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Sociedades empresárias: Teoria geral do Direito Societário 
 
Contrato de sociedade 
É a convenção por via da qual duas ou mais pessoas se obrigam a conjugar seus serviços, esforços, 
bens ou recursos para a consecução de fim comum e partilha, conforme o estipulado no estatuto 
social, dos resultados entre si, obtidos com o exercício de atividade econômica contínua, que pode 
restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. Celebram contrato de sociedade as 
pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de 
atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (CC, art. 981, caput). 
 
Classificação : 
1) Sociedades não personificadas 
Sociedade em comum (Arts. 986 a 990, CC) : de fato ou irregulares 
Sociedade em conta de participação (art.991a 996 CC) 
 
SOCIEDADE EM COMUM (Art. 986 a 990, CC) 
Conceito: É aquela que começa operar antes da inscrição de seu ato constitutivo na Junta Comercial 
ou no cartório. Também é chamada de sociedade irregular ou de fato. 
Características: 
Falta de personalidade jurídica: Ocorre uma confusão patrimonial, pois não se sabe qual é o 
patrimônio dos sócios e o da empresa; 
Prova de existência: Para terceiros, admite-se a sua demonstração por qualquer meio admitido em 
direito. Pelos sócios, apenas se reconhece a existência da sociedade por meio de contrato escrito; 
Patrimônio e os credores: O patrimônio dos sócios (inclusive pessoal) passa a ser um condomínio, 
indivisível, especial, que vai responder pelos credores; 
Responsabilidade dos sócios e o benefício de ordem: A responsabilidade dos sócios será solidária e 
ilimitada. A responsabilidade ilimitada é sempre subsidiária. Assim, devem ser esgotados primeiro os 
bens sociais para responder as obrigações da sociedade. Entretanto, não comporta o benefício de 
ordem aquele que contratou pela sociedade (art.990 CC) 
 
Sociedades regulares e irregulares 
Sociedade regulares  as sociedades empresariais que arquivam seus contratos ou estatutos 
constitutivos no Registro Público das Empresas Mercantis adquirem, assim personalidade jurídica. 
Sociedades irregulares  são as sociedades que não fazem o arquivamento do seu contrato ou 
estatuto nas Juntas Comerciais. Tenham ou não contrato escrito. 
 
Sociedade de fato e irregulares 
Tanto as sociedades de fato como as sociedades irregulares não possuem personalidade jurídica, 
pois lhes falta a inscrição no registro peculiar, que é registro Público de Empresas Mercantis. 
Entretanto, essas entidades não perdem sua condição de sociedades empresariais. 
Possuem responsabilidade ILIMITADA, porém SUBISIDIÁRIA. 
 
Distinção conceitual sobre sociedades irregulares e sociedades de fato: 
as irregulares seriam as que funcionam sem o cumprimento da solenidades legais da constituição, 
registro e publicidade. Ocorre quando às vezes a sociedade se organiza por escrito, articulam-se os 
dispositivos da lei social. O contrato, porém, não se arquiva na Junta Comercial. A sociedade é por 
isso irregular. A sociedade irregular é menos que a sociedade regular e mais que a comunhão de 
bens. 
as de fato seriam as afetadas por vícios que as inquinam de nulidade, e são fulminadas por isso com 
o decreto de morte, pois apesar de degeneradas, vivem enquanto admitidas. Ocorre quando os 
sócios às vezes deixam de reduzir a escrito seu ajuste, e a sociedade assim constituída, vive, 
funciona e prospera. Mas vive de fato. Como sociedade de fato se considera. 
 
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (Art. 991 a 996, CC) 
Conceito: É um contrato de investimento comum que o legislador determinou de sociedade; 
Partes: 
Nesta modalidade social temos dois tipos de sócios: 
a) Sócio ostensivo b) Sócio participante ou oculto 
O sócio ostensivo, que pode ser pessoa natural ou jurídica, tem a função de gerir os negócios da 
conta, empregando sua expertise no ramo explorado. 
O sócio participante. sua participação se consubstancia na disponibilização de recursos ao sócio 
ostensivo, que o aplicará em favor do objeto da conta 
Características: 
Ausência de personificação: O investidor não aparece, porém pode fazer o contrato de 
responsabilidade solidária. É um empreendimento sazonal, não há obrigação de registro; 
Aplicação subsidiária das normas das sociedades simples: Precisa ter previsão no contrato social; 
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO (Art. 991 a 996, CC) 
Efeitos do contrato: Possui natureza secreta, ou seja, seu ato constitutivo não precisa ser registrado 
na Junta Comercial. Prova de sua existência: por parte de um terceiro, admite-se a demonstração 
por qualquer meio admitido em Direito; entre os sócios, apenas se reconhece a existência da 
sociedade por meio de contrato escrito; 
Administração, escrituração e responsabilização pela conta: Do sócio ostensivo. Se o contrato 
estabelecer que o investidor também responde, o sócio participante passa a ser ostensivo. 
Liquidação da conta: Rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei 
processual. 
 
2) Sociedades personificadas 
Personalização das sociedades. 
A existência das pessoas jurídicas e entre elas a das sociedades empresariais começa com a inscrição 
de seus atos constitutivos no registro que lhes é peculiar. 
A sociedade simples deverá requerer, no prazo de trinta dias após a sua constituição, a inscrição do 
contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas no local da sua sede (CC, art. 998). 
A falta do registro do contrato social ou de alteração versando sobre matéria referida no art. 997, 
conduzem a aplicação das regras das sociedades comuns (CC, art. 986). 
Personalização da sociedade empresária 
A atividade empresarial tem um registro próprio, que é o Registro Público das empresas Mercantis, a 
serviço das Juntas Comerciais. 
Nas sociedades, o registro observará a natureza da atividade (empresária ou não – art. 966); 
As demais questões seguem as normas pertinentes ao direito societário adotado (CC, art. 983). 
Caso concreto 
Gilda e Marcos exercem atividade econômica no ramo de Restaurante, em Belo Horizonte, e 
pretendem futuramente, dado o sucesso da empreitada, abrir filiais em outras cidades. Efetuaram o 
registro da sociedade, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas do Estado de Minas Gerais, sob a forma 
de sociedade limitada. 
 Neste caso analise se o registro e a forma societária estão de acordo com a legislação vigente? 
 
CONSEQÜÊNCIAS DA PERSONALIZAÇÃO 
Titularidade negocial, a sociedade é pessoa jurídica, sujeita de direito, personalizada e capaz, assim 
a sociedade responderá por todos os negócios jurídicos realizados pelos sócios em nome dela. 
Titularidade processual possibilita a pessoa jurídica a ser demandada e demandar em juízo. Logo, é 
a sociedade que detém capacidade processual, sendo ela citada pelo seu representante legal. O CPC 
estabelece a representação em juízo, ativa e passivamente, das pessoas jurídicas por quem o 
estatuto designar, ou na ausência desse, pelos diretores. 
Responsabilidade patrimonial, o patrimônio da sociedade é inconfundível e incomunicável, o que 
significa dizer que os bens dos sócios não serão excutidos pelas dívidas da sociedade. No entanto, os 
bens dos sócios poderão responder pelas obrigações da sociedade em hipóteses excepcionais em 
que houver abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela 
confusão patrimonial (CC, art. 50). 
 
CONSEQÜÊNCIAS DA PERSONALIZAÇÃO 
Individualidade Própria - Os sócios não são confundidos com a pessoa da sociedade, tem esta 
existência distinta de seus membros 
Alteração da Estrutura: A sociedade tem a possibilidade de modificar sua estrutura quer jurídica, 
com a modificação do contrato, adotando outro tipo de sociedade, quer econômica, com a retirada 
ou ingresso de novos ou simples substituição de pessoas, pela cessão ou transferênciada parte 
capital. 
CLASSIFICAÇÃO 
De acordo com a responsabilidade dos sócios: 
Sociedade ilimitada, em que os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. 
Sociedade em nome coletivo (N/C) (CC, ar. 1.039). 
Sociedade mista, em que uma parte dos sócios tem responsabilidade ilimitada e outra parte tem 
responsabilidade limitada. É o caso da Comandita Simples (C/S) (CC, art. 1.045) e a Sociedade por 
ações (C/A), os sócios diretores tem responsabilidade ilimitada e os demais acionistas respondem 
limitadamente (Lei n. 6.404, art. 281). 
Sociedade limitada, onde os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações, por exemplo, a 
sociedade limitada (CC, art. 1.052) e a anônima (CC, art. 1.088). 
 
De acordo com a natureza do ato constitutivo: 
Sociedades contratuais: o ato constitutivo e regulamentar é o contrato social. São: em nome 
coletivo, em comandita simples e limitada. 
Sociedades institucionais: o ato regulamentar e constitutivo é o estatuto social. Exemplo: Sociedade 
anônima, sociedade em comandita por ações. 
A dissolução das sociedades contratuais encontra-se no CC/2002, ao passo que a dissolução das 
sociedades institucionais rege-se pelas normas da lei n. 6.404/76. 
 
De acordo com a estrutura, a composição econômica, as condições de alienação da participação 
societária. 
∙ Sociedade de pessoas: Aquela sociedade em que a realização do objeto social depende 
fundamentalmente dos atributos individuais dos sócios. Os sócios decidem quem adentra ou não o 
quadro societário. Sua anuência é imprescindível para a manutenção do quadro de sócios. Relação 
personalíssima (intuitu personae); 
∙ Sociedade de capitais: A pessoa do sócio não é importante para a constituição da sociedade, mas 
apenas o montante do capital social que foi integralizado por alguém. A anuência dos sócios para a 
entrada de um terceiro no quadro societário é dispensada. 
Caso Concreto: 
Amália é sócia de uma sociedade empresária limitada, com sua irmã Amélia, no ramo de vendas de 
roupas e acessórios multi marcas. A sociedade passa por uma crise financeira, devendo a vários 
fornecedores, embora seus impostos estejam em dia, bem como as suas obrigações trabalhistas. A 
sociedade foi executada por um dos fornecedores. Amália possui bens particulares e consulta se, 
neste caso, responderá com seus bens pessoais. 
Sociedade Dependente de Autorização. artigos 1123 a 1141 
Determinadas sociedades possuem restrições específicas para a sua constituição e funcionamento. 
São dependentes de autorização para funcionar todas as sociedades estrangeiras e algumas 
sociedades nacionais, tais como, as sociedades anônimas de capital aberto, as sociedades de capital 
autorizado, a empresa pública, a sociedade de economia mista e as sociedades que seguem regime 
jurídico diferenciado. 
Impõe a lei que a empresa dependente de Autorização tem de funcionar no prazo de 12 meses após 
concedida a autorização, sob pena de ser considerada caduca.(arts. l.123 e 1.124). 
Fica ressalvado que, o Poder Executivo pode, a qualquer tempo, cassar a autorização concedida a 
sociedade nacional ou estrangeira se infringir disposição de ordem pública ou praticar atos 
contrários aos fins declarados no seu estatuto. (art.l.l25) 
 
Sociedade Nacional: aquela organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a 
sede de sua administração (art. l.l26). 
O fato de todos os sócios serem estrangeiros e o capital social também ser, não tem relevância, pois 
a sociedade não se confunde com a pessoa dos sócios. 
 
Sociedade Estrangeira: é aquela que não possui sede no Brasil e/ou não está organizada consoante 
a legislação brasileira. 
Qualquer que seja seu objeto, não pode funcionar no Pais, sem autorização do Chefe do Poder 
Executivo Federal, ainda que por estabelecimento subordinados. Pode, todavia, ressalvados os casos 
expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira (art. l.l34). 
A autorização se dá por meio de Decreto. Obtido o decreto a sociedade estrangeira necessita ser 
registrada no local onde exercerá suas atividades. 
"Art. 1.138. A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, 
representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial 
pela sociedade. 
Parágrafo único. O representante somente pode agir perante terceiros depois de arquivado e 
averbado o instrumento de sua nomeação.". 
 Nome empresarial: art. 1.137, p. ún. – “com o nome que tiver no país de origem, podendo 
acrescentar as palavras “do Brasil” ou “para o Brasil” 
Nacionalização da sociedade estrangeira: art. 1.141 
 
REQUISITOS ESSENCIAIS DA SOCIEDADE 
Nome: (art. 1155 a 1668) 
Pode ser por: 
- Firma 
- Denominação (sociedade por ações, ltda) 
Nacionalidade: Registrada de acordo com as leis brasileiras é considerada nacional. No caso de 
empresas estrangeiras, a matriz está situada no exterior e atuam no Brasil por meio de filiais. É 
necessária autorização e de um responsável. 
Domicílio: Em regra é o lugar onde a sociedade tem sua administração. Porém o estatuto pode dizer 
onde é a sede para responder com suas ações (art. 75 CC). 
Patrimônio: É tudo aquilo que a sociedade tem a título de avaliação econômica. As sociedades 
devem ter esse complexo de bens suscetíveis de avaliação pecuniária, não se confundindo com o 
capital inicial, que é a parcela inicial investida quando da constituição da sociedade. O patrimônio da 
sociedade é inteiramente autônomo do patrimônio dos seus respectivos sócios, e a estes, portanto, 
não pertence; 
Objeto lícito: segue o principio da autonomia da vontade, porém desde que o objeto seja lícito, legal 
e moral; 
Contrato social: Art. 981 e 997 CC; 
Pluralidade de sócios: para formar uma sociedade é necessário haver a comunhão de pelo menos 
duas pessoas. 
Há, porém, algumas exceções: 
Sociedade subsidiária integral (art. 251, LSA) — É uma espécie de sociedade anônima que só tem um 
acionista, que tem que ser pessoa jurídica e nacional. A unipessoalidade é originária e permanente. 
b) Empresa pública (art. 37, XIX, CFRB) — É uma espécie de sociedade que só conta com um único 
sócio, qual seja, o ente federativo que o criou por lei (União, Estado ou Município). Sua 
unipessoalidade é originária e permanente. 
c) Art. 1.033, IV, CC — Quando faltar pluralidade de sócios, a sociedade poderá subsistir por até 180 
dias. Nesse caso a falta de pluralidade é superveniente e, portanto transitória. 
Capital social: é o valor, em moeda nacional, colocado no contrato, que representa a somatória dos 
bens dos sócios usados para iniciar a sociedade, é o capital inicial. 
Segundo Carvalho de Mendonça, “é da essência da sociedade empresária a constituição de capital, 
fundo autônomo à disposição dos seus órgãos administrativos para a realização dos fins previstos no 
ato institucional. 
QUOTA E AÇÃO: Fração em que se divide o capital social. 
 
O SÓCIO 
Pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. 
Segundo Clóvis Beviláqua, “sócios são pessoas que neste caráter, entram para a formação da 
sociedade, no momento em que ela se constitui, as que são depois admitidas por alguma cláusula do 
pacto social ou por contrato posterior com todos os sócios, ou, enfim, por todos os modos 
compatíveis com o Direito e com a índole da sociedade.” 
 Direitos 
∙ Patrimonial: 
1.Direito a receber o quinhão dos lucros, durante a existência social; 
2.Direito a participar na partilha da massa residual, depois de liquidada a sociedade. 
∙ Pessoal: 
1.Fiscalizar; 
2.Administrar. 
Deveres 
 Cooperação recíproca: Todos devem trabalhar em prol do benefício da sociedade. Característica 
imprescindível, sobretudo, nas sociedades de pessoas (a affectio societatis). Se não for cumprida, a 
sociedade pode se dissolver. 
Formação e administração do capital: Todos os sócios devem entrar com capital ou bens. Em geral,no contrato social será indicado o responsável pela administração; 
Responsabilidade perante terceiros: A sociedade é quem responde com seu patrimônio com o que 
for de sua responsabilidade; salvo desvio de finalidade em que entrará a responsabilidade do sócio 
perante o terceiro. 
Sócio menor: O incapaz poderá ser sócio, desde que esteja representado, e deve ter patrimônio 
suficiente (art. 974, CC). 
Sociedade entre marido e mulher: está no art. 977, do Código Civil. Os cônjuges não devem ser 
casados pelo regime de comunhão universal ou pelo de separação de bens. Aos demais casos, é sim 
possível a sociedade entre marido e mulher. 
Sócio pessoa jurídica: Quando todos os sócios forem pessoas jurídicas, é necessário uma pessoa 
física para administrar e responder pelos interesses dos sócios, informado na Junta Comercial. 
Sócio unipessoal: Embora resulte da união de duas ou mais pessoas, a legislação brasileira aceita a 
unipessoal, a exemplo da empresa pública, que, constituída por lei possui um único acionista, 
dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio. 
Caso Concreto 
Antônio e Marcos constituíram uma sociedade ltda., que tem como objeto social a venda e 
distribuição de balas e doces em toda o norte de Minas. O capital foi integralizado da seguinte 
forma: Antônio com 65% das Cotas e Marcos com 35% das Cotas. Antônio é o administrador da 
sociedade. 
Diante do caso apresentado, pergunta-se: Como a administração da sociedade ficou a cargo de 
Antônio, Marcos poderá ter acesso às contas da sociedade? 
Sociedades personificadas: 
 
Tipos de sociedades: 
Sociedade simples Arts. 997 a 1.038 
Sociedade cooperativa Lei 5.764/71 e Arts. 1.093 a 1.096, CC 
Sociedades empresárias: 
Sociedade em nome coletivo, Arts. 1.039 a 1.044, CC 
Sociedade em comandita simples, Arts. 1.045 a 1.051, CC 
Sociedade em comandita por ações, Lei 6.404/76 e Arts. 1.090 a 1.092, CC 
Sociedade limitada Arts. 1.052 a 1.089, CC 
 Sociedade anônima Lei 6.404/76 e Arts. 1.088 a 1.089, CC 
Espécies de sociedades 
Simples 
Empresária 
Considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de 
empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais". 
 
Sociedade empresária é aquela pessoa jurídica que visa ao lucro ou ao resultado econômico, 
mediante exercício habitual de atividade econômica organizada, sujeita a registro (CC, art. 967), com 
o escopo de obter a produção ou circulação de bens ou de serviços no mercado(CC, art. 966). 
Sociedade simples é a pessoa jurídica que realiza atividade intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício 
da profissão constituir elemento de empresa (CC, art. 966, parágrafo único). 
 
Diferença entre Sociedade Empresária e Sociedade Simples 
Na forma do art. 982 do CC. 
A sociedade empresária é aquela que desenvolve atividade de empresário na forma do art. 966 do 
CC. 
 A sociedade simples é um conceito por exclusão. Toda sociedade que não for empresária será 
simples. 
Art, 982, o parágrafo único estabelece que "independentemente de seu objeto, considera-se 
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.” 
 
Sociedade Simples 
A sociedade simples se dá mediante contrato social escrito, particular ou público, contendo todos os 
elementos encontrados nos incisos do art. 997 do CC. 
O sócio pode integrar a sociedade com participação através de capital ou serviços. 
 Responsabilidade dos sócios é ilimitada: o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das 
respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros 
na proporção da média do valor das quotas. (art. 1007 CC) 
A responsabilidade é em caso de cessão das cotas: 
Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente 
com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. (Art. 
1.003. Par. Único). 
SOCIEDADE DE ADVOGADOS. É sempre sociedade simples. Não se permite que assuma forma de 
sociedade empresária (art. 16 do Estatuto da OAB) 
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de 
advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem 
denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou 
titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente 
proibida de advogar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) 
SOCIEDADE RURAL: É sociedade simples por sua natureza, mas pode adotar o modelo de Soc. 
Limitada. Mesmo adotando o modelo de limitada, pode se inscrever no Registro Civil de Pessoa 
Jurídica. O objetivo dos sócios dessa sociedade é só limitar a responsabilidade dos sócios, mas não 
vai poder requerer falência / rec. judicial; 
SOCIEDADE SIMPLES RURAL TAMBÉM PODE SE INSCREVER NA JUNTA COMERCIAL. Quando faz isso, 
cai no art. 984 ─ será considerada, para todos os efeitos, sociedade empresária (vai poder pedir 
falência, rec. judicial…); 
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e 
seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com 
as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua 
sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade 
empresária 
Caso concreto 
Cláudia e Roberta, artistas plásticos, INSCRITAS no CNPJ, prestam serviços de restauração de obras 
de arte nas praças localizadas nas proximidades de seu bairro, cobrando pelos serviços prestados 
aos moradores da região. 
Esta sociedade não possui elemento de empresa, embora estes serviços sejam cobrados e as sócios, 
apesar de lucrarem muito pouco, vivem dos valores cobrados por suas restaurações. A atividade 
desenvolvida por elas constitui, de acordo com o Código Civil, qual tipo de sociedade? 
 
Desconsideração da personalidade jurídica. 
Disregard of Legal Entity 
Tendo em vista fraudes promovidas através da personalização das sociedades, surgiu por construção 
jurisprudencial uma doutrina para coibir os abusos verificados: a doutrina do Disregard of Legal 
Entity no direito anglo-saxão, espraiando-se para o direito germânico. 
O art. 50 do CC estabelece que "em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo 
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou 
do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e 
determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores 
ou sócios da pessoa jurídica". 
A lei 8.078/90 Código de Defesa do Consumidor também prevê hipóteses de desconsideração em 
seu artigo 28. 
É a retirada episódica, momentânea e excepcional da autonomia patrimonial da pessoa jurídica a fim 
de estender os efeitos de suas obrigações à pessoa de seus sócios ou administradores, com o fim de 
coibir o desvio de finalidade ou confusão patrimonial. 
Caso Concreto: 
Morada & Cia Materiais de Construção Ltda. propõe execução, fundada em título executivo judicial 
em face de Persianas Brasil Ltda. 
Diante da insuficiência de bens de propriedade da executada, a exequente requer a desconsideração 
da personalidade jurídica para atingir os bens dos sócios, pois, com abuso de gestão, a sociedade foi 
utilizada para frustrar o cumprimento das obrigações com a parte credora. Sustenta, ainda, que a 
sociedade não passa de entidade de existência meramente formal, utilizada como meio de exercício 
no mundo dos negócios com limitação das responsabilidades pelas obrigações que, na realidade são 
dos sócios. 
A exequente apresenta,através de prova documental, elementos que confirmam o abuso de gestão. 
Trata-se de situação que ensejaria a aplicação da Teoria da Desconsideração da Personalidade 
Jurídica?

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