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Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 1. OBJETIVIDADE JURÍDICA: A saúde pública. Trata-se de crime de perigo abstrato. 2. OBJETO MATERIAL: Droga, definida pela lei 11343/06 em seu art. 1º Parágrafo único. 3. SUJEITO ATIVO: Crime comum, o agente pode ser qualquer pessoa, salvo na figura prescrever, que exige a qualidade especial de médico ou cirurgião dentista. 4. SUJEITO PASSIVO: O Estado ou a coletividade. Secundariamente, o sujeito que recebe a droga para consumi-la, desde que não pratique o delito do art. 28. Ex.: doente mental. Atenção para o artigo 243, do ECA: Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida: Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.” (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Norma expressamente subsidiária. Caso o objeto material não possa ser definido como droga proscrita nos termos do art. 1º, §1º, da lei 11343/06, aplica-se a disposição do ECA. Ex.: tolueno, cigarro, bebida alcoólica. 6. TIPO OBJETIVO: Trata-se de crime de ação múltipla: IMPORTAR Fazer entrar a droga no território nacional. EXPORTAR Fazer sair a droga do território nacional. É norma especial em relação ao contrabando. Não há a previsão da facilitação, respondendo o funcionário que facilita tráfico, com causa de aumento de pena do artigo 40, II, da lei de regência. Crime instantâneo, consuma-se com a efetiva entrada/saída da droga. Admite- se a tentativa. REMETER Expedir, enviar, encaminhar a substância, seja por terceiros ou pelos correios, sempre internamente no país. Consuma-se com a efetiva remessa. Admite-se a tentativa, em tese. Sendo de difícil configuração, pois pode haver consumação anterior de outra figura típica (ex.: ter em depósito). PREPARAR O sujeito compõe o objeto material, misturando substâncias que por si só são inócuas ou são consumíveis. Consuma-se com a mistura, admitindo-se a tentativa, quando aquela é impedida. PRODUZIR Criar a droga (em alguns casos, inventar, descobrir, extrair), sem misturar outras substâncias. FABRICAR Corresponde à produção em massa, via atividade industrial (máquinas, instrumentos). ADQUIRIR: ver comentário ao art. 28. VENDER Alienar mediante contraprestação. Inclui-se aqui a troca ou escambo (ex.: drogas por armas). Consuma-se com o recebimento da contraprestação. Admite tentativa. EXPOR À VENDA Mostrar a droga com o intuito de mercancia. Consuma-se com a exposição. Cabível, em tese, a tentativa. OFERECER Ofertar, sugerir, apresentar para ser aceito como dádiva (gratuito) ou empréstimo ou para suscitar interesse na compra (degustação). Consuma-se com a oferta. Difícil configurar a tentativa, já que haverá consumação anterior de figura diversa. TER EM DEPÓSITO GUARDAR TRANSPORTAR TRAZER CONSIGO Ver comentários ao artigo 28. PRESCREVER Receitar, indicar, em ato de aparente exercício profissional. Crime próprio, só pode ser praticado por médico ou cirurgião-dentista. Consuma-se com o recebimento da receita, escrita ou oral. Admite tentativa. MINISTRAR Introduzir, aplicar, inocular a droga no organismo de alguém, por qualquer meio que possa ser consumida e produzir efeitos (ex. injeção, ingestão, inalação). Consuma-se com a aplicação. A tentativa é inadmissível. ENTREGAR A CONSUMO Fazer chegar a droga ao consumidor, de forma esporádica. Trata-se de conduta genérica e subsidiária em relação às outras figuras típicas. Consuma-se com a efetiva chegada da droga ao consumidor. Admite tentativa. Ex.: familiares que entregam drogas ao reeducando. FORNECER AINDA QUE GRATUITAMENTE Atuar como fonte, prover, proporcionar, dar a droga a alguém, em caráter constante e habitual, ainda que sem intenção de lucro. Consuma-se com o fornecimento habitual, não admitindo a tentativa. Formas equiparadas (§ 1o Nas mesmas penas incorre quem): I - As condutas já foram explicitadas acima, diferenciando-se quanto ao objeto material da conduta que é o elemento destinado à preparação de drogas: MATÉRIA-PRIMA (aquela que é retirada originariamente da natureza), INSUMO (matéria usada para fomento ou melhoria da droga) ou PRODUTO QUÍMICO (material criado com a utilização da ciência, visando ao aprimoramento da droga). II - semear (enxertar semente na terra), cultivar (prática de atos necessários para o cuidado da plantação, entre a semeadura e a colheita) ou fazer a colheita (retirada da planta ou parte dela de seu vínculo com a terra), sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas. III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 7. TIPO SUBJETIVO É o dolo, vontade livre e consciente de praticar as condutas descritas no tipo objetivo, dirigidas ao tráfico de drogas. Para que haja tráfico, é necessário constatar o objetivo de CIRCULABILIDADE da droga. Algumas figuras exigem o ESPECIAL FIM DE AGIR. Ex.: utilizar local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consentir que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, PARA O TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS. (art. 33, §1º, III). 8. PENAS Reclusão de 05 a 15 anos e multa de 500 a 1500 dias-multa. Houve majoração da pena abstrata mínima em comparação com o art. 12, da lei 6368/76. Além do significativo aumento da multa. 9. EFEITOS DA CONDENAÇÃO: Expropriação de bens - art. 243, CR/88 e destruição das substâncias - art. 31, lei 11343/2006. CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA Tráfico “privilegiado” Trata-se de mitigação do rigor penal com que são tratadas as condutas previstas nos tipos do caput e §1º do artigo 33. Requisitos legais: 1. Primariedade - ser primário é o oposto de ser reincidente (aquele que comete novo crime após o trânsito em julgado de condenação anterior - art. 63, CP, com as ressalvas do artigo 64, CP). 2. Bons antecedentes - em função do princípio constitucional da presunção de inocência, ostenta maus antecedentes aquele que tem condenação anterior transitada em julgado que não caracterize reincidência. 3. Não-Dedicação a atividades criminosas – Há benefício para o delinquente ocasional. Para que haja afastamento da causa de redução, a sentença deve reconhecer, fundamentada na prova dos autos, que o sujeito se dedica a atividades criminosas (contumaz).
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