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Concordata: Remédio Jurídico para Comerciantes

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CONCORDATA
Projeto de Lei 4376/93 para mudanças na Lei das Concordatas e Falências.
A concordata é remédio jurídico colocado a serviço do comerciante e tem como finalidade precípua o pedido de decretação da falência e, de mesmo, de que o primeiro instituto só pode ser interposta por comerciante regularmente constituído.
Se quisermos a amplitude do novo código civil, não seria demais apontarmos que às sociedades simples não se aplicaria este instituto salvador.
Assim, pode a concordata ser suspensiva ou preventiva. Na hipótese de ser interposta antes e durante o processo de pedido de falência.
A preventiva poderá ser ajuizada pelo próprio devedor seguindo-se as regras presentes no decreto 7661/45, artigo 156 e seguintes. Poderá ser encaminhada com pedido de pagamento à vista e o respectivo desconto de 50% ou a prazo em até 24 vezes com atualização monetária.
Alguns requisitos precisam estar presentes como, por exemplo, o exercício do comércio há pelo menos 2 anos, não ter sido declarado falido, ou se o for, a comprovação de extinção de suas obrigações e, finalmente, não ter título protestado. No que tange a esta última exigência, deve a mesma ser interpretada conjuntamente com a súmula 190 do STF.
Tanto que se o protesto for interposto no mesmo dia que o ajuizamento do pedido de concordata, não haveria impedimento algum.
A petição inicial deverá trazer explicação minunciosa do estado do devedor e as razões pelas quais optou pelo pedido de concordata.
Além dos requisitos presentes no artigo 282 do CPC, precisará o concordatário juntar a sua petição inicial outros documentos tais como: documentações financeiras relativas ao último exercício social, balanço patrimonial, lista de todos os credores, prova de que não foi condenado por crime falimentar e, ainda, a comprovação de sua regularidade enquanto comerciante (artigo 159, cáput e parágrafos).
Com o pedido de concordata, não poderá o devedor deixar de apresentar os livros obrigatórios pelo escrivão.
Após as formalidades, serão os autos conclusos ao juiz competente a fim de que defira ou não o pedido de concordata e, se o fizer, deverá decretar de plano a falência, não havendo, portanto, a extinção do feito sem julgamento do mérito, mas sim a transformação de estado concordatário para falimentar.
Não resta a menor dúvida que o princípio do juízo universal vigore também no instituto da concordata, mas de forma mitigada, ou seja, a concordata deverá ser interposta na sede ou na comarca do estabelecimento principal e ser observado no contrato social, mas uma vez deferida somente os créditos quirografários serão atingidos pela mesma, o mesmo não ocorrendo com os créditos com garantia real, geral ou qualquer outro.
Uma vez decretada a concordata, determinará o magistrado a expedição de edital, tornando público o pedido do devedor, constando, também lista dos credores a fim de que possíveis prejudicados possam se insurgir face a sua não inclusão ou aos valores decretados.
Da mesma forma o mandamento judicial expedirá o seguimento de ações judiciais ou execuções contra o devedor, mas apenas os créditos sujeitos aos efeitos da concordata serão atingidos, ou seja, os credores quirografários.
A nomeação de comissário não poderá ser esquecida haja vista que é um auxiliar do juiz, cabendo-lhe, também remuneração, da mesma forma, escolhido entre os maiores credores e entre as suas atribuições deverá o comissário fiscalizar o procedimento do devedor na administração; examinar livros e papéis; designar peritos e ainda verificar se o concordatário praticar atos que possam macular a concordata, o que terá a convolação em falência (artigo 169 e seguintes do decreto lei 7661/45).
A concordata, conforme já visto, pode se dar na modalidade preventiva e suspensiva sendo a primeira modalidade o caminho adequado para se evitar o requerimento de falência que poderá ser interposto por um credor (artigo 139 do decreto lei 7661/45).
No sentido, a concordata atingiria apenas os credores quirografários, ou seja, aqueles que não têm qualquer garantia. O cumprimento de pressupostos para o ajuizamento do benefício legal é fundamental, sob pena de um devedor ver seu pedido de concordata convolado em falência não havendo aqui a figura da extinção do feito sem julgamento do mérito.
Some-se aos pressupostos a regularidade do comerciante e a não condenação do requerente em crimes falimentares, furto, roubo, apropriação indébita e outros presentes no artigo 140, inciso III da lei concordatária.
A concessão do benefício não impede o deferimento de novo benefício ao comerciante, mas é necessário respeitar-se o lapso temporal de 05 anos, desde que tenha sido a primeira regularmente cumprida.
Os credores que não se enquadram na categoria de quirografários podem buscar recuperação de seus créditos de forma isolada, ou seja, ações de execução, ações monitórias e mesmo pedidos de falência.
Os credores podem se opor ao pedido de concordata desde que comprovem sacrifício maior do que se estivessem submetidos a falência. Atos de má fé e impropriedades em relatórios e informações do síndico também servirão a argumentos aos embargos à concordata.
Se de tudo vierem os embargos, o devedor será instado a se pronunciar sobre os mesmos e após o contraditório estabelecido decidirá o juízo da concordata sobre a pertinência ou não da oposição. Desta decisão caberá recurso de agravo de instrumento.
A petição inicial de concordata que será interposta pelo devedor precisará conter além dos requisitos do artigo 282 do CPC, as exigências do artigo 159 e 140 da Lei de Quebras. Assim, em primeiro lugar, precisará o comerciante fazer prova de que não foi condenado por crime falimentar, deverá provar a sua condição de comerciante regular, anexando contratos sociais e alterações todas devidamente registradas em Junta Comercial.
Demonstrações financeiras do último exercício, balanço patrimonial, demonstração de lucros ou prejuízos precisarão ser levados aos autos para que haja a regularidade da petição inicial, mas o inventário de todos os bens e a relação de todas as dívidas, mesmo as não quirografárias, apontando-se todos os credores e suas qualificações da mesma forma precisarão ser devidamente discriminados na exordial (artigo 159 e parágrafos).
Ao ajuizar a petição inicial de concordata, deverá indicar o credor a forma de como pretende realizar seus pagamentos, ou seja, se à vista ou com prazos no limite máximo de 24 meses.
Contudo, se por alguma razão deixou o concordatário de honrar com essas prestações mensais, terá fim o benefício legal, seguindo-se sua convolação em falência.
Agregando-se a falta de pagamento, estar o pagamento antecipado realizado a algum credor, o abandono do estabelecimento, ou ainda a displincência e a desídia negocial também servirão à interrupção do instituto da concordata e seus benefícios claros ao comerciante. A prática ou a verificação da ocorrência do crime falimentar também representam o fim do instituto de alongamento de dívidas (tipos previstos no artigo 186 e seguintes do decreto lei 7661/45).
Não há que se falar na hipótese da rescisão em extinção do feito sem julgamento do mérito, haja vista que uma rescindida presseguirá a falência do comerciante e qualquer credor tem legitimidade para o requerimento da rescisão, desde que esteja admitido (ex vi legis artigo 151, cáput e parágrafo 3º e artigo 152 da Lei de Quebras).
A partir do pagamento dos credores, conforme o estipulado na inicial, inicialmente o juiz mandará tornar público o requerimento formulado pelo devedor no sentido de que foi cumprida a concordata a fim de que possam os credores se pronunciar sobre o pleito. Findo o prazo, o juiz decidirá, mas na hipótese de insurgimento contra o pedido, uma ampla produção de provas seguir-se-à e ao final mantendo-se a decisão para o término da concordata, será possível o recurso de apelação. Se a sentença julgar não cumprida a concordata, caberá o recurso de agravo de instrumento.
O decretojudicial que extinguir a concordata não porá fim apenas ao procedimento concordatário, mas declarará a extinção das responsabilidades do devedor e que deverá ter ampla publicidade para que toda praça tenha conhecimento de que ali está reabilitado.

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