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Aula 10

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Ética na Saúde
Profª. Beatriz Acampora
Aula 10
Historicamente os hospitais eram locais de exclusão social;
A partir do desenvolvimento da ciência, surge um grande interesse experimental na análise de patologias e medicamentos;
O hospital passa a ser um local de estudo, de aprimoramento de meios de diagnóstico e tratamento. 
Humanização da relação de saúde
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O hospital deixou de ser um local de morte e passou a ser visto como uma instituição de recuperação;
Nomes passam a ser substituídos por diagnósticos;
Houve uma inversão de valores associados aos cuidados em saúde.
Em função dos conhecimentos técnicos referentes aos problemas de saúde, pareciam tornar desnecessários qualquer atenção pessoal mais cuidadosa com a pessoa do doente.
Humanização da relação de saúde
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A abordagem contemporânea de saúde: as patologias não podem ser interpretadas exclusivamente através dos órgãos nos quais os distúrbios se exibem, mas precisam ser analisadas sob uma concepção mais global do ser humano, deixando de lado a percepção dualista e compreendendo a pessoa como uma unidade. 
 
Humanização da relação de saúde
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Esta nova abordagem envolve:
um caráter mais humanístico
a atenção aos componentes subjetivos da doença, seus aspectos emocionais, componentes mórbidos 
passam a ser valorizados os demais aspectos das dimensões sociais e psíquicas.
Humanização da relação de saúde 
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Busca-se hoje, dosar novas tecnologias e medicamentos de última geração com o relacionamento entre as pessoas, procurando equilibrar ciência e ética através da noção de valores humanos.
 
Humanização da relação de saúde 
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A dificuldade na instalação desta humanização do ambiente hospitalar, no entanto, começa pela própria incongruência das circunstâncias. Como em qualquer outra instituição, o hospital convive com objetivos financeiros, políticos, pessoais e uma série de situações de vida que frequentemente se conflitam e transformam ações em instrumentos de anseios nem sempre éticos ou coletivos.
Humanização da relação de saúde 
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A humanização do atendimento de saúde, passa primordialmente, pela humanização das próprias relações institucionais. Os profissionais de saúde submetem-se em sua atividade a:
tensões psicológicas provenientes do contato permanente com a dor alheia; 
tensões relativas ao seu desempenho que pode representar a diferença entre a vida e a morte de pessoas; 
 
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pressões que muitos trabalhadores vivenciam, independente de suas áreas de atuação como condições salariais e de trabalho. 
Cuidar destes profissionais e humanizar suas relações de trabalho é o passo inicial de qualquer processo de atenção.
Vídeo sobre humanização 
https://www.youtube.com/watch?v=hzFm8iaYuG4 
Humanização da relação de saúde
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O que é humanizar? 
Humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer no corpo, para serem humanizados, precisam tanto que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse sujeito precisa ouvir do outro palavras de seu reconhecimento. 
Humanização da relação de saúde
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A dimensão desumanizante da ciência e tecnologia se dá na medida em que ficamos reduzidos a objetos de nossa própria técnica e objetos despersonalizados de uma investigação que se propõe fria e objetiva.
 
Humanização da relação de saúde
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Nesse sentido, humanizar a assistência hospitalar implica dar lugar tanto à palavra do usuário quanto à palavra dos profissionais da saúde, de forma que possam fazer parte de uma rede de diálogo, que promova as ações, campanhas, programas e políticas assistenciais a partir da dignidade ética da palavra, do respeito, do reconhecimento mútuo e da solidariedade. 
 
Humanização da relação de saúde
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Alguns direitos dos pacientes:
O paciente tem direito a atendimento humano, atencioso e respeitoso, por parte de todos os profissionais de saúde. Tem direito a um local digno e adequado para seu atendimento. 
O paciente tem direito a ser identificado pelo nome e sobrenome. Não deve ser chamado pelo nome da doença ou do agravo à saúde, ou ainda de forma genérica ou quaisquer outras formas impróprias, desrespeitosas ou preconceituosas. 
 
Direitos dos pacientes
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O paciente tem direito a receber do funcionário adequado, presente no local, auxílio imediato e oportuno para a melhoria de seu conforto e bem-estar. 
O paciente tem direito a identificar o profissional por crachá preenchido com o nome completo, função e cargo.  
O paciente tem direito a consultas marcadas, antecipadamente, de forma que o tempo de espera não ultrapasse a trinta (30) minutos. 
 
Direitos dos pacientes
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O paciente tem direito de exigir que todo o material utilizado seja rigorosamente esterilizado, ou descartável e manipulado segundo normas de higiene e prevenção. 
O paciente tem direito de receber explicações claras sobre o exame a que vai ser submetido e para qual finalidade irá ser coletado o material para exame de laboratório. 
 
Direitos dos pacientes
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O paciente tem direito a informações claras, simples e compreensivas, adaptadas à sua condição cultural, sobre as ações diagnósticas e terapêuticas, o que pode decorrer delas, a duração do tratamento, a localização, a localização de sua patologia, se existe necessidade de anestesia, qual o instrumental a ser utilizado e quais regiões do corpo serão afetadas pelos procedimentos.  
 
Direitos dos pacientes
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O paciente tem o direito de ter seu prontuário médico elaborado de forma legível e de consultá-lo a qualquer momento. Este prontuário deve conter o conjunto de documentos padronizados do histórico do paciente, princípio e evolução da doença, raciocínio clínico, exames, conduta terapêutica e demais relatórios e anotações clínicas. 
 
Vídeo sobre os direitos e deveres dos pacientes
https://www.youtube.com/watch?v=DgMjGGkxysQ
Direitos dos pacientes
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Maus tratos, abusos e sanções legais
A OMS (Organização Mundial de Saúde) em seu Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, um extenso documento publicado em Outubro de 2002, define violência como sendo “o uso intencional de força física ou poder, real ou em forma de ameaça, contra si próprio, contra o outro, ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha probabilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.  
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Assim, um ato violento, é um comportamento que se opõe à ética, na medida em que nega os valores e direitos básicos da pessoa, a “coisifica” e a suprime de sua dignidade e condição de igualdade. Desta forma, tendo o profissional de saúde o reconhecimento da dignidade das pessoas, o respeito pelo outro e a consciência dos valores e direitos humanos, estará moralmente preparado para o enfrentamento destas situações. 
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Os profissionais de saúde, no exercício de suas funções, também estão expostos a presenciar situações de violência e precisam pautar suas condutas e respostas a estas situações em padrões éticos que os impeçam de compactuar com qualquer espécie de covardia ou injustiça contra o outro.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
A violência contra crianças e adolescentes:
Alguns dados relevantes divulgados pelo Ministério da Saúde em 2012:
O número de notificações de violência contra crianças e adolescentes com até 19 anos, por profissionais de saúde, mais que triplicou em três anos, passando de 18.570, em 2009, para 67.097, em 2012. 
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Maus tratos, abusos e sanções legais
O ECA preconiza, em seu artigo terceiro que as crianças e adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e que lhes devem ser asseguradas “todas as oportunidades
e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
A Lei Menino Bernardo 
(trechos retirados do livro Eduque sem Bater, Wak Editora, 2014)
* A Lei da Palmada foi aprovada pelo Senado brasileiro, em junho de 2014, e teve seu nome alterado para Lei Menino Bernardo em homenagem ao menino que foi morto pelo pai e pela madrasta no Rio Grande do Sul com uma injeção letal. A Lei foi aprovada no Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão, dia 04 de junho, data criada pela ONU em 1982 para que haja reflexão sobre o tema.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
A referida Lei altera um trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente “para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante”
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Maus tratos, abusos e sanções legais
A lei considera os seguintes termos:
Castigo corporal - ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente.
Tratamento cruel ou degradante: conduta que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize a criança ou o adolescente.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Os responsáveis que agirem com violência contra a criança/adolescente estarão sujeitos às medidas já previstas pelo ECA: tratamento psicológico, advertência e até a perda da guarda, que equivale ao pátrio poder. O Código Civil, em seu art. 395, estabelece que: Perderá por ato judicial o pátrio poder o pai, ou mãe:
I - que castigar imoderadamente o filho; 
II - que o deixar em abandono; I
II - que praticar atos contrários à moral e aos bons costumes.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
A violência doméstica, por sua vez, é concebida como aquela praticada por ato ou omissão dos pais, parentes ou responsáveis, contra a criança ou adolescente que possa vir a promover dano físico, sexual ou psicológico à vítima. 
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Considerada esta classificação temos, portanto os seguintes danos tipificados:
 
Físicos: Produzidos por uso de força física, de modo intencional ou acidental, com o objetivo de ferir independente da motivação. Este tipo de dano é configurado como delito de lesão corporal, Artigo 129 do Código Penal ou homicídio, Artigo 121.
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Psicológicos: Produzidos por influencia ou interferência negativa capaz de formar no menor, sentimentos autodestrutivos, deformações de caráter ou morais. Este tipo de dano se configura através de condutas de rejeição, hostilidade, frieza, agressões verbais, depreciação, discriminação, exigências incompatíveis com a idade ou condições da criança ou adolescente e outras.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Sexuais: Produzidos por ação de cunho sexual ou erótico utilizadas para gratificação sexual de adulto ou pessoa de mais idade que o menor. Esta prática envolve qualquer tipo de contato em área erógena, abusos verbais, indução à prostituição, exibição de material pornográfico e quaisquer outras formas de exploração sexual, independente do uso ou não de violência física ou coerção. 
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Por Negligência: Produzidos por omissão do responsável que por ato intencional, ou não, deixa de prover adequadamente as necessidades da criança ou adolescente para o seu perfeito desenvolvimento. Consideram-se as necessidades referentes à alimentação, supervisão emocional e psicológica, proteção e cuidados com saúde, higiene e educação. Estes danos podem acarretar em perda do pátrio poder e são definidos como abandono de incapaz.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Assim: presenciar maus-tratos, abusos ou comportamentos degradantes e não os denunciar ou evitar transforma o profissional de saúde em cúmplice de crime contra o outro.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Violência contra o idoso
O estudo mais sistemático da violência contra o idoso começa a surgir em meados da década de 70 e, inicialmente, foi caracterizado apenas em situações de danos físicos intencionais (lesões corporais) produzidos por outros em pessoas com mais de 65 anos. 
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Maus tratos, abusos e sanções legais
Posteriormente, o temo “abuso” foi estendido também a ações que viessem a provocar danos psicológicos, sociais, financeiros ou que, demonstrassem situações de negligencia, omissão e abandono. 
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A legislação brasileira já possui uma série de dispositivos de amparo ao idoso. A Constituição Federal assegura o impedimento de qualquer forma de descriminação por idade e garante ao idoso o amparo obrigatório pela família e pelo Estado. 
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Maus tratos, abusos e sanções legais
O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, dentre muitas garantias constitucionais, estabelece em seu Artigo 19 que é obrigatória a comunicação, por parte dos profissionais de saúde, os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra o idoso, à autoridade policial e ao Ministério Público, assim como aos Conselhos Municipal, Estadual e Nacional do Idoso.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
A maior parte das violações acontece dentro da casa das vítimas, cometida por filhos, netos ou outros familiares. 
Essas violações acontecem principalmente com os idosos mais dependentes de cuidados, os indefesos, que não têm mobilidade, não só para sair de casa, mas também de reclamar ou denunciar. Esses são os que sofrem mais.
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Maus tratos, abusos e sanções legais
As violações mais comuns são a negligência, a violência física ou psicológica e o abuso financeiro e econômico, também chamado de violência patrimonial. Os estados com maior número de denúncias são São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
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Beatriz Acampora e Silva de Oliveira
Dra. Saúde Pública (UA-PY), Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF/RJ (2006), Pós-graduada em Arteterapia em Educação e Saúde - FAMESC / ISEC (2013), Pós-graduada em Hipnose Clínica, Organizacional e Hospitalar SPEI - IBHA (2010), Pós-graduada em Psicologia Humanista Existencial pela UNESA (2006), Pós-graduada em Cultura, Comunicação e Linguagem pela FAFIC (1998), Graduada em Psicologia pela UNESA (2005), Graduada em Comunicação Social - Jornalismo - FAFIC (1996). Professora da área de saúde da Universidade Estácio de Sá desde 2006. Diretora do ISEC. Autora de vários livros pela Amazon e Wak Editora.
Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/8083783572894169
Maus tratos, abusos e sanções legais
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