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DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA História Antiga I

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DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
Decreto real para o Sumo-Sacerdote Hemur
“Não permito que homem algum tenha o direito de tirar quaisquer sacerdotes que estiverem no Distrito em que tu estás, para a corvéia ou para qualquer outro trabalho do Distrito, exceto para prestar serviços ao próprio deus no templo em que ele está e para conservar os templos em que eles estiverem. Eles estão isentos por toda a eternidade por decreto do Rei do Alto e Baixo Egito: Neferirikare. Ninguém está autorizado a usá-los em qualquer outro serviço.
Qualquer homem do Distrito que tirar quaisquer dos sacerdotes que estão no Campo Divino no qual prestam serviço religioso no Distrito, para a corvéia, como para qualquer outro trabalho do Distrito, tu o entregarás à casa de trabalhadores do templo, e ele mesmos será designado para qualquer corvéia, ou para o lugar de arar...
Qualquer funcionário ou íntimo do rei ou encarregado da agricultura que contrariar estas coisas que decretei será removido e entregue ao tribunal de justiça, enquanto a cassa, os campos, as pessoas, e qualquer outra coisa em seu poder, serão confiscados, sendo ele designado para qualquer corvéia.
A pessoa real estava presente quando foi selado. Segundo mês da terceira estação, dia 11.”
THE ANCIENT EGYPTIAN PYRAMID TEXTS
“ Eu sou Hórus, que restaurou o seu olho com ambas as mãos:
Eu vos restauro, vós que deveis ser restaurados;
Eu vos ponho em ordem, ó estabelecimentos meus;
Eu te construo, ó minha cidade!
Vós fareis para mim todas as boas coisas que eu desejar;
Vós agireis em meu proveito onde quer que for.
Vós não obedecereis aos ocidentais, vós não obedecereis aos orientais,
Vós não obedecereis aos setentrionais, vós não obedecereis aos meridionais, vós não obedecereis àqueles que estão no meio da terra – mas vós obedecereis a mim.
Eu é que vos restaurei,
Eu é que vos construí,
Eu é que vos pus em ordem,
E vós fareis por mim tudo o que vos disser, onde quer que eu vá.
Alcançar-me-eis todas as águas que estão em vós;
Alcançar-me-eis todas as águas que estarão em vós;
Alcançar-me-eis todas as árvores que estão em vós;
Alcançar-me-eis todas as árvores que estarão em vós;
Alcançar-me-eis todo o pão e cerveja que estão em vós;
Alcançar-me-eis todo o pão e cerveja que estareis em vós;
Alcançar-me-eis as oferendas que estão em vós;
Alcançar-me-eis as oferendas que estarão em vós;
Alcançar-me-ei tudo o que está em vós,
O qual vós me trareis a qualquer lugar que meu coração deseje.
(...) O rei concede poderes e retira poderes, ele impõe um obstáculo e remove um obstáculo
(...) cuidado com o Hórus cujo olho é vermelho, violento em seu poder,
cujo poderio ninguém pode resistir!
(...) O rei dá as ordens, orei concede dignidades, o rei distribui as funções,
o rei dá oferendas, o rei dirige as oblações – pois tal é , de fato, o rei:
o rei é o único do céu, um poderoso à frente dos céus!”
“ Sua Majestade diz a ele: .... Vê bem, ser vizir não é coisa doce e agradável, é mesmo, por vezes, ofício amargo como fel.
 Vê, o vizir é o cobre que protege o ouro da casa de seu senhor; ele não baixa seu rosto diante de altos funcionários e juízes, e ele não faz de qualquer pessoa o seu cliente. Se um homem reside na intimidade de seu senhor, deve, por eles, agir da melhor forma que puder, mas não tem que fazer o mesmo por qualquer outro.
Litigantes do Sul e do Norte, do país inteiro virão... Tu, tu cuidarás para que todas as coisas sejam feitas em conformidade com o que constitui a lei, e também lhes é de direito, assegurando a justiça para cada homem.
 (...) Aquele que julga com equidade na presença de todo o povo, este é o vizir. Mas vê, um homem permanece em sua função enquanto agir de acordo com o que lhe é indicado; tudo vai bem para ele se ele faz o que lhe foi dito. Não cessa, em nenhum momento, de fazer cumprir a justiça, cujas leis são conhecidas. Não te juntes ao homem arrogante, pois o Senhor real prefere o temeroso ao presunçoso. Age portanto de acordo com as indicações que te são dadas; vê isto é colocado diante de ti para que cumpras.” 
ARISTÓTELES. Política. Livro III, 1285 b 5-14.
“Por os fundadores da dinastia terem sido benfeitores do povo nas artes ou na guerra, terem promovido a união ou terem-lhe conseguido terras, tornavam-se reis pelo consenso geral e os seus descendentes vinham a herdar o poder que eles detinham. Possuíam o comando supremo em caso de guerra, presidiam a todos os sacrifícios não reservados aos sacerdotes e, além disso, ocupavam-se ainda do julgamento dos processos. Uns exerciam este poder sem juramento, os outros depois de o terem feito, consistindo um tal juramento no levantar do ceptro.Estes reis dos tempos antigos desfrutavam de uma autoridade permanente sobre as questões internas da cidade-estado, sobre os problemas da totalidade do território e sobre todos os assuntos de relações externas.”
TEÓGNIS. Elegias, 30-58.
“Cirno, nossa cidade está prenhe e temo que ela dê a luz a um homem que aproveite nossa desmedida. Pois se os cidadãos dão ainda prova de sabedoria, nossos chefes, porém, se desviaram para cair em grande crueldade. Nunca, até hoje, Cirno, homens honrados acarretaram a perda de uma cidade, mas aquela em que, tomando como lei a violência, os malvados corrompem o povo e consagram o direito da injustiça, a fim de tirar proveito e poder para si próprios; para tal cidade não há nenhuma esperança de que ela conheça uma grande calmaria – mesmo se hoje repousa numa paz profunda -, já que são caros aos malvados os lucros que vêm junto com a desgraça pública. Pois dela resultam apenas sedições, massacres entre cidadãos, monarquia! Que jamais tais excessos se tornem a lei desta cidade! Esta cidade, Cirno, é ainda uma cidade, mas seus habitantes mudaram! Os que outrora não conheciam nem direito, nem leis e que mal enrolavam nos flancos suas peles de cabra e viviam fora da cidade como cervos, estes é que agora são os bons. E os que antes eram bons, agora são gente vulgar. Quem poderá suportar este espetáculo?”
TUCÍDIDES, Oração fúnebre de Péricles. História da Guerra do Peloponeso, II, 37.
“Nossa constituição política nada tem a invejar as leis que regem nossos vizinhos. Longe de imitar os outros, damos um exemplo a seguir. Pelo fato de que o Estado entre nós é administrado pelo povo e não por uma minoria, nosso regime tomou o nome de democracia. No que diz respeito às divergências particulares, a igualdade é assegurada a todos pelas leis, mas no que se refere à vida pública, cada um obtém consideração em virtude de seu mérito e a classe a qual pertence importa menos que seu valor pessoal. Enfim, ninguém se constrange pela pobreza ou pela obscuridade de sua condição social, se puder prestar serviços à cidade. A liberdade é nossa regra no governo da república e nas nossas relações cotidianas a suspeita não tem guarida. Não nos irritamos com o vizinho se ele age como lhe aprouver. Enfim, não estamos acostumados a essas humilhações que, embora não acarretem perdas materiais, nem por isso deixam de ser dolorosas pelo espetáculo que oferecem. Nenhum pressão intervém em nossas relações particulares e um temor salutar nos impede de transgredir as leis da república. Obedecemos aos magistrados e as leis e, entre essas, sobretudo as que asseguram a defesa dos oprimidos e que, embora não codificadas, acarreta para quem as transgride um desprezo universal. Além disso, para dissipar grandes fadigas, procuramos para a alma numerosos derivativos: instituímos jogos e festas que se sucedem do começo ao fim do ano. (...) A importância da cidade faz para ela afluírem todos os recursos da terra e gozamos tanto das produções do estrangeiro quanto de nosso país. No que diz respeito à guerra, eis no que nos diferimos de nossos adversários. Nossa cidade está aberta a todos. Nunca usamos de xenelasias para afastar quem quer que seja de um espetáculo cuja revelação pudesse ser proveitosa para nossos inimigos. Fundamosnossa confiança menos nos preparativos de guerra do que em nossa própria coragem no momento da ação. (...) Nunca, até agora, nossos inimigos enfrentaram face à face todas as nossas forças reunidas, pois temos necessidade de cuidar de nossa marinha e de retirar efetivos para enviar a muitos pontos de nosso território. Admitimos que enfrentamos os perigos com mais leveza de alma do que com penosa aplicação, que nossa coragem procede, antes, de nosso valor natural do que das obrigações legais. Sabemos conciliar o gosto do belo com a simplicidade e o gosto dos estudos com a energia. Usamos a riqueza para a ação e não para uma vã exibição de palavras. Entre nós, não é vergonhoso confessar sua pobreza; é, isto sim, não procurar evitá-la. Os mesmos homens podem se dedicar aos seus assuntos particulares e aos do Estado. Os simples artesãos podem entender suficientemente das questões políticas. Somente nós é que consideramos quem dela não participa, como um inútil e não como um desocupado. É por nós mesmo que decidimos sobre as questões e que as representamos com exatidão. Para nós a palavra não é prejudicial à ação; o que é nocivo é lançar à ação sem antes ter se informado pela palavra. Para resumir, eu o afirmo: nossa cidade, no seu conjunto, é a escola da Grécia. (...) Atenas é a única cidade, segundo minha experiência, que se mostra superior a sua reputação. É a única que não deixa rancor aos seus inimigos pelas derrotas que lhes infligiu, nem desprezo aos seus súditos pela indignidade de seus senhores. Forçamos o mar e a terra inteira a se tornarem acessíveis a nossa audácia e, por toda parte, deixamos monumentos eternos das derrotas sofridas por nossos inimigos e de nossas vitórias.”
PSEUDO-XENOFONTE. A Constituição de Atenas. 1ss.
“Não louvo os atenienses pela escolha do modo de governo representado por sua constituição, na medida em que essa escolha envolve o bem-estar das classes baixas, opostas ao da melhor classe. Repito que retenho meu louvor, mas quanto ao fato de que este é o tipo que eles escolheram, proponho demonstrar como, em sua preservação, seguem o caminho correto e que o resto das medidas que tomam e que chocam os demais gregos, são bem calculadas para manter sua constituição. De início mantenho que é aceitável que os pobres e o povo comum devam prevalecer sobre os ricos e os homens de berço, pois é o povo que maneja a frota e cinge a cidade com sua força. Pilotos, contramestres, timoneiros, artesãos de estaleiros: eis os homens que dão mais força à cidade do que a infantaria pesada e os homens de nascimento e qualidade. Sendo assim, é justo que devam participar das magistraturas eletivas, assim como da escolha por sorteio, e que todo cidadão que assim desejar, tenha o direito de ser ouvido. Mas não há razão pela qual eles devessem participar de encargos que, embora necessários para a sua preservação, não apresentam perigo para o povo como um todo. (...) O povo insiste, entretanto, em preencher funções que são remuneradas e que os auxiliam a fazer face às despesas domésticas. Quanto aos que muitos acham estranho explicar – o fato de que a maior consideração é reservada à gente baixa, pobre e comum, do que às pessoas de qualidade -, não deve ser objeto de surpresa, pois, ao contrário, é a chave da preservação da democracia. Pois se o povo ordinário, da escala inferior prospera, isto reforçará a democracia, porque haverá muitos deles; mas se os ricos e bem nascidos prosperam, então o povo comum desenvolverá forte oposição contra eles. Em todas as nações o melhor elemento é hostil à democracia. Pois nos Estados aristocráticos a injustiça e a intemperança são mínimas, enquanto a disciplina é altamente prezada; a grosseria, porém, a desordem, a malandragem, atinge seu cume num governo popular. É a pobreza que inclina os homens para atos vergonhosos, e a incultura e a rusticidade de alguns homens, são provocadas pela falta de dinheiro. Poder-se-ia objetar o direito natural da palavra, no Conselho, em vez de reservá-la aos melhores e mais capazes. Mas, aqui também, é sábio conceder esse direito às pessoas da mais baixa extração. Se os oradores e conselheiros fossem homens de nível, eles beneficiariam à gente de sua própria espécie, de preferência o povo comum. Mas agora que qualquer um fala quando quiser, independentemente de sua origem, procurará o que o beneficiar e aos demais com ele. Alguém, entretanto, poderia perguntar: como pode tal pessoa entender o que é bom para si ou bom para a democracia? Mas a que se reconhecer que a mesquinharia e a falta de cultura de tal homem, quando combinada com a boa vontade, é mais vantajosa do que a virtude e sabedoria de um homem de berço, quando associada à malícia. Nenhuma cidade com tais instituições pode ser a melhor cidade, mais esses são os meios efetivos para preservar a democracia. O povo comum não deseja cidades com boas leis, mas desejam ser livres e governar. Assim estão pouco preocupados com as más leis. Pois, aquilo mesmo em suas leis, que poderia se chamar de mau é o que torna o povo livre e poderoso. Mas se procuram lei e ordem é preciso encontrar os homens mais preparados para redigir as leis. Em seguida, os homens honestos castigarão os velhacos e aconselharão nos assuntos do Estado. Nem maníacos seriam admitidos como conselheiros para falar ou mesmo estar presente numa assembléia. O povo comum, certamente, tornar-se-ia, de imediato, submetido aos aristocratas. (...) De meu lado, concordo com o povo comum sobre a democracia., pois qualquer um pode ser desculpado por procurar o seu próprio bem. Mas alguém que não pertence ao populacho e mesmo assim escolhe viver numa cidade democrática em lugar de oligárquica, comete injustiça, pois sabe que é mais fácil para um malfeitor escapar despercebido numa democracia do que numa oligarquia.”
ARISTÓTELES. Política. I: 1260 a/b.
“ Existem na alma, por natureza, uma parte que comanda e uma parte que é comandada, partes as quais correspondem, acreditamos, virtudes distintas, pois uma é provida de razão e a outra desprovida. É evidente que assim se passa, também, com as demais coisas: por natureza, na maior parte dos casos, há o que comanda e o que é comandado. O homem livre comanda o escravo, da mesma forma que o macho à fêmea e o adulto à criança. E, todavia, as partes da alma existem em todos, mas existem de maneira diferente: o escravo está totalmente privado da parte deliberativa, o sexo feminino a possuí mas sem possibilidade de decisão, a criança a possui mas incompleta. Dessa forma, é preciso concluir que o mesmo acontece para as virtudes morais: todo devem dela participar, mas nunca segundo o mesmo modo e somente quando for necessário para cumprir sua função própria. Eis porque quem comanda deve possuir a virtude moral em plenitude ( pois sua função, em termos absolutos, corresponde a um mestre de obras). Quanto as demais categorias basta que possuam a parte de virtude que lhes é apropriada. É preciso concluir que todas as categorias sócias têm sua virtude própria; como diz o poeta a propósito da mulher: o ornato da mulher é o silêncio. Mas isto não se aplica ao homem. E como a criança é um ser incompleto, é evidente que sua virtude não se refere a si própria, mas a seu fim, isto é, aquele que a dirige. Estabelecemos que o escravo é útil às necessidades da vida. Portanto, fica claro que ele tem necessidade de apenas uma parcela de virtude, o suficiente para não ficar inferior a sua tarefa, por desregramento ou negligência. Se assim são as coisas seria o caso de perguntar se os praticantes de ofícios sejam eles, também, detentores de virtude. Muitas vezes eles são inferiores a sua tarefa por descuido. Mas, não haveria uma diferença maior? O escravo é parte integrante da vida de seu senhor; o artesão está muito mais afastado dela, e sua parte de virtude é proporcional ao que nele há de escravo. O artesão que exerce um ofício manual tem uma servidão limitada, ao passo que o escravo pertence ao grupo natural de escravos. Fica claro que o senhor deve ser para o escravoa causa da virtude própria desse último, mas não para possuir o saber do senhor, aquele que ensina a dirigir os trabalhos. Também se enganam os que privam o escravo de razão e recomendam que ele receba apenas ordens: a advertência razoável deve dirigir-se mais ao escravo do que as crianças. Assim, no que diz respeito ao marido e a mulher, aos pais e aos filhos, a virtude própria de cada um é aquela que caracteriza suas relações mútuas. (...) Com efeito, visto que cada família é uma parte da cidade e que as pessoas de que falamos fazem parte da família, e como se deve considerar a virtude da parte com relação ao todo, é necessário educar as crianças e as mulheres em função da constituição da cidade se, pelo menos, for importante à cidade virtuosa que as crianças e as mulheres sejam virtuosas. E é bom que seja importante, pois as mulheres formam uma metade da população livre e os membros da comunidade política se recrutarão entre as crianças.”
XENOFONTE, O econômico, VII, 22-29.
“[22]. Já que ambas as tarefas, as do interior e as do exterior da casa, exigem trabalhos e zelo, desde o início, na minha opinião, o deus preparou-lhes a natureza, a da mulher para os trabalhos e cuidados do interior, a do homem para os trabalhos e cuidados do exterior da casa. [23]. Preparou o corpo e a alma do homem para que possa suportar melhor o frio, o calor, caminhadas e campanhas bélica. Impôs-lhe, por isso, os trabalhos fora de casa; à mulher, penso eu, por ter-lhe criado o corpo mais fraco para essas tarefas, disse-me ter dito, impôs as tarefas do interior da casa. [24]. E, sabendo que dentro da mulher colocara o alimento dos recém-nascidos e lhe impusera o encargo de nutri-los, deu-lhe também uma porção maior de amor pelas crianças que ao homem. [25]. E, visto que impusera a mulher a vigilância sobre o que está guardado dentro de casa, sabendo que em relação à vigilância não é inferioridade ser tímida de alma, deu à mulher uma porção maior de temor do que ao homem. Sabendo, porém, que, em compensação, caso alguém cometa uma ação injusta, é àquele que tem em suas mãos os trabalhos de fora de casa que caberá à defesa, a esse deu uma porção maior de coragem.[26]. Mas, porque ambos devem dar e receber, aos dois deu em partes iguais a memória e o zelo. Sendo assim, não poderias discernir qual sexo, o feminino ou masculino, tem mais desses dons. [27]. Fez também que fossem igualmente capazes de controle sobre si mesmos e deu-lhes licença para que quem fosse o melhor, homem ou mulher, assumisse para si parte maior desse bem. [28]. E, pelo fato de que, por natureza, ambos não são igualmente bem dotados de tudo, precisam muito um do outro e a união é mais útil ao casal quando um é capaz daquilo que o outro é deficiente. [29]. Sabendo, minha mulher, disse-lhe eu, os deveres que a cada um de nós foram determinados pelo deus, é preciso que tentemos, cada um de nós, levá-los a termo da melhor forma possível.”
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PLUTARCO. Vitae Pericles.I.4 / II.1.
“Agradamo-nos com perfume e com vestimentas de púrpura, mas consideramos os tintureiros e os perfumistas como indignos de serem livres e como artesões vulgares. É pois, a justo título que Antístenes, ouvindo dizer que Ismênias era um excelente tocador de flauta, redarguiu: - nestas condições é um homem inferior, pois de outra forma não seria um excelente tocador de flauta. E também Filipe falou a seu filho que, num banquete, tocara a cítara com muito encantamento e virtuosismo: - não tens vergonha de tocar tão bem?
Com efeito, basta para um rei ouvir tocar a cítara quando está com disposição e reverenciar as musas quando assiste, como espectador, à concursos que disputam outros que não ele. Não há jovem de berço que, tendo visto o Zeus de Pisa e a Hera de Argos, tenha, por isso, desejado tornar-se um Fídias ou um Polícleto; ou tornar-se um Anacreonte, um Fílemon ou um Arquíloco, por se ter encantado com seus poemas. Pois uma obra pode seduzir-nos por seu encanto sem que sejamos levados a tomar como modelo seu produtor. 
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ARISTÓTELES. Política. Livro III.
“Outrora em certas cidades, os artesãos não participavam da vida política, até a constituição de uma democracia extrema. Estes trabalhos são coisa de homens submetidos e não deve aprende-los o homem de bem, o bom cidadão, o homem político, salvo em casos de necessidade estritamente pessoal. Sem o que a distinção entre homem livre e escravo desapareceria. Na cidade perfeitamente governada e possuindo cidadãos justos, no sentido puro e simples da palavra e não no sentido que define a constituição, é claro que os cidadãos devem levar uma vida que não seja uma vida de artesãos, nem uma vida de comerciantes ( tais vidas são ignóbeis e opostas à virtude), e que aqueles que são chamados à vida cívica não devem também ser agricultores. A aquisição das virtudes e a atividade política necessitam, uma e outra, do lazer.”
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XENOFONTE. Econômico, IV.
“2. As chamadas artes manuais não gozam de bom nome e, naturalmente, são depreciadas nas cidades. Arruínam os corpos dos trabalhadores e dos feitores, obrigando-os a ficar sentados no interior das casas, e em algumas delas até passar o dia junto ao fogo. E quando os corpos se debilitam, também as almas tornam-se menos resistentes. 3. As chamadas artes manuais não deixam tempo livre para cuidar dos amigos e da cidade e, assim, tais artesãos são considerados maus para ter-se como amigos e como defensores da pátria. (…). 4. - E nós, Sócrates, que tipo de arte nos aconselha exercer? - Será, disse Sócrates, que nos envergonharíamos de imitar o rei dos persas? Dizem que ele, por julgar que a agricultura e a arte bélica estão entre as mais belas e necessárias, dá muita atenção a ambas. (…) 15. Contam alguns Critobulo, disse Sócrates, que, quando o rei concede dons, em primeiro lugar, chama os que na guerra foram bravos porque, diz ele, de nada valeria arar grandes extensões, se não houvesse quem as defendesse; em segundo lugar, os que trataram melhor as terras e as fizeram produtivas, dizendo que nem os fortes poderiam viver, se não houvesse lavradores.” 
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JUVENAL. Sátira III, v.278-301.
“ O bêbado, de humor agressivo, tem a audácia da juventude e a violência da embriaguez, mas evita quem veste um manto de púrpura, quem tem uma escolta importante: os chicotes de bronze constituem um meio de dissuasão suficiente. Mas eu, que me dirijo pela claridade da lua ou pela luz de uma vela ruim, cuja mecha economizo, não lhes provoco medo. Eis que começa o combate, se é que se pode chamar de combate um encontro no qual um desfere golpes e o outro limita-se a recebê-los. Ele se planta diante de mim e me ordena que pare. Como deixar d fazê-lo quando nos vemos diante de um homem superexcitado e mais forte que nós: - Donde vens?- grita ele.Com quem comente o pirão de favas temperado com vinho ruim? Com que sapateiro partilhaste a cabeça de carneiro cozida? Não queres responder? Ou falas ou de dou um pontapé! Tu vais me dizer onde é que habitualmente pedes esmola, em que sinagoga podes ser encontrado? Tu podes ou tentar responder-lhe ou fugir em silêncio. Dá no mesmo. Ele te espancará do mesmo modo e terá em seguida o topete de te mover um processo por agressão e ferimentos. O pobre tem apenas uma solução; agredido, moldo pelos socos, a única coisa que tem a fazer é se por de joelhos e suplicar a seu agressor que lhe deixe pelo menos alguns dentes inteiros!”
____________________________________________________________
PLAUTO, O cofre, v. 38-41.
“ Porque tua mãe eu somos libertas terminamos por nos tornar ambas prostitutas. E não foi por indiferença que fiz de minha filha uma cortesã, mas para não morrer de fome. Teria sido melhor arranjar-lhe um marido?, objetou uma vizinha. Minha filha tem um marido todos os dias, retrucoua mãe alcoviteira. Ela teve um marido ontem, terá outro hoje à noite. Jamais deixei que ela passasse uma só noite como viúva, pois – se não encontrar um marido por dia -, toda a casa morrerá miseravelmente de fome.” 
COLUMELLA. De re rustica. I: 7.
“ Como em todas as coisas, um cuidado especial é requerido do proprietário, particularmente com os homens. E estes ou são arrendatários, ou escravos, soltos ou acorrentados. Deve-se tratar o arrendatário com habilidade e de modo afável, exigindo mais intensamente trabalho do que pagamentos, pois é menos ofensivo e, no entanto, mais útil em tudo. Pois um campo bem cultivado geralmente produz lucro e nunca prejuízo, a não ser que intervenha uma violenta tempestade ou ladrões. Nem deve o proprietário exigir, com insistência, seus direitos em todas as coisas a que estiver o brigado o arrendatário: como exigir o cumprimento exato dos dias de pagamento, ou lenha, ou outros pequenos acréscimos; preocupações que dão mais incômodo que trabalho aos agricultores. E certamente, não devemos exigir tudo o que podemos, pois os antigos julgavam que o cúmulo do direito era o cúmulo da cruz. Mas, tampouco, devemos perdoar todos os encargos, pois as melhores dívidas transformam-se nas piores quando não são cobradas, como afirmam que o agiota Alfius dizia, com muita correção. Eu mesmo trago na memória ter ouvido Volúsio, um velho cônsul e homem riquíssimo, assegurando que a propriedade mais feliz era aquela que possuía arrendatários do próprio local, aos quais retinha, por uma longa familiaridade, desde o berço, como que nascidos nas posses de seus pais. Em minha opinião, a troca frequente de locatários é negativa, mas ainda pior é o arrendatário urbano que prefere cultivar o campo com seus próprios escravos e não pessoalmente. Saserna dizia que desse tipo de homem se obtém mais disputas judiciais do que rendimentos e, por isso, devemos nos esforçar para reter o arrendatário que seja do campo e que habite nele, sempre que não nos for possível dirigir o cultivo pessoalmente ou através de nossos domésticos; mas isto só deve ocorrer naquelas regiões devastadas pela inclemência do clima ou pela esterilidade do solo. De resto, em terras medianamente salubres e boas, o cuidado pessoal é sempre mais rentável que o dos arrendatários. Contudo, em propriedades distantes, difíceis para o proprietário visitar, é mais proveitoso manter arrendatários livres do que escravos capatazes, em particular os campos de trigo, que os arrendatários menos podem prejudicar, como fariam com os vinhedos e pomares, que os escravos mais danificam, alugando os bois, apascentando mal os rebanhos, cuidando mal da terra.”
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VARRO, Marco Terêncio. (De re rustica, I, 17)
“Agora discutiremos os instrumentos por meio dos quais a terra é trabalhada. Alguns teóricos os dividem em duas partes: os homens e as ferramentas dos homens, sem as quais eles não podem trabalhar a terra; outros preferem uma classificação ternária: a classe de instrumentos dotados de fala, a que é inarticulada e a que é muda. A dotada de fala inclui os escravos, a inarticulada inclui o gado, e a muda as carroças. Todos os campos são trabalhados por escravos, homens livres ou ambos... Minha opinião é a seguinte: é melhor trabalhar terras insalubres com trabalhadores alugados do que com escravos, e mesmo em regiões mais saudáveis, para as operações agrícolas mais importantes, como o transporte do produto da vindima ou da colheita.”
SECUNDUS, Caius Plinius Caecilius. Carta I.19.
Ao meu caro Romatio Firmo
“ Compatriotas e condiscípulos, mesmo depois de nossa juventude nós vivemos numa estrita amizade. Teu pai estava ligado por uma viva amizade à minha mãe. Ao meu tio e a mim mesmo, tanto quanto permitiu a diferença de nossas idades. Quantos motivos fortes e prementes para me interessar por tua elevação e dela participar. Ë bastante evidente que tu possuís cem mil sestércios de renda, pois tu eras decurião em nossa província. E é para ter o prazer de ver-te não somente decurião mas cavaleiro romano, que eu te ofereço , a fim de completar a fortuna exigida por essa ordem, a quantia de trezentos mil sestércios. Teu reconhecimento me é garantido por nossa velha amizade...”
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Vie de Sainte Melaine.
“Quando eles iniciaram uma vida santa, a bem-aventurada Melânia tinha a idade de 20 anos, e aquele que agora era seu irmão no senhor, Piniano, tinha 24 anos...Eis então que, dissimulando seus sentimentos disse-lhe : desde que nos colocamos a realizar a promessa feita a Deus, teu coração não está mais aberto ao pensamento de me desejar... Eles faziam visitas a todos os doentes sem exceção... assistiam a todos aqueles que se encontravam em necessidade... Todo o Ocidente e Oriente tiveram sua parte nas imensas benfeitorias deles!..Eles doaram às igrejas e aos monastérios todas as suas vestimentas de seda.... Tendo vendido suas propriedades de Roma, da Itália, da Hispania e da Campânia, navegaram em direção à África. E logo Alarico chegou Roma....”

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