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Esporte, competição e estresse. (Trabalho Ginástica) 25 10

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Álvaro
Ana Beatriz Dantas Pinheiro
Carlos Alberto de Souza Filho
Daniela Bastos de Almeida Rodrigues 
Francisco Igor Gonçalves
Jorge Luiz Faria de Souza
Maurílio César
Monique Araújo dos Santos
Nicoli Francisco Rodrigues
Paulo Roberto
Rafael Ferreira de Souza
Stanley Dias
Trabalho T.P. de Ginástica Artística
Cabo Frio
2017
Álvaro
Ana Beatriz Dantas Pinheiro
Carlos Alberto de Souza Filho
Daniela Bastos de Almeida Rodrigues
Francisco Igor Gonçalves
Jorge Luiz Faria de Souza
Maurílio César
Monique Araújo dos Santos
Nicoli Francisco Rodrigues
Paulo Roberto
Rafael Ferreira de Souza
Stanley Dias
Trabalho de T. P. de Ginástica Artística
Trabalho apresentado como requisito para nota parcial na disciplina T. P. Ginástica Artística do Curso de Licenciatura ou Bacharelado em Educação Física da Universidade Estácio de Sá.
Professora: Rosana
Cabo Frio
2017
Álvaro
Ana Beatriz Dantas Pinheiro
Carlos Alberto de Souza Filho
Daniela Bastos de Almeida Rodrigues 
Francisco Igor Gonçalves 
Jorge Luiz Faria de Souza
Maurílio César
Monique Araújo dos Santos
Nicoli Francisco Rodrigues
Paulo Roberto
Rafael Ferreira de Souza
Stanley Dias
Trabalho de T. P. Ginástica Artística
Trabalho apresentado como requisito para nota parcial na disciplina T. P. de Ginástica Artística do Curso de Licenciatura ou Bacharelado em Educação Física da Universidade Estácio de Sá.
Avaliado em __ de ___ de 20___
________________________________
Professora Rosana
Universidade Estácio de Sá
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
Esse trabalho é sobre esporte, competição e estresse; e a interação desses aspectos na realidade da criança e do adolescente, assim como suas consequências. Como o texto nos mostra, o esporte tem melhorado e ocupado a vida de diversas pessoas e de diferentes tipos de idade. Mas quando o esporte é praticado por crianças e adolescentes no contexto da competividade, exige do atleta do infanto-juvenil uma dedicação maior em busca de seus objetivos, com isso o praticante acaba adquirindo um certo estresse devido a nem sempre ter suas metas alcançadas dentro da competição.
DESENVOLVIMENTO
O ESPORTE E A COMPETIÇÃO
A competição esportiva é tão antiga quanto a própria humanidade. Mesmo que não existindo informações sobre o início, há indícios de atividades competitivas desde a Grécia antiga, quando se organizava festivais e jogos para homenagear os deuses. Há registros de que crianças e jovens competiram em atividade e lutas, pugilato e corridas, inclusive em competições destinadas a adultos, como é o caso de Milo de Greta, vencedor das lutas nos jogos olímpicos de 540 a.c. Segundo Korsakas de Rose Jr. (2002), já na idade antiga o esporte tinha um importante papel na educação do ser humano. Na cultura grega as atividades físicas fizeram parte do processo educacional das crianças.
Apesar de registros de atividades esportivas e jogos ao longo dos séculos, o esporte, da forma como é conhecido atualmente, é fruto das transformações ocorridas na Europa devido a revolução industrial dos séculos XVIII e XIX, especialmente na Inglaterra. A aristocracia inglesa alterava suas atividades esportiva entre o campo e a cidade, fato que resultou no aparecimento e posterior regulamentação de alguns esportes, como o críquete e o boxe. Essas atividades passaram a ser praticadas também pelas classes mais humildes e trabalhadoras. A existência de mais tempos para o lazer, proporcionada por essa revolução fez com que aumentasse a prática de atividades físicas e proliferarem as entidades esportivas, como consequência surgiram novas modalidades e outras foram aperfeiçoadas, como rúgbi, remo, futebol, hóquei e tênis (Rodrigues Lopes, 2000).
Durante o século XIX, com a intervenção de um importante pedagogo, Thomas Arnold, o esporte passou a ser praticado também nas escolas públicas e universidades inglesas em substituição aos antigos jogos, que se caracterizam pelas desorganização e violência.
O esporte com caráter educativo tornou-se parte dos currículos das instituições de ensino, contribuindo para o desenvolvimento e o surgimento de outros eventos. Um exemplo foi o surgimento dos jogos olímpicos no final do século XIX, cujo, o idealizador o Barão de Coubertin, era grande admirador da obra de Thomas Arnold.
Isso fez com que o esporte começasse a sair das fronteiras inglesas para ganhar o mundo. O esporte passou a ser difundido primeiramente nos Estados Unidos, devido a influência da colonização inglesa, e, posteriormente em outros países. Com isso, novas modalidades esportivas foram criadas, como basquetebol, voleibol, handebol.
Com o ressurgimento dos jogos olímpicos em 1896, o mundo passou a ter contato com grandes atletas e com diferentes modalidades esportivas, evidenciando-se a aos indivíduos e as nações participantes. Com o surgimento de entidades esportivas especializadas, muitos eventos tornam-se parte do calendário esportivo de diversos países, como importantes torneios de tênis, atletismo e a copa do mundo de futebol.
Os jogos olímpicos tiveram grande influência para o esporte, pois voltaram a mostra a importância das atividades esportivas. Essas fazem parte de um importante processo, que envolve, direta ou indiretamente, milhares de pessoas, bem como cifras econômicas, oriundas da indústria da competição esportiva (transmissões, empresas de materiais esportivos, patrocinadores, agencia de markenting, etc,).
A partir da metade do século XX, o esporte começou a ter uma maior cobertura por parte dos meios de comunicação, mais especificamente rádios e jornais. Com o desenvolvimento de novas tecnologias (principalmente a televisão), os eventos esportivos passaram a ter mais visibilidades, e os grandes atletas tiveram a oportunidade de torna suas qualidades e seus efeitos para um público cada vez maior.
Nas décadas de 1980 e 1990, devido a globalização e a facilidade de comunicação (principalmente devido a internet), o esporte passou a ser total domínio do público, juntamente com os grandes feito de equipes e atletas também evidenciaram-se os problemas de atividade: casos de corrupção, dopping e ingerências políticas, entre outros.
Essa realidade trouxe novas abordagens ao conceito de esporte. Uma delas afirma que, ao lado questões físicas técnicas, táticas, psicológicas e sociais que fazem parte da essência do esporte, coexistem questões de ordem administrativa econômica e política, entre outras.
Uma definição genética de esporte o aponta como uma atividade predominantemente física, praticadas sobre regras estabelecidas e que tem a competição como característica importante, senão indissociável.
A pratica esportiva tem um impacto particularmente significativo quando se reconhece que a competição é um fator motivante de comportamento que levam a conquistas pessoais e sociais. A competição pode ser entendida como um motor do processo de desenvolvimento humano e social, pois, apesar de esta diretamente identificada com o esporte, faz parte de diferentes setores da vida-pessoal, familiar escolar e profissional. Na competição, a força moral exigida pela lógica do jogo e colocada sempre a prova (Bento 2006).
Segundo Marques de Oliveira (2002), não há esporte sem competição: dessa forma aqueles que não gostam de competição não podem gostar de esporte. Na visão de alguns pedagogos, porém, a competição e o aspecto mais perverso do esporte por promover valores exacerbados de concorrência e individualismo em prejuízo de valores de igualdade e solidariedade (Marques, 2004).
Competir sugere a busca de um determinado objetivo e o empenha que alguém faz para atingir sua meta, considerando-se que outra pessoas também tentaram buscar o mesmo objetivo, competir significa, necessariamente, rivalizar, lutar, e tentar conseguir um feito. É por meio da competição que seconhecem os melhores e os piores, os vencedores e os derrotados. Alguns termos relacionados a competição são: disputa (física e psicológica), superação, frustação, seleção, derrotas, vitória, comparação, avaliação, divertimento, preção e tensão (De Rose Jr., 2002 a 2004).
A competição pode ser considerada a ‘’vitrine’’ dos atletas. E por meio delas que eles tem a oportunidade de expor suas habilidades e capacidades: em contrapartida, ela também evidencia suas deficiências. Assim, há a possibilidades de comparar desempenhos, nem sempre por meios de critérios adequados e justos.
Devido a essa possibilidade, acredita-se que um atleta deve esta preparado para enfrenta os desafios apresentados e desempenhar as atividades no seu maior grau de excelência. A competição exige a aquisição e o aperfeiçoamento de capacidade física envolvida na atividade (exemplo: força, velocidade e resistência), o domínio de habilidades motoras (técnicas dos movimentos específicos das modalidades esportivas praticadas) e o desenvolvimento cognitivo (conhecimento teórico e compreensões de variáveis presentes do processo, como a tática, os aspectos psicológicos, as regras, entre outros).
Para competir o atleta deve estar bem preparado e destacar-se entre os que praticam a mesma modalidade esportiva, isto é, pressupõe-se que ele deve superar os mais elevados níveis de excelência física, técnica tática e psicológica. A preparação e árdua, com planejamento muito bem definido e organizado, tendo em vista o aperfeiçoamento das competências necessárias param se atingir os objetivos propostos.
Tal demanda ocorre em qualquer nível de competição, porém quando relacionada ao esporte praticado por crianças e adolescentes, pode trazer problemas. Estes devem ser contornados de forma adequada para que não se tornem inibidores da participação infanto-juvenil, causando estresse excessivo e prejudicando o desempenho.
COMPETIÇÃO E ESTRESSE
O termo infanto-juvenil utilizado está relacionado com crianças e jovens do inicio da segunda infância (cerca de 7anos) até o final da adolescência (entre 17 e 18anos). Esse período foi determinado também em função da realidade esportiva brasileira, que, normalmente, apresenta uma maior incidência de competições nessa faixa etária.
No contexto esportivo, a competição infanto-juvenil é cada vez mais difundida, sendo organizada e determinada por critérios não muito claros, estabelecidos por adultos que, na maioria das vezes, ignoram as reais condições e necessidades dos participantes.
Há diversas razões pelas quais crianças são precocemente envolvidas em eventos esportivos competitivos, entre as quais: INTERESSE DOS ADULTOS; MELHORIA DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS PESSOAIS E FAMILIARES; EXPECTATIVAS QUANTO À POSSIBILIDADE DE ATINGIR UM ALTO NÍVEL DE EXCELÊNCIA NO ESPORTE.
Existem muitas controvérsias sobre a participação de crianças e jovens em atividades esportistas competitivas. Alguns estudiosos são contra essas atividades, afirmando que só trazem prejuízos à formação do jovem. Outros enaltecem a competição como um fator preponderante na formação da personalidade, na afirmação de valores morais, espirituais e sociais e na preparação para lidar com a vida.
Essas posições conflitantes e por vezes radicais não invalidam o conceito de que a prática esportiva deve fazer parte da vida dos jovens, acompanhado-os ao longo de seus estágios de desenvolvimento, tanto como pessoas quanto atletas. A prática esportiva deveria ser parte de um processo educativo e de formação do jovem, promovendo VALORES RELATIVOS AO ‘’SABER ESTAR’’ E ‘’SABER FAZER’’. O ‘’SABER SER’’ ESTÁ relacionado à autodisciplina e ao autocontrole. O ‘’SABER ESTAR’’ identifica-se com respeito mútuo, companheirismo e espírito de equipe, tão importantes na prática esportiva e na competição. O ‘’SABER FAZER’’ relaciona-se à aquisição e ao desenvolvimento das habilidades motoras e ao seu uso em situações esportivas, nas quais a tomada de decisão é um dos aspectos mais importantes.
Todos esses fatores poderão afetar o comportamento dos jovens, dependendo do seu nível de prontidão. Segundo o conceito de ‘’PRONTIDÃO COMPETITIVA’’ desenvolvido por Malina (1998), está incluindo componentes físicos (estruturais, fisiológicos e funcionais), psicológicos (emocionais e cognitivos) e sociais. Considera-se que o jovem está pronto para competir quando há um equilíbrio entre esses componentes e as demandas competitivas. Quando as características individuais estão em equilíbrio ou acima da demanda exigida pela competição, o jovem está apto para competir. Se acontecer o contrário, isto é, se as demandas competitivas exigirem uma resposta que não esteja ao alcance do praticante, ele poderá experimentar situações de fracasso por não estar pronto para a atividade.
Esse desequilíbrio entra as características individuais e as demandas competitivas pode se tornar um dos fatores negativos na infância e na adolescência. Quando os jovens atletas são submetidos a desafios incompatíveis com seus recursos, normalmente surgem problemas de ordem física e psicológica.
Os problemas físicos podem ser representados, em sua maioria, pelo aparecimento de lesões importantes, que, a médio ou longo prazo, poderão afetar o desempenho dos atletas, levando os, inclusive, ao abandono precoce das atividades.
Já os problemas psicológicos estão relacionados aos níveis de motivação, ao estresse gerado pela competição, à ansiedade, aos níveis de expectativa e às pressões decorrentes da necessidade de ter um desempenho adequado e vencer.
Na maioria das vezes, uma criança é levada a participar de competições muito específicas antes mesmo de poder ter contato com atividades de cunho geral, o que lhe daria a oportunidade de vivenciar diferentes tipos de movimentos e modalidades esportivas, acumulando experiências fundamentais para a sedimentação de seu quadro de prontidão competitiva. Além disso, não é raro que jovens atletas tenham de enfrentar situações complexas antes de atingirem estágios básicos de desenvolvimento motor e cognitivo, sem que estejam aptos para tanto.
A idade para iniciar a prática de atividades esportivas competitivas varia de esporte para esporte. Esse início acontece normalmente por volta dos 11anos, mas há registros de crianças de até 3anos competindo em modalidades como natação e a ginástica. Vários autores preconizam que a idade ideal para a prática competitiva fica em torno dos 12anos, pois é nesse momento que o jovem começa a ter uma compreensão mais madura e um raciocínio compreensivo suficiente para entender as nuances desse processo.
Marques e Oliveira afirmam que as competições devem ser coerentes com os objetivos do processo de formação esportiva a longo prazo, sendo uma extensão dos treinamentos e mais uma etapa da educação dos jovens. No início, as competições podem ser direcionadas para alguma modalidade esportiva, mas com conteúdos diversificados, enfatizando o desenvolvimento multidisciplinar. À medida que os jovens vão passando para a adolescência, adquirem melhores condições de suportar cargas maiores de treinamento e competência para lidar com situações específicas. Com isso, a competição torna-se mais formal e voltada para uma determinada modalidade esportiva.
Segundo De Rose Jr. (2004), apesar de esses conceitos parecerem óbvios, a prática mostra, de forma constante, situações nas quais as características e as necessidades de crianças e adolescentes não são respeitadas, o que, analogicamente, poderia ser comparado a ‘’CORRER ANTES DE DAR OS PRIMEIROS PASSOS’’.
Mesmo sendo o sucesso fundamental nesse processo, é da natureza da competição criar mais perdedores do que vencedores. A maioria experimenta a vitória. Por isso, se essa experiência negativa for constante, o jovem passará a questionar a validade do processo, tornando a competição desencorajadora e até mesmo ameaçadora, especialmente para aqueles que não possuem capacidades e habilidades suficientes para desempenhar de forma satisfatória a atividade e obter o sucesso desejado.
Com base noque foi visto com relação à competição, duas perguntas devem ser colocadas em discussão: O sucesso está necessariamente vinculado à vitória em uma competição? Uma derrota deve significar, necessariamente, ter fracassado? 
Essas questões podem ser respondidas sob várias perspectivas. Com relação ao esporte infanto-juvenil, deveria haver uma reflexão mais aprofundada sobre os objetivos da prática esportiva para que eles fossem estabelecidos de forma compatível com essas faixas etárias. Se a competição for encarada como parte do processo de formação dos jovens competidores, é possível afirmar que a resposta para ambas as questões seria não.
Nesse caso, o sucesso deve estar atrelado às conquistas individuais (e que podem ser refletidas em relação às coletivas) e ao esforço despendido para a realização de uma tarefa. O sucesso não deveria depender do resultado numérico da competição, mas sim da obtenção de um feito importante para o jovem esportista (exemplo: a realização eficiente de um determinado movimento ou esforço para realiza-lo denotando uma predisposição em acertar). Esse tipo de atitude depende muito das pessoas envolvidas no processo, especificamente país, técnicos e professores.
Ao incentivar esse tipo de atitude (predisposição em acertar) e ao reconhecer o esforço dos atletas, essas pessoas contribuirão para que o jovem esportista adquira confiança e maturidade para enfrentar desafios cada vez maiores em sua carreira esportiva e em sua vida.
A criança e o adolescente se envolvem no esporte por inúmeros motivos: AFILIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES, DIVERSÃO, SUCESSO, STATUS, MANUTENÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICA, GASTO DE ENERGIA, INDEPENDÊNCIA, AGRESSIVIDADE E INFLUÊNCIA DE OUTRAS PESSOAS (pais, amigos, professores, modelos, etc.)
Todos esses fatores de participação, quando associados e mal explorados, levam os jovens e as crianças a vivenciar o esporte como situação de elevado estresse ( a quantidade deste depende das demandas do meio ambiente e das habilidades para lidar com elas). Portanto, se o esporte é colocado na vida de um jovem de forma inadequada, poderá gerar consequências como aumento do risco de contusões, baixo nível de envolvimento, abandono, desempenho inadequado e queda dos níveis de motivação.
Os fatores de estresse associados à competição no esporte infanto-juvenil podem ter diferentes causas: NÍVEL DE COMPLEXIDADE DA TAREFA MAIOR DO QUE OS RECURSOS QUE O ATLETA POSSUI PARA ENFRENTÁ-LA; PRESSÕES EXERCIDAS POR ADULTOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO COMPETITIVO (pais e técnicos); PRESSÕES AUTO IMPOSTAS; DEFINIÇÃO IRREAL DE OBJETIVOS; COMPORTAMENTO DOS ADULTOS NAS COMPETIÇÕES; NÍVEL DE EXPECTATIVA EXAGERADO (pessoal e dos outros) EM RELAÇÃO AO DESEMPENHO; TREINAMENTO E ESPECIALIZAÇÃO PRECOCES; EXCESSO OU INADEQUAÇÃO DOS TREINAMENTOS; FALTA DE REPOUSO; COMPETIÇÕES MAL ESTRUTURAS; NÍVEL E IMPORTÂNCIA DA COMPETIÇÃO; SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DAS PROVAS OU DOS JOGOS; PREOCUPAÇÕES COM O RESULTADO E COM AS AVALIAÇÕES; MEDO DE COMPETIR DE FORMA INADEQUADA E COMETER ERROS; MEDO DE DECEPCIONAR PESSOAS; ANSIEDADE EXAGERADA.
O estresse gerado antes e durante as competições infanto-juvenil poderia ser minimizado se fossem respeitados alguns conceitos básicos de inserção de crianças e adolescentes no esporte. O quadro 7.2 apresenta os aspectos favoráveis e desfavoráveis dessa inserção (De Rose Jr, 2002b, 2004).
Ao serem analisados as opiniões, os estudos e os fatores apresentados, a primeira reação seria afirmar que a competição é uma atividade desaconselhável e que traz somente prejuízos para a formação de crianças e adolescentes. No entanto, não se deve partir dessa premissa, mas sim considerar de forma lúdica e cautelosa esse tipo de atividade no processo de crescimento e desenvolvimento infanto-juvenil.
ASPECTOS FAVORÁVEIS: INÍCIO ESPONTÂNEO; PRÁTICA DE VÁRIAS EXPERIÊNCIAS MOTORAS; TER A OPORTUNIDADE DE JOGAR; JOGAR DE ACORDO COM SUAS COMPETÊNCIAS; PODER DIVERTIR-SE E DESFRUTAR DA ATIVIDADE; VENCER SE POSSÍVEL.
ASPECTOS DESFAVORÁVEIS: INÍCIO INDUZIDO E/OU ANTECIPADO; PRÁTICA DE GESTOS ESPECÍFICOS; SER IMPOSTA UMA MODALIDADE; TER DE JOGAR; TER DE JOGAR BEM; ASSUMIR UM COMPROMISSO E RESPONSABILIDADES; VENCER SEMPRE E A QUALQUER CUSTO.
O que normalmente se observa é a grande pressão que pais e técnicos exercem sobre os jovens atletas, exigindo resultados muitas vezes impossíveis de serem alcançados em função das características da faixa etária dos competidores. Essa postura que busca somente a vitória pode desencorajar a participação de crianças e adolescentes. Vencer é importante, mas deveria ser um objetivo secundário do processo competitivo. Outro aspecto relacionado aos adultos é o nível de expectativa depositado no desempenho da criança e do adolescente. Espera-se muito em relação ao rendimento, sem que se considerem as condições pessoais para a realização da tarefa. Isso se agrava quando o esporte é vislumbrado como uma possibilidade de ascensão social e um meio de ganhar dinheiro. Hoje em dia, de forma especial no futebol, os jovens são levados a acreditar que poderão ser ídolos e obter somas astronômicas que resolveriam todos os seus problemas e os seus familiares. Além dos pais e dos técnicos, surge também um novo personagem: O EMPRESÁRIO, que procura obter ganhos a partir dos sonhos de muitos jovens. Nesse processo, não se pode eximira responsabilidade da família, que passa a enxergar no jovem sua ‘’GALINHA DOS OVOS DE OUTRO’’.
Deve-se levar em conta que, para chegar ao topo no mundo do esporte, o caminho é muito árduo. Manter-se nesse topo é ainda mais complicado, pois nem sempre ‘’QUERER É PODER’’. O sucesso no esporte depende de uma combinação da fatores relacionados a aspectos biológicos, motores, psicológicos, culturais e sociais, fazendo com que os futuros atletas sejam colocados em um ‘’FUNIL’’ (que tem entrada muito ampla, mas saída muito estreita). Muitos iniciam esse processo, mas pouquíssimos atingem o nível de excelência.
Há várias formas de se ter um processo competitivo adequado e saudável para o desenvolvimento do jovem esportista, de modo a aproveitar suas experiências competitivas na vida cotidiana. Alguns objetivos podem ser apontados como facilitadores para uma participação adequada de crianças e adolescentes em atividades esportivas competitivas: SENSIBILIZAR OS ADULTOS SOBRE AS NECESSIDADES, CAPACIDADES E EXPECTATIVAS DOS JOVENS EM RELAÇÃO À PARTICIPAÇÃO EM COMPETIÇÕES ESPORTIVAS; ENTENDER QUE A CRIANÇA NÃO É UM ADULTO EM MINIATURA E QUE, PORTANTO, A COMPETIÇÃO DEVE SER ORGANIZADA PARA ELA E NÃO PARA SATISAFAZER OS DESEJOS DE ADULTOS; RESPEITAR SEUS LIMITES E ADEQUAR AS ATIVIDADES AO SEU NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO; PROMOVER DESAFIOS E NÃO AMEAÇAS NO AMBIENTE COMPETITIVO; PROPORCIONAR UM AMBIENTE AGRADÁVEL QUE PERMITA OBTER SENSO DE COMPETÊNCIA; VALORIZAR O ESFORÇO E NÃO SOMENTE SEU PRODUTO; OFERENCER CRÍTICAS CONSTRUTIVAS E ORIENTAÇÃO PARA A MELHORA DO DESEMPENHO E NÃO SOMENTE APONTAR OS ERROS.
A competição será muito benéfica se alguns desses fatores puderam ser compreendidos e aplicados por aqueles que se incumbem de sua organização. Não se trata de superproteger a criança, mas de respeitar o curso normal das ações em função de características emergentes, que, se bem trabalhadas, formarão um esportista ciente de suas capacidades e um cidadão apto a competir em todos os setores de sua vida. O esporte deve ser um instrumento para servir aos anseios e às necessidades da criança e do adolescente. Praticar esporte e competir como consequência essa prática é direto de todos, o que deve ser incentivado, mas levando-se em consideração que chagar ao alto rendimento é proporcionar às crianças e aos adolescentes o acesso a esse direito. Cuidar do futuro talento é muito importante, mas cuidar da grande maioria, que não atingirá esse status, é obrigação. Como consequência, as crianças e os jovens serão cidadãos ativos, saudáveis e felizes. E, quem sabe, até grandes atletas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos nesse trabalho que comoaspecto inerente ao esporte, a competição na infância e adolescência é um tema bastante discutido, pois gera diversas dúvidas sobre benefício, prejuízos, adequação as faixas etárias, participação dos adultos no processo competitivo e fatores de estresse que permeiam essa atividade. Assim a competição infanto-juvenil não deve encarada de forma tão radical, ela pode ser desenvolvida de forma natural e progressiva no processo de formação e preparação do ser humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Este trabalho tem como referência bibliográfica diversos artigos contidos na apostila de Teoria e Prática da Ginástica Artística sobre Esporte e Atividade Física na Infância e Adolescência (Esporte, Competição e Estresse). Algumas referências são:
DE ROSE JR., D, A competição como fonte de stress no esporte. Ver. Bras. Cienc. Mov., v.10, n. 4, p. 19-26, 2002ª.
____ . Lista de sintomas de stress no esporte infanto-juvenil. Rev. Paul. Educ. Fís., v. 12, n. 2, p. 126-133, 1998.
____ . Sintomas de stress no esporte infanto-juvenil. Revista Treinamento Esportivo, v. 2, n. 3, p. 12-20, 1997.
____ . Tolerância ao treinamento e à competição: aspectos psicológicos. In: GAYA, A.; MARQUES, A.; TANI, G. (Org.). Desporto para crianças e jovens: razões e finalidades. Porto Alegre: UFRGS, 2004. Cap 12.
FERRAZ, O. L. O esporte, a criança e o adolescente: consensos e divergências. In: DE ROSE JR., D. (Org.) Esporte e atividade física na infância e adolescência. Porto Alegre: Artmed, 2002. Cap. 2.
MARQUES, A T.; OLIVEIRA, J. O treino e a competição precoce dos mais jovens: rendimento versus saúde. In: BARBANTI, V. J. et al. (Ed.). Esporte e atividade física: interação entre rendimento e saúde. São Paulo: Manole, 2002. Cap. 4.

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