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AULA 5- CIVIL 2 ESTRUTURA DO CONTEÚDO • Obrigação de meio – Conceito – Reflexos jurídicos • Obrigação de resultado – Conceito – Reflexos jurídicos • Obrigação alternativa – Conceito – Reflexos jurídicos OBRIGAÇÃO DE MEIO E DE RESULTADO OBRIGAÇÃO DE MEIO • Conceito: é aquela na qual o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado resultado, sem, no entanto, se comprometer com ele. Ex: advogado que não está obrigado a ganhar a causa mas a bem defender os interesses de seu cliente ou o médico que não se obriga a curar o enfermo, mas a tratá-lo bem. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO • Conceito: é aquela na qual o devedor se exonera somente quando o fim prometido é alcançado. O inadimplemento é oriundo do insucesso, devendo responder pelos prejuízos EX: transportador que promete tacitamente ao vender o bilhete a levar o passageiro são e salvo a seu destino, cirurgião plástico em cirurgia cosmética. • Efeitos jurídicos na hipótese de inadimplemento: Obrig. de meio: o devedor se obriga a utilizar suas habilidades para atingir o objetivo pretendido pelo credor. O inadimplemento ocorre somente se restar comprovado a negligência ou imperícia do devedor nos meios empregados. Obrig. de resultado: o objetivo final é essência do ajuste, portanto o devedor só se exonera ao atingir o fim colimado pelo credor, salvo se provar que algum fato inevitável (equiparado à força maior ou culpa exclusiva da vítima) rompeu com o nexo de causalidade. de resultado: • Responsabilidade do transportador é objetiva ( art 735 CC + Súm 187 STF) • Obrig. de garantia: é aquela que se destina a propiciar maior segurança ao credor, ou eliminar risco existente em sua posição, mesmo em hipóteses de fortuito ou força maior, dada sua natureza. O devedor não se libera da prestação mesmo em caso de força maior, uma vez que o conteúdo da obrigação é a eliminação de um risco, que por sua vez, é um acontecimento casual, alheio à vontade do obrigado. EX: obrigação do segurador Obrigações Alternativas • Como vimos se a obrigação possui um único objeto ela é simples, mas se há mais de um elo é composta ou complexa e neste caso se desdobra nas seguintes modalidades: obrigações cumulativas, alternativas e facultativas. • As obrigações cumulativas, são ditas conjuntivas, pois as prestações estão ligadas pela partícula “e”. Assim, o devedor só se libera ao cumprir todas as prestações. • As obrigações alternativas são ditas disjuntivas, posto que ligadas pela partícula “ou”, de modo que o devedor se exonera pelo cumprimento de um dos objetos que compõem a prestação. Obrigação Alternativa • Conceito: é aquela na qual são devidas várias prestações, mas, por conveniência das partes, somente uma delas há de ser cumprida, mediante escolha do credor ou do devedor. • Já diziam os romanos que nas obrigações alternativas, muitas coisas estão na obrigação mas somente uma no pagamento. Apesar de muitos objetos, a doutrina moderna entende que na obrigação alternativa há uma única obrigação. Porque apesar de serem várias as prestações, efetuada a escolha (que possui força retroativa), quer pelo devedor, quer pelo credor, individualiza-se a obrigação e a consequente exigibilidade, ficando as demais liberadas, como se, desde o início, fosse a única objetivada na prestação. • Distinção de outros tipos de obrigação: - Obrigação genérica ( vide aula 4) - Obrigação condicional: na obrig condicional o devedor não tem certeza se deve realizar a prestação e se libera se a condição não for implementada. Já na obrig. alternativa a existência do vínculo é certa e está aperfeiçoado, não estando na dependência de nenhum acontecimento. O que ocorre é somente a indeterminação da prestação. • Direito de Escolha - Art 252 CC – Respeito à liberdade contratual e supletivamente adoção do princípio favor debitoris - Este direito de escolha se transmite aos herdeiros daquele a quem ela cabia. - Art 252 § 1º: A escolha deve recair integralmente em uma das prestações alternativas. Não pode haver escolha parcial. • Art 252 § 2º: Na hipótese de prestações periódicas a faculdade de opção se renova a cada período. • Art 252 § 3º e 4º: cabe ao juiz realizar a escolha se não houver acordo, seja entre a pluralidade de optantes (§ 3º), seja entre as partes (§ 4º) • A escolha pode se dar por sorteio se as partes assim dispuserem( art 817 CC) • Concentração: • Conceito: ocorre quando a escolha é comunicada à outra parte e assim a obrigação se concentra no objeto determinado, tornando-se definitiva e irrevogável. Só será devido o objeto escolhido, como se fosse o único , desde a origem da obrigação, pois a concentração retroage ao momento da formação do vínculo obrigacional. • Na falta de comunicação, o direito de mudar a escolha pode ser exercido: pelo credor até o momento da propositura da ação de cobrança e pelo devedor até o momento de executar a obrigação. • O contrato deve estabelecer um prazo para a realização da opção. Desrespeitado, constitui- se em mora o devedor, mas não se torna de per si privado da escolha, salvo se houver estipulação contratual neste sentido. • Escolha do Devedor: se o devedor é constituído em mora, o credor pode intentar ação para obter sentença judicial alternativa (art 571 CPC). O devedor será citado para no prazo de 10 dias ( ou outro que constar no contrato, lei ou sentença) escolher e realizar a prestação. • Art 571 § 1º e 2º CPC: a opção é devolvida ao credor se o devedor não a exercitar no prazo aventado/ se a escolha compete ao credor ele a indicará na petição inicial. • Escolha do credor: Se o credor não realizar a escolha no prazo estabelecido no contrato, o devedor pode ingressar com uma ação consignatória ( art 342 CC), quando o credor será citado para realizar a escolha sob pena de perder este direito e ter que se contentar com a prestação que o devedor escolher depositar. OBS:“ A negligência do devedor ou do credor pode acarretar na decadência do direito de escolha. • Impossibilidade de cumprimento das prestações a) Impossibilidade material originária ou superveniente de uma das prestações por causa não imputável a ambas as partes: art 253 CC – a obrigação concentra-se automaticamente na prestação remanescente b) Impossibilidade jurídica de uma das prestações por ilicitude (de um dos objetos) contamina toda a obrigação de nulidade e a obrigação se torna inexigível. c) Impossibilidade material originária ou superveniente de uma das prestações por culpa do devedor: - Perecimento com culpa do devedor a ele cabendo a escolha: dá-se a concentração na prestação remanescente art. 253 - Perecimento com culpa do devedor e a escolha couber ao credor – art 255 CC- poderá exigir o cumprimento da obrig. remanescente ou o valor da outra mais perdas e danos. d) Impossibilidade de cumprimento de todas as prestações: - Sem culpa do devedor: art 256 – resolve-se a obrigação e as partes voltam ao status quo ante. - Com culpa do devedor cabendo-lhe a escolha: art. 254 CC – valor da que por último se impossibilitou mais perdas e danos. Com o perecimento do primeiro objeto a concentração se dá no que por último pereceu. • Com culpa do devedor cabendo a escolha ao credor – pode este exigir o valor de qualquer uma das prestações além das perdas e danos. (Art 255 2ª parte) Obrigações facultativas • Trata-se de espécie sui generis de obrigação alternativa , sendo uma obrigação simples na qual o devedor, e somente ele, possui a faculdade de exonerar-se mediante o cumprimento de prestação diversa e predeterminada. • É aquela na qual há uma única prestação, mas ao devedor possui a faculdade de substituição desta por outra. • Efeitos Jurídicos a)Escolha: Na obrigação facultativa o credor não possui direito de escolha e só pode exigir a prestação devida, não havendo necessidade de citação do devedor para exercer sua opção (art 571 CPC), como ocorre nas prestações alternativas. • b) Impossibilidade de cumprimento da prestação: 1) Perecimento da obrigação principal sem culpa do devedor, resolve-se o vínculo obrigacional, mesmo que a obrigação acessória continue válida. 2) Perecimento da obrigação acessória: desaparece somente a faculdade de escolha do devedor, mas o vínculo mantêm-se com relação à obrigação principal. 3) Na obrigação facultativa é impossível que a escolha recaia sobre o credor, mas a doutrina não é pacífica havendo doutrinadores como Karl Larenz, Von Tuhr. 4) Se o devedor desconhece a faculdade de substituição que o favorece, não poderá pleitear repetição, uma vez que o cumprimento obrigacional foi válido.
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