) = c ( 1− e−β/3 )3, onde c = (αβ)3. O que ocorre quando t→∞? Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 1.13. Exercícios 17 1.13.3 O matemático belga Pierre François Vernulst propôs que a dinâmica populacional em populações isoladas satisfaz a EDO dp dt = a [ p− 1 b p2 ] , onde a representa a diferença entre as taxas de natalidade e mortalidade e b é o número máximo de indivíduos que o ambiente suporta. Resolva a EDO e considere p (0) = p0. Mostre que p (t) t→∞−−−→ab . 1.13.4 Considere um circuito em série composto por um resistor e um indutor. Pela 2a Lei de Kirchkoff a soma das quedas de voltagem no indutor ( Ldidt ) e no resistor (iR) é igual à voltagem aplicada no circuito (E (t)). Portanto, L di dt + iR = E (t) . Suponha que uma forma eletromotriz constante de 40 volts é aplicada ao circuito. Suponha ainda que a indutância L é de 110 henry e que a resistência R é de 60 ohms. Se i (0) = 0 encontre i (t). 1.13.5 Encontre y = y (x) que satisfaz y ′ + y+ x+ x2 + x3 = 0. 1.13.6 Resolva os Problema de Valor Inicial a) { xy ′ = y+ 1 y (1) = 0 b) y ′ + 2y = sin x y (0) = 1 4 c) { y ′ + y = ex y (0) = 1 d) { y ′ − 2y = −3x2 y (0) = 2 e) { 2xy ′ + x2 = y2 y (0) = 0 f) { 2xy ′ + x2 = y2 y (0) = 1 1.13.7 Ache a solução de cada uma das EDO’s. a) y ′ = x2y b) du dx = − u x2 c) du dx = − u x d) y ′ = (x+ y)3 e) y ′ = (2x+ 3y− 1)2 f) y ′ = ey/x + y x g) y ′ = 13x2 − 4xy2 13y2 + 4xy2 h) xy ′ = x+ y i) xy ′′ + y ′ = −x j) y ′′ = 1 x k) y ′ + x2y = e− x3 3 l) y ′ = y 1− √ y 1.13.8 Um homem foi encontrado morto em sua casa, num ambiente climatizado, com tempe- ratura constante igual a 20 GRAUS!!. O corpo foi encontrado às 20h02. A perícia, chegando ao local, registrou a temperatura do cadáver, 30GRAUS, exatamente às 20h32. Exatamente uma hora após o registro, a temperatura do cadáver era 25GRAUS. A que horas ocorreu a morte? 1.13.9 Na Seção 1.10 trabalhamos com equações exatas de 1a ordem, isto é, equações da forma M (x,y) +N (x,y)y ′ = 0 com ∂M ∂y = ∂N ∂x . Mostre que, dada uma equação da forma M (x,y) + N (x,y)y ′ = 0, não exata, é possível encontrar uma equação exata equivalente, multiplicando-a por um fator integrante, sempre que ∂M ∂y − ∂N ∂x N Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 18 1. Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas dependa apenas de x. Mostre ainda que o mesmo ocorre caso ∂M ∂y − ∂N ∂x M dependa apenas de y. 1.13.10 Use o exercício anterior e encontre a solução geral de: a) ydx+ ( x+ 3x3y4 ) dy = 0 b) y ′ = y 2x2y3 c) y ′ = −x3 − y3x 3y2 d) y ′ = y yey − 2x 1.13.11 Seja ψ : R2 −→ R (x,y) −→ ψ(x,y) e sejam a,b, c,d, e, f ∈ R, constantes fixas. Uma equação da forma y ′ = ψ ( ax+ by+ c dx+ ey+ f ) é chamada equação homográfica. Mostre que é sempre possível transformar uma equação homográfica em uma equação homo- gênea ou em uma equação de variáveis separáveis. 1.13.12 Resolva as equações diferenciais a) y ′ = x+ y x− y b) y ′ = x+ y+ 2 x− y+ 8 c) y ′ = x+ y+ 4 x+ 2y+ 6 1.13.13 Seja g a aceleração da gravidade. A velocidade mínima que um objeto, lançado verti- calmente para cima à partir da superfície da Terra, deve atingir para sair do campo de atração da Terra (chamada velocidade de escape) satisfaz m dv dt = − mgR2 (x+ R)2 , onde m é a massa do objeto e R é o raio da Terra. Qual deve ser a velocidade inicial do objeto para que v (t)→ 0 quando t→∞? 1.13.14 Determine a solução do PVI{ (2y− x)y ′ = y− 2x+ 3 y (3) = 2 1.13.15 Determine a solução do PVI y ′ + x2y = 1 3 ex 3 y4 y (0) = 1 2 Revisão Capítulo 0: 30 de julho de 2013 Equações Diferenciais: Definições e Nomenclaturas Introdução às Equações Diferenciais Exercícios Equações Diferenciais Ordinárias Exercícios Equações Separáveis Exercícios Equações Diferenciais Homogêneas de 1ª Ordem Exercícios Equações Exatas de 1ª Ordem Exercícios EDO's Lineares de 1ª Ordem e a Equação de Bernoulli Exercícios
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