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Efetuamos a entrevista com a psicóloga Karen Cavagnoli que atua na clínica da família Felipe Cardoso,situada no bairro da Penha Rj.
A mesma realiza trabalho multidisciplinar na atenção básica atuando em equipe do NASF, especificando melhor suas ações nas respostas da entrevista abaixo.
Sou Psicóloga social e atuo no contexto da atenção básica no SUS (saúde da família e comunidade), na Clínica da Família Felippe Cardoso. 
QUAIS OS MAIORES DESAFIOS, DEMANDAS E DIFICULDADES ENCONTRADAS?
São muitos os desafios que encontramos no contexto da saúde da família e comunidade, principalmente no que se refere ao trabalho interdisciplinar na lógica dos princípios da atenção básica em saúde no SUS: ajudar as equipes de saúde da família a trabalhar de forma longitudinal os casos de saúde mental que surgem como demanda na clínica da família, sendo que o psicólogo não pode ser o único responsável pelo cuidado em saúde mental destas pessoas. 
O núcleo de apoio a saúde da família – nasf, no qual estou inserida, trabalha no apoio às equipes da estratégia de saúde da família (médico, enfermeiro, agente comunitário e técnico de enfermagem), realizando um trabalho denominado “apoio matricial” que consiste em potencializar as capacidades das equipes de saúde a realizar acolhimento e acompanhamento das pessoas que estão com algum tipo de dificuldade na vida que gere algum sofrimento. 
Portanto, nosso trabalho não é somente atendimento individual. Realizamos atendimentos conjuntos com o enfermeiro, médica ou agente comunitário, para auxiliar a equipe a fazer as intervenções para que a equipe siga acompanhando com maior autonomia estes casos. Ajudamos na elaboração de Projetos terapêuticos, fazemos consultas conjuntas, visitas domiciliares junto da equipe de saúde nos casos que necessitam. 
Além disso, trabalhamos muito com grupos e de forma interdisciplinar. A equipe NASF da clínica da família Felippe Cardoso é composta por duas psicólogas, uma terapeuta ocupacional, uma nutricionista, uma assistente social, um fisioterapeuta e um educador físico. Os grupos que oferecemos atualmente na clínica são: grupo de crianças e grupo de pais e/ou responsáveis (coordenado por psicólogas e terapia ocupacional); grupo reviver (saúde mental); grupo de alimentação saudável; grupo para pessoas com dor crônica; grupo de caminhada e exercícios físicos; grupo de dança – zumba. Além disso, temos participação nos grupos que as equipes de saúde solicitam (dos mais variados: gestantes, grupo de puérperas, grupo de adolescentes, grupo de tabagismo...etc) e também nas escolas junto das equipes quando estas solicitam. As intervenções se dão conforme as necessidades do território, perfil social, cultural e epidemiológico da população atendida. 
Trabalhar junto da comunidade também se torna um desafio nesta área e que poderia ser melhor explorado, desenvolvendo atividades no território, junto das escolas, das associações de moradores, das organizações comunitárias. 
As maiores dificuldades encontradas é a sobrecarga de trabalho. As equipes de saúde estão com muita demanda de trabalho e o NASF matricia muito mais equipes de saúde do que a sua capacidade. Matriciamos o equivalente a 15 equipes de saúde, sendo que a portaria do ministério da saúde prevê que um NASF do nosso tamanho deveria matriciar de 5 a 9 equipes. 
Outra dificuldade encontrada é a dificuldade das equipes de saúde em entender o seu papel junto ao acompanhamento dos usuários de saúde mental, e logo encaminham para o ambulatório de psicologia. Nosso trabalho não é apenas ambulatorial, é também pedagógico no sentido de instrumentalizar as equipes para realizar uma escuta qualificada do sofrimento e da vida das pessoas. Fazemos isso quando atendemos junto, quando elaboramos oficinas de educação permanente para as equipes com temas variados, e também quando discutimos os casos em reunião de equipe. 
COMO FUNCIONA O PROGRAMA NA UNIDADE?
 Cada família ou pessoa cadastrada na clínica da família tem sua equipe de referência que sempre vai atendê-la. Esta é a equipe de estratégia de saúde da família que tem o objetivo de ofertar cuidados primários e trabalhar com a prevenção sem que para isto a pessoa precise recorrer a níveis maiores de intervenção (hospitais ou UPAS). O psicólogo inserido na equipe NASF tem a função de acompanhar e orientar as equipes para potencializar este cuidado além de ofertar ações voltadas para as necessidades da população. 
TEM ALGO QUE DEVERIA FUNCIONAR DE CERTA FORMA E NA PRÁTICA É DIFERENTE?
 Acho que já falo das coisas que poderiam ser diferentes na questão 1 e ao longo da entrevista. Mas penso que além do que já falei, o psicólogo, poderia se aproximar mais da gestão para auxiliar nos processos de trabalho, mas percebemos que as vezes isso é difícil, não há tanta abertura. 
QUAL SUA FORMAÇÃO?
Formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul – RS – (UNISC); mestrado em Psicologia Social e Institucional da UFRGS; Residência em saúde da família pelo Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre. 
O ESPAÇO FÍSICO É ADEQUADO?
6. O espaço é adequado, temos salas disponíveis, salas para atendimento individual e coletivo. A clínica da família Felippe cardoso é uma das maiores do RJ. 
QUAIS TÉCNICAS UTILIZADAS?
 Realizamos consultas individuais, consultas conjuntas com outros profissionais, abordagens familiares, visitas domiciliares, atendimentos com grupo. Na clínica, utilizo o referencial psicanalítico e também da psicoterapia breve, considerando também os determinantes sociais da saúde. O sujeito deve ser compreendido nos seu contexto cultural, social, familiar, com os atravessamentos políticos e econômicos que afetam a vida dele.
QUAIS OS CASOS MAIS FREQUENTES QUE VOCÊ ENCONTRA?
 Os casos mais frequentes são transtornos do humor: depressão, famílias enlutadas; casos de violência (doméstica, sexual, policial), transtornos de ansiedade; uso de drogas, transtornos psicóticos. Estes últimos são casos compartilhados com os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, CAPSi(infância) e CAPSad (álcool e outras drogas).
Também percebemos o adoecimento dos próprios trabalhadores de saúde da clínica pela sobrecarga de trabalho que também aponta para um outro desafio: cuidar da nossa própria saúde mental para poder lidar com o adoecimento do outro. 
A QUANTIDADE DE PSICÓLOGOS SÃO SUFICIENTES PARA A DEMANDA?
 A quantidade de psicólogos é inferior á demanda que temos. Somos 2 psicólogos para uma referência de mais ou menos 52 mil habitantes cadastrados na clínica.
Convido a conhecer nosso trabalho e se ficar alguma dúvida, estamos disponíveis para maiores esclarecimentos. 
Abraços. 
Karen Cavagnoli
CRP 05/ 50330

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