Buscar

Revista de Morfologia Urbana

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

See	discussions,	stats,	and	author	profiles	for	this	publication	at:	https://www.researchgate.net/publication/287217328
Revista	de	Morfologia	Urbana	3.2
Book	·	December	2015
CITATIONS
0
READS
281
2	authors,	including:
Some	of	the	authors	of	this	publication	are	also	working	on	these	related	projects:
Urban	Morphology.	An	Introduction	to	the	Study	of	the	Physical	Form	of	Cities	View	project
EVIDENCE:	Re-inventing	analysis,	design	and	decision	support	systems	for	planning	View	project
Vítor	Oliveira
University	of	Porto
79	PUBLICATIONS			280	CITATIONS			
SEE	PROFILE
All	content	following	this	page	was	uploaded	by	Vítor	Oliveira	on	18	December	2015.
The	user	has	requested	enhancement	of	the	downloaded	file.
2015
Volume 3
Número 2
REVISTA DE 
MORFOLOGIA 
URBANA
R e v i s t a d a R e d e L u s ó f o n a d e M o r f o l o g i a U r b a n a
Editor: Vítor Oliveira, Universidade do Porto, Portugal, vitorm@fe.up.pt 
 
Editores Associados: Frederico de Holanda, Universidade de Brasília, Brasil 
 Paulo Pinho, Universidade do Porto, Portugal 
 
Editores Assistentes: Cláudia Monteiro, CM Arquiteta, Portugal 
Mafalda Silva, Universidade do Porto, Portugal 
 
Consultores: Giancarlo Cataldi, Università degli Studi di Firenze, Itália 
Ian Morley, Chinese University of Hong Kong, China 
Jeremy Whitehand, University of Birmingham, Reino Unido 
 Kai Gu, University of Auckland, Nova Zelândia 
Michael Conzen, University of Chicago, Estados Unidos da 
América 
 Peter Larkham, Birmingham City University, Reino Unido 
 
Quadro Editorial: Isabel Martins, Universidade Agostinho Neto, Angola 
Jorge Correia, Universidade do Minho, Portugal 
 José Forjaz, Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique 
 Judite Nascimento, Universidade de Cabo Verde, Cabo Verde 
Luiz Amorim, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil 
 Manuel Teixeira, Universidade de Lisboa, Portugal 
 Renato Leão Rego, Universidade Estadual de Maringá, Brasil 
Sandra Pinto, Universidade Nova de Lisboa, Portugal 
 Sílvio Soares Macedo, Universidade de São Paulo, Brasil 
 Stael de Alvarenga Pereira Costa, Universidade Federal de Minas 
Gerais, Brasil 
 Teresa Marat-Mendes, Instituto Universitário de Lisboa, Portugal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os autores são os únicos responsáveis pelas opiniões expressas nos textos publicados na 
‘Revista de Morfologia Urbana’. Os Artigos (não deverão exceder as 6 000 palavras, devendo 
ainda incluir um resumo com um máximo de 200 palavras), as Perspetivas (não deverão exceder 
as 1 000 palavras), os Relatórios e as Notícias referentes a eventos futuros deverão ser enviados 
ao Editor. As normas para contributos encontram-se na página 2. 
 
Desenho original da capa - Karl Kropf. Desenho das figuras - Vítor Oliveira 
 
REDE LUSÓFONA DE MORFOLOGIA URBANA ISSN 2182-7214 
REVISTA DE MORFOLOGIA URBANA 
Revista da Rede Lusófona de Morfologia Urbana 
 
Volume 3 Número 2 Dezembro 2015 
 
83 Editorial 
 
85 E. Barbosa e P. Fernandes 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo 
Horizonte 
 
105 J. M. P. Silva, F. Lima e N. C. T. Magalhães 
Aplicação do conceito de Unidade Morfo-territorial nas escalas metropolitana, 
intraurbana e local 
 
 
Perspetivas 
 
123 Transformação e permanência de formas urbanas: uma contribuição metodológica 
 E. M. N. Mendonça 
125 Porque importa a morfologia urbana? I. Samuels 
127 Persistências, ruturas, dinâmicas: paradigmas dos estudos históricos de forma urbana 
S. M. G. Pinto 
130 Estratégias para a renovação do edificado através das Gramáticas de Forma S. Eloy 
132 Adaptabilidade, continuidade, flexibilidade e resiliência. Algumas considerações sobre 
as propriedades das formas urbanas T. Marat-Mendes 
134 A forma física das cidades – uma análise do contributo luso-brasileiro para o debate 
internacional C. Monteiro 
136 Indicadores Visuais A. Perdicoúlis 
 
 
Relatórios 
 
102 Rede Lusófona de Morfologia Urbana (PNUM), 2014-15 T. Marat-Mendes 
103 1st Symposium of the Turkish Network of Urban Morphology, Istambul, 2015 T. Ünlü 
121 4ª Conferência da Rede Lusófona de Morfologia Urbana, Brasília, 2015 S. A. P.Costa 
 
 
Notícias 
 
84 Urban Morphology 
122 2º Workshop PNUM 
137 ISUF Conference 2016: Urban morphology and the resilient city 
138 PNUM 2016: Os espaços da morfologia urbana 
 
 
 
 
Normas para contributos para a Revista de Morfologia Urbana 
 
Os textos a submeter à ‘Revista de Morfologia 
Urbana’ deverão ser originais, escritos em 
Português, e não deverão estar em apreciação em 
nenhuma outra revista científica. Os textos serão 
aceites para publicação depois da avaliação 
favorável de, pelo menos, dois revisores 
independentes. Os artigos não deverão exceder as 
6.000 palavras, devendo ainda incluir um resumo 
com um máximo de 200 palavras e até cinco 
palavras-chave. O título do artigo, o resumo e as 
palavras-chave deverão ser bilingue, em 
Português e em Inglês. Como a autoria dos textos 
não é revelada aos revisores, o(s) nome(s) e o(s) 
endereço(s) do(s) autor(es) devem constar de uma 
folha em separado. As ‘perspetivas’ (também 
sujeitas a ‘revisão por pares’) e os book reviews 
não deverão exceder as 1.000 palavras. Os artigos 
e as ‘perspetivas’ devem ser formatados em word 
e enviados por e-mail para o Editor 
(vitorm@fe.up.pt). Os book reviews deverão ser 
endereçados ao Editor dos Book Review 
(marat.mendes@gmail.com). Os textos deverão 
ser submetidos em formato de coluna única com 
margens largas. Os autores não deverão tentar 
reproduzir o layout da revista. Todas as medições 
devem ser expressas no sistema métrico. 
Os autores são os únicos responsáveis pelas 
opiniões expressas nos textos publicados na 
‘Revista de Morfologia Urbana’. São ainda 
responsáveis por assegurar eventuais permissões 
para reprodução de ilustrações, citações extensas, 
etc. 
 
Referências 
Os autores deverão usar o sistema de 
referenciação Harvard, no qual o nome do autor 
(sem as iniciais) e a data são apresentados no 
corpo do texto – por exemplo (Whitehand e 
Larkham, 1992). As referências são apresentadas 
por ordem alfabética no final do texto, sob o 
título ‘Referências’, da seguinte forma: 
 
Conzen, M. P. (2012) ‘Urban morphology, ISUF 
and a view forward’, 18th International 
Seminar on Urban Form, Montreal, 26 a 29 de 
Agosto. 
Conzen, M. R. G. (1968) ‘The use of town plans 
in the study of urban history’, em Dyos, H. J. 
(ed.) The study of urban history (Edward 
Arnold, Londres) 113-30. 
Hillier, B. (2008) Space is the machine 
(www.spacesyntax.com) consultado em 9 
Setembro de 2013. 
Kropf, K. S. (1993) ‘An inquiry into the 
definition of built form in urban morphology’, 
Tese de Doutoramento não publicada, 
University of Birmingham, Reino Unido. 
Moudon, A. V. (1997) ‘Urban morphology as an 
emerging interdisciplinary field’, Urban 
Morphology 1, 3-10. 
Whitehand, J. W. R. e Larkham, P. J. (eds.) 
(1992) Urban landscapes, international 
perspectives (Routledge, Londres). 
 
No caso de publicações com múltiplos 
autores, todos os nomes devem ser incluídos na 
lista de referências. Apenas as referências citadas 
devem ser incluídas na lista. 
 
Ilustrações e tabelas 
Os desenhos e as fotografias deverão ter a 
dimensão adequada à sua reprodução. Nesse 
sentido, a dimensão das páginas da revista deverá 
ser tida em consideração pelo autor ao desenhar 
as ilustrações. As ilustrações devem ser a preto e 
branco a menos que a cor seja essencial.Devem 
ser numeradas de forma consecutiva, referidas 
diretamente no texto e submetidas em formato 
JPEG ou TIFF. As ilustrações fotográficas 
deverão ter uma resolução de, pelo menos, 1200 
dpi, e os desenhos de, pelo menos, 600 dpi. Todas 
as ilustrações devem ter uma designação. No 
final do texto, após a lista de referências, deve ser 
incluída uma lista das ilustrações, da seguinte 
forma: 
 
Figura 1. Análise metrológica de Lower 
Broad Street, Ludlow 
 
Deverá ser dedicada uma atenção especial ao 
layout das tabelas, devendo ser desenhada uma 
tabela por página. As tabelas deverão ser 
desenhadas com o mínimo recurso a 
normalizações quer na vertical quer na horizontal. 
Deverão ter margens largas em todos os lados. 
 
Página de título 
Numa página em separado deverá ser indicado o 
título do artigo e o nome, a filiação académica 
(ou profissional) e o endereço completo 
(incluindo e-mail) do(s) autor(es). 
 
Títulos 
Apenas na primeira letra e nos nomes próprios 
serão utilizadas maiúsculas. Os títulos deverão 
ser justificados à esquerda. Os títulos primários 
deverão ser a negrito e os secundários em itálico. 
 
Números 
Deverão ser usados algarismos para todas as 
unidades de medida, à exceção de quantidades de 
objetos e pessoas, quando estas se referirem a 
valores compreendidos entre um e vinte. Nesse 
caso, os números deverão escritos por extenso. 
Por exemplo: 10 dias, 10 km, 24 habitantes, 6400 
m; mas dez pessoas, cinco mapas. 
 
Provas 
Durante o processo de publicação serão enviadas 
provas aos autores. Nesta fase, apenas serão 
corrigidos erros de impressão, não sendo 
aceitáveis alterações de fundo. 
Revista de Morfologia Urbana (2015) 3(2), 83-4 Rede Lusófona de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214 
Editorial 
 
 
 
Permanência e transformação das formas urbanas 
 
 
 
Para quem estuda ou intervém sobre a forma 
física das cidades, não será nova ou 
surpreendente a constatação de que essa mesma 
forma está em permanente mudança. Certos 
autores comparam mesmo a cidade a um 
organismo vivo. Aliás, a morfologia urbana, 
enquanto ciência da forma urbana, tem como 
antecedente disciplinar a ‘morfologia’ (termo 
criado por Johann Wolfgang von Goethe) 
enquanto abordagem sistemática de observação e 
classificação da forma dos seres vivos. 
Os processos de mudança da forma física das 
cidades têm ritmos diferentes. Por um lado, 
algumas cidades transformam-se mais depressa 
do que outras. Por outro lado, a história urbana de 
qualquer cidade é marcada por períodos 
temporais em que a mudança é mais rápida e por 
outros em que a transformação ocorre de modo 
mais lento ou em que não há alterações 
significativas. 
Menos consensual será a ideia de que há 
vantagens em refletir, previamente e de um modo 
sistemático, sobre como essa transformação deve 
ocorrer e em definir regras para controlar ou, pelo 
menos, influenciar essa mudança. O que se 
conserva e o que se transforma? Quais os 
critérios que determinam a preservação de uma 
área urbana, de uma rua, de um quarteirão ou de 
um edifício (singular ou comum)? Pode, numa 
determinada área urbana, o ‘novo’ ser conservado 
e, em simultâneo, o ‘antigo’ ser transformado? 
Cinco das sete ‘perspetivas’ incluídas neste 
número da ‘Revista de Morfologia Urbana’ 
fornecem um conjunto de elementos para uma 
melhor compreensão desta temática. 
A definição de uma ou mais áreas como 
merecedoras de uma atenção especial ao nível da 
conservação da sua forma física é algo comum 
em muitas cidades. No entanto, o modo como 
essa área é definida, quais são as suas fronteiras e 
quais os elementos que se conservam, é algo que 
deverá merecer uma análise atenta. Um dos 
enfoques do texto de Eneida Mendonça incluído 
neste número (pp. 123-5) é a Lista de Património 
Mundial definido pela UNESCO (neste caso 
específico, a autora centra-se na recente 
classificação do Rio de Janeiro como Património 
Cultural da Humanidade, na categoria Paisagem 
Cultural). Apesar de uma série de vantagens 
associadas a esta iniciativa da UNESCO criada 
nos anos 70 (a conservação de um conjunto de 
sítios com um valor patrimonial de referência, 
a generalização de uma atitude de
valorização do património e de participação ativa 
das populações na sua conservação, entre outros), 
a verdade é que mesmo neste caso importa 
questionar como se delimitam estas áreas. Numa 
análise da definição da área que suportou a 
classificação da UNESCO da cidade de São 
Petersburgo, na Rússia, Whitehand (2009) 
sublinha a frágil relação que existe entre a 
delimitação que foi proposta pelas autoridades 
locais, eventualmente com base em estudos 
inadequados, e uma delimitação sugerida por uma 
investigação morfológica detalhada que colocou 
em evidência um limite mais ‘óbvio’– a cintura 
periférica intermédia da cidade que segue o limite 
da área construída em São Petersburgo no final 
da Primeira Guerra Mundial. Importa contudo 
sublinhar que este exemplo da fragilidade na 
delimitação concreta das áreas da UNESCO está 
em linha com o modo como estas áreas são 
normalmente definidas pelas autoridades locais 
quando o propósito é, não a candidatura a uma 
classificação UNESCO mas, a gestão urbanística 
corrente. 
Refletir sobre uma ‘área de conservação’ 
implica também perceber aquilo que dentro dessa 
área deve ser preservado e aquilo que pode ser 
transformado. Ao revisitar a ‘lei da persistência 
do plano’, de Lavedan, e o conceito de 
palimpsesto, de Giovannoni, Sandra Pinto (pp. 
127-9) lembra-nos que, por um lado, há 
elementos da forma urbana que são mais 
importantes que outros e que têm uma maior 
perenidade no ‘plano’ da cidade, e que, por outro 
lado, em cada período temporal da história 
urbana de uma cidade, por baixo das formas 
urbanas visíveis é possível encontrar as diversas 
‘cidades’ anteriores, sobrepostas umas nas outras 
em diferentes camadas (Giovannoni, 1931; 
Lavedan, 1926). De modo complementar, e numa 
crítica à abordagem townscape (Cullen, 1961) 
desenvolvida a partir do início dos anos 60 com 
uma forte predominância na Grã-Bretanha, Ivor 
Samuels (pp. 125-7) alerta-nos para a necessidade 
de irmos além daquilo que é visual e explorarmos 
aquilo que é estrutural (e por vezes ‘invisível’ 
como é o caso das parcelas urbanas). Marat-
Mendes (2015) oferece-nos uma classificação de 
quatro tipos de transformação urbana 
correspondente a quatro tipos de resposta das 
formas urbanas que sofrem essa transformação: 
adaptabilidade, continuidade, flexibilidade e 
resiliência. 
Sobre a possibilidade de conservação do novo
84 Editorial 
 
 
 
e de transformação do antigo, Mendonça (2015) 
refere um caso concreto de constatação de um 
certo interesse da população local em conservar 
um conjunto de edifícios novos, alertando sobre a 
necessidade de transformar uma série de edifícios 
antigos para viabilizar o uso. A este nível, o caso 
Brasileiro, e mais concretamente Brasilia, é 
paradigmático. A classificação do Plano Piloto da 
capital Brasileira como Património Mundial 
introduz uma série de constrangimentos à 
transformação de um ambiente urbano criado há 
apenas meio século. 
Por fim, as ‘perspetivas’ publicadas neste 
número sobre a temática da transformação 
permitem-nos ainda ter uma noção da 
importância de cada contexto específico: a 
rapidez do processo de transformação urbana de 
um país da América Latina que permite pouco 
tempo para a reflexão (Mendonça, 1015); um 
processo de transformação urbana mais lento, 
típico de uma capitalEuropeia, marcado pela 
disponibilidade de edificado para reabilitação 
(Eloy, 2015); e a discricionariedade do sistema de 
planeamento Inglês que conduz a uma certa 
desvalorização da regulação da transformação 
pelo plano urbanístico e das análises 
morfológicas que deveriam suportar a elaboração 
desse plano (Samuels, 2015). 
 
Referências 
 
Cullen, G. (1961) Townscape (Architectural 
Press, Londres). 
 
 
 
Eloy, S. (2015) ‘Estratégias para a renovação do 
edificado através das Gramáticas de Forma’, 
Revista de Morfologia Urbana 3, 130-2. 
Giovannoni, G. (1931) Vecchie città ed edilizia 
nuova (Unione Tipografico-Editrice Torinese, 
Turim). 
Lavedan, P. (1926) Introduction a une histoire de 
l’architecture urbaine (Definitions-Sources) 
(Éditeur Henri Laurens, Paris). 
Marat-Mendes, T. (2015) Adaptabilidade, 
continuidade, flexibilidade e resiliência. 
Algumas considerações sobre as propriedades 
das formas urbanas, Revista de Morfologia 
Urbana 3, 132-4. 
Mendonça, E. (2015) ‘Transformação e 
permanência de formas urbanas: uma 
contribuição metodológica’, Revista de 
Morfologia Urbana 3, 123-5. 
Pinto, S. M. G. (2015) ‘Persistências, ruturas, 
dinâmicas: paradigmas dos estudos históricos 
de forma urbana’, Revista de Morfologia 
Urbana 3, 127-9. 
Samuels, I. (2015) ‘Porque importa a morfologia 
urbana?’, Revista de Morfologia Urbana 3, 
125-7. 
Whitehand, J. W. R. (2009) ‘The structure of 
urban landscapes: strengthening research and 
practice, Urban Morphology 13, 5-27. 
 
 
 
Vítor Oliveira 
 
 
Urban Morphology 
 
Foi publicado em Outubro o segundo número do 
volume 19 da revista Urban Morphology 
(http://www.urbanform.org/online_public/2015_2
.shtml). Este número inclui cinco artigos. 
No primeiro artigo, Stephan Marshall propõe 
um sistema para representar e analisar o plano de 
cidade (enquanto objeto geométrico) baseado no 
conceito de área estrutural. 
Recorrendo à abordagem histórico-geográfica, 
Thomas Kolnberger explora a continuidade entre 
formas rurais e formas urbanas, com um enfoque 
particular nas parcelas. O caso de estudo de 
Phnom Penh, no Cambodja, coloca em evidência 
a persistência de um conjunto de padrões de 
assentamentos rurais num contexto urbano 
específico. 
Borja Ruiz-Apinánez, Eloy Solis e José Ureña 
analisam a presença efectiva da morfologia 
urbana em 33 escolas de arquitetura Espanolas. A 
análise revela que apesar desta área do 
conhecimento estar aparentemente presente num 
 
conjunto de módulos de estudos urbanos, poucos 
são os que se dedicam a um estudo sistemático da 
forma urbana, o que se traduz num peso reduzido 
da morfologia urbana nos cursos de arquitetura. 
Este artigo, de algum modo, complementa o 
conjunto de ‘perspetivas’ publicadas no último 
número da Revista de Morfologia Urbana. 
O texto The study of urban form in Japan 
integra-se num conjunto de artigos inaugurados 
em 1998 por Vilagrasa Ibarz. Shigeru Satoh, 
Kenjirou Matsuura e Satoshi Asano estruturam a 
sua revisão sobre o estudo da forma urbana no 
Japão em cinco partes distintas, desde o estudo 
das tradicionais cidades muralhadas até à 
conceção de métodos de desenho e planeamento. 
Numa reflexão sobre as origens da morfologia 
urbana, enquanto área de conhecimento, Peter 
Larkham analisa o papel do geógrafo Americano 
John Leighly e em particular do seu livro The 
towns of Malardalen in Sweden, publicado em 
1928. 
 
 
Revista de Morfologia Urbana (2015) 3(2), 85-102 Rede Lusófona de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, 
Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
Eliana Barbosa 
Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rua Caio Prado, 30-ap34, São Paulo 
CEP 01303-000, Brasil. University of Leuven, Kasteelpark Arenberg 1 – bus 2431. 
Leuven, Bélgica. E-mail: queirozeliana@outlook.com 
 
e 
 
Patrícia Fernandes 
University of Leuven, Kasteelpark Arenberg 1 – bus 2431, Leuven, Bélgica. 
E-mail: patricia.capanemaalvaresfernandes@asro.kuleuven.be 
 
 
Artigo revisto recebido a 26 de Setembro de 2015 
 
 
 
 
Resumo. Este artigo resume pesquisa realizada em 2012/2013, na qual se 
usou o campo da morfologia urbana e seu instrumental para investigar 
relações entre urbanização e desenvolvimento em diferentes países do Sul 
Global. Trata-se de um estudo comparativo das cidades de São Paulo e 
Jacarta, e de Hanói e Belo Horizonte, em seus processos de 
desenvolvimento econômico e espacial, seus processos de planejamento 
urbano e sua resultante forma urbana. As políticas urbanas e formas 
urbanas resultantes foram comparadas em diferentes escalas nas quatro 
cidades, de acordo com abordagem proposta por Lamas (1993). São Paulo 
e Jacarta foram escolhidas pela importância e relevância econômica dentro 
de seus respectivos contextos, América do Sul e Sudeste Asiático, oferecendo 
a possibilidade de comparação com a finalidade de encontrar semelhanças. 
Hanói e Belo Horizonte apresentam posições análogas em relação aos seus 
contextos; ambas são cidades administrativas, com semelhante demografia, 
crescimento econômico e acelerada urbanização. Apesar das semelhanças, 
as cidades apresentam processos de crescimento e urbanização e aspectos 
culturais distintos, que foram destacados através da comparação. Assim, 
este estudo investiga a forma urbana dessas quatro cidades, explorando 
seus tecidos urbanos e tipos edificados, proporcionando uma melhor 
compreensão sobre como cada cidade lidou historicamente com processos 
econômicos e como operam hoje, abrindo possibilidades de discussões mais 
amplas acerca das lições que estas cidades podem oferecer umas às outras e 
a outras cidades em geral. 
 
Palavras-chave: morfologia urbana, tipologia edificada, hemisfério sul 
 
 
 
Este artigo é fruto de pesquisa realizada entre 
2012/2013, na qual se usou o campo da 
morfologia urbana e seu instrumental para 
investigar relações entre urbanização e 
desenvolvimento em diferentes países do Sul 
Global. Trata-se de um estudo comparativo 
das cidades de São Paulo e Jacarta, e Hanói e 
Belo Horizonte, em seus processos de 
desenvolvimento econômico e espacial, de 
planejamento urbano e sua resultante forma 
urbana. 
A pesquisa em questão teve como 
objetivos explorar as semelhanças e 
diferenças entre os diversos contextos das 
quatro cidades mencionadas acima, a fim de 
explorar correlações dos processos de 
86 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
desenvolvimento urbano e econômico e seu 
impacto na forma urbana. Foram estudadas 
quatro cidades em seus processos de 
urbanização, planejamento urbano e a forma 
urbana resultante desses processos. 
Como método, partimos da investigação 
de diversos padrões de forma urbana de São 
Paulo, Belo Horizonte, Jacarta e Hanói, 
expondo alguns de seus tecidos e tipos, 
alcançando um melhor entendimento de 
como estas cidades lidaram historicamente 
com processos econômicos e como elas 
operam hoje, abrindo possibilidades para 
discussões mais amplas sobre o que cada 
uma dessas quatro cidades pode aprender a 
partir das experiências observadas nas 
demais e como essas lições podem beneficiar 
outras cidades em geral. 
Na primeira parte do trabalho, a 
metodologia é definida, explicitando as 
diferentes escalas de comparação propostas – 
escala da cidade, do fragmento e da amostra. 
Posteriormente, as cidades são comparadas 
duas a duas em cada escala, de acordo com 
suas dimensões e semelhanças. A hipótese é 
deque processos similares de urbanização 
podem ter levado a semelhantes resultados 
espaciais, uma vez que as cidades são 
caracterizadas por semelhantes dicotomias. 
Portanto, fragmentos ‘formais’ e ‘informais’ 
e amostras de tecidos urbanos foram 
selecionados em cada cidade, com o objetivo 
de possibilitar a comparação desses 
diferentes fenômenos urbanos. 
Na segunda parte do trabalho, São Paulo 
e Jacarta são confrontadas. As cidades foram 
escolhidas graças à equivalente importância 
e relevância econômica em seus respectivos 
contextos específicos, América Latina e 
Sudeste Asiático, respectivamente. Suas 
dimensões e características – mega-cidade ou 
cidade-região – ofereceram a possibilidade 
de comparação que objetiva encontrar 
similaridades. 
Na terceira parte, Hanói e Belo Horizonte 
são comparadas, escolhidas por sua 
semelhante posição em relação aos seus 
contextos – Sul Asiático e Brasil, 
respectivamente. Ambas são cidades 
administrativas – capital do Vietnã e capital 
do estado de Minas Gerais – com população 
semelhante e atualmente sob processos de 
desenvolvimento econômico e rápida 
urbanização. 
 
Nas considerações finais, a experiência de 
comparar cidades e contextos tão distintos 
foi destacada; sugerindo novas abordagens 
para as dicotomias espaciais observadas, 
representadas nas noções de ‘formas 
espontâneas e induzidas’, em contraposição 
aos conceitos de ‘formal’ e ‘informal’ 
inicialmente aplicados. 
 
 
Metodologia 
 
Como Lamas (1993) defende, a forma 
física do espaço é uma realidade para a 
qual um número de fatores não-espaciais 
contribuem. Dentre esses fatores, o autor 
enfatiza a importância de condições sócio-
econômicas, que se materializam na forma 
urbana, através de ações voluntárias no 
espaço, que partem de estéticas, ideologias, 
culturas, padrões de comportamento e 
sociabilidade diversos. 
Consequentemente, a cidade 
contemporânea contém fragmentos 
consolidados, cada um com uma forma 
urbana e processos de materialização 
específicos, sujeitos a avaliação. Para 
possibilitar a leitura, certos elementos podem 
ser usados para hierarquizar a forma, de 
acordo com diferentes áreas da cidade, 
revelando os múltiplos aspectos do espaço. 
Para tal, a ação envolve a identificação das 
partes (fragmentos) e suas articulações 
(estrutura) em lógica através da qual cada 
escala da análise possui características e 
questões próprias, que acabam por 
determinar diferentes elementos urbanos 
relevantes como base de seu instrumental 
analítico. 
Assim, um conjunto de escalas e 
elementos foi definido para revelar o 
resultado espacial dos referidos processos de 
urbanização e as particularidades de cada 
cidade: i) ‘escala da cidade’ – a área 
urbanizada, o espaço construído pelo homem 
que contrapõe elementos naturais e 
construídos, compostos pelos diferentes 
fragmentos e seus elementos de conexão, ou 
seja, a própria infraestrutura, como principais 
elementos de análise; ii) ‘escala do 
fragmento’ – os diferentes fragmentos da 
cidade, usando a malha, os espaços vazios 
(públicos e verdes), os monumentos e as 
referências urbanas como os principais 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 87 
 
 
 
 
elementos de análise; e iii) ‘escala da 
amostra’ – amostra territorial como um 
recorte da escala do fragmento, delimitada 
por uma ‘janela’ de 400 x 400 metros, 
definida principalmente por cheios e vazios 
(figura-fundo), os tipos, acolhendo elementos 
secundários como mobiliário urbano, 
atividades e fluxos. 
Na escala da amostra os tipos são a chave 
para uma interpretação correta e global da 
cidade como estrutura espacial, uma vez que 
o agrupamento de tipos compõe os outros 
elementos da forma urbana (o quarteirão e, 
consequentemente, os fragmentos) dando 
também caráter para toda a composição da 
cidade. 
Os espaços livres contêm uma variedade 
maior de tipos, funções e elementos – fixos 
ou não – que alteram significantemente a 
experiência do espaço e, portanto, a 
percepção da forma. As atividades urbanas, 
os elementos urbanos não fixos, são 
responsáveis por uma transformação 
completa na experiência do espaço, 
modificando, portanto, a forma urbana, a 
variedade de formas, usos e fluxos dos 
vazios, consistindo em outro aspecto das 
características físicas do território. 
Assim, parte-se do entendimento de que a 
escala da cidade contém diversos fragmentos 
da cidade, composto por um conjunto de 
diversos outros elementos menores. No 
presente artigo usam-se esses elementos para 
realizar um estudo comparativo relacional 
(McFarlane, 2010), considerando a 
comparação dos elementos da cidade entre as 
diferentes escalas na mesma cidade, além de 
comparar diferentes cidades nas diversas 
escalas de análise propostas. 
Num primeiro momento foram escolhidos 
fragmentos formais e informais das cidades 
analisadas. Como fragmentos formais 
entendem-se os territórios que se formaram a 
partir de políticas de urbanização ou que 
foram elaborados e aprovados pelo poder 
público local, mediante regulação urbana 
vigente. Já os fragmentos informais 
representam territórios que se formaram sem 
estar inseridos em políticas urbanas ou 
regulação urbana específicas. Tratam-se de 
ocupações contemporâneas ou seculares, nas 
quais existem conflitos em relação à posse e 
propriedade tanto da terra quanto dos 
imóveis nela construídos. 
 
 
 
 
Figura 1. Localização das cidades estudadas. 
 
A análise inicialmente contemplou uma 
leitura extensa das diferentes escalas 
espaciais e trajetórias de cada cidade através 
de revisão bibliográfica. Em um segundo 
momento, houve um processo de 
mapeamento, trabalho de campo e coleta de 
dados primários, seguida finalmente da 
compilação dos materiais e comparação 
relacional, através da avaliação dos 
elementos e das escalas espaciais acima 
mencionadas. 
 
 
A evolução urbana das quatro cidades 
 
Para abordar a escala da cidade, apresenta-se 
brevemente a evolução urbana das quatro 
cidades analisadas (Figura 1), bem como os 
principais planos para elas traçados, como 
forma de introduzir os fragmentos urbanos 
que serão comparados. 
 
São Paulo 
 
A cidade de São Paulo que se observa hoje 
se espalhou, cresceu e continua crescendo 
em direção à Serra da Cantareira, a norte, e 
rapidamente engolindo o território das 
Represas, a sul (Figura 2). Esse padrão de 
espraiamento da mancha urbana deu-se em 
consequência às contínuas limitações de 
densidade impostas no planejamento – 
através da constante restrição do coeficiente 
de aproveitamento e das sucessivas crises 
habitacionais, nas quais não foram 
produzidas unidades habitacionais 
suficientes – por iniciativa pública ou 
privada – para a crescente demanda. Planos 
existiram, entretanto não foram 
completamente seguidos ou implantados por 
vários motivos, incluindo ausência de 
vontade política. Ao longo do tempo, 
88 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Evolução da mancha urbana versus crescimento demográfico em São Paulo 
(fonte: Barbosa et al., 2013). 
 
 
 
Figura 3. Sequência de planos para São Paulo: Plano de Avenidas (1930), Plano Diretor 
de 1957 e Plano Diretor de 1961 (fonte: Barbosa et al., 2013). 
 
 
 
Figura 4. Sequência de planos para São Paulo: Plano Urbanístico Básico (1965), Plano 
Diretor de Desenvolvimento Integrado de 1971, PlanoDiretor de 1988 e Plano Diretor de 
2002 (fonte: Barbosa et al., 2013). 
 
 
grandes projetos de restruturação territorial 
foram previstos e posteriormente 
descartados, tendo como resultado a 
constante expansão da infraestrutura viária, 
dada a espontânea expansão territorial e o 
urbanismo rodoviarista (figuras 3 e 4). 
 
 
Jacarta 
 
Consecutivas tentativas de descentralização 
nos sentidos leste e oeste e a construção de 
infraestrutura modal a norte-sul guiaram o 
desenvolvimento urbano de Jacarta ao longo 
do século XX (Figura 5). Ao comparar a 
forma final da cidade e os planos dos anos 
1960 e 1970 (figuras 5 e 6), podemos afirmar 
que essas iniciativas obtiveram certo sucesso 
ao confrontar o eixo histórico de 
desenvolvimento norte-sul, entretanto em 
uma escala diferente da inicialmente 
proposta. Os planos mais recentes de Jacarta 
reconhecem que a cidade – assim como nas 
décadas anteriores – sofre ainda com graves 
passivos ambientais, mobilidade ineficiente e 
congestão dado o crescente número de 
veículos. O que mudou com a democracia foi 
a visão acerca do planejamento urbano como 
uma ferramenta para desenvolvimento social 
através de participação popular. 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 89 
 
 
 
 
 
 
Figura 5. Evolução da área urbanizada versus a expansão demográfica em Jacarta (fonte: 
Barbosa et al., 2013). 
 
 
 
 
Figura 6. Sequência de planos para Jacarta: Plano Diretor de 1965-1985, Plano Regional 
Jabotabek 1973, Plano estrutural de Jacarta 1985-2005, Plano Regional 1985, Plano 
Diretor 2010 (fonte: Barbosa et al., 2013). 
 
 
Hanói 
 
Acompanhando a evolução urbana de Hanói, 
pode-se observar várias áreas urbanas 
construídas em diferentes temporalidades, 
formando camadas históricas alinhadas e, às 
vezes, sobrepostas umas às outras. A área 
urbana consolidada, a antiga Hanói antes da 
expansão dos limites em 2008, consiste na 
somatória de diferentes quadrantes 
históricos. As camadas históricas mais 
recentes de Hanói não são tão compactas 
quanto as anteriores. Estão misturadas com 
outras camadas históricas e com muitas vilas 
tradicionais. Antes periferia da grande 
Hanói, essas vilas agora se encontram 
centrais. 
Observando os planos elaborados para a 
cidade (Figura 8) pode-se dizer que apesar 
das diretrizes de expansão da cidade em 
certas direções, foi apenas com a economia 
liberalizada que o desenvolvimento espacial 
se iniciou de fato, seguindo todos os 
possíveis eixos viários. São as políticas 
recentes que, sobrepondo-se em cada vez
mais curtos períodos, representam esse 
dinamismo e a hibridez desse território. 
 
 
Belo Horizonte 
 
De acordo com Amorim (2007), a paisagem 
urbana de hoje é resultado de políticas de uso 
e ocupação do solo da década de 1980. A 
cidade cresceu com a verticalização e 
concentração das atividades econômicas. Os 
planos de 1990 e 1996, realizados e 
aprovados depois da Constituição de 1988, 
mostraram objetivos mais democráticos 
(figuras 9 e 10), com o objetivo de 
transformar a estrutura espacial da cidade, 
criar novas centralidades, melhorar as 
condições de habitabilidade dos 
assentamentos informais, descentralizando os 
investimentos públicos e promovendo 
equilíbrio ambiental, abrindo a possibilidade 
para participação pública. 
Atualmente ainda existe a tendência de 
expansão urbana para a área sul da região 
metropolitana, com o desenvolvimento do 
 
90 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
 
Figura 7. Evolução da mancha urbana versus crescimento demográfico em Hanói 
(fonte: Barbosa et al., 2013). 
 
 
 
 
Figura 8. Sequência de planos para Hanói: Plano 1956-1960, Plano 1968-1976 , Revisão 
1982, Revisão 1992, Revisão 1998 , Plano 2011 (fonte: Barbosa et al. (2013). 
 
município Nova Lima (Costa, 2006; Villaça, 
2001), apesar das tentativas históricas do 
poder municipal de induzir o 
desenvolvimento em direção a outras áreas. 
A maior parte das atividades comerciais e 
ligadas ao setor terciário ainda se concentra 
na área central e ao longo das grandes vias, 
formando centralidades lineares (Figura 9). 
A mobilidade, os padrões de crescimento 
desiguais e os diferentes padrões de 
densidade foram historicamente questões na 
cidade, agravadas pelo seu desenvolvimento 
ao longo do tempo. De acordo com 
PBH/SMURBE (2009) sempre houve um 
desacordo entre os processos de 
parcelamento e ocupação, bem como o 
desenvolvimento habitacional; criando um 
ciclo especulativo contínuo, corroborado 
pela política urbana, tendo como resultado 
uma metrópole dispersa e de relativa baixa 
densidade, tendo suas áreas remanescentes 
ocupadas – formal e informalmente – por 
processos e tipologias heterogêneos, 
variando desde grandes condomínios
fechados a pequenas fábricas e galpões, 
aumentando a fragmentação do espaço da 
metrópole contemporânea. 
Entendendo as dinâmicas que formaram a 
forma urbana atual, parte-se para a 
abordagem dos fragmentos, comparando as 
cidades duas a duas. 
 
 
Comparando São Paulo e Jacarta 
 
Na escala da cidade, São Paulo e Jacarta 
mostraram processos de desenvolvimento e 
urbanização bem semelhantes. Ambas as 
cidades alternaram períodos de crescimento 
econômico intenso, atraindo imigrantes de 
outras partes do país, no qual um progressivo 
espraiamento urbano ocorreu (em São Paulo 
nas décadas de 1950 e 1960 e em Jacarta 
depois da década de 1970) sem a devida 
oferta de serviços, habitação e infraestrutura, 
processo que define sua configuração 
espacial das cidades até hoje (Barbosa, 2011; 
Santoso, 2009). Ambas as cidades 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 91 
 
 
 
 
 
Figura 9. Evolução da mancha urbana de Belo Horizonte (fonte: Barbosa et al., 2013). 
 
 
 
 
Figura 10. Sequência de planos para Belo Horizonte: Plano de Aarão Reis de 1895, Plano 
Diretor de 1975, Lei de uso e ocupação do solo de 1976, PDDI de 1996 e Plano Diretor de 
2010 (fonte: Barbosa et al., 2013). 
 
 
apresentam uma infraestrutura simbólica 
proveniente de períodos ditatoriais que 
marcam sua estrutura espacial, projetadas 
para simbolizar a modernidade. 
Em São Paulo existe o Elevado Costa e 
Silva, construído entre 1969 e 1970, como 
exemplo de infraestrutura viária que fissura 
parte de bairros tradicionais em nome da 
eficiência e fluidez no trânsito. Já em Jacarta, 
o próprio Thamrin Boulevard, também uma 
infraestrutura viária, foi construído como 
grande eixo simbólico de desenvolvimento. 
Apesar de semelhança na forma urbana 
na escala da cidade – sendo ambas 
megalópoles – a análise revelou fragmentos 
bem distintos. Os fragmentos ‘formais’ 
escolhidos foram o Bairro dos Jardins em 
São Paulo e o eixo representado pelo 
Thamrin Boulevard em Jacarta, e os 
escolhidos para representar a urbanização 
‘informal’ em cada cidade foram Heliópolis, 
em São Paulo, e Kebon Kacang, em Jacarta. 
Todos os fragmentos escolhidos estão 
localizados em áreas consolidadas da cidade, 
ou seja, cujo processo de formação e 
transformação encontra-se relativamente 
estabilizado, contendo algum tipo de
significância na incidência de suas tipologias 
mais comuns (Waisman, 2013), apesar do 
dinamismo e das constantes transformações 
tipológicas observadas nesse contexto e em 
todos os estudos de caso. 
 
 
Fragmentos formaisA análise da escala do fragmento exemplifica 
diferentes formas de desenvolvimento 
quando se trata do tecido urbano. No 
primeiro caso, temos uma malha ortogonal 
composta por quarteirões regulares. No 
segundo caso, apresenta-se uma malha 
fortemente fragmentada, que, apesar de 
ortogonal, é composta por quarteirões de 
dimensões muito irregulares e dependentes 
de um eixo central (Figura 11). 
A diferença da hierarquia do sistema 
viário em ambos é evidente. Apesar de 
observarmos eixos estruturadores em ambos 
os casos, o Thamrin Boulevard apresenta-se 
como um eixo central estruturador do 
restante do tecido urbano. Já o tecido urbano 
nos Jardins se desenvolve em malha 
ortogonal, graças às características de seu 
92 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
 
Figura 11. Tecido urbano – fragmentos Jardins em São Paulo e Thamrin Boulevard em 
Jacarta. 
 
 
 
 
Figura 12. Malha viária – fragmentos Jardins em São Paulo e Thamrin Boulevard, Jacarta. 
 
 
parcelamento inicial, tendo passado por 
subsequentes substituições dos tipos 
originais, de casas unifamiliares para torres 
de altura média. Em Jacarta, a abertura do 
Boulevard deu origem a uma faixa de 
desenvolvimento imobiliário linear na 
década de 1960, eixo que persiste até os dias 
de hoje (Figura 12). 
Conceitualmente, o fragmento dos Jardins 
pode ser interpretado como uma versão 
espraiada do densificado Thamrin 
Boulevard, que por sua vez exemplifica o 
urbanismo à moda de Las Vegas strip 
(Venturi et al., 1977), presente por toda 
Jacarta. 
Ao mesmo tempo, a amostra territorial 
observada revela discrepâncias no que 
respeita às proporções do tipo edificado 
dominante. Em ambos os casos o tipo mais 
comum é o do edifício em altura, apesar do 
exemplo asiático mostrar uma dramática 
aglomeração de subsequentes intervenções 
no mesmo lote, com o adensamento das 
estruturas originais, acoplando edifícios em 
compostos multifuncionais hiper-densos e 
extremamente altos, enquanto nos Jardins o 
tamanho e projeção vertical do lote original 
permanecem intocados, apesar da alternância 
de tipos no tempo e no espaço. Ambas 
amostras funcionam como amplas colagens –
de tipos e funções – operando, entretanto, em 
diferentes escalas, na escala do bairro 
(Jardins) e na escala do lote (Thamrin 
Boulevard). 
 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 93 
 
 
 
 
 
Figura 13. Figura-Fundo – amostras Jardins em São Paulo e Thamrin Boulevard em 
Jacarta. 
 
 
 
 
Figura 14. Esquema representando os tipos edificados predominantes: Jardins e Thamrin 
Boulevard. 
 
 
Amostra formal 
 
Apesar das diferenças relacionadas à malha 
urbana e à escala das tipologias 
predominantes (figuras 13 e 14), os dois 
fragmentos se desenvolveram livremente de 
acordo com as tendências do mercado 
imobiliário, induzidos pela criação e 
desenvolvimento da infraestrutura. No caso 
de São Paulo, houve a transformação dos 
tipos predominantes do início do século XX 
(casas e sobrados) em edifícios verticais, em 
um processo de verticalização (Somekh,
 
1987) que mantém as estruturas do 
parcelamento original, modificando as 
dimensões dos lotes. Já em Jacarta, a 
sobreposição tipológica é mais frequente, em 
atuação cumulativa do mercado imobiliário, 
densificando um mesmo lote, criando o que é 
chamado de superblock (Santoso, 2007). 
Apesar de serem ‘formais’, eles não foram 
planejados ou projetados, densificaram-se ao 
longo do tempo, tendo hoje excedido sua 
capacidade de carga em termos de 
infraestrutura urbana. 
 
 
94 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
 
 
Figura 15. Tecido urbano – fragmentos Heliópolis em São Paulo e Kebong Kacang em 
Jacarta. 
 
 
 
 
Figura 16. Malha viária – fragmentos Heliópolis em São Paulo e Kebong Kacang em 
Jacarta. 
 
Fragmentos informais 
 
Os fragmentos informais selecionados 
revelam diferenças similares quanto à escala. 
Heliópolis (São Paulo) é consideravelmente 
mais espraiado do que Kebon Kacang. Seu 
tecido urbano dispõe-se como um labirinto, 
graças a sua ocupação progressiva, a 
implantação de equipamentos públicos e às
características originais do sítio (Padiá, 
2013). O tecido de Kebon Kacang foi 
manipulado ao longo do tempo, aparecendo 
hoje como uma malha quase ortogonal, com 
uma distinta hierarquia de vias internas. As 
amostras (figuras 15 e 16) mostram 
similaridades na escala e caráter das 
tipologias. Kebon Kacang, anteriormente 
uma vila agrícola agora engolida pela 
 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 95 
 
 
 
 
 
Figura 17. Figura-fundo – amostras Heliópolis em São Paulo e Kebong Kacang em 
Jacarta. 
 
 
 
 
Figura 18. Esquema representando os tipos edificados predominantes: Heliópolis e 
Kebong Kacang. 
 
 
urbanização, continha inicialmente casas 
unifamiliares que foram densificadas. 
Heliópolis, uma área ilegalmente parcelada e 
ocupada por migrantes passou por uma 
considerável transformação tipológica nas 
últimas décadas, melhorando a qualidade 
construtiva e densificando as casas originais. 
 
 
Amostra informal 
 
Como resultado, Heliópolis, com suas 
grandes dimensões e alta densidade, é um 
fragmento distinto da compacta ‘vila urbana’ 
que é Kebon Kacang. Como conclusão 
parcial, ao analisar e entender seu processo 
de urbanização através da análise dos 
fragmentos e amostras de tecido urbano 
(figuras 17 e 18), percebe-se que São Paulo 
oferece uma forma urbana atual que pode ser
considerada inteiramente espontânea, onde a 
única diferença entre um fragmento e outro 
são os atores que iniciaram o processo 
espontâneo de ocupação, independente da 
ação do poder público. Jacarta, apesar dos 
projetos de modernização da década de 1960, 
também pode ser considerada como um 
resultado espacial de um processo 
espontâneo, primeiro pela ocupação dos 
Kampungs e depois pelas transformações de 
iniciativa privada e aglomerações do 
mercado imobiliário. 
 
 
Comparando Hanói e Belo Horizonte 
 
Quando comparadas na escala da cidade, 
com seus planos e processos, pode-se dizer 
que iniciativas enfatizando a soberania 
política e processos de modernização 
 
96 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
 
Figura 19. Tecido urbano – fragmentos de Lihn Dam em Hanói e de Belvedere III em Belo 
Horizonte. 
 
 
 
 
Figura 20. Malha viária – fragmentos de Lihn Dam em Hanói e de Belvedere III em Belo 
Horizonte. 
 
 
guiaram o desenvolvimento espacial de 
Hanói e Belo Horizonte. Em ambos os casos, 
em períodos distintos, o planejamento 
urbano foi utilizado como disciplina que se 
propunha a ordenar seu futuro. Porém, a 
política urbana contemporânea apresenta 
diferentes processos e resultados espaciais 
em cada cidade, como exemplificado na 
análise dos fragmentos. De um lado, uma 
área altamente controlada pelo estado é 
exemplificada por Lihn Dam e de outro, o 
Belvedere III surge como uma área altamente
orientada pelo mercado. 
 
Fragmentos formais 
 
Os tecidos urbanos abordados exemplificam 
suas diferenças espaciais, uma vez que Lihn 
Dam foi inteiramente planejada com um 
rígido controle da forma urbana e o 
Belvedere III, inicialmente parcelado paraacomodar residências unifamiliares 
horizontais, hoje apresenta um processo 
intenso de verticalização, devido às pressões
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 97 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 21. Figura-fundo – amostras de Lihn Dam em Hanói e do Belvedere III em Belo 
Horizonte. 
 
 
 
 
Figura 22. Esquema representando os tipos edificados predominantes: amostras de Lihn 
Dam em Hanói e do Belvedere III em Belo Horizonte. 
 
 
de mercado que acabaram por manipular 
regulações urbanas (figuras 19 e 20). 
 
 
Amostra formal 
 
A escala da amostra evidencia resultados 
tipológicos semelhantes, uma vez que ambas 
contém edifícios verticais como tipo 
predominante (figuras 21 e 22), porém, em 
Lihn Dam há uma repetição de escalas 
enquanto no Belvedere III o resultado formal 
é completamente espontâneo (Figura 21), 
dadas as diferenças de dimensionamento dos 
lotes e a multiplicidade de atores, gerando 
empreendimentos de portes distintos. Em
Lihn Dam há uma hierarquia de espaços bem 
clara, representada por eixos de uso misto, 
com atividades comerciais no térreo e torres 
corporativas marcando as esquinas. O 
Belvedere III concentra principalmente 
condomínios fechados com poucas 
interações e aberturas no nível da rua, exceto 
por um incipiente eixo comercial. 
Os fragmentos informais urbanizados são 
representados pelo dinâmico e diversificado 
bairro ‘Jardim Canadá’ (Região 
Metropolitana de Belo Horizonte, município 
de Nova Lima) e Van Quan (Hanoi), uma 
melancólica urban village em Hanoi, 
engolida por novos empreendimentos em um 
dos eixos de expansão urbana. Ambos foram 
98 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
 
Figura 23. Tecido urbano – fragmentos Van Quan em Hanói e Jardim Canadá em Belo 
Horizonte. 
 
 
 
 
Figura 24. Malha viária – fragmentos Van Quan em Hanói e Jardim Canadá em Belo 
Horizonte. 
 
 
escolhidos por sua relativa distância dos 
centros das referidas cidades e por 
exemplificar fenômenos de transformação 
recente: a contração das vilas tradicionais e a 
expansão da metrópole. 
Fragmentos informais 
 
Van Quan é uma vila tradicional que foi 
pressionada e incorporada pela expansão 
oeste da cidade de Hanoi, distante demais do 
 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 99 
 
 
 
 
 
Figura 25. Figura-fundo – amostras Van Quan em Hanói e Jardim Canadá em Belo 
Horizonte. 
 
 
 
 
Figura 26. Esquema representando os tipos edificados predominantes: Van Quan em 
Hanói e Jardim Canadá em Belo Horizonte. 
 
 
centro para manter vivacidade. O orgânico e 
‘leve’ tecido urbano de Van Quan se 
apresenta limitado por avenidas expressas e 
ameaçado por novos empreendimentos 
planejados ao longo das avenidas (figuras 23 
e 24). Os tipos antigos também foram 
densificados ao longo do tempo, enquanto 
poucas atividades comerciais ainda são 
vistas. Formalmente parcelado, o bairro 
Jardim Canadá passou por um processo de 
subdivisão informal de seu loteamento 
inicial, densificando seus lotes e não seus 
tipos (Figura 23). Apesar de seu isolamento 
em relação às áreas urbanas de Belo 
Horizonte e Nova Lima, o bairro funciona 
como uma centralidade comercial para outras 
áreas da região metropolitana de Belo 
Horizonte, recebendo espontaneamente uma 
série de atividades comerciais, seguida da 
ocupação pelos trabalhadores de baixa renda,
que, também informal e espontaneamente 
começaram a transformar sua forma 
planejada oficialmente. 
 
 
Amostra informal 
 
Essas amostras, em Van Quan e Jardim 
Canadá, demonstram como distintos 
processos econômicos globais recentes – 
como os diferentes processos de 
industrialização asiática e latino-americana – 
foram canalizados no espaço da periferia 
destas duas cidades, gerando diferentes 
formas urbanas (figuras 25 e 26): Hanoi com 
um resultado altamente controlado, que se dá 
sem considerar as preexistências; e Belo 
Horizonte com um modelo privatizado 
guiado pelo mercado, responsável por gerar 
novos arranjos nos parcelamentos pré-
existentes (Figura 25). 
100 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
Considerações finais 
 
Este trabalho apresentou os resultados de 
uma pesquisa comparativa que, usando a 
morfologia urbana como uma ferramenta 
metodológica, objetivou revelar os resultados 
espaciais do desenvolvimento urbano e de 
processos de urbanização em quatro cidades. 
Para tal, São Paulo e Jacarta, e Hanói e Belo 
Horizonte foram selecionadas e comparadas 
em diferentes escalas, de acordo com o 
enquadramento fornecido pela morfologia 
urbana, estabelecendo analogias entre seu 
tecido urbano e tipos edificados mais 
frequentes. 
A comparação mostrou resultados 
espaciais dos fragmentos bem diversos, 
apesar de semelhantes (i) processos de 
urbanização – que se apoiam na expansão da 
infraestrutura modal baseada no uso do 
automóvel; (ii) paradigmas de planejamento 
urbano – que se apoiam na promoção de 
planos abstratos de desenvolvimento; e (iii) 
processos de inserção regional na economia 
global. 
Esses resultados espaciais foram 
influenciados tanto por regulações urbanas 
(que influenciaram a dimensão dos 
empreendimentos) e o planejamento urbano 
– ou a falta deste. Relacionam-se com a 
oferta de serviços públicos e infraestrutura, 
que altera a maneira através da qual os 
habitantes se apropriam dos espaços livres. 
Os tipos observados, entretanto, mostram 
algumas semelhanças, uma vez que o tipo 
mais comum das áreas formais analisadas é o 
edifício em altura (figuras 12 e 14) – 
variando de 8 a 40 andares. Nos fragmentos 
informais observam-se principalmente 
residências baixas e densificadas, ‘uni’- ou 
‘multi’-familiares (figuras 18 e 26). 
São Paulo e Jacarta provaram ser 
semelhantes mega-cidades nos seus 
processos de desenvolvimento espacial 
espontâneo, apesar de distintas na forma – 
cada uma com sua colcha de retalhos de 
fragmentos característicos. Hanói e Belo 
Horizonte tiveram seus fragmentos 
periféricos, e de recente transformação, 
comparados com o objetivo de realçar suas 
singularidades, revelando mais do que 
diferenças em suas formas distintas, mas 
também nos seus processos de 
transformações em andamento, ambos
 
dinâmicos. 
O referencial teórico tradicional da 
morfologia urbana – parcelamento, 
quarteirão, lote e tipo (Solà-Morales, 1997) – 
não se adequou completamente às condições 
urbanas contemporâneas que se enfrentou 
durante a pesquisa de campo. Considerando 
a sequência de quarteirão, lotes, 
equipamentos urbanos e tipos, espera-se que 
a leitura de um superblock de Jacarta – 
entendido como quarteirão, lote e tipologia 
simultaneamente – seja diferente da leitura 
de uma torre residencial em São Paulo, 
mesmo sendo ambos parte de um fragmento 
formal. 
Não há leitura sem diálogo, um pré-
conceito, uma implícita comparação entre o 
que está sendo lido e o repertório do 
interprete. A riqueza da metodologia 
proposta foi a visão compartilhada e a 
combinação da leitura das diferentes 
pesquisadoras com experiências distintas, 
baseadas no mesmo material espacial e 
experiência in loco. 
A pesquisa comparativa ofereceu esta 
variedade de condições propiciando um 
melhor entendimento das questões 
pertinentes às cidades do Sul Global, quanto 
à industrialização tardiae rápida 
urbanização, explicitando alguns de seus 
resultados espaciais contemporâneos. 
De acordo com McFarlane (2010) uma 
nova abordagem sobre estudos urbanos pode 
emergir de comparações norte-sul se os 
conceitos paradigmáticos de ‘cidades do 
norte’ e ‘cidades do sul’ são deixados de lado 
por um instante enquanto o urbanismo e a 
cidade, como conceitos simples sem 
preconceitos, são discutidos. De acordo com 
o autor, a comparação pode agir tanto como 
uma ferramenta de aprendizado como uma 
estratégia para mudança, adaptando 
conceitos identificados num diálogo de 
tradução. Portanto, a comparação, neste 
cenário, pode levar à formação colaborativa 
de (novos) objetos ou conceitos. Mais do que 
um simples estudo comparativo, a pesquisa 
se apresenta como uma oportunidade para 
remodelar conceitos e termos, instigando um 
debate etimológico. 
Apesar da necessidade de uma 
terminologia mais adequada para explicitar a 
diversa gama de condições urbanas, aqui, a 
discussão etimológica é levantada em relação 
Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 101 
 
 
 
 
à morfologia urbana e o fragmento da cidade 
do sul contemporânea. Para auxiliar o 
diálogo entre diferentes cidades e 
pesquisadores os termos formal e informal 
foram inicialmente propostos para 
determinar e classificar os fragmentos 
urbanos e amostras nas cidades selecionadas. 
A experiência no campo provou que esses 
termos estão desatualizados para qualificar 
os diferentes fragmentos, não se 
relacionando com a dinâmica e experiência 
urbana atual. Os termos formal / informal, 
legal / ilegal, planejado / não planejado 
envolvem noções e preconceitos que não são 
necessariamente relevantes ao lidar com a 
forma urbana. Um território formal como o 
Jardim Canadá, em Belo Horizonte, pode ser 
considerado com menos qualidades espaciais 
do que o informal Kebon Kacang em Jacarta. 
Tais termos estão relacionados com 
direitos de propriedade e regulações urbanas, 
que por sua vez não qualificam o espaço e 
não definem seu processo formal. Mesmo 
dentre as pesquisadoras envolvidas neste 
artigo não houve um acordo sobre o que 
exatamente estes termos significavam 
considerando a realidade de cada território 
estudado: i) o formal é necessariamente 
planejado?; ii) o não planejado é 
necessariamente informal?; iii) podemos 
falar de pós-informal?; iv) vernacular é 
necessariamente informal? 
O trabalho de campo compartilhado foi 
decisivo para mostrar que a classificação 
tradicional formal / informal não estava 
adequada para lidar com as condições 
urbanas e espaciais com as quais lidamos, 
nem com os processos que se pretende 
abordar. 
Portanto, apresenta-se como contributo 
para o debate, além do exercício comparativo 
em si, os termos ‘fragmento espontâneo’ e 
‘fragmento induzido’ para especificar e 
distinguir os tipos de fragmentos urbanos 
com os quais lidamos, abrindo a 
possibilidade para futuros debates 
etimológicos. Fragmentos espontâneos 
representam territórios formados a partir de 
processos espontâneos de formação e 
ocupação, não tendo sido provocados por 
políticas ou regulações urbanas específicas. 
Fragmentos induzidos, ao contrário, 
representam territórios que foram induzidos 
ou se apresentam como resultado direto de
 
políticas e regulação urbana. 
Acredita-se que as noções de ‘forma 
espontânea’ e ‘forma induzida’ estão mais 
relacionados a processos de ocupação e 
transformação de territórios, dialogando de 
modo mais adequado com dinâmicas 
culturais e com o caráter da paisagem, 
observados nessas latitudes. 
 
 
Nota 
 
Uma versão prévia deste artigo foi apresentada no 
21st International Seminar on Urban Form 
realizado no Porto entre 3 e 6 de Julho de 2014. 
 
 
Agradecimentos 
 
Este artigo pretende sintetizar uma pesquisa 
conduzida com o apoio financeiro da Global 
Development Network (GDN) e ‘Banco 
Interamericano de Desenvolvimento’ (BID) como 
parte do GDN Working Paper Series 
‘Urbanization and development: delving deeper 
into the nexus’ realizada entre 2012 e 2013, 
elaborado em parceria entre as autoras deste 
artigo e a pesquisadora baseada em Hanói, 
Nguyen Tu. O relatório completo da pesquisa 
pode ser encontrado em: 
www.gdn.int/html/workingpapers.php. 
 
 
Referências 
 
Amorim, F. (2007) ‘Belvedere III: um estudo 
sobre as influências do mercado imobiliário na 
produção da paisagem e espaços urbanos’, Tese 
de Mestrado não publicada, Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, Brasil. 
Barbosa, E. R. Q. (2011) ‘Sao Paulo today, Hanoi 
tomorrow? Landscape urbanism to prevent 
parallelisms in the contemporary southern city’, 
Tese de Mestrado não publicada, Universiteit 
Katholieke Leuven, Bélgica. 
Barbosa, E. R. Q., Fernandes, P. C. A. e Tú, N. T. 
(2013) ‘Urbanization processes and urban 
morphology in the periphery of capitalism: São 
Paulo, Jakarta, Hanoi and Belo Horizonte’, 
Global Development Network Working Papers 
76, 1-138. 
Costa, H. S. M. (2006) Novas periferias 
metropolitanas (C/Arte, Belo Horizonte). 
Lamas, J. M. R. G. (1993) Morfologia urbana e 
desenho da cidade (Fundação Calouste 
Gulbenkian / Junta Nacional de Investigação 
Científica e Tecnológica, Lisboa). 
McFarlane, C. (2010) ‘The comparative city:
102 Formas espontâneas e induzidas: comparando São Paulo, Jacarta, Hanoi e Belo Horizonte 
 
 
 
 
knowledge, learning, urbanism’, International 
Journal of Urban and Regional Research 34, 
725-42. 
Padiá, V. (2013) ‘Heliópolis: as intervenções 
públicas e as transformações na forma urbana 
da favela (1970-2011)’, Tese de Mestrado não 
publicada, Universidade Mackenzie, Brasil. 
Santoso, J. (2009) The fifth layer of Jakarta 
(Graduate Program of Urban Planning 
Centropoli, Jakarta). 
Solà-Morales, M. (1997) Las formas de 
crecimiento urbano (Ediciones UPC,
 
Barcelona). 
Somekh, N. (1987) ‘A (des)verticalização de São 
Paulo’, Tese de Mestrado não publicada, 
Universidade de São Paulo, Brasil. 
Venturi, R., Brown, D. S. e Izenour, S. (1977) 
Learning from Las Vegas: the forgotten 
symbolism of architectural form (MIT Press, 
Cambridge). 
Villaça, F. (2001). Espaço intra-urbano no Brasil 
(Studio nobel, São Paulo). 
Waisman, M. (2013) O interior da história 
(Perspectiva, São Paulo). 
 
 
 
Tradução do título, resumo e palavras-chave 
 
Spontaneous and induced urban forms: comparing São Paulo, Jakarta, Hanoi and Belo Horizonte 
 
Abstract. This paper gathers research, developed in 2012/2013, in which urban morphology was used as 
an investigating tool to study the relations between urbanization and development, producing a 
comparative study of spatial and economic development, planning processes and the resulting urban 
forms of four cities: São Paulo and Jakarta, and Hanoi and Belo Horizonte. Planning policies and urban 
forms were compared at different scales in these four cities, using the approach proposed by Lamas 
(1993). São Paulo and Jakarta were chosen due to their importance and economic relevance on their 
respective contexts, Latin America and South East Asia, offering the possibility of comparison aiming at 
finding relevant similarities. Hanoi and Belo Horizonte have similar positions regarding their contexts; 
both are administrative cities with similar characteristics in terms of demography, economic growth and 
rapid urbanization. Despite these similarities, the cities present distinct processes of growth and 
urbanization, as well as cultural aspects; both were highlighted in this comparison.This study 
investigates the patterns of urban form of these four cities, exploring their urban tissues and building 
types, aiming at a better understanding on how these cities have coped with economic processes and how 
they work today, opening the possibility of broader discussions on which lessons can be drawn both to 
these case studies and to cities in general. 
 
Keywords: urban morphology, building typology, southern hemisphere 
 
 
 
 
Rede Lusófona de Morfologia Urbana (PNUM), 2014-15 
 
A criação de uma rede Portuguesa (PNUM) 
integrada no International Seminar on Urban 
Form (ISUF) teve lugar em 2010, durante a 17ª 
Conferência do ISUF. A proposta de criação do 
PNUM (bem como a sua Constituição) foi 
apresentada no ISUF Council dessa mesma 
conferência em Agosto de 2010. 
No meu primeiro relatório do PNUM, na 
qualidade de Presidente, gostaria de aproveitar a 
oportunidade para reconhecer o trabalho e a 
energia investida no PNUM pelo presidente 
antecessor, Vítor Oliveira. Este relatório é um 
resumo das principais atividades do PNUM, 
incluindo a indicação de conferências, workshops 
e publicações realizadas no âmbito da rede, entre
Julho de 2014 e Julho de 2015, e uma breve 
consideração sobre futuras atividades. 
O interesse que tem sido depositado na Rede 
Lusófona de Morfologia Urbana, inclusive pelos 
colegas do Brasil, é muito gratificante. A recente 
mudança na designação de ‘Rede Portuguesa de 
Morfologia Urbana’ para ‘Rede Lusófona de 
Morfologia Urbana’, conforme aprovado no 
Conselho Científico do PNUM em Julho de 2014, 
reforça a aliança Portuguesa-Brasileira construída 
ao longo dos últimos anos. 
A quarta edição da conferência promovida 
pelo PNUM, ‘Configurações urbanas e os 
desafios da urbanidade’, teve lugar em Brasília, 
Brasil, em Junho último, constituindo a primeira
Relatórios 103 
 
 
 
 
edição da conferência do PNUM fora de Portugal. 
Esta última conferência contou com a 
participação de 250 pessoas. 
Atualmente, o PNUM integra mais de um 
milhar de membros oriundos de 15 países: 
Angola, Austrália, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, 
Dinamarca, França, Alemanha, Holanda, Itália, 
Moçambique, Portugal, Espanha, Suíça e 
Vietnam. O rápido crescimento do PNUM deve-
se sem dúvida à realização das suas conferências 
anuais, que têm proporcionado um importante 
espaço de reflexão e de debate para a temática da 
morfologia urbana. A quinta conferência do 
PNUM, terá lugar no próximo ano, em 
Guimarães, Portugal, e a sua organização é 
coordenada por Jorge Correia e Miguel Bandeira 
da Universidade do Minho. 
Foi durante o presente ano que o PNUM 
testemunhou a organização do seu primeiro 
Workshop, com o tema ‘Diferentes abordagens ao 
estudo da forma urbana’. Um segundo workshop 
está a ser preparado para 2016 (p. 122 deste 
número). 
Para além da organização de conferências e 
workshops, o PNUM pretende continuar a 
promover o estudo da forma urbana em Portugal 
também através de publicações. Já no seu quinto 
número, a ‘Revista de Morfologia Urbana’, 
editada por Vítor Oliveira, constitui um 
importante contributo para a publicação de 
perspetivas e artigos reportando resultados de 
investigação na área da morfologia urbana. A 
inclusão de traduções portuguesas de trabalhos 
seminais, originalmente publicados em Inglês na 
revista Urban Morphology, constitui outro 
contributo notável da Revista. 
Uma publicação entretanto disponível durante 
o ano de 2015 e com interesse para os vários 
membros do PNUM e leitores da ‘Revista de 
Morfologia Urbana’ é o livro ‘O estudo da forma 
urbana em Portugal’, editado por Vítor Oliveira, 
Teresa Marat-Mendes e Paulo Pinho, com
 
prefácio escrito por Jeremy Whitehand. Este livro 
integra um conjunto de perspetivas sobre o estudo 
da forma urbana, dadas por 14 investigadores 
portugueses, na sua maioria membros fundadores 
do PNUM. 
É desejo do Conselho Científico continuar a 
promover as atividades do PNUM junto de todos 
aqueles que reconhecem no estudo da forma 
urbana, em Portugal e nos países lusófonos, uma 
característica cultural comum que merece maior 
atenção e enfoque. Investigações comuns entre os 
diferentes países que participam no PNUM serão 
bem-vindas: por exemplo, entre Espanha e 
Portugal, cujas origens históricas dotaram a 
Península Ibérica de um um sistema regional de 
individualidade marcante, e que marcou 
fortemente um sistema de abertura à comunicação 
com o exterior, conforme defendido pelo notável 
geógrafo M. R. G. Conzen (2004). 
Finalmente, gostaria de convidar todos os 
membros do PNUM e todos aqueles interessados 
no estudo da forma urbana em Portugal a 
visitarem o nosso website, em 
http://pnum.fe.up.pt/, e a enviarem novas 
sugestões de atividades que julguem oportunas 
serem realizadas pelo PNUM. 
 
 
Referência 
 
Conzen, M. R. G. (2004) ‘The historical 
urbanization regions of medieval Europe’, em 
Conzen, M. P. (ed.) Thinking about urban form: 
papers on urban morphology 1932-1998 (Peter 
Lang, Oxford) 197-235. 
 
 
Teresa Marat-Mendes, Instituto Universitário 
de Lisboa ISCTE-IUL, DINÂMIA’CET-IUL, 
Departamento de Arquitectura e Urbanismo, Av. 
das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa, Portugal. 
E-mail: teresa.marat-mendes@iscte.pt 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
st
 Symposium of the Turkish Network of Urban Morphology, Istambul, 
2015 
 
Com base na decisão tomada no Foundation 
Workshop que teve lugar a 11 de Abril de 2014, o 
1st Symposium of the Turkish Network of Urban 
Morphology, acolhido pelo Centre for 
Mediterranean Urban Studies, Mersin University, 
na Turquia, foi organizado a 22 e 23 de Outubro 
de 2015. Diferentes abordagens no estudo da
forma urbana foram discutidas ao longo de duas 
sessões plenárias e uma série de sessões paralelas 
durante dois dias. Atraindo 56 participantes de 19 
universidades, o simpósio incluiu 35 artigos 
sobre diferentes tópicos como métodos e técnicas 
em morfologia urbana, planeamento, arquitetura e 
desenho, e a sua relação com a forma urbana,
104 Relatórios 
 
 
 
 
crescimento urbano, cinturas periféricas, história 
da forma urbana, agência em morfologia, espaço 
público, tipo-morfologia, aplicações 
computacionais em morfologia urbana e space 
syntax. 
Na primeira sessão plenária, Tolga Ünlü e 
Yener Baş, da Mersin University, fizeram uma 
apresentação sobre a transformação do espaço 
urbano da cidade de Mersin ao longo de um 
século, desde as primeiras décadas do século XX 
até aos dias de hoje. Com base numa abordagem 
histórico-geográfica e no método morfogenético, 
os autores revelaram os padrões de 
desenvolvimento urbano a uma escala macro, 
através de uma investigação sobre a formação e 
os processos de modificação das cinturas 
periféricas. Seguidamente, apresentaram os ciclos 
de desenvolvimento e os ‘tipos morfogenéticos’ 
explorando detalhadamente a transformação das 
parcelas e edifícios. A sessão plenária 
subsequente incluiu dois artigos sobre diferentes 
perspetivas e métodos do estudo da forma urbana. 
Ayşe Sema Kubat, da Istanbul Technical 
University, discutiu a utilização da space syntax 
como um método de investigação da relação entre 
organização espacial e estruturas sociais, com 
enfoque nos espaços exteriores através de vários 
exemplos de diversas cidades turcas. Cana Bilsel, 
da Middle East Technical University, discutiu a 
contribuição da investigação em morfologia 
urbana para os estudos de história urbana. 
Recorrendo a exemplos do contexto internacional 
(França e Grã-Bretanha), focou-seno 
desenvolvimento de uma estrutura metodológica 
para estudos de história urbana, explorando a 
conformação do espaço urbano. 
Após duas sessões plenárias, o primeiro dia 
foi concluído com uma sessão especial sobre 
diferentes abordagens e métodos no estudo da 
forma urbana. Nesta sessão, abordagens 
histórico-geográficas, configuracionais e de 
análise espacial, foram discutidas, juntamente 
com a sua implementação em diferentes 
contextos. Para além disso, foi discutido um 
método da ‘morfologia paramétrica’ como uma 
ferramenta para relacionar investigação 
morfológica e prática de planeamento e desenho 
urbano. O segundo dia incluiu sessões paralelas 
nos tópicos ‘Processos morfológicos nos centros 
históricos’, ‘História da forma urbana’, 
‘Crescimento urbano e cinturas periféricas’, 
Space Syntax, ‘Agentes morfológicos’ e 
‘Investigação morfológica e prática de 
planeamento e desenho urbano’. 
O 1st Symposium of the Turkish Network of 
Urban Morphology revelou que existe um 
potencial substancial de investigadores no estudo
 
da forma urbana, provenientes de diferentes 
disciplinas (planeamento, arquitetura e 
geografia), acomodando diferentes abordagens e 
métodos. 
Apesar de poder considerar-se o número de 
participantes relativamente restrito, muitas 
discussões produtivas estenderam-se durante o 
simpósio, de algum modo garantindo aos 
participantes a antecipação de um futuro 
prometedor. Na sessão de encerramento, os 
participantes discutiram a estrutura do TNUM – 
organização, princípios – e possíveis 
colaborações de investigadores dentro do TNUM 
e com outras redes locais. 
Os participantes concordaram que o TNUM 
será uma organização abrangente para 
investigadores de diferentes disciplinas 
desenvolverem os seus estudos sobre forma 
urbana. O Centre for Mediterranean Urban 
Studies na Mersin University irá servir como 
‘secretário geral’, de forma a organizar a 
disseminação de conhecimento entre os 
membros. No entanto, a organização está 
decidida a desenvolver-se de forma flexível, 
sendo que cada simpósio será organizado 
bienalmente por diferentes universidades em 
diferentes cidades. Os próximos dois simpósios 
serão realizados na Istanbul Technical University, 
em Istambul em 2017, e na Middle East 
Technical University, em Ankara em 2019. 
Os participantes concordaram em desenvolver 
um vocabulário de morfologia urbana, partilhado, 
em língua Turca. Uma vez que o vocabulário de 
morfologia urbana está desenvolvido em Inglês, 
existe uma necessidade urgente de encontrar 
traduções para Turco. Em paralelo à discussão, 
foi ainda admitido desenvolver a discussão sobre 
o lugar da morfologia urbana na educação em 
planeamento e arquitetura. Os workshops, 
organizados num conjunto de tópicos especiais, 
facilitarão a elaboração de termos Turcos que 
sejam comummente aceites. 
Como a agenda do primeiro simpósio foi 
abrangente e desafiante, os tópicos abordados 
continuarão a ser explorados nos próximos 
simpósios, em Istambul e Ankara em 2017 e 
2019. Embora os participantes sejam 
maioritariamente das disciplinas de planeamento 
e arquitetura, antecipa-se que haverá uma maior 
participação de outras disciplinas, como a 
geografia, a história e a arqueologia, nos 
simpósios seguintes. 
 
 
Tolga Ünlü, Department of City and Regional 
Planning, Mersin University, Yenisehir, Mersin 
33343, Turkey. E-mail: tolgaunlu@gmail.com 
 
 
 
 
 
Revista de Morfologia Urbana (2015) 3(2), 105-20 Rede Lusófona de Morfologia Urbana ISSN 2182-7214 
Aplicação do conceito de Unidade Morfo-territorial na escalas 
metropolitana, intraurbana e local 
 
 
Jonathas M. P. Silva, Fernanda Lima e Natalia C. T. Magalhães 
PUC-Campinas – Pontifícia Universidade de Campinas – PosUrb – Pós-graduação em 
Urbanismo; Rodovia Dom Pedro I, Km 136 - Parque das Universidades, Campinas - SP, 
13086-900, Brasil. E-mails: jonathas.silva@puc-campinas.edu.br, 
fernandalima.fcl@gmail.com, nataliacristina.tripoli@gmail.com 
 
 
Artigo revisto recebido a 17 de Setembro de 2015 
 
 
 
 
Resumo. A forma urbana contemporânea observada na Região Metropolitana 
de Campinas, resultante do processo de dispersão e fragmentação, necessita 
ser melhor estudada. O presente artigo apresenta métodos de análise 
provenientes de diferentes áreas: morfologia, ecologia e estudos da paisagem 
urbana. Os conceitos, métodos e procedimentos aqui apresentados tiveram a 
contribuição da rede de pesquisadores chamada QUAPÁ-SEL (Quadro do 
Paisagismo – Sistema de Espaços Livres) que estuda a relação entre o sistema 
de espaços livres e a forma urbana. Adota-se uma abordagem de análise em 
três diferentes escalas: i) região metropolitana, formada por 20 municípios; ii) 
bairros, constituídos de diferentes tecidos urbanos; e iii) quadra urbana, onde 
o espaço edificado e o espaço livre de edificação geram o espaço urbano. Nas 
três escalas o sistema de espaços livres é o protagonista da análise. O 
resultado apresentado indica os ganhos que os procedimentos de leitura e 
análise oferecem na compreensão do processo de fragmentação e dispersão 
urbana. O método adotado busca aproximar técnicas de análise de diferentes 
campos do conhecimento integrando os procedimentos adotados nos estudos 
morfológicos às técnicas utilizadas no campo da ecologia e nos estudos sobre 
a paisagem urbana. 
 
Palavras-chave: morfologia urbana, forma urbana, paisagem, ecologia 
 
 
 
O presente artigo é produto do esforço 
coletivo da rede QUAPA-SEL criada em 
1993 que é coordenada por Sílvio Soares 
Macedo (FAUUSP) envolvendo diversas 
universidades em diferentes estados 
brasileiros. No estado de São Paulo a PUC-
Campinas, Pontifícia Universidade Católica, 
por meio do PosUrb – pós-graduação em 
urbanismo e a USP, Universidade de São 
Paulo, por meio de suas duas unidades: a 
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de 
São Paulo (FAUUSP) e o Instituto de 
Arquitetura e Urbanismo de São Carlos 
(IAU) participam de um projeto de pesquisa 
comum. 
Nos últimos anos a referida rede de 
pesquisa QUAPA-SEL procura estabelecer a 
relação entre a forma urbana e o sistema de 
espaços livres de edificação considerando a 
presença ou ausência de políticas de solo 
urbano. Acredita-se que o valor da terra 
estabelece padrões de ocupação que irão 
induzir paisagens urbanas com diferentes 
características. É por conta do valor do solo 
que a população acaba assumindo um maior 
ou menor deslocamento. É também no solo, 
onde se concretizam os diferentes interesses 
na expansão da malha urbana. Procura-se 
portanto incorporar o valor do solo urbano na 
análise da forma urbana. 
Cabe ressaltar que a nova constituição 
brasileira introduziu o conceito da ‘função 
social da propriedade’ que, lograria ser 
implementado, por meio de instrumentos 
urbanísticos de regularização do solo e de 
recuperação de mais valia do solo urbano. 
106 Aplicação do conceito de Unidade Morfo-territorial nas escalas metropolitana, intraurbana e local 
 
 
 
 
Estes instrumentos foram regulamentados 
pela lei federal 10.257 de 2001, que ficou 
conhecida como Estatuto da Cidade. 
Entretanto depois de 14 anos de sua 
aprovação poucos efeitos tiveram estes 
instrumentos no sentido de implantar a 
função social do solo urbano. Desta forma, o 
livre mercado irá tratar o solo como 
mercadoria sem haver um controle que faça 
prevalecer o interesse público. Mapear o 
processo de valorização do solo urbano pode 
indicar relações constitutivas da forma das 
cidades estudadas. 
Parte-se de bases teóricas longamente

Outros materiais