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Instituto de Química de São Carlos – IQSC Universidade de São Paulo Cadeia de transporte de elétrons e fosforilação oxidativa Disciplina: Bioquímica II Turma: Bacharelado em Química Docente: Profa. Dra. Fernanda Canduri Conteúdo A Mitocôndria Sistema de transporte mitocondrial Transporte de elétrons A sequência do transporte de elétrons Complexo I (NADH-Coenzima Q oxidorredutase) Complexo II (Succinato-Coenzima Q oxidorredutase) Complexo III (Coenzima Q-Citocromo C oxidorredutase) Compelo IV (Citocromo C oxidase) Fosforilação oxidativa A teoria quimiosmótica ATP sintase Proporção P/O A mitocôndria A mitocôndria é o sítio do metabolismo oxidativo de eucariotos Contém: a piruvato desidrogenase, as enzimas do ciclo do ácido cítrico, as enzimas que catalisam a oxidação dos ácidos graxos, as enzimas e proteínas redox envolvidas no transporte de elétrons e na fosforilação oxidativa Por isso a mitocôndria é considerada a “usina de força” da célula. Eletromicrografia de uma mitocrôndria animal A membrana mitocondrial interna A membrana interna é composta por cerca de 75% de proteínas É livremente permeável a O2, CO2 e H2O e contém, além das proteínas da cadeia respiratória, várias proteínas de transporte que controlam a passagem de metabólitos, como ATP, ADP, o piruvato, o H+ e o fosfato A impermeabilidade controlada da MMI para a maioria dos íons e dos metabólitos permite a formação de um gradiente de íons através dessa barreira e resulta na compartimentalização das funções metabólicas entre o citosol e a mitocôndria O NADH produzido no citosol pela glicólise deve ter acesso à cadeia transportadora de elétrons para a oxidação aeróbica Não há uma proteína transportadora de NADH na MMI Somente os elétrons do NADH citosólico são transportados para a mitocôndria por um dos vários sistemas de transporte Circuito do malato-aspartato Circuito do glicerol-fosfato Os equivalentes citosólicos reduzidos são transportados para dentro da mitocôndria Circuito do malato-aspartato Circuito do glicerol-fosfato A glicerol-3-fosfato desidrogenase catalisa a oxidação do NADH citosólico pela DHAP para produzir NAD+, o qual retorna à glicólise Os elétrons do glicerol- 3-fosfato são transferidos para a flavoproteína- desidrogenase da MMI, formando FADH2, que fornece elétrons diretamente para CTE Transporte de elétrons Os carreadores que transportam os elétrons a partir do NADH e FADH2 até O2 estão associados a membrana mitocondrial interna Alguns desses centros redox são móveis e outros são proteínas integrais de membrana A sequência de carreadores de elétrons reflete seus potenciais de redução relativos O processo é exergônico A oxidação de NADH e FADH2 é promovida pela cadeia de transporte de elétrons Os elétrons são carreados do Complexo I e do complexo II para o III pela coenzima Q, e do complexo III para o IV pelo citocromo C Complexo I (NADH-Coenzima Q oxidorredutase) O complexo I transfere elétrons a partir do NADH para a CoQ É o maior complexo protéico na MMI Ele contém uma molécula de flavina mononucleotídeo (FMN) e seis a sete grupos ferro-enxofre que participam no transporte de elétrons Os grupos ferro-enxofre estão presentes como grupos prostéticos de proteínas ferro- enxofre, e podem sofrer oxidação e redução de um elétron Transferência de elétrons no Complexo I O processo envolve a redução temporária de cada grupo cuja passagem dos elétrons para o próximo grupo permite a reoxidação do grupo anterior O NADH participa apenas em reações que envolvem a transferência de 2 elétrons A FMN e a CoQ podem transferir um ou dois elétrons por vez, proporcionando a formação de um conduto de elétrons entre o doador de dois elétrons, o NADH e os aceptores de um elétron, os citocromos Translocação de prótons A medida que os elétrons são transferidos entre os centros redox do Complexo I, quatro prótons são translocados da matriz para o espaço intermembrana – Bomba de Prótons O mecanismo de bombeamento de prótons deve ser conduzido pelas alterações conformacionais induzidas pelas alterações no estado redox da proteína Contém a enzima do ciclo do ácido cítrico, a succinato- desidrogenase e três outras pequenas subunidades hidrofóbicas que transferem elétrons do succinato à CoQ Seus grupos redox incluem o FAD ligado covalentemente à succinato-desidrogenase para o qual os elétrons são inicialmente transferidos, um grupo [4Fe-4S], dois grupos [2Fe-2S], e um citocromo b560 O Complexo II permite que elétrons de potencial relativamente alto entrem na cadeia transportadora por uma via independente do Complexo I Os Complexos I e II não operam em série, mas ambos resultam na transferência de elétrons para a CoQ a partir de substratos reduzidos – NADH e succinato A CoQ serve como um ponto de captação de elétrons Complexo II (Succinato-Coenzima Q oxidorredutase) Complexo II (Succinato-Coenzima Q oxidorredutase) succinato- desidrogenase Três subunidades hidrofóbicas Conhecido também como citocromo bc1: possui dois citocromos tipo b e um citocromo c1 Transfere elétrons da CoQ reduzida para o citocromo c1 a partir de um centro [2Fe-2S], e para o citocromo b Complexo III (Coenzima Q-Citocromo c oxidorredutase) Transporte de elétrons no complexo III: o ciclo Q A proteína Fe-S reduz o citocromo c1, enquanto a CoQ - transfere os elétrons restantes para o citocromo b, produzindo uma CoQ oxidada. A CoQ oxidada recebe o elétron novamente do citocromo b, revertendo-se à forma CoQ- A função é permitir que uma molécula de CoQH2 reduza duas moléculas de citocromo, por meio de uma bifurcação do fluxo de elétrons da CoQH2 para os citocromos c1 e b, permitindo o bombeamento de prótons da matriz para o espaço intermembrana A CoQH2 transfere um dos elétrons para a proteína Fe-S liberando dois prótons no espaço intermembrana e produzindo CoQ-. No ciclo 2, outra CoQH2 reduzida, provinda do complexo I repete as etapas anteriores Esse segundo elétron reduz a CoQ- produzido no primeiro ciclo, produzindo CoQH2 Para cada 2 CoQH2 que entram no ciclo Q, uma CoQH2 é regenerada O complexo III Citocromo c Único transportador de elétrons no qual o ferro heme possui um ligante livre que pode reagir com O2. A citocromo c oxidase catalisa oxidações de quatro moléculas de citocromo c (Cyt c) reduzidas consecutivamente e a concomitante redução tetraeletrônica de uma molécula de O2 4 cit c(Fe2+) + 4H+ + O2 4 cit c(Fe 3+) + 2 H2O O complexo IV possui 4 centros redox: citocromo a, citocromo a3, um átomo de cobre conhecido como CuB e um par de átomos de cobre conhecido como centro CuA, além de um Mg 2+ e um Zn2+ Complexo IV (Citocromo c oxidase) • A redução do O2 a 2 H2O ocorre no complexo binuclear citocromo a3-CuB e envolve 4 transferências de e- consecutivas dos sítios do CuA e cit a • 2 prótons são translocados O complexo IV Fosforilação oxidativa A síntese endergônica do ATP a partir de ADP e Pi na mitocôndria é catalisada por uma ATP-sintase (ou complexo V), dirigida pelo processo de transporte de elétrons A energia livre liberada pelo transporte de elétrons através dos Complexos I – IV deve ser conservadaem uma forma que a ATP sintase possa utilizá-la – é a energia de acoplamento A teoria quimiosmótica: A energia livre do transporte de elétrons é conservada pelo bombeamento de H+ da matriz mitocondrial para o espaço intermembrana, criando um gradiente eletroquímico de H+ através da MMI. O potencial eletroquímico desse gradiente é aproveitado para a síntese de ATP Processo análogo ocorre em bactérias, cuja maquinaria transportadora de elétrons está localizada na membrana plasmática O transporte de elétrons gera um gradiente de prótons O transporte de elétrons provoca o transporte de prótons pelos Complexos I, III, e IV através da MMI a partir da matriz, uma região de baixa [H+] para o espaço intermembrana, uma região de alta [H+] Como o pH externo é menor que o pH interno, a saída de prótons da matriz, contra o gradiente de prótons, é um processo endergônico a energia livre seqüestrada pelo gradiente eletroquímico resultante conduz a síntese de ATP A energia livre estimada para a síntese de uma molécula de ATP é cerca de +30 a +50 kJ/mol, muito grande para ser conduzida pela passagem de um único próton de volta à matriz A maior parte das determinações experimentais indica que cerca de 3 prótons são necessários por ATP sintetizado. A ATP sintase Também conhecida como ATP sintase bombeadora de prótons ou F1F0- ATPase Proteína transmembrana de multissubunidades com massa molecular de 450kDa Composta de duas unidades funcionais F0 e F1 F0 é um canal de prótons transmembrana F1 é composta por várias subunidades (abgde) e dentre elas, a subunidade b catalisa a reação de síntese de ATP A proporção P/O Relaciona a quantidade de ATP sintetizada à quantidade de oxigênio reduzido O fluxo de 2 elétrons pelos complexos I, III e IV resulta na translocação de 10 prótons para o espaço intermembrana * O fluxo de retorno desses 10 prótons por meio da F1-F0 ATPase é suficiente para conduzir a síntese de ~3 ATPs * O NADH do complexo I e o FADH2 no complexo II permitem um movimento transmembrana de oito prótons, suficiente para sintetizar ~2 ATPs * O trânsito de 2 elétrons através do Complexo IV contribui com 2 prótons, o suficiente para formar ~1 ATP * Na mitocôndria respirando ativamente, a proporção P/O não corresponde a um número inteiro * Sendo assim, o número de ATPs sintetizados (examinado por Peter Hinkle) por molécula de glicose oxidada será 2,5 ATP/NADH x 10 NADH/glicose + 1,5 ATP/FADH2 x 2 FADH2/glicose + 2 ATP/glicose a partir do ciclo do ácido cítrico + 2 ATP/glicose a partir da glicólise = 32 ATP/glicose, e não 38 ATP/glicose, utilizando a proporção P/O de 3, 2 e 1. A proporção P/O A cadeia transportadora de elétrons e a fosforilação oxidativa A ATP sintase e os translocadores A maior parte do ATP gerado na matriz mitocondrial pela fosforilação oxidativa é utilizado no citosol A MMI contém um translocador de ADP- ATP (ou adenina- nucleotídeo translocase) que transporta o ATP para fora da matriz em troca do ADP produzido no citosol – sistema antiporte A regulação da fosforilação oxidativa Quando a fosforilação oxidativa é mínima, no estado de repouso, o gradiente eletroquímico na MMI acumula-se e impede a continuação do bombeamento de prótons, inibindo o transporte de elétrons, fazendo com que o pH no espaço intermembrana diminua Quando a síntese do ATP aumenta, o gradiente eletroquímico é dissipado, permitindo o reinício do transporte de elétrons Lista de exercícios 1. Fale sobre a importância para o metabolismo energético, das moléculas que são passíveis de oxidar ou reduzir. Dê exemplos de reações de óxido- redução envolvendo tais moléculas. 2. Resuma a teoria quimiosmótica. Qual a importância? 3. De que maneira os elétrons do NADH são transportados até a matriz mitocondrial? 4. Como funciona o translocador de ATP-ADP? 5. Resuma as etapas da cadeia transportadora de elétrons do NADH ao oxigênio. 6. Transporte de elétrons e fosforilação oxidativa são o mesmo processo? Explique. 7. Como a estrutura mitocondrial contribui para o metabolismo aeróbico, particularmente para a integração do ciclo de Krebs e do transporte de elétrons? 8. Qual é a vantagem da existência de transportadores de elétrons móveis, além dos grandes complexos transportadores ligados à membrana? 9. A ATP sintase mitocondrial é uma proteína integral de membrana? Porque ela pode ser considerada uma proteína motora? 10. Por que é difícil determinar um número exato para razões P/O?
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