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Conceito e Competência Tributária

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OAB 1ª FASE - XX EXAME DE ORDEM 
Direito Tributário – Aula 01 
Josiane Minardi 
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CONCEITO DE TRIBUTO 
 
Tributo: Art. 3º CTN - Tributo é toda prestação pe-
cuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela 
se possa exprimir, que não constitua sanção de ato 
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada. 
 
Ninguém paga o tributo por ter desrespeitado uma lei, 
tributo não é castigo. Ao contrário paga-se o tributo 
por incorrer em uma situação prevista em lei como 
hipótese de incidência tributária, ou seja, o legislador 
elegeu uma situação que uma vez praticada pelo su-
jeito, no mundo concreto, estará sujeita à incidência 
da norma tributária e por essa razão irá nascer a obri-
gação de pagar um tributo. 
As hipóteses de incidência da norma tributária são 
sempre constituídas por fatos lícitos. Contudo, veri-
fica-se que embora a hipótese de incidência tributária 
não possa ser algo ilícito, os frutos de uma atividade 
ilícita podem ser objeto de tributação. Isso porque o 
artigo 118, I do Código Tributário Nacional – CTN 
prevê que a definição do fato gerador será interpre-
tada abstraindo-se da validade dos atos praticados 
pelo sujeito. 
 
Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpre-
tada abstraindo-se: 
I - da validade jurídica dos atos efetivamente pratica-
dos pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, 
bem como da natureza do seu objeto ou dos seus 
efeitos; 
 
Além disso, os Tribunais Superiores aplicam o Prin-
cípio “Pecunia non olet”, segundo o qual o tributo 
não tem cheiro, não importa de onde vem, nesse 
caso, a renda auferida, o que importa é que ocorreu 
o fato gerador. 
 
Espécies Tributárias: 
O art. 5º do CTN e o art. 145 da CF prevêem três 
espécies tributárias: 
 
1) Impostos 
2) Taxas 
3) Contribuição de Melhoria 
 
O art. 148 da CF faz menção ao Empréstimo Com-
pulsório e o art. 149 da CF refere-se às Contribui-
ções. 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
 
Competência Tributária é a outorga de poder con-
cedido pela Constituição Federal aos Entes Federa-
tivos para que eles possam criar, instituir e majorar 
tributos. Somente os entes federativos apresentam 
competência tributária, pois os tributos só podem 
ser instituídos por meio de lei. 
 
Características da Competência Tributária 
Indelegabilidade: O Ente Federativo não poderá 
transferir a sua competência tributária para nenhum 
outro Ente. 
A competência tributária que consiste na criação, 
instituição e majoração de tributo é indelegável. 
Contudo as funções administrativas de arrecadar, 
fiscalizar tributos e executar leis que compreen-
dem a capacidade ativa tributária podem ser dele-
gável. 
CTN - Art. 7º - A competência tributária é indele-
gável, salvo atribuição das funções de arrecadar 
ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, 
atos ou decisões administrativas em matéria tributá-
ria, conferida por uma pessoa jurídica de direito 
público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da 
Constituição. 
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privi-
légios processuais que competem à pessoa jurídica 
de direito público que a conferir. 
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer 
tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito 
público que a tenha conferido. 
§ 3º Não constitui delegação de competência o co-
metimento, a pessoas de direito privado, do encargo 
ou da função de arrecadar tributos 
 
Para fixar, temos: 
 
b) Facultatividade: Os Entes Federativos não estão 
obrigados a instituir os tributos, cuja competência tri-
butária lhe foi atribuída pela Constituição Federal. O 
art. 145 da CF determina que a União, Estados, Dis-
trito Federal e Municípios “poderão”, e não “deverão” 
instituir tributos. A doutrina diz que a competência 
tributária no Brasil é facultativa. 
 
c) Incaducabilidade: O direito do Ente Federativo 
instituir o tributo pode ser exercido a qualquer tempo. 
O fato da União não ter instituído o IGF, em 1988, 
quando da promulgação da Constituição Federal, 
não lhe retira o direito de institui-lo agora, passados 
mais de 20 anos. 
 
d) Inalterabilidade: a competência tributária não 
pode ser alterada por lei infraconstitucional. Assim, 
quando a Constituição, no art. 156, I prevê que o 
 
 
 
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IPTU irá incidir sobre a propriedade de imóvel ur-
bano, não pode uma lei modificar tal competência ao 
ponto de determinar que o IPTU tenha como hipótese 
de incidência, fato gerador a mera posse de imóvel 
urbano. 
 
e) Irrenunciabilidade: A competência tributária é ir-
renunciável, o Ente Federativo não pode jamais re-
nunciar sua competência tributária em favor de outro 
Ente, ele pode apenas deixar de exercê-la. 
Assim, o fato da União não ter criado ainda o IGF não 
confere o direito dos Estados, por exemplo, instituí-
rem esse imposto, porque a competência é Irrenun-
ciável. 
 
Para memorizar, a competência tributária é: 
 
1) Indelegável 
2) facultativa 
3) Incaducável 
4) Inalterável 
5) Irrenunciável 
 
EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 
 
Os Entes Federativos irão criar, instituir e majorar os 
tributos apenas por meio de lei e via de regra lei or-
dinária. 
A lei ordinária é o instrumento por excelência da im-
posição tributária. Para efeito de votação parlamen-
tar, indica um quorum de maioria simples, o voto fa-
vorável de mais da metade do número de parlamen-
tares presentes no dia da votação. 
Existem 4 tributos, todavia, que só podem ser institu-
ídos ou majorados por meio de Lei Complementar, 
que são: Contribuição Social Residual (art. 195,§ 4º 
da CF); Empréstimo Compulsório (art. 148 da CF); 
IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas – Art. 153, VII 
da CF) e Imposto Residual (art. 154, I da CF). 
Dizemos aqui, para fins mnemônicos que os tributos 
que só podem ser instituídos e majorador por meio 
de LC é o CEGI! 
 
Contribuição Social Residual 
Empréstimo Compulsório 
IGF 
Imposto Residual 
 
Segundo a literalidade do art. 62, § 2º da CF Medida 
Provisória, que é um instrumento normativo, com 
força de lei, poderá instituir e majorar impostos. 
Primeira Observação: Ainda que o art. 62, § 2º da 
CF estabeleça que a Medida Provisória poderá insti-
tuir e majorar impostos, o STF tem entendimento de 
que as Medidas Provisórias podem instituir ou majo-
rar outras espécies tributárias, desde que essas não 
necessitem de Lei Complementar para sua institui-
ção. 
A Medida Provisória, no entanto, para instituir ou ma-
jorar impostos deverá observar dois requisitos: 
 
Primeiro: Que o Imposto possa ser instituído por 
meio de Lei Ordinária, pois o art. 62, § 1º, III da CF, 
veda a MP tratar sobre matérias reservadas à Lei 
Complementar. 
Segundo: Em se tratando de impostos, excepciona-
dos o Imposto Extraordinário Guerra, Imposto sobre 
a Importação (II), Imposto sobre a Exportação (IE), 
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Im-
posto sobre produtos industrializados (IPI), é neces-
sário que a medida provisória que os criar seja con-
vertida em lei até o final do exercício financeiro, para 
que possa produzir efeitos no exercício subsequente. 
 
REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS 
 
A Constituição Federal prevê algumas hipóteses de 
transferência obrigatória da arrecadação dos impos-
tos, conforme os artigos 153, § 5º, 157, 158 e 159. 
No art. 153,§ 5º da CF – A União é obrigada a repas-
sar 30% da arrecadação do IOF incidente sobre o 
ouro ativo financeiro para o Estado, conforme a ori-
gem e 70% para o Município, conforme a origem. 
 
§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo fi-
nanceiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusi-
vamente à incidência do imposto de que trata o incisoV do "caput" deste artigo, devido na operação de ori-
gem; a alíquota mínima será de um por cento, asse-
gurada a transferência do montante da arrecadação 
nos seguintes termos: 
 
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Fede-
ral ou o Território, conforme a origem; 
II - setenta por cento para o Município de origem. 
 
De acordo com o art. 157 da CF competem aos Es-
tados e Distrito Federal: 
 
a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, so-
bre rendimentos pagos, a qualquer título, pelos Esta-
dos, suas autarquias e pelas fundações que instituí-
rem e mantiverem; 
b) 20% do produto da arrecadação do imposto resi-
dual. 
 
Nos termos do art. 158 da CF competem aos Muni-
cípios: 
 
 
 
 
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a) 100% da arrecadação do IR incidente na fonte, so-
bre rendimentos pagos, a qualquer título, pelos Mu-
nicípios, suas autarquias e pelas fundações que ins-
tituírem e mantiverem; 
b) 50% do ITR, como via de regra, e 100% do ITR 
quando o Município detiver a capacidade ativa tribu-
tária, ou seja, a função de arrecadar, fiscalizar esse 
imposto. 
c) 50% do IPVA 
d) 25% do ICMS 
 
O art. 159 da CF, prevê que a União entregará 49% 
da arrecadação do Imposto sobre Renda e proventos 
de qualquer natureza (IR) e sobre produtos industri-
alizados (IPI) da seguinte forma: 
 
a) 21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e do 
Distrito Federal; 
b) 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios; 
c) 3% para aplicação em programas de financia-
mento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nor-
deste e Centro-Oeste, através de suas instituições fi-
nanceiras de caráter regional, de acordo com os pla-
nos regionais de desenvolvimento, ficando assegu-
rada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recur-
sos destinados à Região, na forma que a lei estabe-
lecer; 
d) 1% ao Fundo de Participação dos Municípios, que 
será entregue no primeiro decêndio do mês de de-
zembro de cada ano 
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos 
Municípios, que será entregue no primeiro decêndio 
do mês de julho de cada ano; 
 
Os incisos II e III do art. 159 da CF determinam que: 
 
a) 10% da arrecadação do Imposto sobre produtos 
industrializados será repassado aos Estados e ao 
Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das res-
pectivas exportações de produtos industrializados. 
b) 29% do produto da arrecadação da contribuição 
de intervenção no domínio econômico prevista no art. 
177, § 4º aos Estados e o Distrito Federal, distribuí-
dos na forma da lei, observada a destinação a que se 
refere o inciso II, c, do referido parágrafo.

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