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Kaique Antônio Moreno Leão de Azevedo – Medicina 3º Período RESUMO TRANSMISSÃO NEUROMUSCULAR E ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO CONTRAÇÃO INTRODUÇÃO - As fibras musculares esqueléticas são inervadas por grandes fibras nervosas mielinizadas que se originam nos grandes neurônios motores nos cornos anteriores da medula espinhal. - Cada fibra nervosa estimula entre 3 a centenas de fibras musculares. - Cada terminação faz uma junção: junção neuromuscular - O potencial de ação, iniciado na fibra muscular pelo sinal nervoso, viaja em ambas as direções até as extremidades da fibra muscular - Com exceção de cerca de 2%, existe apenas uma dessas junções por fibra muscular. JUNÇÃO NEUROMUSCULAR - É a sinapse entre os axônios dos neurônios motores e o músculo esquelético: É o conjunto formado pelas terminações do axônio, pela fenda sináptica e pela placa motora. - O neurotransmissor liberado na terminação sináptica é a Ach, e a membrana pós-sináptica contém um receptor nicotínico. PLACA MOTORA - A fibra nervosa forma um complexo de terminais nervosos ramificados que se invaginam na superfície extracelular da fibra muscular: PLACA MOTORA Recoberta por uma ou mais células de Schwann que a isolam dos líquidos circunjacentes. - A unidade motora muscular é formada por: Neurônio motor Axônio deste neurônio Terminações nervosas do neurônio Fibras musculares inervadas por estas terminações - Quando o axônio chega à célula muscular ele perde sua bainha de mielina, mas retém sua cobertura pela célula de Schwann, e forma uma terminação axonal expandida (membrana pré- sináptica), que passa impulsos nervosos através da fenda sináptica para a placa motora (membrana pós-sináptica). 1. Membrana invaginada: goteira sináptica ou canaleta sináptica Possuem numerosas dobras da membrana: fendas subneurais - Espaço entre o terminal e a membrana da fibra: espaço sináptico ou fenda sináptica. Kaique Antônio Moreno Leão de Azevedo – Medicina 3º Período 2. Terminal axônico: alto número de mitocôndrias. - ATP para a síntese de um transmissor excitatório: acetilcolina (ACh) Sintetizada no citoplasma do terminal. A colina acetiltransferase (AChT) catalisa a formação de ACh a partir da acetil coenzima A (CoA) e colina na terminação pré-sináptica. Absorvida por vesículas sinápticas (300.000). Excita membrana da fibra muscular através de receptores de acetilcolina (AChR). - No espaço sináptico há grandes quantidades de enzima acetilcolinesterase (AChE), que destrói a ACh alguns milissegundos depois que ela foi liberada das vesículas sinápticas. 3. Secreção de Ach pelos terminais nervosos: Ocorre quando o impulso nervoso atinge o terminal sináptico, na junção neuromuscular. Barras densas: possuem canais de Ca++ controlados por voltagem (se abrem com a chegada do potencial de ação, permitindo a difusão do Ca++ para o interior do terminal nervoso). Ca++ atrai vesículas de ACh para a membrana neural, sofrendo exocitose. ACh é secretada no espaço sináptico. 4. Efeito da ACh na membrana pós-sináptica da fibra muscular: A membrana da fibra muscular possui canais iônicos controlados pela ACh: Canais colinérgicos (AChR) - nicotínicos O canal mantém-se fechado até haver ligação com 2 moléculas de ACh: promove alteração conformacional. Abertura dos canais: influxo de Na+ e pouco de K+ e Ca++ Cargas negativas na abertura do canal repelem passagem de íons – (Cl-) Início do potencial de ação: potencial da placa motora inicia um potencial de ação contração muscular. 5. Os receptores de ACh são divididos em duas classes: Receptores nicotínicos: são canais iônicos controlados por ligantes pelo mecanismo de portões e sua ativação leva a um rápido aumento na permeabilidade celular ao Na+ e K+, despolarização e excitação (abertura rápida do canal iônico). São encontrados na periferia e na junção neuromuscular, sinapse ganglionar, e também no cérebro. Receptores muscarínicos: São encontrados nos gânglios autônomos, em neurônios do sistema nervoso central, nas células parietais gástricas, nas glândulas secretoras, músculo liso e no sistema nervoso e aparentemente medeiam os efeitos excitatórios da ACh. 6. Potencial da Placa Motora e excitação da fibra muscular: Abertura dos canais colinérgicos: entrada de Na+ alteração da voltagem criando o potencial da placa motora. Alteração entre 15 a 30 mV: permite a abertura de canais de Na+ voltagem dependentes potencial de ação. O conteúdo de uma vesícula produz uma potencial miniatura da placa motora (PMPM) estes somam-se para produzir um PPM pleno (potencial graduado) Kaique Antônio Moreno Leão de Azevedo – Medicina 3º Período 7. Destruição da ACh liberada pela AChE: Enquanto persistir no espaço sináptico, a ACh continuará a ativar os receptores. A remoção evita a reexcitação continuada dos músculos: 2 formas: 1. Enzima acetilcoinesterase (AChE): metade da colina é recaptada pela terminação pré-sináptica por cotransporte de Na+- colina 2. Difusão para fora do espaço sináptico não agindo da fibra muscular. OBS: A rápida remoção da ACh evita a reexcitação continuada dos músculos, depois que a fibra muscular se recuperou de seu potencial de ação inicial. 8. Fator de segurança na junção neuromuscular e fadiga da junção: Cada impulso que chega à junção provoca potencial da placa motora de amplitude três vezes maior que o necessário para estimular a fibra muscular: alto fator de segurança. Estimulação da fibra nervosa com frequência maior do que 100 vezes por segundo, por vários minutos: diminui vesículas de ACh (impulsos não são mais transmitidos) - Fadiga da junção neuromuscular (Fadiga Sináptica). 9. Fármacos que estimulam a fibra muscular: ação semelhenate à ACh: Metacolina Carbacol Nicotina - São destruídos de forma lenta pela AChE, permitindo seus efeitos por minutos ou horas. 10. Fármacos que estimulam a junção neuromuscular: inibidores de AChE: Neostgmina Fisostigmina Fluorofosfato de di-isopropil (Gás venenoso) - Prolongam a ação da ACh na placa motora. - Provocam espasmo muscular, podendo levar a morte por espasmo da laringe, sufocando o indivíduo. 11. Fármacos que bloqueiam a transmissão na junção neuromuscular: Fármacos curariformes - Compete com a ACh pelos receptores na placa motora - D-tubocurarina: bloqueia a ação da ACh nos AChR, evitando assim o aumento da permeabilidade dos canais de membra muscular Kaique Antônio Moreno Leão de Azevedo – Medicina 3º Período MIASTENIA GRAVE - É uma doença auto-imune, crônica, associada com alterações na junção neuromuscular com a produção de anticorpos contra AChR. A amplitude do PPM é rduzida, tornando-o mais difícil despolarizar. - Manifestações: Ptoses palpebral, diplopia, disfagia, disfonia, fraqueza da musculatura facial, dificuldade de mastigação e dispneia, decorrentes da fraqueza e fadiga dos músculos voluntários a situação de esforço. - O tratamento com inibidores da AChE (ex. neostigmina) impede a degradação da ACh e prolonga sua ação na placa motora do músculo, compensando parcialmente o número reduzido de receptores. POTENCIAL DE AÇÃO MUSCULAR - A iniciação e a condução dos potenciais de ação nas fibras musculares é basicamente igual às fibras nervosas, com algumas diferenças quantitativas: Potencial de repouso: -80 a -90 mV; Duração do potencial de ação: 1 a 5 milissegundos; Velocidade de condução: 3 a 5 m/s.Propagação do Potencial de Ação para o interior das Fibras: Túbulos Transversos - A fibra muscular é muito grande, e para que o potencial de ação consiga atingir profundamente (contração) as miofribrilas, existe os túbulos transversos (Túbulos T), que penetram profundamente a fibra muscular. - Provoca a liberação de Ca+ no interior da fibra muscular: Acoplamento Excitação-Contração ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO 1. Túbulos T: - Pequenos e cursam transversalmente as miofibrilas - Regiões do sarcolema na qual o retículo sarcoplasmático está intimamente ligado. - Nesta região existem receptores que permitem a saída de Ca++ para o sarcoplasma receptor di-hidropiridínico - Começam na membrana celular e penetram por toda a fibra muscular: se abrem para o exterior, no ponto de origem, como uma invaginação da membrana celular. - Comunicação com o líquido extracelular circundante: extensões internas da membrana celular. 2. Retículo sarcoplasmático Cisternas terminais: grandes câmaras, que fazem contato com os túbulos T; Sarcotúbulos (túbulos do retículo sarcoplasmático): longos túbulos longitudinais que circundam todas as superfícies das miofibrilas que realmente se contraem. 3. Liberação de Ca++ A despolarização da fibra muscular desencadeia efeitos intracelulares permitindo a saída de Ca++ para o sarcoplasma através de uma proteína chamada de receptor de di-idropiridina (DHP). A ativação dos receptores de DHP desencadeia a abertura dos canais de liberação de Ca++ das cisternas (receptor de rianodina) e em seus túbulos longitudinais associados: sarcoplasma = contração muscular. Kaique Antônio Moreno Leão de Azevedo – Medicina 3º Período RESUMO - Potenciais de ação no sarcolema iniciam despolarização nos túbulos T - Despolarização dos túbulos T causam alteração na conformação de seu receptor di-hidropiridínico, que abre os canais de liberação de Ca++ (receptores de rianodina) no RS liberação de Ca++ - A [Ca++] intracelular aumenta - Ca++ liga-se à troponina C nos filamentos de actina, provocando uma alteração na conformação da troponina que afasta a tropomiosina. - Inicia-se o ciclo das pontes cruzadas: a) ATP ligado à miosina é hidrolisado em ADP + Pi b) Miosina liga-se a um local na actina, o que constitui a denominada geração de força. Ocorre liberação de ADP, e a miosina retorna a seu estado de rigidez (sem ADP) c) ATP se liga à miosina e esta se liberta da actina d) O ciclo se repete enquanto o Ca++ estiver ligado à troponina C. FUNÇÕES MOTORAS DA MEDULA ESPINHAL - Cada segmento da medula espinhal possui muitos milhões de neurônios em sua substância cinzenta, dentre eles: Neurônios motores anteriores: 50 a 100% maiores que outros neurônios. Dão origem as fibras nervosas que deixam a medula pelas raízes ventrais e inervam, diretamente, as fibras musculares esqueléticas: Neurônios motores alfa: fibras nervosas motoras grandes (14 micrômetros de diâmetro); se ramificam várias vezes após chegarem ao músculo e inervam as grandes fibras musculares esqueléticas formando as unidades motoras. Neurônios motores gama: metade do tamanho do anterior (5 micrômetros de diâmetro); inervam as pequenas fibras musculares esqueléticas especializadas, chamadas fibras intrafusais. Essas fibras constituem o centro do fuso muscular, que auxilia no controle do tônus muscular básico.
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