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S Farmacologia do Sistema Respiratório Prof. Dr. Antônio Novaes ASMA A principal característica fisiopatogênica da asma é a inflamação brônquica, resultante de um amplo e complexo espectro de interações entre células inflamatórias, mediadores e células estruturais das vias aéreas. Epidemiologia S Afeta 7-10% da população mundial. S A OMS estima que haja 150 milhões de asmáticos em todo o mundo. S Cerca de 180.000 mortes por ano no mundo. S No Brasil, há mais de 10 milhões de asmáticos. S Cerca de 30% das crianças brasileiras apresentam sintomas indicativos de asma. S 4ª principal causa de internamento no SUS. Patogênese da Asma Papel dos linfócitos T na asma alérgica Papel dos linfócitos T na asma alérgica Asma atópica S Atopia: S Predisposição genética a uma elevada produção de IgE específicos para alérgenos ambientais. S Alergia: S Reação de hipersensibilidade, mediada principalmente por mastócitos e eosinófilos. S Desencadeamento da alergia: susceptibilidade genética + sensibilização ao alérgeno + fatores desencadeantes. Fases da asma S Fase imediata: S Broncoespasmos S Fase tardia: S Inflamação S Vasodilatação S Edema S Secreção de muco S Broncoespasmos Diagnóstico S Principais sintomas: S Tosse, dispnéia, chiado e constrição torácica. S Ao exame físico: S Dispnéia de grau variável, com ciclos respiratórios mais longos e diminuição da freqüência, e chiado que pode ser ouvido à distância. S Aumento do diâmetro torácico. S Sibilos respiratórios à ausculta. S Fora da crise, os sinais costumam desaparecer. Fármacos usados em prevenção e tratamento da ASMA S Duas categorias: S Broncodilatadores S Anti-inflamatórios Broncodilatadores S Agonistas dos receptores β-adrenérgicos S Xantinas S Antagonistas de receptores muscarínicos S Antagonistas dos receptores cisteinil- leucotrienos S Antagonistas dos receptores H1 da histamina Revertem o broncoespasmo da fase imediata Anti- inflamatórios S Glicocorticóides S Cromoglicato e nedocromila S Anti-IgE Inibem ou previnem os componentes inflamatórios de ambas as fases Existem fármacos classificados com broncodilatadores que também têm certo efeito anti- inflamatório. Fármacos Broncodilatadores • Agonistas dos receptores β-adrenérgicos • Xantinas • Antagonistas de receptores muscarínicos • Antagonistas dos receptores cisteinil- leucotrienos • Antagonistas dos receptores H1 da histamina Fármacos Broncodilatadores • Agonistas dos receptores β-adrenérgicos • Ação Curta S Salbutamol S Terbutalina S Administrados por inalação S Efeito máximo em 30 min S Duração de ação 3 – 5 horas Administrados conforme necessidade para controlar os sintomas. Fármacos Broncodilatadores • Agonistas dos receptores β-adrenérgicos • Ação Longa S Salmeterol S Formoterol S Administrados por inalação S Efeito máximo em 30 min S Duração de ação 8 – 12 horas S Administrados 2 vezes ao dia com glicocorticóides, como terapia complementar em pacientes cuja asma não esteja adequadamente controlada S Seretide ® (Salmeterol + Fluticasona) S Alenia® (Formoterol + Budesonida) Mecanismo de ação: No músculo liso brônquico... -Atuam nos receptores B2 acoplados à proteína G, estimulando a Adenilato ciclase a formar AMPc ---> Diminuição do tônus muscular; -Aumentam condutância de K+ ---> Hiperpolarização e relaxamento muscular Mecanismo de ação Agonistas dos receptores β- adrenérgicos Mecanismo de ação S Relaxam o músculo brônquico quaisquer que sejam os espasmógenos envolvidos. S Inibem a liberação de mediadores de mastócitos e a liberação de TNF-α de monócitos S Aumentam a remoção do muco por ação sobre os cílios. Agonistas dos receptores β- adrenérgicos Phospholipase C Diacyl glycerol Fármacos Broncodilatadores • Agonistas dos receptores β-adrenérgicos S Reações adversas S Tremor S Taquicardia S Arritmia cardíaca S Cãibras musculares S Dor de cabeça Fármacos Broncodilatadores • Xantinas S Teofilina (1,3 dimetilxantina) S Aminofilina S Teobromina S Mecanismo de ação ainda não está claro. Xantinas - drogas de segunda linha S Teofilina, Teobromina, Aminofilina S Vários mecanismos são propostos: a) Agem inibindo enzimas fosfodiesterases ocasionando um aumento do AMPc intracelular o que produz relaxamento da musculatura lisa bronquiolar. Fosfodiesterases AMPc Broncodilatação Fosfodiesterase é uma enzima que hidrolisa o AMPc (adenosina monofosfato cíclico, um tipo de mensageiro da célula, o qual é sintetizado, geralmente, pela adenilil-ciclase), transformando-o em AMP. Teofilina Xantinas - drogas de segunda linha b) Antagonistas do receptor de Adenosina: Adenosina libera histamina e leucotrienos resultando em broncoconstrição. O antagonismo destas ações de adenosina resulta em broncodilatação. Xantinas - drogas de segunda linha c) Impede a síntese e liberação de mediadores da inflamação: mastócitos, eosinófilos, linfócitos, neutrófilos (possui efeito anti-inflamatório + efeito broncodilatador) Fármacos Broncodilatadores • Xantinas S Reações Adversas S Insônia S Nervosismo S Arritmias S Crises convulsivas com concentraçõesde teofilina no limite superior da faixa terapêutica ou pouco acima dele. S Podem ser fatais em pacientes com asma grave. Fármacos Broncodilatadores • Antagonistas de receptores muscarínicos S Ipratrópio S Tiotrópio S Usados principalmente no tratamento de manuntenção de DPOC. S Raramente usados em base regular na asma, mas pode ser útil para tosse causada por estímulos irritantes em asmáticos. Administrado em aerossol por inalação. Antagonistas receptores muscarínicos S Promove relaxamento da musculatura brônquica, e usado sempre em conjunto com β2 – agonistas: S Brometo de Ipratrópio - Atrovent ® (T ½ 3 – 6 horas) S Brometo de Tiotrópio - Spiriva ® (aprovado para DPOC – T ½ até 36 horas) S Efeitos via sistema simpático + parassimpático: Associação de Berotec ® + Atrovent ® Fármacos Broncodilatadores • Antagonistas dos receptores cisteinil- leucotrienos S Montelucaste S Zafirlucaste S Administrados por via oral, em combinação com corticóide inalatório. S Os leucotrienos promovem broncoconstrição, secreção de muco, aumento da permeabilidade vascular e recrutamento de eosinófilos. Antagonistas de Leucotrienos Fármacos Broncodilatadores • Antagonistas dos receptores cisteinil- leucotrienos S Reações adversas S Cefaleia S Distúrbios gastrointestinais Fármacos Broncodilatadores • Antagonistas dos receptores H1 da histamina • Cetotifeno S Embora os mediadores de mastócitos atuem na fase imediata da asma alérgica e em alguns tipos de asma induzida por exercício, os antagonistas dos receptores H1 da histamina não têm lugar de rotina na terapia. S Podem ser discretamente eficazes na asma atópica leve. Anti- inflamatórios Glicocorticóides Cromoglicato e nedocromila Anti-IgE Anti- inflamatórios São os principais fármacos usados como ação anti-inflamatória na asma.Inibem a fosfolipase A2, impedindo formação de mediadores inflamatórios. Impedem a progressão da asma crônica e são efeicazes na asma grave aguda. São administrados por inalação por meio de inalador com válvula medidora de dose ou inalador de pó seco, sendo atingido o efeito pleno sobre a hiper-responsividade brônquica somente depois de semanas ou meses de terapia. Glicocorticóides Beclometasoma Budesonida Fluticasona Mometasona Ciclesonida Anti- inflamatórios Reações adversas Candidíase Irritação de garganta Voz rouca Supressão da suprarrenal Glicocorticóides Beclometasoma Budesonida Fluticasona Mometasona Ciclesonida Anti- inflamatórios S Seguros e possuem curta duração S Ação anti-inflamatória fraca S Administrados por meio de inalação em forma de aerossóis ou pó seco S Tem efeito direto na musculatura lisa S Administrados profilaticamente, reduzem a hiperreatividade brônquica. Cromoglicato e nedocromila Anti- inflamatórios Anticorpo Tem efeito em paciente com asma alérgica e rinite alérgica Alto custo Ainda não está claro seu papel na terapêutica. Anti-IgE - Omalizumabe Anti IgE Anti IgE para asma grave; S Facilidade de adesão ao tratamento; S Medicamento de alto custo. S Reações adversas: dor no local de aplicação, urticária, rush cutâneo, cefaleia, inchaço; S Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica S Enfermidade respiratória previsível e tratável que se caracteriza pela dificuldade ao fluxo de ar em direção aos pulmões (vias aéreas), que não é totalmente reversível. S A obstrução ao fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo cigarro. Doença pulmonar obstrutiva crônica S Formas mais comuns de DPOC: S Bronquite crônica S Alterações inflamatórias dos bronquíolos S Enfisema pulmonar S Alterações inflamatórias do parênquima pulmonar (comumente desenvolvida cigarro) Doença pulmonar obstrutiva crônica S Na bronquite crônica: S A passagem do ar (brônquios) está inflamada, com aumento da produção de muco pelas glândulas S Tosse, catarro e mal estar ao longo de anos. Doença pulmonar obstrutiva crônica Sintomas S Bronquite crônica S Tosse matutina com catarro S Falta de ar S Cianose S Taquipnéia S Insuficiência cardíaca S No enfisema pulmonar: S Destruição dos alvéolos pulmonares pelo cigarro que leva a perda da elasticidade pulmonar dificultando a respiração S São formados grandes espaços aéreos decorrentes da destruição da árvore brônquica e alvéolos S A capacidade de troca de ar reduzida S Respiração cansada e ineficiente, levando a uma de falta de ar persistente (dispnéia). Doença pulmonar obstrutiva crônica Sintomas S Enfisema: S Falta de ar – pequenos esforços S Respiração rápida e curta S Tosse S Dor torácica S Aumento do tórax S Cansaço constante S Dificuldade para dormir S Perda de peso Fatores de risco S Fatores externos: S O tabagismo (a prática de fumar) S Exposição a irritantes no ar conhecidos específicos ou substâncias químicas nocivas (cola, mercúrio, pó de carvão, sulfeto de hidrogênio), S Exposição à poluição (níveis altos de dióxido de enxofre e particulatos – partículas suspensas no ar), S Exposição nos locais de trabalho a produtos orgânicos no ar ou gases tóxicos, especialmente em moinhos de algodão e em industriais de plantas artificiais (plástico), S Infecções respiratórias graves na infância, S Problemas respiratórios freqüentes, S Dia a dia compartilhado com um fumante (exposição secundária ao fumo), Tratamento S Broncodilatadores e corticóides por aerossol: S Excesso de muco e broncoespasmos S Teofilina S Não é 1ª escolha, mas é usado quando as demais terapia não são eficazes; S Antagonistas de receptores muscarínicos S Oxigenioterapia: S Exarcebação aguda da hipóxia S Rinite Rinites alérgicas S Processo inflamatório da cavidade nasal, representado por: S Espirros em salva; S Rinorréia (secreção excessiva nasal); S Ardor na mucosa. S Pode ter origem alérgica ou infecciosa S Consequências: • Asma • Otite • Sinusite • Infeções respiratórias • Apneia do sono • Respiração bucal Tratamento da rinite Primeira Geração S Prometazina S Desclorfeniramina S Hidroxizina Maior lipossolubilidade e está relacionado a sonolência, fadiga, incoordenação motora. Segunda Geração S Loratadina S Desloratadina S Cetirizina S Levocitirizina S Ebastina S Fexofenadina Reações adversas: • Fadiga • Boca seca • Transtornos gastrintestinais Antagonistas dos receptores H1 Tratamento da rinite S Beclometasona: (Spray nasal 50 mcg 4 x ao dia) S A beclometasona é um derivado corticóide com atividade tópica anti-inflamatório e antialérgica eficaz sobre a mucosa das vias respiratórias. S Desde que obedecidas as doses indicadas, não ocasiona efeitos sistêmicos e não induz ações inibitórias sobre a atividade da córtex supra-renal. Tratamento da rinite S Efedrina, pseudoefedrina e fenilefrina: S Descongestionante nasal Agonista seletivo do receptor adrenérgico alfa 1. S Reações adversas: S Palpitações, ansiedade, tremor, insônia, irritações cutâneas. Pode causar aumento da PA (se ocorrer absorção sistêmica); S Causa efeito rebote. S Tosse S Mecanismo de defesa; S Supressão é inadequada na infecção respiratória pulmonar; S Sempre que possível, tratar a causa da tosse e não a tosse; S ex.: tosse na asma = responder ao uso de glicocorticóides. S Tosse com muco x Tosse seca Tosse S A hipersecreção de muco ocorre na asma, na DPOC e outras doenças do trato respiratório. Produção e secreção de Muco Mucolíticos S Acetil-cisteína S Mecanismo de ação: S Ruptura das ligações dissulfeto das mucoproteínas S Redução do peso molecular das mucoproteínas o que facilita o transporte mucociliar S Diminuição da aderência das secreções S Vias de administração: S inalação = 3 a 6ml de solução a 10% S oral = 30 a 50mg/kg/dia S parenteral = 30 a 50mg/kg/dia S Acetil-cisteína S Ativa em secreções mucosas e mucopurulentas S Efeitos colaterais: S tosse irritativa, S Broncoespasmo S Precauções: S inibição de antibióticos (cefalosporina, ampicilina, penicilina e aminoglicosídeos) in vitro S indução de broncoespasmo Mucolíticos S Bromexina S Mecanismo de ação S Fragmentação de mucopolissacárides (ação do Bromo) S Ativação dos lisossomas de glándulas brônquicas S Alteração na formação do muco S Vias de administração: S oral = 0,3mg/kg/dia (4 x /dia) S retal S injetável S aerossol Mucolíticos S Ativa em secreções mucosas e em secreções mucopurulentas S Efeitos colaterais: S irritação gástrica S Contra-indicação: S úlcera gastroduodenal Mucolíticos S Ambroxol S Mecanismo de ação: S Age no aparelho mucossecretor, diminuindo a viscosidade do muco S Aumenta a produção e secreção de surfactante diminuindo a adesividade do muco S Aumenta a depuração nas vias aéreas por ação na motilidade ciliar Mucolíticos S AmbroxolS Vias de administração: S Oral: S Parenteral S Aerossol S Ativa em secreções mucosas e mucopurulentas S Efeitos colaterais: S Diarreia, náuseas, vômitos Mucolíticos Iodeto de potássio (irritante) S Iodeto de potássio S Irritação das glândulas constituintes da mucosa do TR. S Efeitos colaterais: Iodismo (intoxicação pelo iodeto) S Leves: simula um resfriado, com coriza, espirros, irritação ocular e edema palpebral. S Grave: edema pulmonar Antitussígenos - tosse seca S Ação periférica Dropropizina Cloperastina Antitussígenos que atuam nos receptores periféricos e nos seus condutores aferentes envolvidos no reflexo da tosse, não exercendo ação no SNC. Alguma ação anti-histamínica; Dextrometorfano S Não está mais disponível no Brasil S Efeito no tronco cerebral deprimindo o centro da tosse S Antagonista NMDA (antagoniza ações do glutamato) na supressão da tosse (SNC) Antitussígenos - Tosse Seca S Ação central – narcótico S Codeína - opióide S Supressão no centro medular da tosse (SNC); S Agonista do receptor mi opióide; S Reduz a excitabilidade no centro da tosse; S Dose usada é menor que as doses analgésicas; S (morfina e metadona – 2ª opção) S Efeitos colaterais: constipação, náusea, vomito, depressão SNC (em altas doses)
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