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MC & CC Concreto

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2004 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 2 
 
 
índice 
 
1. DEFINIÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------4 
 
2. PRINCIPAIS PROPRIEDADES DO CONCRETO ---------------------------------------------4 
2.1. Concreto Fresco --------------------------------------------------------------------------------------4 
2.2. Concreto Endurecido --------------------------------------------------------------------------------5 
2.2.1. Resistência à compressão------------------------------------------------------------------7 
2.2.2. Resistência à tração-------------------------------------------------------------------------8 
2.2.3. Módulo de elasticidade--------------------------------------------------------------------10 
2.2.4. Durabilidade--------------------------------------------------------------------------------13 
 
3. PRINCIPAIS ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS-----------------------------------------------15 
3.1. Ultra som --------------------------------------------------------------------------------------------15 
3.2. Esclerometria----------------------------------------------------------------------------------------16 
 
4. DOSAGEM---------------------------------------------------------------------------------------------16 
4.1. TUP (Traço unitário em peso)----------------------------------------------------------------- ---17 
4.2. Consumo de cimento-------------------------------------------------------------------------------17 
4.2.1. Medição gravimétrica---------------------------------------------------------------------------18 
4.2.2. Medição volumétrica----------------------------------------------------------------------------19 
4.3. Relação água/cimento -----------------------------------------------------------------------------22 
4.4. Relação água/materiais secos----------------------------------------------------------------------23 
4.5. Teor de argamassa ---------------------------------------------------------------------------------25 
 
5. INFLUÊNCIA DA IDADE NAS PROPRIEDADES DOS CONCRETOS----------------26 
 
6. VARIAÇÕES VOLUMÉTRICAS DO CONCRETO-----------------------------------------26 
 
7. TIPOS DE CONCRETO----------------------------------------------------------------------------27 
7.1. Concreto bombeado------------------------------------------------------------------- -------------27 
7.2. Concreto massa -------------------------------------------------------------------------------------27 
7.3. Concreto rolado-------------------------------------------------------------------------------------28 
7.4. Concreto leve----------------------------------------------------------------------------------------28 
7.5. Concreto pesado------------------------------------------------------------------------------------28 
7.6. Concreto projetado---------------------------------------------------------------------------------28 
7.7. Concreto autonivelante------------------------------------------------------------------------- ---28 
7.8. Concreto de alto desempenho---------------------------------------------------------------------28 
 
8. MATERIAIS CONSTITUINTES DO CONCRETO------------------------------------------29 
8.1. Cimento Portland-----------------------------------------------------------------------------------29 
8.1.1. Definição e histórico----------------------------------------------------------------------29 
8.1.2. Composição e Hidratação----------------------------------------------------------------29 
8.1.3. Adições minerais--------------------------------------------------------------------------30 
8.1.4. Principais ensaios de caracterização----------------------------------------------------32 
8.1.4.1. Resistência à compressão--------------------------------------------------------32 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 3 
 
 
8.1.4.2. Início e fim de pega---------------------------------------------------------------33 
8.1.4.3. Expansibilidade ------------------------------------------------------------------33 
8.1.4.4. Finura-------------------------------------------------------------------------------34 
8.1.4.5. Perda ao fogo----------------------------------------------------------------------34 
8.1.5. Especificações------------------------------------------------------------------------------35 
8.1.6. Empregos -----------------------------------------------------------------------------------36 
8.2. Agregados---------------------------------------------------------------------------------------37 
8.2.1. Definição------------------------------------------------------------------------------------37 
8.2.2. Classificação--------------------------------------------------------------------------------37 
8.2.3. Principais ensaios de caracterização ----------------------------------------------------38 
8.2.3.1. Composição granulométrica-----------------------------------------------------38 
8.2.3.2. Teor de argila em torrões -------------------------------------------------------39 
8.2.3.3. Teor de materiais pulverulentos--------------------------------------------- ---39 
8.2.3.4. Impurezas orgânicas--------------------------------------------------------------39 
8.2.3.5. Abrasão Los Angeles-------------------------------------------------------------40 
8.2.3.6. Reação álcalis-agregado ---------------------------------------------------------40 
8.2.4. Especificações------------------------------------------------------------------------------40 
8.2.4.1. Agregado miúdo--------------------------------------------------------------- ---40 
8.2.4.2. Agregado graúdo------------------------------------------------------------------41 
8.2.5. Empregos -----------------------------------------------------------------------------------41 
8.3. Água de amassamento-------------------------------------------------------------------------42 
8.4. Aditivos------------------------------------------------------------------------------------------42 
8.4.1. Plastificantes--------------------------------------------------------------------------------43 
8.4.2. Retardadores de pega----------------------------------------------------------------------43 
8.4.3. Aceleradores de pega----------------------------------------------------------------------43 
8.4.4. Incorporadores de ar-----------------------------------------------------------------------43 
8.4.5. Superplastificantes-------------------------------------------------------------------------43 
 
9. ASPECTOS RELEVANTES DA NORMALIZAÇÃO E PRODUÇÃO-------------------44 
9.1. Concreto dosado em central ------------------------------------------------------------------44 
9.2. Execução do Concreto ------------------------------------------------------------------------45 
9.3. Preparo, Controle e recebimento do concreto--------------------------------------------- 46 
 
10. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO -------------------------------------------------------------------50 
 
11. QUESTÕES DE CONCURSOS -----------------------------------------------------------------51 
 
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ---------------------------------------------------------68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 4 
 
 
CONCRETO de CIMENTO PORTLAND 
 
1. DEFINIÇÃO 
O concreto de Cimento Portland é um material constituído de uma matriz cimentante contínua,que envolve agregados (pedras de diversos tamanhos), formando uma massa plástica, nas 
primeiras horas, devido a fluidez da pasta de cimento (cimento e água). Após o endurecimento 
desta própria pasta, pela reação de hidratação do cimento com a água, o concreto se torna um 
corpo sólido e compacto, capaz de resistir a elevados esforços de compressão, possuindo elevada 
durabilidade. 
Entretanto, a sua resistência à tração é bem inferior, aproximadamente, 1/10 de sua resistência à 
compressão. Esta limitação impede o seu uso, sozinho, em peças estruturais. A partir da 2ª 
metade do século 19, descobriu-se que adicionando armaduras de aço, convenientemente 
dispostas no interior concreto, as mesmas absorveriam os esforços de tração, dando a este novo 
material, o concreto armado, excelente desempenho para ser usado em elementos estruturais de 
edificações e obras d’arte em geral. 
Diferentemente da rocha natural, o concreto é considerado uma pedra artificial, produzida pelo 
homem, podendo ser controlada suas propriedades, dentro de determinados limites, tanto no 
estado fresco, quanto no estado endurecido, através do proporcionamento da quantidade de 
cimento, agregado miúdo e graúdo, água e aditivo. No que diz respeito às propriedades no estado 
endurecido, este controle se dá, basicamente, pela qualidade da pasta de cimento empregada. 
Portanto, as propriedades do concreto variam em função das proporções dos seus constituintes, 
sendo de responsabilidade dos tecnologistas, dosá-los para que o concreto tenha um desempenho 
satisfatório durante a vida útil da estrutura. Para proporcionar os constituintes corretamente, é 
necessário ter em mãos as especificações requeridas para o concreto e as características dos seus 
componentes. 
 
2. PRINCIPAIS PROPRIEDADES DO CONCRETO 
O concreto é um dos poucos materiais de construção que pode ser produzido no canteiro de 
obras, sob condições diversas de aplicações, assumindo duas fases bastante distintas. A 1ª fase 
corresponde ao estágio bastante inicial, tempo necessário para a mistura, transporte, lançamento 
e adensamento, a qual pode durar minutos, quanto algumas horas. A 2ª fase, que tem duração 
corresponde a vida útil da estrutura, na qual o concreto foi empregado, pode durar algumas 
dezenas, ou em alguns casos, centenas de anos. Devido a esta particularidade, as propriedades do 
concreto são, tradicionalmente, divididas em duas fases: a 1ª, denominada de “propriedades do 
concreto fresco” e a 2ª, de “propriedades do concreto endurecido”. 
 
2.1. Concreto fresco 
O concreto, recém misturado, apresenta-se no estado plástico, possibilitando que o mesmo seja 
transportado, lançado e adensado satisfatoriamente. A propriedade que define a maior ou a 
menor facilidade que o concreto tem de ser manuseado, sem perda de sua homogeneidade, isto é, 
sem segregação1 ou exudação2, é denominada de trabalhabilidade. 
 
1 Segregação é a maior ou menor tendência de alguns concretos, durante as etapas de mistura, transporte, 
lançamento e adensamento, de sofrerem a separação entre a argamassa e o agregado graúdo, perdendo a sua 
homogeneidade, podendo ser originado na deficiência da dosagem ou falhas durante o processo. 
2 Exudação é a maior ou menor tendência de alguns concretos, logo após o adensamento, de não possuírem a 
capacidade de reter água, fluindo a mesma para a superfície, podendo estar relacionada à deficiência na dosagem e 
com as condições ambientais (umidade, temperatura e ventilação). 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 5 
 
 
A trabalhabilidade é difícil de ser mensurada, dependendo de uma série de fatores intrínsecos ao 
concreto e também devido a fatores externos. Dentre os fatores intrínsecos ao concreto, pode-se 
citar: a consistência; proporção entre cimento e agregado; teor de argamassa; forma e textura dos 
agregados; adição de aditivos ao concreto. Dentre os fatores externos, a trabalhabilidade é 
influenciada pelo tipo de transporte (bombeado, convencional), lançamento, características 
geométricas da forma, densidade de armadura, tipo e intensidade da energia de vibração, 
processo de acabamento empregado, etc. 
O ensaio tradicionalmente empregado para avaliar a trabalhabilidade é o abatimento do tronco de 
cone, através do método de ensaio NM 67 (Concreto – Determinação da consistência do 
abatimento do tronco de cone – Método de ensaio). Este ensaio, na realidade, mede a capacidade 
de deformação do concreto pela ação do seu próprio peso, isto é, a consistência e não a 
trabalhabilidade, que é uma propriedade bastante ampla, impossível de ser medida através de um 
único ensaio, possuindo, muitas vezes, um caráter subjetivo. 
O abatimento do tronco de cone é um ensaio muito simples: consisti em moldar o concreto 
recém misturado em uma forma tronco-cônica. Imediatamente após a moldagem, a forma 
metálica deve ser retirada, fazendo com que o concreto se deforme, reduzindo a altura inicial do 
tronco de cone. O valor do abatimento (slump) é medida em mm ou cm, sendo a diferença entre 
a altura inicial e final do tronco de cone. A figura 01 mostra a seqüência da realização do ensaio. 
Quanto mais deformável o concreto, maior será o seu abatimento. Concretos bombeáveis, isto é, 
concretos que são transportados através de bombeamento, devem possuir, além de outras 
características importantes, abatimentos sempre superiores a 70 ou 80mm. No entanto, o 
abatimento necessário para bombeamento pode ser maior, sendo bastante influenciado por 
fatores como: estado de manutenção da bomba; altura de bombeamento; perda de carga da 
tubulação (nº de curvas); etc. 
O ensaio de abatimento só é válido para concretos denominados de “plásticos ou deformáveis”, 
Entretanto, existem determinadas aplicações em que os concretos devem apresentar consistência 
“seca” , como é o caso de concretos massa, aplicados em barragem, concreto rolado, aplicados 
em barragens e sub-base de rodovias, e alguns concretos de indústria de pré-moldados. 
Para estes concretos, que possuem abatimento (slump) zero, o método mais empregado para 
medir a sua trabalhabilidade, apesar de não normalizado pela ABNT, é o consistômetro de Vebe, 
sendo usado o aparelho esquematicamente mostrado na figura 02 . 
O conjunto é constituído de um tronco de cone, que por sua vez é colocado dentro de um cilindro 
metálico, com diâmetro um pouco maior que a base do cone. Este cilindro está fixado em uma 
mesa vibratória com energia de vibração padronizada. 
O ensaio inicia-se com a moldagem do tronco de cone com o concreto recém misturado. 
Retira-se o tronco de cone e a mesa é ligada, fazendo com que o concreto se deforma pela ação 
da energia de vibração da mesa, preenchendo o espaço do cilindro (remoldagem), passando da 
forma tronco-cônica para a forma cilíndrica. A medida de ensaio é o tempo decorrido desde o 
início da vibração até a perfeita moldagem do concreto na forma cilíndrica. A observação é 
auxiliada por um disco de vidro ou plástico, colocado sobre a superfície do concreto, o qual, no 
final do ensaio, deve estar completamente assentado sobre a superfície. O assentamento é visual, 
sendo um ponto questionável no ensaio, podendo ocasionar divergências nos tempos medidos. 
 
2.2. Concreto endurecido 
Após o endurecimento, o concreto deve possuir propriedades que possibilitem o seu bom 
desempenho, devendo, estas propriedades, serem controladas durante a fase de projeto e 
execução, garantindo que este material possua desempenho satisfatório durante a vida útil da 
estrutura. Os principais requisitos de controle são citados a seguir 
 
 
 
 
 
 
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Figura 01. Ensaio para determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone 
 
 
RÉGUA GRADUADA 
EM MILÍMETROS 
C D 
LANÇAMENTO DO CONCRETO NO 
MOLDE APÓS UMIDECIMENTO DO 
MOLDE 
APILAMENTO DA PRIMEIRA 
SUBCAMADA – 25 GOLPES 
UNIFORMES 
APILOAMENTO DA SEGUNDA 
SUBCAMADA – 25 GOLPES 
APILOAMENTO DA ÚLTIMA 
SUBCAMADA – 25 GOLPES 
ACABAMENTO 
DO TOPO DO 
CORPO DE 
PROVA 
RETIRADA 
DO MOLDE MEDIDA DA 
CONSISTÊNCIA 
B A 
1/3 DO 
VOLUME 
2/3 DO 
VOLUME 
E F G 
 
 
 
 
 
 
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Figura 02. Desenho esquemático do consistômetro de vebe. 
 
2.2.1 Resistência à compressão 
A principal propriedade, na qual os concretos são especificados, é quanto a sua resistência à 
compressão. Os engenheiros, projetistas de estruturas de concreto armado, dimensionam os 
elementos estruturais admitindo uma resistência característica à compressão (fck), que pode ser 
definida como o valor de referência para base de cálculo, sendo associado a um nível de 
confiança de 95 %, isto é, uma probabilidade de apenas 5 % da resistência à compressão do 
concreto apresentar resultado abaixo deste valor de referência. 
Além disso, praticamente, todas as demais propriedades do concreto endurecido têm forte 
correlação com a sua resistência à compressão, podendo, indiretamente, serem controladas por 
esta propriedade. 
O principal parâmetro de dosagem, que rege esta propriedade, é, indiscutivelmente, a relação 
água/cimento empregada na pasta. Quanto menor a relação/água maior será a resistência à 
compressão do concreto, desde que, o concreto consiga ser adensado satisfatoriamente. Esta 
relação é válida, somente se, a resistência do agregado for superior a resistência da pasta, sendo 
este requisito encontrado na maioria dos concretos de resistências baixas e médias. 
 
 
 
 
 
 
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Esta especificação é tão importante, que a normalização brasileira classifica os concretos quanto 
a esta propriedade, através da NBR 8953 (Concreto para fins estruturais – Classificação por 
grupos de resistência). 
Esta norma divide os concretos em dois grandes grupos, I e II. O grupo I possui 09 classes de 
resistência, e o grupo II, 04 classes de resistência, sendo descritos na tabela 01. Os valores que 
designam as classes são as resistências características à compressão que devem ser atendidas. 
A norma brasileira estabelece que no ensaio de resistência à compressão, os corpos de prova 
sejam cilíndricos, com relação sempre 2:1, altura e diâmetro. São usados mais comumente, os 
corpos de prova de diâmetro 10 e 15 cm, utilizando para a sua preparação a NBR 5738 
(Moldagem e cura de corpos de prova de concreto, cilíndricos e prismáticos – Método de 
ensaio), sendo mostrado esquematicamente, a preparação na figura 03. 
 
Tabela 01. Classificação dos concretos quanto a resistência à compressão 
 
Grupo I de 
resistência 
Resistência 
característica à 
compressão 
 MPa 
Grupo II de 
resistência 
Resistência 
característica à 
compressão 
 MPa 
 C 10 10 
C 15 15 
C 55 55 
C 20 20 
C 25 25 
C 60 60 
C 30 30 
C 35 35 
C 70 70 
C 40 40 
C 45 45 
C 50 50 
C 80 80 
 
A ruptura deve ser realizada de acordo com a NBR 5739 (Ensaio de compressão de corpos de 
prova cilíndricos de concreto – Método de ensaio). A partir dos resultados, os critérios para 
aceitação do concreto são definidos pelo NBR 12.655 (Concreto – Preparo, Controle e 
Recebimento). 
 
2.2.2 Resistência à tração 
Não é comum a especificação dos concretos pela sua resistência à tração, pois, na maioria das 
utilizações, esta propriedade do concreto é desprezada, em função do seu baixo valor e da 
fragilidade do concreto a estes esforços. 
Entretanto, para utilização do concreto em pavimentos rígidos, em rodovias, e outras poucas 
utilizações, estes esforços são considerados, sendo especificado valores mínimos para a 
resistência à tração. Os ensaios empregados e padronizados pela normalização não são de tração 
direta, mas de tração indireta. 
Como já foi citado, existe uma forte correlação entre a resistência à compressão e as demais 
propriedades mecânicas do concreto, sendo a resistência tração uma relação direta a resistência à 
compressão, existindo muitas equações que correlacionam estas duas propriedades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 3 – Ensaio de resistência à compressão. 
 
 
Um outro fator que possui certa influência nesta propriedade é a característica do agregado 
graúdo empregado. Fixando as demais variáveis que influenciam na resistência à tração, 
agregados de textura lisa e forma arredondada, como os seixos rolados, produzem concretos com 
resistência à tração inferior aos concretos que empregam agregados britados, que possuem 
superfície rugosa e forma irregular dos seus grãos. Esta característica reside no fato de que, as 
superfícies lisas e arredondadas possuem menor aderência a pasta de cimento, do que as 
superfícies irregulares e rugosas. 
A granulometria dos agregados graúdos também tem influência nesta propriedade. Quanto maior 
o diâmetro máximo do agregado, principalmente diâmetros superiores a 38 mm, menor é a sua 
resistência à tração, mantendo as demais variáveis constantes. 
Existem 02 ensaios padronizados para determinação desta propriedade: ensaio de tração na 
flexão e ensaio de Lobo Carneiro. O ensaio de tração na flexão, mais comumente usado, que 
utiliza prismas de concreto, sendo empregado o método definido pela NBR 12.142 (Concreto-
Determinação da resistência à tração na flexão em corpos de prova prismáticos – Método de 
ensaio). O outro ensaio, que utiliza os mesmos corpos de prova cilíndricos utilizados para o 
ensaio de resistência à compressão, é conhecido, mundialmente, como o ensaio de Lobo 
Carneiro, tecnologista brasileiro que desenvolveu o método. Para o ensaio de Lobo Carneiro 
utiliza-se a NBR 7222 (Argamassa e concreto – Determinação da resistência à tração na 
compressão diametral-Método de ensaio). A figura 04 mostra, esquematicamente os ensaios. 
 
CORPOS DE PROVA 15 X 30, MOLDAGEM COM 
4 CAMADAS DE 30 GOLPES 
CORPOS DE PROVA 10 X 20, MOLDAGEM COM 
2 CAMADAS DE 15 GOLPES 
DESMOLDAGEM 
CURA 
PADRONIZADA 
RUPTURA 
PRENSA 
ACABAMENTO DA 
SUPERFÍCIE DE MOLDAGEM 
Rc = P 
 ¶ D²/4 
D = Diâmetro do cp 
P
P
 
 
 
 
 
 
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Figura 04. Ensaio de tração na flexão e tração na compressão diametral 
 
 
2.2.3 Módulo de deformação 
Alguns projetistas de estruturas estão especificando o módulo de deformação do concreto, 
especialmente em estruturas pré-moldadas, com objetivo de prevenir deformações acentuadas 
nestas estruturas. Os projetistas condicionam para desforma e manuseio das peças, além da 
resistência à compressão, umvalor mínimo para o módulo de deformação, que é definido pela 
correlação entre a tensão aplicada e a deformação, através da expressão 1. 
 
 
 σ = E x ξ (1) 
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO 
NA FLEXÃO 
RESISTÊNCIA À TRAÇÃO NA 
COMPRESSÃO 
“ENSAIO DE LOBO CARNEIRO” 
Rtf = P x L 
 h² x b 
Rtc = 2P 
 ¶ DL 
P 
P 
L 
h 
b 
L 
L/3 L/3 L/3 
P/2 P/2 
 
 
 
 
 
 
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Onde: 
σ - Tensão aplicada (MPa) 
E - Módulo de deformação, não apresentando um valor fixo, sendo função das características do 
concreto (GPa3); 
ξ - Deformação unitária (∆L/L). 
 
O método de ensaio para determinação do módulo de deformação é definido pela NBR 
8522(Concreto – Determinação do Módulo de deformação estática – curva x tensão deformação 
– método de ensaio). 
O comportamento elástico do concreto difere do aço, não possuindo linearidade entre a tensão e 
deformação, para tensões muito baixas, em função das microfissuras formadas na matriz do 
concreto, mesmo antes que o mesmo entre em carregamento. Devido a esta particularidade, a 
NBR 6118/03 define o módulo de deformação como sendo o módulo de deformação tangente 
inicial cordal a 30% de fc, sendo fc a resistência do concreto. A esta tensão as fissuras ainda 
permanecem estáveis, mantendo a curva ainda com uma certa linearidade. A figura 05 mostra o 
desenho esquemático do ensaio e o diagrama tensão x deformação típico do concreto. 
O módulo de deformação do concreto é influenciado, individualmente, pelo módulo de 
deformação da pasta e pelo módulo de deformação dos agregados, além da proporção relativa 
destas duas fases no concreto. Para concretos dosados com os mesmos agregados, que é o mais 
freqüente em uma determinada região, a variação do módulo de deformação destes concretos 
será função, basicamente, da variação do módulo de deformação da pasta e a sua proporção 
relativa no concreto. 
Portanto, para concretos que empregam os mesmos agregados, quando se eleva a resistência da 
pasta, isto é, a resistência do concreto, também se verifica um incremento no módulo de 
deformação da pasta e, conseqüentemente, o módulo de deformação do concreto. 
Por outro lado, concretos produzidos com mesmo o agregado, e que possuem a mesma 
resistência à compressão, podem ter módulos de deformação distintos, em função da proporção 
relativa entre a pasta e os agregados. Os agregados possuem módulo de deformação, em sua 
grande maioria, superior ao módulo da pasta. Portanto, quanto maior a proporção relativa dos 
agregados em concretos de mesma resistência, maior será o módulo do concreto. Este fato ocorre 
quando se quer elevar o abatimento de um concreto mantendo a mesma resistência à compressão. 
Neste caso, aumenta-se a quantidade de pasta no concreto, mas esta pasta possui a mesma 
relação água/cimento, isto é, as mesmas características mecânicas. Portanto, concretos que 
empreguem os mesmos agregados e que possuam a mesma resistência, mas tenham maior 
abatimento, tendem a possuir menor módulo de deformação. 
Um outro fator de grande influência no módulo de deformação é o histórico de cura. Concretos 
mal curados tendem a possuir menor módulo de deformação do que os concretos em que foram 
tomados cuidados nos processos de cura. Esta importância está relacionada com grau de 
fissuração que apresenta a matriz da pasta de cimento.Existem muitas equações que 
correlacionam a resistência à compressão com o módulo de deformação do concreto, tendo como 
outra variável a característica do agregado empregado, como é a equação sugerida pela “ACI 
Building Code 318”. 
 
3 1GPa = 109 Pa 1Pa = 1N/m² 1N = 10-1kgf 1m² = 104 cm² 
 1GPa = 109 10-1 kgf/104cm² 
 1GPa = 104 kgf/cm2 = 10.000 kgf/cm² 
 
 
 
 
 
 
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30% DA TENSÃO ÚLTIMA 75% DA TENSÃO ÚLTIMA 
TENSÃO DE RUPTURA 50% DA TENSÃO ÚLTIMA 
4 2 
3 1 
MICROFISSURAS 
NA ZONA DE 
TRANSIÇÃO 
1 
2 
3 
4 
30 
50 
75 
100 
COMPORTAMENTO TENSÃO-DEFORMAÇÃO DO 
CONCRETO SOB COMPRESSÃO UNIAXIAL 
DEFORMAÇÃO 
%
 D
A
 T
EN
SÃ
O
 Ú
LT
IM
A
 
H h 
DEFORMAÇÃO CORPO 
DE PROVA
 
 
 
 
 
 
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A tabela 2 mostra a correlação entre a resistência à compressão e o módulo de deformação 
através de duas equações consagradas no meio técnico. 
 
Tabela 2. Correlação entre a r. à compressão e módulo de elasticidade 
ACI Building Code CEB – FIB Model Code 
R. compressão 
MPa 
Ec 
GPa 
R. compressão 
MPa 
 Ec 
 MPa 
21 21 21 28 
27 35 27 30 
34 28 34 32 
41 30 41 34 
 
 
O coeficiente de Poisson é a razão entre a deformação lateral e a deformação axial sob a ação de 
uma tensão de compressão dentro do limite elástico do concreto. No concreto, os valores do 
coeficiente de Poisson geralmente variam entre 0,15 e 0,20. 
O concreto, além de possuir um comportamento elástico, possui também um comportamento 
viscoelástico, apresentando fluência, que é o fenômeno do aumento gradual da deformação, ao 
longo do tempo, sob a ação de um certo nível de tensão constante. Esta característica de 
viscoelasticidade também gera um outro fenômeno, a relaxação, que é a redução gradual da 
tensão ao longo do tempo, sob um certo nível de deformação constante. 
Este comportamento está diretamente relacionado ao movimento da água dentro da pasta de 
cimento hidratada, apesar existirem outras causas para os fenômenos, que são bastante 
complexos. Como exemplo, pode-se citar a deformação lenta do concreto, quando exposto a 
tensão constante (fluência). A principal causa desta deformação está relacionada a migração da 
água, no interior da pasta hidratada, para regiões de menor tensão, induzindo a deformação ao 
longo do tempo. 
 
2.2.4 Durabilidade 
Requisito importantíssimo para o concreto armado, sendo desprezada por muito tempo. A 
normalização brasileira não fazia referência através de especificações que levassem em 
consideração a durabilidade das estruturas de concreto. 
A durabilidade está diretamente relacionada à porosidade e a permeabilidade da pasta de 
cimento, que é a fase contínua do concreto e por onde irão penetrar os agentes agressivos. A 
redução da porosidade e permeabilidade da pasta está fortemente correlacionada com a redução 
da relação água/cimento e com conseqüente incremento da resistência à compressão. 
A nova versão da NBR 6118, lançada em 2003, evolui bastante quanto a este requisito, em 
relação a versão anterior. Além dos fatores acima citados, a durabilidade está diretamente 
relacionada ao meio ambiente em que está inserida a estrutura de concreto armado. A NBR 
6118/03 contempla uma tabela que classifica os ambientes em 04 classes de agressividade, 
informando os tipos de ambiente e o risco de deterioração da estrutura pertencente, a cada classe, 
sendo mostrados na tabela 03. 
A norma determina que para cada classe de agressividade, deva ser especificado um concreto 
com relação água/cimento máxima e resistência à característica à compressão mínima, além do 
cobrimento mínimo da armadura. As tabelas 04 e 05 mostram estas especificações. 
Como exemplo, um engenheiro calculista que for projetar uma estrutura em concreto armado de 
um cais de atracação de navio em um porto, não deve dimensionar a estrutura empregandoum 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 14 
 
 
concreto com resistência característica à compressão inferior a 40 MPa, ao mesmo tempo, a uma 
relação água/cimento máxima de 0,45. 
Por outro lado, na Cidade de Recife, principalmente, na região da orla marítima, não deve ser 
construída estruturas de concreto armado com fck inferior a 30 MPa e relação água/cimento 
máxima de 0,55. Nestas regiões, em especial, nos elementos estruturais voltados para fachada ou 
que estejam sujeitos a ciclos de umedecimento e secagem, o cobrimento da armadura não deve 
ser inferior a 35mm, para as lajes e 40mm, para as vigas e pilares. 
 
Tabela 03. Classe de agressividade ambiental 
Classe de agressividade 
ambiental 
Agressividade Classificação geral do 
tipo de ambiente para 
efeito de projeto 
Risco de deterioração 
da estrutura 
Rural I Fraca submersa Insignificante 
II Moderada Urbana 1,2 Pequeno 
Marinha 1 III Forte Industrial 1,2 Grande 
Industrial 1,3 IV Muito forte Respingo de maré Elevado 
1) Pode-se admitir um microclima com classe de agressividade mais branda (um nível abaixo) para 
ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de edifícios 
residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura); 
 
2) Pode-se admitir um microclima com classe de agressividade mais branda (um nível abaixo) em: obras em 
regiões de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65 %, das partes protegidas da chuva; 
em ambientes predominantemente secos, ou regiões onde chove raramente; 
 
3) Ambientes quimicamente agressivos; tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em industrias 
de celulose e papel, armazém de fertilizantes, industrias químicas. 
 
 
 
Tabela 04. Qualidade do concreto em função da classe de agressividade ambiental 
Classe de agressividade Concreto Tipo I II III IV 
CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45 Relação 
água/cimento 
em massa CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45 
CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 Classe de 
concreto 
(NBR 8953) CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40 
Notas 
1 O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos pela 
NBR 12.665 
2 CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado. 
3. CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 15 
 
 
Tabela 05. Cobrimento das armaduras em função da classe de agressividade ambiental 
Classe de agressividade ambiental 
I II III IV3 Tipo de estrutura Componente ou elemento Cobrimento nominal (mm) 
Laje 2 20 25 35 45 Concreto armado Viga/pilar 25 30 40 50 
Concreto protendido1) Todos 30 35 45 55 
1) Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas, sempre 
superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de corrosão fragilizante 
sob tensão. 
2) Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com 
revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais 
como piso de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências desta 
tabela podem ser substituídas por 7.4.7.5, respeitando um cobrimento nominal ≥ 15 mm. 
3) Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos 
de esgoto, caneletas de efluentes e outras obras em ambientes, química e intensamente agressivos, a 
armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45 mm. 
 
 
 
Ainda no tocante a durabilidade, as estruturas de concreto que estão em contato 
permanentemente, com água (barragens, obras portuárias, estações de tratamento de água), estão 
expostas ao ataque de sulfatos, cloretos e susceptíveis a reações álcalis/agregados, quando os 
agregados são potencialmente reativos. 
Nestas aplicações, além do atendimento da resistência à compressão mínima e relação 
água/cimento máxima, o uso de Cimento Portland Pozolânico (CP IV) ou de Escória de Alto 
Forno (CP III) ou Cimento Portland Comum (CP I) ou Composto (CP II), com adições minerais, 
do tipo sílica ativa, são, extremamente, aconselháveis, em função das propriedades benéficas que 
estas adições trazem ao concreto, no diz respeito ao refinamento dos poros e estabilidade 
química da pasta. 
 
3 PRINCIPAIS ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS 
Em muitas situações, existe a necessidade de se avaliar a qualidade de um concreto em função de 
problemas ocorridos nos ensaios destrutivos realizados, resistência à compressão de corpos de 
prova, ou mesmo para avaliar concretos de estruturas que já foram a bastante tempo construídas, 
não existindo mais informações sobre ensaios tecnológicos realizados. Estes ensaios são 
caracterizados por não serem destrutivos, isto é, avaliam a qualidade do concreto através de 
determinações indiretas, realizados no próprio concreto da estrutura. Os principais ensaios não 
destrutivos utilizados para este fim são dois: Ultra som e Esclerometria. 
 
3.1 Ultra som 
O ensaio de velocidade de propagação do som é realizado através da medida da velocidade de 
ondas longitudinais de compressão, geradas, mecanicamente, através de equipamentos 
específicos, que são induzidas a passarem através de uma seção de concreto. A norma brasileira 
NBR 8802 (Determinação da velocidade de propagação de onda ultra-sônica – Método de 
ensaio) determina estes procedimentos para realização do ensaio. 
Existe muita polêmica sobre a confiabilidade deste ensaio para avaliação da qualidade do 
concreto. A velocidade de propagação do som é bastante influenciada pelo módulo de 
elasticidade da pasta e dos agregados, sendo a velocidade incrementada com o aumento dos 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 16 
 
 
módulos. Para um mesmo agregado, quanto maior a resistência da pasta, maior será o seu 
módulo de elasticidade, maior será a velocidade de propagação do som e maior será a sua 
resistência à compressão. Infelizmente, mais de 70 % do concreto é constituído de agregados e o 
seu módulo de deformação e relação agregado/pasta tem pouca influência na resistência do 
concreto, dificultando entre as propriedades de velocidade de propagação do som e a resistência 
à compressão do concreto. 
Existem muitas experiências no uso do ultra som para detectar a intensidade de fissuração em 
peças de concretos deterioradas. As fissuras reduzem, sensivelmente, a velocidade de propagação 
de ondas no interior do concreto, em função da descontinuidade existente na matriz. 
Existe uma classificação que correlaciona a qualidade do concreto a velocidade de propagação 
ultra-sônica. Concretos, que apresentem velocidades inferiores a 2.000 m/s, são considerados 
deficientes quanto a qualidade. Concretos que apresentem velocidades acima de 4.000 m/s são 
considerados concretos duráveis. 
 
3.2 Esclerometria 
São ensaios que correlacionam a dureza superficial do concreto com sua qualidade. Concretos 
que apresentem índices esclerométricos elevados, isto é, maiores durezas, apresentam maior 
resistência mecânica. 
O ensaio é realizado pelo esclerômetro, seguindo procedimentos da NM 78 (Concreto 
endurecido – Avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão – Método de ensaio). 
O equipamento consiste em um martelo com uma haste metálica, a qual, é acoplada uma mola. A 
haste é colocada sobrea superfície do concreto a ser ensaiado e a mola é distendida pela pressão 
do equipamento sobre a superfície. A um certo ponto, a mola dispara, empurrando o martelo 
sobre a haste, transmitindo a energia de impacto para o concreto. Quanto maior a dureza da 
superfície, maior a reflexão do conjunto e menor é a deformação provocada pelo impacto sobre a 
superfície do concreto. O recuo é medido através de uma escala existente no equipamento. O 
valor marcado na escala é o índice esclerométrico. 
Este índice pode ser correlacionado com a resistência à compressão do concreto, sendo fornecida 
esta correlação, no próprio equipamento, através de um gráfico. Existem muitas restrições a esta 
correlação, em função da quantidade de variáveis que podem influenciar este índice e que não 
refletem na resistência à compressão do concreto, tais como: dureza do agregado empregado; 
qualidade da superfície do concreto, que depende do tipo de forma utilizado; a umidade 
superficial do concreto; o grau de carbonatação superficial do concreto; etc. 
 
4 DOSAGEM 
A partir das características dos constituintes e especificações exigidas para o concreto, auxiliadas 
por um método de dosagem, se determinada as proporções dos diversos constituintes. São muitos 
métodos de dosagem, chegando a se afirmar que existe um método de dosagem para cada 
tecnologista. No entanto, os métodos mais consagrados são aqueles elaborados ou desenvolvidos 
por entidades de pesquisas. No Brasil, os métodos mais consagrados são os do IPT (Instituto 
nacional de Tecnologia), ITERS (Instituto Tecnológico do Rio Grande do Sul), ABCP 
(Associação Brasileira de Cimento Portland), IPT-EPUSP (Instituto de Pesquisa Tecnológica de 
SP e Escola Politécnica de SP). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 17 
 
 
4.1 TUP (Traço unitário em peso) 
Em todos os métodos empregados, o resultado final é a proporção em massa dos diversos 
constituintes em relação a massa de cimento. Esta proporção é denominada de traço unitário em 
peso (TUP), possuindo a seguinte terminologia: 
 
 
 
 
 
onde: 
1,00 -Unidade de cimento, em massa; 
a -Quantidade em massa de agregado miúdo (areia) em relação a massa de cimento; 
b -Quantidade em massa de agregado graúdo (brita) em relação a massa de cimento; 
a/c -Relação entre a água e o cimento, em massa; 
adt1% e adt2%-relação entre o volume de aditivo e a massa de cimento, em percentual. 
 
Com o TUP, pode-se obter os principais parâmetros de dosagem. 
 
 
4.2 Consumo de cimento 
Com o traço unitário em peso (TUP) e admitindo uma massa específica para o cimento de 
3.050kg/m³, e uma massa específica média para os agregados de 2.650 kg/m³, caso não sejam 
conhecidos através de ensaios, pode-se obter o consumo de cimento, em massa por m³ de 
concreto, através da expressão (3), mostrada abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
C -Consumo de cimento (kg/m³) 
a -Quantidade em massa de agregado miúdo (areia) em relação a massa de cimento; 
b -Quantidade em massa de agregado graúdo (brita) em relação a massa de cimento; 
a/c -Relação entre a água e o cimento, em massa; 
ν -Quantidade de ar aprisionado ou incorporado, intencionalmente, ao concreto, em litros. 
Para concretos sem aditivos incorporadores de ar, pode-se admitir um valor para ν em 
torno de 1%, ou 10 L/m³, podendo até desprezar este valor, no cálculo do consumo de 
cimento. 
 
Um outro modo de se obter o consumo de cimento é conhecendo-se a massa específica do 
concreto fresco, através de sua determinação no próprio canteiro, durante a operação de 
concretagem. Está determinação é mais precisa do que a utilização da expressão (1) citada, em 
C = 1.000 - ν ( 3 ) 
 
 0,32 + a + b + a/c 
 
 2,65 
 
TUP: 1,00: a : b : a/c, adt1%, adt2% (2) 
m = a + b 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 18 
 
 
virtude da massa específica do concreto fresco já levar em consideração a quantidade de ar 
aprisionado ou incorporado, e da massa específica dos constituintes. O cálculo do consumo se dá 
pela expressão (4), abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
C -Consumo de cimento (kg/m³); 
γconcreto fresco -Massa especifica do concreto fresco, sendo definida pela relação entre a massa do 
concreto e o seu volume (kg/m³); 
K = 1 + a + b + a/c 
 
Após a determinação da quantidade de cimento, o consumo, em massa por m³, dos demais 
constituintes do concreto, é determinado através das seguintes operações: 
 
C = 1 x C 
A0 = a x C 
B = b x C 
Ag = a/c x C 
ADT1 = (adt1%/100) x C 
ADT2 = (adt2%/100) x C 
 
Onde: 
C - massa de cimento (kg/m3) 
A0 - massa de areia seca (kg/m³) 
B - massa de brita (kg/m³) 
Ag - massa ou volume de água (kg ou m3/m³) 
ADT1 - quantidade do aditivo adt 1 (L/m³) 
ADT2 - quantidade do aditivo adt 2 (L/m³) 
 
As quantidades dos insumos obtidos, conforme mostrado acima, são utilizadas para 
determinação do custo do m³ de concreto, a partir do custo unitário de cada insumo. 
 
4.2.1. Medição gravimétrica 
Em uma central de concreto, onde as medições dos constituintes são realizadas 
gravimetricamente, isto é, por meio de balanças, a única correção que deverá ser feita em cima 
do consumo de materiais, em massa por m³, é a umidade dos agregados, que possuem a 
capacidade de reter água na sua superfície, principalmente as areias. 
A umidade dos agregados é a relação entre a quantidade de água arrastada pela o mesmo e sua 
massa seca, sendo definida pela expressão (5). 
 
 
 C = γconcreto fresco (4) 
 K 
h% = Ma x 100 = Mh - M0 x100 (5) 
 
 M0 M0 
 
 
 
 
 
 
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Onde: 
h% - umidade do agregado em percentual; 
Ma - Massa de água arrastada pelo agregado (kg); 
M0 - Massa do agregado seco seco (kg); 
Mh - Massa do agregado úmido. 
 
A areia pode arrastar uma considerável quantidade de água, dependendo das condições 
ambientais, enquanto as britas retêm muito menos, podendo ser desprezada, na maioria das 
vezes. 
Na pesagem dos materiais na central, caso não seja corrigida a quantidade de areia e água, 
ocorrerá distorções em relação a dosagem especificada, entrando menos areia e mais água do que 
o previsto. 
Para correção desta distorção, deve-se determinar a umidade da areia, regularmente, e corrigir a 
quantidade de areia e água pelas expressões (6) e (7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
A areia corr. – massa de areia a ser pesada na central de concreto (kg/m3) para produção de 1m3 de 
concreto, corrigindo a sua umidade; 
Ag corr. - massa ou volume de água a ser medida na central de concreto (kg ou m3/m3) para 
produção de 1 m3 de concreto, corrigindo a umidade da areia; 
 A0 - massa da areia seca para 1 m³ de concreto (kg/m³); 
Ag - massa ou volume de água para 1m³ de concreto, utilizando areia seca (kg ou m3/m³) 
h% - umidade da areia medido através do speedy-test, queima ao fogo ou pelo processo do 
frasco de Chapman 
 
4.2.2. Medição volumétricaMuitas vezes, é necessário obter o consumo dos agregados ou medir os agregados em volume, na 
produção de concreto em canteiro de obras. Nestes casos, deve-se transformar a quantidade de 
agregados em massa (Kg) para volume (Lts ou m³), sendo necessário o conhecimento da massa 
unitária dos agregados (NBR 7251 – agregado em estado solto – Determinação da massa unitária 
– Método de ensaio) , que é definida pela relação entre a massa e o volume aparente do 
agregado, isto é, o volume ocupado pelo agregado, incluindo os vazios entre as partículas. 
Diferentemente da massa específica do agregado, que é influenciada, basicamente, pela 
composição mineralógica do agregado, sendo, praticamente, invariável, desde que se mantenha a 
mesma origem mineralógica, a massa unitária é bastante influenciada também pela granulometria 
e forma das partículas dos agregados, bem como pelo grau de compactação a qual foi submetido 
o agregado. 
Para os agregados miúdos, ainda existe uma outra variável importante, a sua umidade. A tensão 
superficial da água, depositada na superfície das partículas da areia, tende a afastar os seus grãos, 
A areia corr. = A0 x (100 + h%) (6) 
 
 100 
 
Ag corr = Ag - (A0 x h% ) (7) 
 
 100 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 20 
 
 
aumentando o seu volume e reduzindo a sua massa unitária. Nos agregados graúdos, não existe 
este fenômeno, em função da água não ter força suficiente para afastar os seus grãos. 
Este fenômeno é denominado de inchamento e pode ser definido como sendo a relação entre o 
volume da areia a uma dada umidade, em relação ao volume da areia seca (Vh/Vo). Este valor é 
nulo para a areia seca, e maior que 1, para a areia úmida. 
Este fenômeno reflete de tal maneira a massa unitária dos agregados miúdos, que existe um 
método de ensaio para determinação de sua influência, a NBR 6467 (agregado – Determinação 
do inchamento de agregado miúdo). Neste método, se determina a curva de inchamento, isto é, a 
correlação da umidade da areia e o seu inchamento. Os valores de inchamento da areia são 
obtidos a partir da expressão (8), determinando-se a massa unitária do agregado graúdo para 
vários teores de umidade. 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
Ih - Inchamento da areia a uma dada umidade; 
δa0 - Massa unitária da areia seca (kg/m³); 
δah - Massa unitária da areia a uma dada umidade (kg/m³); 
h % - Umidade da areia em percentual. 
 
Com a curva de inchamento traçada, obtêm-se dois parâmetros, graficamente, a umidade crítica 
(hcrit) e o coeficiente de inchamento médio (CIM). 
A umidade crítica é o valor da umidade acima da qual o inchamento da areia permanece, 
praticamente, constante, sendo adotado para esta umidade um coeficiente de inchamento médio, 
o qual será empregado para o cálculo do volume da areia. 
Conhecendo-se a massa unitária dos agregados miúdos e graúdos, e o coeficiente de inchamento 
médio das areias, obtêm-se o consumo dos agregados em volume por m³ de concreto (m³/m³), 
através das expressões (9) e (10) mostradas aseguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
Vareia - Volume da areia no m³ concreto (m³ /m³); 
Vbrita - Volume da brita no 1m³ concreto (m³ /m³); 
Aareia - Massa da areia no m³ concreto (kg/m³); 
Abrita - Massa brita no 1m³ concreto (kg/m³); 
δa0 - Massa unitária da areia seca utilizada no concreto (kg/m³); 
 δb - Massa unitária da brita utilizada no concreto (kg/m³); 
 CIMareia – Coeficiente de inchamento médio da areia utilizada no concreto, obtido graficamente.. 
Ih = Vh = δa0 x (100 + h%) (8) 
 
 V0 δah 100 
Vareia = Aareia x CIMareia (9) 
 δa0 
 
 Vbrita = Abrita (10) 
 
 δb 
 
 
 
 
 
 
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A massa unitária dos agregados graúdos (brita) encontrados na região, varia, aproximadamente, 
entre 1.450 kg/m³ a 1.600 kg/m³, dependendo da sua distribuição granulométrica e diâmetro 
máximo. 
Para as areias da região, a massa unitária seca pode variar entre 1.500 kg/m³ e 1600 kg/m³. Estas 
areias apresentam a umidade crítica em torno de 4%, apresentado valores da massa unitária a 4% 
de umidade entre 1.200 kg/m³ e 1.350 kg/m³, dependendo, principalmente, de sua finura. Areias 
mais finas apresentam maior inchamento, podendo atingir coeficientes de inchamento médio de 
até 1,30. 
Para os concretos produzidos no canteiro de obras, são produzidos traços com quantidades de 
cimento múltiplas de 25 kg (função do tipo – saco de 25 kg ou 50 kg - e quantidade de sacos por 
betonada), a partir de um TUP elaborado por um tecnologista, para atender as especificações 
exigidas no projeto. 
O cimento é medido em massa, e os agregados, por dificuldade operacional de se ter uma 
balança, são medidos em volume, isto é, a massa de areia e brita deve ser correlacionada com o 
volume, através das respectivas massas unitárias e o coeficiente de inchamento da areia. A 
quantidade de água a ser adicionada deve ser corrigida em função da umidade da areia. A 
quantidade de materiais é calculada pelas seguintes operações: 
 
 
Ct 
Vtareia = a x Ct x CIM x 1000 
 δa0 
Vtbrita = b x Ct x 1000 
 δb 
Agt = a/c x Ct - ( h% x a x Ct) 
 100 
 
Onde: 
Ct -Consumo de cimento do traço (Múltiplo de 25 kg, dependendo do tipo de saco e 
quantidade de sacos utilizados na betonada); 
Vtareia -Volume de areia a ser colocada na betonada (Lts/betonada); 
Vtbrita -Volume de brita a ser colocada na betonada (Lts/betonada) 
Agt -Massa ou volume de água a ser colocada na betonada (Lts/betonada), corrigindo a água 
arrastada pela areia 
a e b -Quantidade em massa de agregado miúdo (areia) e agregado graúdo (brita) em relação a 
massa de cimento da dosagem; 
δa0 Massa unitária da areia seca utilizada no concreto (kg/m³); 
δb Massa unitária da brita utilizada no concreto (kg/m³); 
a/c Relação água cimento da dosagem; 
CIM -Coeficiente de inchamento médio da areia; 
 h% Umidade da areia. 
 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 22 
 
 
Com os volumes de areia e brita a serem adicionadas na betonada, as dimensões dos caixotes 
deverá ser obtida, arbitrando-se uma base e determinando-se a altura do mesmo. Na maioria das 
vezes, dimensiona-se mais de um caixote para cada agregado, em função do esforço para 
manuseá-lo. 
O volume de concreto, produzido em cada betonada, pode ser obtido pela expressão (11): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
Vbet -Volume de concreto produzido em uma betonada (Lts); 
C -Consumo de cimento, em massa, para um 1 m³ de concreto (kg/m³); 
Ct -Quantidade de cimento utilizado na betonada (kg). 
 
4.3. Relação água/cimento 
A relação água/cimento possui a maior influência nas propriedades relativas ao concreto 
endurecido, sendo o primeiro parâmetro a ser fixado no desenvolvimento de uma dosagem, em 
função da resistência característica à compressão do concreto e do grau de agressividade 
ambientalonde está inserida a estrutura. Utilizando os mesmos constituintes, as propriedades do 
concreto, no estado endurecido, variam, quase que, absolutamente, através da alteração desta 
relação. 
A propriedade mecânica da pasta de cimento é influenciada, basicamente, por 03 fatores: a 
relação água/cimento da pasta, que é a do concreto; a resistência à compressão do Cimento 
Portland utilizado; e o grau de hidratação desta pasta, que depende essencialmente do tempo. 
Existe uma quantidade de água necessária para hidratar o cimento, adicionando água a mais do 
que o necessário para hidratação, esta água em excesso irá evaporar, deixando uma rede de 
capilares no interior da pasta. Quanto maior a relação entre a água adicionada e o cimento, maior 
será esta rede capilar e, por conseqüência, a pasta terá menor resistência, maior porosidade e 
permeabilidade, refletindo na mesma direção as propriedades do concreto. 
Quanto ao Cimento Portland, pastas de cimento hidratadas de mesma relação água/cimento, 
podem apresentar resistências mecânicas bastante distintas, para uma mesma idade, dependendo 
das características mecânicas do cimento utilizado. 
O primeiro pesquisador, que observou a dependência entre a relação água/cimento e a resistência 
à compressão dos concretos, foi ABRAMS, no início do século 20, sendo esta correlação 
conhecida, mundialmente, como a “Lei de Abrams”. Esta lei é ainda tão forte, que a 
determinação da relação água/cimento de uma dosagem, para uma determinada resistência 
característica à compressão de um concreto, que se deseja fabricar, é obtida através de curvas 
experimentais que correlacionam, em uma mesma idade, a resistência à compressão e a relação 
água/cimento de concretos de mesma família, isto é, que utilizem os mesmos constituintes, 
principalmente, o mesmo cimento. 
Estas relações água/cimento ainda podem ser obtidas, como ponto de partida, através de curvas 
de ABRAMS de Cimentos Portland que apresentem características similares ao cimento que irá 
ser empregado na dosagem. Um exemplo desta correlação está visualizado na figura 06. 
Vbet = Ct x (1000) (11) 
 
 C 
 
 
 
 
 
 
Tibério Wanderley Correia De O. Andrade 23 
 
 
Para um concreto que irá utilizar um cimento CP 32, mostrado no gráfico, que deverá alcançar 
uma resistência à compressão média de 30,0 MPa, para que atenda a uma especificação de 
resistência característica à compressão, aos 28 dias, o concreto deverá ser dosado empregado 
uma relação água/cimento máxima de 0,53. 
A seguir, será citada a influência da relação água/cimento sobre as propriedades do concreto, 
quando se reduz esta relação: 
• Aumenta a resistência à compressão, tendo grande influência sobre esta propriedade, como já 
foi visto; 
• Aumenta a resistência à tração, apesar de que, também a textura e a forma dos grãos dos 
agregados, principalmente, os graúdos, terem relativa influência; 
• Aumenta o módulo de elasticidade, apesar da origem dos agregados utilizados e sua 
proporção relativa também possuírem forte influência; 
• Aumenta a durabilidade, em função da redução da porosidade e permeabilidade da pasta; 
• Fixando um abatimento para o concreto, a redução da relação água cimento aumenta o 
consumo de cimento; 
• Aumenta a tendência à fissuração, em função do aumento do volume de pasta hidratada no 
concreto, que é a fase que possuí maior instabilidade dimensional, devido aos efeitos de 
retração e expansão, pelos efeitos de secagem/molhagem, e calor de hidratação do cimento. 
A relação água/cimento pode assumir valores, extremamente, baixos, como 0,25 ou menos, em 
concretos de elevada resistência à compressão, assumindo valores de 60 MPa, 70 MPa ou mais, 
sendo imperativo, nestas relações, o uso de aditivos superplastificantes, em função da pouca 
fluidez da pasta de cimento. 
Concretos com relações água/cimento acima de 0,80 ou mais, produzem resistências à 
compressão inferiores a 15 MPa, usados em concreto massa e concreto rolado. 
 
4.4. Relação água/ materiais secos 
A relação água/materiais secos, matematicamente, é definida pela expressão (12) mostrada 
seguir: 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
A% Relação água/ materiais secos; 
a/c Relação água/cimento; 
m Soma da quantidade, em massa, dos agregados miúdo e graúdo em relação a massa de 
cimento (a+b). 
 
 
A% = a/c x 100 (12) 
 1 + m 
 
 
 
 
 
 
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Figura 06. Curva resistência à compressão x a relação água/cimento para várias idades de um cimento CP 32 
 
Fisicamente, a relação água/ materiais secos exprime o percentual de água em relação aos 
materiais secos, isto é, cimento e os agregados. Quanto maior esta relação, desde que utilizados 
os mesmos constituintes, isto é, mesmo cimento e agregados, maior o abatimento do concreto. 
Utilizando os mesmos constituintes no concreto, pode-se variar o abatimento no concreto, isto é, 
a sua consistência, variando a relação água/ água materiais secos de duas maneiras distintas, 
como pode ser visualizada na expressão (12). 
a) Variando a relação água/cimento e mantendo o m; 
A variação da relação água/materiais secos, alterando a relação água/cimento, implicará na 
mudança das propriedades do concreto endurecido, a medida que se estará alterando a 
característica da pasta de cimento. Para reduzir o abatimento do concreto, basta diminuir a 
quantidade de água adicionada ao concreto, implicando na redução da relação água/cimento, 
melhorando as propriedades do concreto endurecido. Caso se deseje o inverso, adiciona-se mais 
água, tornando o concreto mais plástico, no entanto, ocorrerá o aumento da porosidade da pasta, 
e por conseqüência a redução da resistência do concreto. Quando se adiciona toda a água 
definida na dosagem e o concreto ainda permanece “duro”, isto é, com o abatimento abaixo do 
necessário para o lançamento e adensamento, coloca-se mais água, sendo este procedimento o 
mais adotado na fabricação do concreto.. Adotando este procedimento, que não é o mais correto 
do ponto de vista técnico, haverá uma queda nas propriedades mecânicas do concreto, mas não 
ocorrerá variação significativa no consumo de cimento da dosagem. 
 
b) Mantendo fixa a relação água/cimento e variando o m: 
Neste procedimento não haverá alteração nas características físicas e mecânicas da pasta e, 
portanto, não ocorrerá alteração significativa das propriedades do concreto. Na adoção deste 
procedimento, estar-se-á aumentando ou diminuindo a quantidade de pasta no concreto, mais não 
 
 
 
 
 
 
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as suas características. Ocorrerá um aumento ou redução do consumo de cimento e água no m³ 
de concreto. 
Fixando-se um abatimento e resistência mecânica, concretos que utilizem agregados de 
diâmetros menores, necessitarão de uma maior quantidade de água por m³ de concreto. O mesmo 
ocorrerá com o emprego de cimentos mais finos ou o uso de adições minerais, que possuem 
elevada finura. Este princípio está baseado no aumento da superfície dos grãos, quando são 
reduzidas as dimensões das partículas dos constituintes do concreto, necessitando de uma maior 
da fluidez da pasta (aumento da relação água/cimento) ou aumento da quantidade de pasta no 
concreto (mantendo a mesma relação/cimento) para manter a sua consistência ou abatimento. Em 
ambos os casos, existe um aumento efetivo do consumo de água no concreto,sendo que, no 
segundo caso, existe também o aumento do consumo de cimento. 
Quando é utilizado aditivo plastificante no concreto, os mesmos permitem reduzir a relação 
água/materiais secos, mantendo o mesmo abatimento. Com isso, pode-se melhorar as 
propriedades mecânicas e de durabilidade do concreto, sem, necessariamente, aumentar o 
consumo de cimento. 
No entanto, caso se deseja manter a mesma característica mecânica e de durabilidade do 
concreto, a introdução dos aditivos plastificantes permitirá uma redução do consumo de cimento. 
As relações água/materiais secos praticadas em nossa região, para os concretos plásticos, podem 
variar entre 8,5 % a 11,0 %, dependendo do abatimento, do diâmetro máximo do agregado, do 
teor de argamassa, do cimento utilizado, bem como, do uso de adições minerais e/ou aditivos. 
 
4.5. Teor de argamassa 
A Relação água/materiais secos, matematicamente, é definido pela expressão (13) mostrada 
seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
Onde: 
α% -teor de argamassa; 
a -quantidade em massa de agregado miúdo (areia) em relação a massa de cimento; 
m -soma da quantidade em massa, de agregado miúdo (areia), e agregado graúdo (brita), em 
relação a massa de cimento. 
 
Fisicamente, esta expressão, determina a relação entre a argamassa seca e os materiais secos. 
Fixando os mesmos constituintes para o concreto, quanto maior esta relação, mais argamassado 
será o concreto. Algumas regras básicas quanto ao teor de argamassa serão citadas a seguir: 
• Concretos bombeáveis necessitam de um maior teor de argamassa; 
• Concretos que empregam areias grossas necessitam de um maior teor de argamassa para 
suprir a falta de finos na areia; 
• Quanto menor o diâmetro do agregado graúdo utilizado no concreto, maior teor de argamassa 
necessitará o concreto; 
• Concretos com elevado consumo de cimento necessitam de um menor teor de argamassa. 
O teor de argamassa dos concretos plásticos, produzidos na região, pode variar de 45 % a 55 %. 
α% = 1 + a x 100 (13) 
 
 1 + m 
 
 
 
 
 
 
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Uma outra forma de expressar a proporção entre os agregados miúdos e graúdos é dada pela 
relação, em percentual, entre a quantidade de agregado miúdo e quantidade de agregado total, 
isto é, (a/m) x 100. Esta relação, na maioria dos concretos, pode variar entre 30% e 50%, 
dependendo das variáveis citadas a cima. 
 
5. INFLUÊNCIA DA IDADE NAS PROPRIEDADES DO CONCRETO 
As reações de hidratação do cimento, com a água, são dependentes do tempo, possuindo uma 
velocidade elevada, nos primeiros dias, e reduzindo está velocidade, com o tempo. Admiti-se, 
para efeito de especificação, que o grau de hidratação máximo (100%) é atingido aos 28 dias de 
idade. 
Sabe-se, no entanto, que esta hidratação não atinge os 100% aos 28 dias, prosseguindo por muito 
mais tempo, chegando a ser observado ganhos de resistência à compressão, que possui relação 
direta com o grau de hidratação, de 20 % a 30 % em um 1 ano de idade, dependendo do cimento 
e da dosagem empregada. 
Quanto maior o grau de hidratação, mais resistente e menos permeável se torna a pasta de 
cimento hidratada, melhorando todas as propriedades mecânicas, elásticas e de durabilidade do 
concreto. 
 
6. VARIAÇÕES VOLUMÉTRICAS DO CONCRETO 
As variações volumétricas do concreto são complexas, e podem ocorrer durante o estado plástico 
e/ou no estado endurecido. As deformações elásticas e de fluência, sendo a última relacionada as 
características viscoelásticas do concreto, já foram citadas anteriormente, estando relacionadas a 
carregamentos externos, que induzem a estas deformações. 
Entretanto, mesmo antes do concreto endurecer, já começam a ocorrer as variações volumétricas 
no concreto, estando, de uma forma ou de outra, ligadas ao fenômeno de hidratação, 
movimentação da água no interior do concreto e a sua evaporação para o meio externo. 
Estas variações podem ser originadas dos fenômenos: 
• Retração plástica: É a retração que ocorre após o adensamento do concreto. Esta retração se 
manifesta na pasta cimento, quando o concreto ainda está no estado fluído ou quando a pasta 
está no início do processo de enrijecimento, mas ainda sem resistência. Esta retração induz 
fissuras, na superfície, do concreto, sem uma orientação definida. Concretos de consumo de 
cimento e abatimento elevados são mais susceptíveis a este tipo de retração. Excesso de 
vibração e concretagens em tempo quente, ventilado e de baixa umidade relativa, podem 
maximizar este tipo retração. 
• Exudação ou sedimentação: Ocorre logo após o adensamento do concreto e é originada 
quando as partículas sólidas do cimento e agregados tendem a se separar da água, movendo-se 
para baixo, deixando a água a se depositar na superfície. Este fenômeno pode induzir fissuras, 
caso a armadura esteja muito próxima a superfície do concreto, pela restrição a 
movimentação, além de prejudicar o acabamento da superfície do concreto e dificultar a 
aderência da pasta aos agregados e armaduras próximas superfície. 
O fenômeno é influenciado pela quantidade e finura do cimento, abatimento do concreto, 
quantidade de água, temperatura, etc. Algumas ações podem minimizar esse fenômeno, tais 
como: utilização de ar incorporado; redução do abatimento do concreto; utilização de 
cimentos mais finos ou a introdução de adições minerais (pozolana, sílica ativa, metacaulim); 
etc. 
• Retração por secagem: O concreto, durante o processo de endurecimento, perde 
gradativamente, a água capilar e a água, fisicamente, adsorvida na matriz da pasta endurecida. 
Este perda de água provoca a retração do concreto. A retração total inicial é, parcialmente, 
 
 
 
 
 
 
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revertida, quando o concreto é novamente umedecido, apresentando ciclos de contração e 
expansão, provocados por ciclos de molhagem e secagem. 
No entanto, esta retração inicial, devido a secagem, ocorre em um período do concreto em que 
o mesmo é bastante sensível a este fenômeno, devido a sua baixa resistência à tração, 
gerando, com certa freqüência, fissuras nas peças de concreto, pois existem restrições a sua 
movimentação, que induzem tensões que o concreto não pode suportar. 
A prevenção, quanto a fissuração originada da retração por secagem, é uma cura eficiente e a 
inclusão em projeto de juntas de retração, principalmente em pavimentos de concreto simples. 
• Movimentações térmicas: As reações de hidratação do cimento são exotérmicas, isto é, 
liberam calor. Após a concretagem e durante o processo de endurecimento do cimento, o calor 
é liberado pela hidratação do cimento, principalmente, nos primeiros dias, sendo ao mesmo 
tempo dissipado através da superfície do concreto, impedindo que a temperatura, no interior 
da peça, se eleve, gerando expansões na peça. 
Este equilíbrio entre a relação entre geração e dissipação do calor só é válida em peças de 
pequeno volume, onde a razão entre área e o volume da peça é alta. Quando as peças 
assumem volumes maiores, como, barragens e grandes blocos de fundação, o calor não é 
dissipado tão rápido quanto se deseja, ocorrendo a elevação da temperatura do concreto e 
provocando expansão na peça. Como existe restrição a esta expansão, geram-se esforços de 
compressão. 
Após o pico máximo de temperatura ser atingido, que pode levar alguns dias, dependendo de 
uma série de fatores, a temperatura começa a cair, iniciando o processo inverso, qual seja, a 
retração da peça. Neste processo de retração, começam a ser geradas tensões de tração e é 
nesta fase que o concreto pode fissurar.Nestes concretos, alguns procedimentos são essenciais para minimizar o efeito nocivo da 
temperatura, como: reduzir ao máximo o consumo de cimento no concreto, desde não 
prejudique outras propriedades importantes; resfriar o concreto; concretar em camadas, 
permitindo que a dissipação seja mais eficiente; etc. 
 
7. TIPOS DE CONCRETO 
Os concretos são empregados em diversas aplicações, com propriedades ou características que 
diferem uns dos outros, recebendo denominações bastante particulares. Dentre estes concretos, 
pode-se citar. 
 
7.1. Concreto bombeável 
Este tipo de concreto não tem uma aplicação específica, mas o termo “bombeável” é dado em 
função deste concreto ser transportado através de bombas até o local de lançamento. Deve 
possuir algumas características que o torna capaz de ser bombeado, como: consumo mínimo de 
cimento (acima de 300 kg/m³); teor de argamassa ótimo, em função das características dos 
agregados e do consumo de cimento, implicando em uma menor pressão para bombeamento; 
abatimento acima de 70 a 80 mm; agregado graúdo com diâmetro máximo não superior a 25,0 
mm. 
 
7.2. Concreto massa 
 Este concreto é empregado em peças ou elementos de grande volume de concreto, como: 
barragens, blocos de fundação de grandes dimensões, etc. São caracterizados por terem baixo 
consumo de cimento, na ordem de 150 kg/m³ a 230 kg/m³, baixa resistência à compressão, baixo 
abatimento, empregando agregados graúdos de elevado diâmetro máximo e sendo adensados 
com vibradores de imersão de elevado diâmetro. Nestes tipos de concreto, existe grande 
 
 
 
 
 
 
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preocupação com as tensões térmicas geradas pela hidratação do cimento, que pode induzir 
fissuração no concreto. 
 
7.3. Concreto rolado 
São concretos empregados em barragens e rodovias, sendo adensados por meio de rolos 
compactadores, similar a compactação de solo. Em barragens, o consumo de cimento é 
baixíssimo, variando de 60 kg/m³ a 130 kg/m³, possuindo resistência à compressão entre 5 MPa a 
15 MPa (90 dias). 
 
7.4. Concreto leve 
 Concreto cuja principal característica é sua baixa massa específica, em relação aos concretos 
ditos de “normais”, que possuem massa específica entre 2.000 kg/m³ e 2.800 kg/m³, segundo a 
NBR 8953. Para obtenção de concretos leves, pode-se empregar agregados leves, como: EPS 
(isopor), argila expandida, etc. Uma outra alternativa é a utilização de aditivos no concreto, que 
aumentam a porosidade da pasta de cimento, tais como: aditivos gerados de espuma, aditivos 
incorporadores de ar, etc. A massa específica pode alcançar valores extremamente baixos, na 
ordem de 500 kg/m³. Quanto mais baixa a massa específica menor será a sua resistência à 
compressão. 
 
7.5. Concreto pesado 
São concretos que possuem massa específica superior aos concretos normais. São obtidos com o 
uso de agregados pesados, tais como: minério de ferro, barita. Sua maior aplicação é na 
blindagem de reatores nucleares e salas de raio x. 
 
7.6. Concreto projetado 
São concretos lançados através de projeção, sendo utilizados para revestimento de paredes de 
túneis, canais, recuperação de elementos estruturais, etc. Não necessitam de forma para o seu 
confinamento. Podem ser lançados por via seca ou via úmida, sendo mais comum em nossa 
região o processo de via seca, onde a aderência se dá através da pressão exercida pela projeção 
na superfície de aplicação. 
 
7.7. Concreto autonivelante 
São concretos que possuem abatimento elevado, acima de 220 mm, necessitando de baixíssima 
energia de vibração para ser adensado. Empregam aditivos superplastificantes e viscosantes para 
terem estas características. 
 
7.8. Concreto de alto desempenho 
Não existe uma característica ou emprego específico para estes concretos, sendo um conceito 
recente e bastante subjetivo, onde é dada ênfase não só ao seu desempenho mecânico, mas, 
principalmente, as suas propriedades, que permitam conferir durabilidade à estrutura durante 
uma vida útil especificada, dentro das condições do ambiente em que a estrutura esta inserida. 
Normalmente, possuem resistência e abatimento elevados, requisitos que conferem a este 
concreto maior impermeabilidade aos agentes agressivos e elevada trabalhabilidade, facilitando o 
seu transporte, lançamento e adensamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8. MATERIAIS CONSTITUINTES DO CONCRETO 
O concreto de Cimento Portland é constituído, essencialmente, de um aglomerante, agregado 
miúdo, agregado graúdo e água. Além destes constituintes, o concreto pode conter aditivos e 
adições minerais, que conferem propriedades não obtidas com os constituintes básicos. 
 
8.1. Cimento Portland 
 
8.1.1. Definição e histórico 
O Cimento Portland foi patenteado em 1824, pelo Inglês Joseph Aspdin. A denominação 
“Portland” foi dada em função da semelhança de coloração entre o produto produzido e uma 
rocha encontrada na região de Portland, na Inglaterra. 
Na essência, o descobrimento do Cimento Portland foi um processo natural de desenvolvimento 
do aglomerante Cal, empregado por séculos, pela humanidade, como o principal aglomerante 
utilizado em construções. 
O Cimento Portland pode ser definido como um aglomerante obtido do cozimento, em torno, de 
1500ºC, de uma mistura íntima de calcário e argila. O produto da queima é denominado de 
clinquer, o qual se apresenta na forma de pelotas de diâmetros variados. Este clínquer é moído 
finamente, sendo posteriormente adicionado uma pequena quantidade de gesso (CaSO4.2 
(H2O)), com objetivo de regular a pega do cimento, a qual seria quase que instantânea sem este 
produto, impossibilitando o uso deste aglomerante na construção civil. 
 
8.1.2. Composição química e hidratação 
O clínquer é formado, essencialmente, de silicatos e aluminatos anidros, pela combinação entre o 
carbonato de cálcio (CaCO3), contido no calcário, e o óxido de silício (SiO2), óxido de alumínio 
(Al2O3), óxido de ferro (Fe2O3), e outros minerais, provenientes da argila. 
Os 04 os compostos anidros principais do cimento, obtidos destas reações, possuindo, em maior 
ou menor intensidade, a capacidade de reagir com a água, formando silicatos e aluminatos 
hidratados, que conferem a pasta, após a hidratação, elevada resistência mecânica e estabilidade 
química. As reações de hidratação do Cimento Portland têm caráter exotérmico, liberando calor 
durante o processo. 
 
Os 04 compostos são listados a seguir, por ordem de importância: 
• C3S (Silicato tricálcico):Na maioria dos clínqueres brasileiros, o teor deste composto está 
entre 40% a 60%. A sua hidratação começa pouca horas após o contato com a água, 
liberando certa quantidade de calor. Na hidratação do C3S com a água, são produzidos o CSH 
(silicato de cálcio hidratado), que possui elevada resistência mecânica e estabilidade química, 
e hidróxido de cálcio (CaOH2), que possuí baixa resistência, elevada solubilidade em água e 
instabilidade química, principalmente aos sulfatos de magnésio e cálcio. A hidratação do C3S 
libera, aproximadamente, 61% de CSH e 39% de CaOH2. 
• C2S (Silicato de dicálcico). A proporção deste composto nos cimentos nacionais (clinquer) 
está em torno de 15 a 35%. A velocidade de hidratação destes compostos é muito mais lenta 
do que os C3S, levando semanas para que os cristais sejam recobertos com CSH, sendo 
liberada pequena quantidade de calor. Os produtos da hidratação são idênticos ao C3S, 
entretanto, as proporções formadas se diferenciam, sendo, aproximadamente, 82% de CSH e 
18% de CaOH2. 
• C3A (Aluminato de cálcio): A composição média

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