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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CAMPUS PARAUAPEBAS JOSEANE MEMÓRIA RIBEIRO DOS SANTOS PROPOSTA PARA PLANO DE MANEJO INTEGRADO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DE UM TRECHO DO RIO PARAUAPEBAS PARAUAPEBAS - PA 2017 JOSEANE MEMÓRIA RIBEIRO DOS SANTOS PROPOSTA PARA PLANO DE MANEJO INTEGRADO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DE UM TRECHO DO RIO PARAUAPEBAS Trabalho de Manejo Integrado de Bacias Hidrográficas, apresentado à disciplina de Manejo de Ecossistemas e Bacias Hidrográficas, como nota complementar avaliativa do NAP 1, do Curso de Engenharia Florestal, da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Campus Parauapebas-PA. Prof.ª Dr.ª Andrea Siqueira Carvalho PARAUAPEBAS - PA 2017 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Diferenciando os limites da Região Hidrográfica Amazônica da Amazônia legal. 7 Figura 02: Mapa de domínios hidrogeológicos do estado do Pará 7 Figura 03: Balanço Hídrico em uma Bacia Hidrográfica 9 Figura 04: Área ocupada por habitação na cidade de Parauapebas-PA, no ano de 2011. 13 Figura 05: Área ocupada por habitação na cidade de Parauapebas-PA, no ano de 2016 14 Figura 06: Extensão do rio Parauapebas 15 Figura 07: Área de estudo, demarcando o trajeto do rio Parauapebas 16 Figura 07: Área de estudo, demarcando o trajeto do rio Parauapebas 16 Figura 09: Imagens de satélites, da região analisada, no ano de 2011 17 Figura 10: Imagens de satélites, da região analisada, no ano de 2016 17 Figura 11: Imagens de satélites, do banco de areia, no ano de 2006. 18 Figura 12: Imagens de satélites, do banco de areia, no ano de 2011 19 Figura 13: Imagens de satélites, do banco de areia, no ano de 2016 19 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4 2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................................... 5 3. OBJETIVOS .................................................................................................................... 6 3.1. Geral .............................................................................................................................. 6 3.2. Específico .......................................................................................................................... 6 4. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 7 5. METAS ............................................................................................................................. 8 6. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 9 6.1. Região Hidrográfica Amazônica (RHA)96.2. Gestão dos Recursos Hídricos no Pará ............................................................................................................................ 10 6.3. Bacia Hidrográfica e Sua Importância ........................................................................ 11 6.4. Plano de Manejo de Bacia Hidrográfica - PMBH ...................................................... 12 6.5. Interferência Antrópica nas Bacias.............................................................................. 13 6.6. Qualidade da água do Rio Parauapebas ..................................................................... 14 7. Área de Estudo ............................................................................................................... 15 7.1. Características da Cidade de Parauapebas ................................................................. 15 7.2. Características do rio Parauapebas ............................................................................. 16 7.3. Trecho do rio que foi analisado .................................................................................... 17 8. CONSEQUÊNCIAS DO AUMENTO DEMOGRÁFICO NOS BAIRROS DE ABRANGÊNCIA NO TRECHO ANALISADO .................................................................. 19 9. PROPOSTAS DE AÇÕES PARA AMENIZAR OU SANAR OS PROBLEMAS OCASIONADOS NO TRECHO DO RIO ........................................................................... 22 9.1. Programas de Recuperação da Mata Ciliar, Preservação da vegetação deTopo de Morros e Educação Ambiental .............................................................................................. 22 9.2. Programas de Ações de Controle da Erosão do Solo na Microbacia ....................... 22 9.2.1. Orientação das águas superficiais ................................................................................... 22 9.2.2. Contenção de taludes e retalumento ............................................................................... 23 9.2.3. Cortinas de estacas justapostas ....................................................................................... 23 9.2.4. Recuperação da área com gramíneas e leguminosas ...................................................... 23 10. RESULTADOS ESPERADOS .................................................................................... 24 11. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 26 4 1. INTRODUÇÃO Existem no ambiente, inúmeros recursos naturais que são de fundamental importância para a vida na terra, mas a água é um dos recursos naturais de maior importância, pois constitui os organismos vivos e é indispensável para a qualidade da vida e para o desenvolvimento econômico da sociedade (CRUZ, et al; 20017). A bacia hidrográfica responsável pelo abastecimento de água da cidade de Parauapebas, é o rio Parauapebas (PARAUAPEBAS, 2015). A localização do rio Parauapebas é no sudeste do estado do Pará, o mesmo corta o município de mesmo nome, quase totalidade do abastecimento público de água do munícipio vem do rio, servindo também para recreação e pesca. No entanto a preservação e conservação ambiental do rio são preocupantes, uma parte considerável do rio sofre interferências antrópicas (SIQUEIRA, et al; 2012). A cidade de Parauapebas tem a sua importância nacional por ser a maior produtora de minério do país, o que vislumbra a cobiça por melhoria de vida e de bons empregos de muitos trabalhadores, em 2010 a população da cidade era de 153.908 habitantes, em uma área territorial de 6.886,208 Km2, 22,35 ha/Km2, com previsão de crescimento demográfico de 196.259 habitantes, para o ano de 2016 (IBGE, 2010). Consequentemente há um aumento das ações antrópicas, como, deposição de rejeitos e despejos de efluentes, no rio, que afetam sua funcionalidade fitossociológica, diminuindo a vazão da água, aumenta o assoreamento, prejudica o ecossistema aquático, interferindo diretamente na qualidade da água (SIQUEIRA, et al; 2012). 5 2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA O rio Parauapebas é a principal fonte de abastecimento de água da cidade, sendo navegável por pequenos barcos, há trechos interrompidos por corredeiras e pequenas cachoeiras, que se agravam quando os níveis de suas águas baixam. No entanto percebe-se que no decorrer dos anos relatos em noticiários locais mostram que o mesmo vem perdendogradativamente seu potencial de vazão, em alguns pontos no período de estiagem o rio fica intrafegável para barcos, chegando a secar de uma margem a outra. O aumento demográfico desenfreado, vinculado com a falta de planejamento dos bairros e de políticas públicas de gestão hídrica e de saneamento básico, agrava o problema de poluição do rio por deposição de rejeitos e de efluentes. Consequentemente as matas ciliares e de proteção de nascentes são suprimidas para dá lugar à construção de residências, afetando diretamente, os cursos d’água com o aumento do assoreamento e assim diminuindo a vazão do rio. 6 3. OBJETIVOS 3.1. Geral Realizar o Plano de Manejo de Bacia Hidrográfica de um trecho do rio Parauapebas. 3.2. Específico Identificar os pontos de vegetação e de assoreamento do rio; Identificar as possíveis causas do assoreamento e da diminuição da vazão do rio Parauapebas; Sugerir ações que possam contribuir para a preservação da funcionalidade fitossociológica do rio; Contribuir com a conscientização da importância da preservação dos recursos hídricos, através de educação ambiental; Promover abordagem e discussões sobre a retirada das matas ciliares e de topo dos morros, e suas consequências para a disponibilidade dos recursos hídricos. 7 4. JUSTIFICATIVA O rio Parauapebas tem uma importância fundamental para o desenvolvimento econômico do Município, por ser responsável por cause totalidade do abastecimento público de água na cidade. Além de ser fundamental para a sobrevivência da fauna, da flora local e do ecossistema aquático da região, por tais fatores a conservação e preservação do rio deve ser um dos pontos principais do plano diretor do munícipio, para que assim a biodiversidade local seja preservada e a qualidade de vida humana não seja afetada. 8 5. METAS A partir das análises realizadas, pretende-se aplicar um plano de manejo no trecho da bacia do rio Parauapebas, visando produção, preservação e recuperação, consequentemente preservando os recursos naturais e as funções fitossociológicas do rio Parauapebas, com práticas de desenvolvimento sustentável. 9 6. REFERENCIAL TEÓRICO 6.1. Região Hidrográfica Amazônica (RHA) Segundo estudos do Ministério do Meio Ambiente - MMA (2006), a hidrografia amazônica (Figura 01), ocupa dimensões de 6.000 Km de nascentes, além dos cursos principais, os rios Solimões e Amazonas. Representando cerca de 40% do território nacional brasileiro, possuindo, de toda a disponibilidade hídrica do País, mais de 60% e disponibilidade do estado do Pará é de 27,86%. A RHA tem como principal característica a disponibilidade hídrica subterrânea e a exploração dos aquíferos tem como fator determinante a escavação de poços. Apresenta os melhores aquíferos, devido a sedimentação dos terrenos, ocupando cerca de 4.130,000 Km2, correspondente a 48% do território nacional. Figura 01: Diferenciando os limites da Região Hidrográfica Amazônica da Amazônia legal. Fonte: MM (2006), adaptado Bases do PNRH (2005). No território paraense há sete grandes domínios hidrogeológicos, divididos segundo suas afinidades, a favorabilidade hidrogeológica é classificada em baixa, muito baixa, média, alta e variável (Figura 02). Sendo que em um desses está localizado o maior aquífero do Brasil, o aquífero Alter do Chão, que ocupa uma área de extensão de aproximadamente 9.870 Km2 abrange desde a fronteira com o estado do Amazonas, até a borda da Bacia do Marajó (CPRM, 2013). 10 Figura 02: Mapa de domínios hidrogeológicos do estado do Pará. Legenda: 1- Formação Cenozoicas – aquífero poroso (variável, média e alta) 2- Bacia Sedimentares - Alter do Chão e Itapecuru (alta e média) 3- Poroso/Fisural (média e baixa) 4- Metassedimento Vulcânico (baixa) 5- Vulcânica (variável) 6- Cristalino (baixa e muito baixa) 7- Caronato/Metacarbonato (variável) Fonte: CPRM (2013), adaptado BONFIM (2006). 6.2. Gestão dos Recursos Hídricos no Pará A gestão de recursos hídricos no estado do Pará, envolve o espaço de trajetória dos cursos d’água que passa a ser um recurso de bem de consumo ao invés de recurso infinito renovável, portanto a gestão é articulada em um processo de ações de diferentes agentes sociais, visando a garantia de adequação dos meios de exploração dos recursos naturais (SEMAS, 2012). O Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SEGRH foi criado de acordo com a Lei Estadual nº 6.381/2001, ao qual cabe a coordenação da gestão integrada dos recursos hídricos. Uma das principais competências do SEGRH é Cap. VI Art. 44, “IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos hídricos”. A Lei Estadual nº 6.381/2001, dispõe também sobre o Comitê de Bacias Hidrográficas - CBH, sua área de atuação, sua composição, sua representatividade e suas atribuições. A mesma Lei Estadual, ainda dispõe que os CBH, Cap. IV, art. 54 “... deverão proceder à criação de suas respectivas Agências de Bacias, destinadas a lhes prestar apoio técnico e administrativo e exercer as funções de sua Secretaria Executiva”. 11 6.3. Bacia Hidrográfica e Sua Importância Bacia hidrográfica é definida como “área de drenagem de um curso d’água ou lago” (PARÁ, Res. 003/2008). A partir da Lei Estadual Nº 6.381/2001 e a Lei Federal Nº 9.433 definem bacia hidrográfica como ambiente de planejamento e gestão, tendo seus limites de perímetro da área a ser planejada, nos limites do qual qualquer alteração ou intervenção, em determinado ponto, reflete no todo, tem função fundamental para o balanceamento hídrico, sua disponibilidade vinculada à demanda, ou seja, tem função essencial para o balanço hídrico. De acordo com Barrella et al (2000), bacia hidrográfica tem “seu contorno limitado pelas partes mais altas do relevo, conhecida como divisores de água”, o que favorece o escoamento das águas das chuvas, que formarão os riachos e rios, ou as nascentes e os lençóis freáticos quando infiltram no solo. Tonello (2005) defende que a conservação da bacia, sua estrutura econômica, institucional, legal e social, é devido ao manejo bem aplicado, tendo por finalidade conservar os recursos naturais de maneira sustentável. No entanto para que a bacia cumpra sua função faz-se necessário a preservação da mata ciliar, que formará uma zona de proteção ripária, filtrando sedimentos e nutrientes, evitando erosão do solo e controlando a temperatura necessária para a conservação do ecossistema aquático (LIMA, 1989). A ausência de práticas de manejo, pode causar consequências negativas às microbacias, como, erosão do solo, assoreamento do rio, diminuição da vazão da água, qualidade da água é comprometida (CARDOSO, 2008). A bacia hidrográfica representa a fração não perdida por evaporização, da fração da precipitação (figura 03) (KOBIYAMA, et al; 2014). Figura 03: Balanço Hídrico em uma Bacia Hidrográfica Fonte: Kobiyama et al, 2014. Adaptado Netto. 12 6.4. Plano de Manejo de Bacia Hidrográfica - PMBH Realizar o Plano de Manejo de Bacia Hidrográfica é fazero gerenciamento de seus recursos hídricos, visando a água como parte importante do ecossistema, recurso natural e bem social e econômico, para que a água cumpra sua função social das atividades humanas, deve-se considerar o funcionamento dos sistemas aquático e os recursos perenes, tendo em vista a preservação do ecossistema (CAZULA, et al. 2010). Cazula et al (2010) enfatiza que “a adoção da bacia hidrográfica, como unidade de planejamento e gerenciamento, enfatiza a integração econômica e social em processos conceituais”. Defendendo a conservação, recuperação e tratamento através de tecnologias, e que a gestão e o planejamento de uma bacia podem ultrapassar as fronteiras políticas do país, estado e município possibilitando o desenvolvimento econômico e social. Ainda segundo os autores: Utilizar a bacia hidrográfica como unidade de planejamento propicia um conjunto de indicadores, fornecedores de índices de qualidade, que podem representar um passo importante na consolidação e da descentralização e do gerenciamento, favorecendo a conservação e preservação ambiental, estimulando a integração da comunidade e de instituições (CAZULA, et al; 2010). O manejo adequado das bacias hidrográficas garante a qualidade da água, o que reflete positivamente na produção, consequentemente na preservação de nascentes, no entanto deve- se levar em consideração a preservação das matas ciliares, o uso adequado do solo e a cobertura vegetal, ou seja, preservação dos elementos e recursos naturais que compõe a bacia, se esses fatores forem bem manejado poderão influenciar nas atividades antrópicas, para que haja o mínimo de alteração possível a dinâmica e o ecossistema das bacias (KOBIYAMA, et al; 2014). Portanto o gerenciamento em nível municipal, dos recursos hídricos tem como um grande desafio a conservação dos mananciais e a preservação das fontes de abastecimento superficiais e/ou subterrâneas (CAZULA, et al; 2010). Os autores defendem a ideia de que a “conservação deve ser efetivada através dos usos da terra, otimizando o reflorestamento e a proteção da vegetação”, das matas ciliares principalmente, o que resulta na geração de diversas oportunidades de desenvolvimento socioeconômico, com práticas de recuperação de áreas degradadas e proteger as áreas preservadas. Uma das soluções para que os mananciais sejam conservados é o gerenciamento integrado dos recursos hídricos (CAZULA, et al; 2010). 13 6.5. Interferência Antrópica nas Bacias O uso das terras nos limites das bacias é um dos principais problemas para a gestão de bacias hidrográficas, devido não serem, na maioria das vezes, planejados e não têm a mínima preocupação com a conservação dos cursos d’água, consequentemente prejudicando a sustentabilidade da região (SILVA, et al; 2008). Em sua pesquisa Silva et al (2008), como proposta de preservação e uso racional das bacias hidrográficas, principalmente as amazônicas, propõem a compatibilização da atividade agropecuária com a sustentabilidade ecológica e hidrográfica, pelo fato dos Sistemas Agroflorestais – SAFs serem compostos por elementos naturais e artificiais, há a inter relação dos fatores abióticos integrado pelo relevo, clima, solos e cursos d’água e os fatores bióticos espécies de animais e vegetais e as aplicações de técnicas realizadas pelo homem. A escala e categoria de impactos causados por interferências antrópicas nas bacias, segundo Zakia (2008), é da seguinte forma: Macro – uso conflitivo da água disponível e desfiguração da paisagem. São indicados pelo balanço hídrico regional e representatividade da área em termos de ecossistema. Causados pelas atividades de reflorestamento, substituição de florestas naturais por plantadas, desmatamento e reflorestamento. Meso – degradação da microbacia. Tendo como indicadores: extensão e condição da mata ciliar; desenho, densidade e declividade, taxa de mineralização do nitrogênio, queima de resíduos, infiltração e penetrômetro e medidas de conservação do solo. Causados pelas atividades de desproteção da zona ripária, estradas inadequadas, destruição da camada orgânica do solo, compactação do solo e erosão. Micro – alteração do regime da vazão, eutrofização, assoreamento dos cursos d’água, perdas de nutrientes por lixiviação, material orgânico e tóxicos. Seus indicadores são vazão, concentração de nitrogênio e de fósforo na água, turbidez; condutividade, oxigênio dissolvido; cor e análise do princípio ativo. Causados pelas atividades de desmatamento, silvicultura intensiva, adubação inadequada, retirada da mata ciliar, destruição da zona ripária, erosão, corte raso e uso de agrotóxicos. 14 6.6. Qualidade da água do Rio Parauapebas Em análise realizada por Siqueira et al (2012) concluiu-se que não há uma classificação, propriamente dita das águas do rio Parauapebas, no entanto pode ser enquadrada na classe II da Classificação dos Corpos de Água da Resolução Conama nº 357 (Conama 2005) “águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5% e inferior a 30%”. Na mesma pesquisa foi identificado um comprometimento da qualidade da água, localizado, consequência da deposição de efluentes e resíduos sólidos. Algumas características oriundas da poluição foram identificadas, como, baixa transparência, alta turbidez, matéria orgânica e alta carga de material em suspensão, com relação ao pH houve uma variação pequena, em faixa ligeiramente ácida, consequência da contribuição da bacia hidrográfica e da decomposição de matéria orgânica, a geologia da região contribui com alcalinidade da água (SIQUEIRA, et al; 2012). Ainda segundo o autor, o rio Parauapebas recebe deposição de matéria orgânica e sedimentos, de tal forma que que a decomposição da matéria orgânica por bactérias aeróbicas, contribuem com a redução do oxigênio dissolvido e degradação da qualidade da água. 15 7. Área de Estudo 7.1. Características da Cidade de Parauapebas A cidade de Parauapebas está localizada no sudeste do estado Pará, segundo fontes do IBGE 2010, sua área territorial é de 6.886,208 Km2, com uma população de 153.908 habitantes, densidade demográfica de 22,35 hab/ Km2, com previsão de aumento populacional para o ano de 2016 de 196.259 habitantes. Nas figuras 04 e 05, demonstra-se o território ocupado por habitações, nos anos de 2011 e 2016 respectivamente. A cidade é banhada por dois rios, o Parauapebas e o Itacaiúnas. Figura 04: Área ocupada por habitação na cidade de Parauapebas-PA, no ano de 2011. Fonte: Google Earth (2017). Figura 05: Área ocupada por habitação na cidade de Parauapebas-PA, no ano de 2016. Fonte: Google Earth (2017). 16 7.2. Características do rio Parauapebas O rio Parauapebas nasce na Serra Arqueada e tem seu fluxo na direção Sul-Norte (PARAUAPEBAS, 2016), sua localização é no centro-sul do Estado do Pará e corta o Município do mesmo nome, é responsável pelo abastecimento de água e fornecimento público para quase todo o munícipio, sua extensão é de 350 Km, é formado pela junção do Ribeirão do Caracol e do Córrego da Onça, com fluido sempre na direção S-N, na margem esquerda recebe os rios Córrego da Goiaba, Rio Sossego, Igarapé da Gal, Rio Gelado e Rio Sapucaia, e pela margem direita os rios Plaquê, Verde, Novo e Caracol e o Igarapé Ilha do Coco, que deságua no Rio Verde (Figura 06) (SIQUEIRA, et al; 2012). Figura 06: Extensão do rio Parauapebas. Fonte: Siqueira et al (2012). Adaptado SIPAMe IBGE. É delimitado pela Floresta Nacional de Carajás - FLONACA na margem esquerda a qual é de proteção da União por ser uma Unidade de Conservação - UC, tendo característica principal de floresta ombrófila, possuindo espécies que variam de 5 a 50 metros de altura. E a margem direita é ocupada por área urbanizada em uma extensão considerável, no entanto apresenta pequenas porções de vegetação ombrófila e de várzea, mas que sofrem ações antrópicas. 17 7.3. Trecho do rio que foi analisado A área analisada corresponde uma área de 3.803 m de comprimento e de largura em média 64,55 m, está localizado com as seguintes coordenadas 6°4'55.43"S e 49°54'17.97"O. Como pode-se observa na Figura 07, a margem direita do rio tem interferência considerada de ações antrópicas, abrangendo os bairros do Liberdade e Cinco Estrelas, porém pequenas áreas de vegetação ainda são conservadas em alguns pontos, em contra partida a margem esquerda está totalmente conservada, a qual é constituída pela vegetação da FLONACA. Figura 07: Área de estudo, demarcando o trajeto do rio Parauapebas. Fonte: Google Earth (2017). A configuração geográfica do trecho de análise sofreu mudanças consideráveis nos últimos 10 anos, como pode-se observa nas Figuras 08, 09 e 10 as quais representam, respectivamente, os anos de 2006, 2011 e 2016. 18 Figura 08: Imagens de satélites, da região analisada, no ano de 2006. Fonte: Google Earth (2017). Figura 09: Imagens de satélites, da região analisada, no ano de 2011. Fonte: Google Earth (2017). 19 Figura 10: Imagens de satélites, da região analisada, no ano de 2016. Fonte: Google Earth (2017). 8. CONSEQUÊNCIAS DO AUMENTO DEMOGRÁFICO NOS BAIRROS DE ABRANGÊNCIA NO TRECHO ANALISADO As Figuras 11, 12 e 13 destacam o aumento gradativo do banco de areia, o que leva a interpretar que a vazão do rio diminuiu consideravelmente no decorrer dos últimos anos, a dimensão do banco de areia em 2006 era 145,17 m, em 2011 teve o uma diminuição em sua extensão chegando a medir 66,13, no entanto em 2016 teve um aumento considerável com dimensão de 200 m e com presença de novos fragmentos em seu entorno, o banco de areia aparentemente é resquício de um fragmento de mata, que há no meio do rio, provavelmente devido perda de vegetação desta área, o banco de areia aumentou sua dimensão, a perda de vegetação pode ser consequência de ações antrópicas em vários trechos do rio, causando o aumento do assoreamento. 20 Figura 11: Imagens de satélites, do banco de areia, no ano de 2006. Fonte: Google Earth (2017). Figura 12: Imagens de satélites, do banco de areia, no ano de 2011. Fonte: Google Earth (2017). Figura 13: Imagens de satélites, do banco de areia, no ano de 2016. Fonte: Google Earth (2017). 21 Os bairros de abrangência do trecho analisado, que compõem o zoneamento do rio, tiveram um aumento demográfico considerado nos últimos dez anos, o que ocasionou na ocupação de áreas que antes eram matas e contribuíam para a conservação e a manutenção da vazão rio, com a retirada da mata ciliar o assoreamento aumentou e assim diminuindo a vazão do rio, o solo é compactado dificultando a infiltração da água para o lençol freático. E a falta de políticas públicas de saneamento básico nos bairros, ocasiona no despejo de efluentes no rio e consequente a poluição da água. Há vários pontos de assoreamento na margem direita do rio, ponto que chega há 39,3 m de dimensão, consequentemente a perda na dimensão do rio mais do que a metade. 22 9. PROPOSTAS DE AÇÕES PARA AMENIZAR OU SANAR OS PROBLEMAS OCASIONADOS NO TRECHO DO RIO 9.1. Programas de Recuperação da Mata Ciliar, Preservação da vegetação deTopo de Morros e Educação Ambiental Como previsto na Lei Federal 12.651/2012, para o curso d’água com as dimensões da área analisada (64,55 m), é necessário que haja uma faixa de 100 m de faixa de mata ciliar, portanto faz-se necessário a recuperação da vegetação no entorno do rio, o grande problema é a presença de moradores, pois há a necessidade da remoção das residências para áreas que não afetem a funcionalidade fitossociológica do rio. Caso haja presença de nascente, em conformidade com Lei Federal citada anteriormente, deve se preservar 50 m da mata nativa no entorno da nascente. A manutenção da vegetação nativa no topo dos morros é uma das ações de extrema relevância para a preservação da vazão do rio, além de evitarem perda do solo por lixiviação, mantem a funcionalidade das nascentes e a infiltração da água para manutenção do lençol freático. É de extrema relevância que haja projetos e ações visando plano de manejo, preservação e recuperação da vegetação, diante da importância natural e socioeconômica do rio Parauapebas. Educação ambiental seria a base das ações de conscientização da população, sobre a importância de preservação da qualidade do rio. 9.2. Programas de Ações de Controle da Erosão do Solo na Microbacia Uma das principais causas do assoreamento do rio é o avanço do processo erosivo, consequentemente o surgimento de voçorocas. Há várias formas de contenção do avanço de voçoroca, tais como, contenção de talude com barreiras com bambu, madeira, com sacos de areia e outros materiais disponíveis. No entanto fazem-se necessárias obras de orientação das águas superficiais. 9.2.1. Orientação das águas superficiais As primeiras ações para contenção de voçorocas é a projeção de drenagens de orientação das águas superficiais. 23 9.2.2. Contenção de taludes e retalumento Obra de movimentação de terra, objetivando a diminuição da inclinação da encosta da voçoroca, aumentando a estabilidade do talude. Com o auxílio de escavadeira hidráulica juntamente com o trabalho manual, quebra-se as cristas das encostas, em declividade estável em ângulo de 50º serão retaludadas. 9.2.3. Cortinas de estacas justapostas Estrutura arrimo constituída por várias estacas posicionadas uma próximas a outra, indicado para terrenos relativamente instável. 9.2.4. Recuperação da área com gramíneas e leguminosas Uma defesa natural do terreno contra erosão é a cobertura vegetal, pois protege contra impactos da água da chuva, perda da água por escoamento e evaporação, melhorando a infiltração, melhora a estrutura do solo, através da adição de matéria orgânica. Algumas espécies de gramíneas e leguminosas (Melinis minutiflora – capim gordura; Canavalia ensisformis – feijão de porco) são ideais para o processo inicial de recuperação de áreas degradadas. 24 10. RESULTADOS ESPERADOS Implantação de políticas públicas de gestão dos recursos hídricos, juntamente com ações de saneamento básicos nos bairros de zoneamento do rio, para que haja a diminuição de deposição de efluentes e rejeitos domiciliares no rio. Através de ações de conscientização da população, para que haja diminuição de deposição de resíduos nas margens da micro bacia hidrográfica.Recuperação da mata ciliar e aumento da faixa de cobertura vegetação à margem da bacia, o que ocasionaria no aumento da vazão e na diminuição do assoreamento. Manutenção das matas de proteção de nascentes garantindo a funcionalidade fitossociológica das mesmas. E manutenção das matas de topo dos morros. Melhorias na qualidade de água do rio, garantindo a manutenção do ecossistema aquático do município e consequentemente fornecimento de água de qualidade, à população. 25 11. CONCLUSÃO O rio Parauapebas é de fundamental importância para a manutenção do ecossistema aquático e para o desenvolvimento socioeconômico da região, no entanto a falta de políticas públicas de gestão dos recursos hídricos reflete diretamente na qualidade da água fornecida à população e na funcionalidade fitossociológica do rio. Faz-se necessário investimentos em pesquisas científicas que avaliem a qualidade dos recursos hídricos e em programas de gestão e de recuperação de áreas que afetam diretamente na qualidade do rio, não somente em matas ciliares, mas principalmente na área de vegetação de proteção de nascente e na vegetação dos topos de morros. 26 REFERÊNCIAS BARRELLA, W.; JR, M. P.; SMITH, W. S.; MONTAG, L. F. A.. As Relações entre as Matas Ciliares, os Rios e os Peixes. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. Cap. 12. BRASIL. Informações estatísticas. Censo demográfico 2010. Pará. Parauapebas. IBGE. Disponível em <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=150553>. Acesso em: 26 de agosto de 2017. BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. Caderno da Região Hidrográfica Amazônica. Ministério do Meio Ambiente - MMA, Secretaria de Recursos Hídricos. Brasília, 2006. BRASIL, Lei n°12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção de vegetação da floresta nativa. Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília – DF, maio- 2012. BRASIL. Resolução no 357, de 17 de março de 2005. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Brasília – DF, 2005 CAZULA, L. P.; MIRANDOLA, P. H.. Bacia hidrográfica – conceitos e importância como unidade de planejamento: um exemplo aplicado na bacia hidrográfica do Ribeirão Lajeado/SP – Brasil. Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas/MS – nº 12 – Ano 7, nov.-2010. CRUZ, F. 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