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UNIDADE 01 1. O Estatuto da Criança e do Adolescente: finalidade. Sujeitos de Direitos O Estatuto da Criança e do Adolescente instaura a proteção integral dos sujeitos de direitos (especiais) que protege. Sancionado em 13 de julho de 1990, portanto há 20 anos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é a regulamentação do artigo 227 da Constituição, que estabelece como dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Com base no conceito legal (art. 2º, ECA) são crianças as pessoas até 12 anos incompletos e adolescentes as pessoas entre 12 anos e 18 anos. A proteção é integral e especial, em virtude da condição humana peculiar de desenvolvimento desses entes, pressupondo, ainda, a prioridade de tutela de direitos. 2. Direitos Fundamentais Insculpidos nos arts. 7º a 52 do ECA, os direitos fundamentais versam, sobre os grandes blocos: direito à vida e à saúde; direito á liberdade, respeito e dignidade; direito à convivência familiar e comunitária (família natural, substituta, guarda, tutela e adoção); direito à educação, cultura, esporte e lazer; direito à profissionalização e proteção no trabalho. Tais direitos buscam atender às necessidades de criança e adolescente no seu mais adequado desenvolvimento. Não só o físico, mas também o psíquico, mental, intelectual e social. Neste estudo, dar-se-á ênfase a alguns tópicos. Segundo os artigos 15 e 16 do ECA, a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais conforme previsto na Constituição e nas leis. Entende- se, dessa forma, que tais espécies de direito contemplam, concomitantemente: ter direito de opinar e de se expressar; brincar, praticar esportes e divertir-se; participar da vida política, na forma da lei; buscar refúgio, auxílio e orientação. De acordo com o art. 13 do ECA, ao se ponderar sobre questões de maus tratos, ao ter ciência ou suspeitar de dos fatos, a equipe escolar da instituição de ensino que o aluno frequenta, deve informar seu superior e este encaminhará o caso ao Conselho Tutelar para providências. O estabelecimento de ensino não tem competência para adotar providências de atendimento direto ao aluno. No mesmo sentido, segundo regra do art. 18 do ECA todos devem velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor, de modo que, se, p.ex., em um ambiente escolar algum funcionário do estabelecimento de ensino verificar uma atitude de indisciplina, não deve adotar medidas que violem a dignidade dos alunos, como, p.ex., colocá-los de castigo. Nesse sentido, também não podem ser vexatórios ou contrários às crenças de crianças e adolescentes qualquer ato, vedação ou exposição de criança ao adolescente, nem mesmo em ambiente escolar, sob o argumento de participação em festividades internas, como apresentações de teatros e danças. A liberdade de crença e culto religioso vem prevista no art. 16 do ECA. O direito pertinente à imagem da criança, constante do art. 17, ECA, é fundamento legal para evitar exposição negativa da criança ou a ocorrência de bullying por quem quer que seja, p.ex. designação de apelidos, ressaltando negativamente algum aspecto físico, modo de andar ou de falar, depreciando o indivíduo e colocando-o numa situação desagradável e vulnerável perante os seus colegas. Atitudes dessa natureza, portanto, violam o direito de respeito à imagem das crianças e dos adolescentes. Ao tratar sobre o direito à educação, o ECA revela a proteção à educação formal, de modo que, ponderando sobre a letra do art. 53 do Estatuto, ao destacar “o direito de ser respeitado por seus educadores” seu conteúdo denota o direito do aluno à educação, que contempla a adequação, capacitação, gratuidade, proximidade da residência, preparo do corpo docente, avaliações objetivas. Ao tratar do Direito à Convivência Familiar e Comunitária, o Estatuto da Criança e do Adolescente, em termos bastante objetivos, dispõe que a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. Esta ponderação tem sido alvo constante de questionamentos em provas de OAB e concursos, com posicionamento pacificado de acordo com o indicado acima, ou seja, a ausência de condições financeiras, por si só, não é hipótese suficiente para a supressão da convivência entre pais e filhos. No que concerne à obrigação dos pais/responsáveis quanto ao direito à educação, incumbe-lhes a obrigação de matricular seus filhos/pupilos na rede de ensino (art. 55, ECA), além de acompanhar sua frequência e desenvolvimento. Interessante notar que não incumbe, no entanto, a pais ou responsáveis as escolhas de planejamento didático, bibliografia adotada ou linha de atuação do estabelecimento de ensino. A participação e diálogo de todos os envolvidos para o adequado desenvolvimento de criança e adolescente são fundamentais, entretanto isto não confere o direito dos pais ou responsáveis em interferir no conteúdo programático e pedagógico do estabelecimento de ensino. Podem haver sugestões, mas não imposições ou determinações. A tais direitos individuais correspondem medidas de prevenção especificadas no ECA nos arts. 74 a 85, ECA. Relativamente ao Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos, com base nos arts. 75 e 76, ECA, as crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhada de pais ou responsável. E, ainda, as emissoras de rádio e televisão somente exibirão, em horário recomendado, para o público infanto juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, de acordo com a classificação etária submetida ao Ministério da Justiça e por ele homologada. 3. Atribuições do Conselho Tutelar e dos Pais ou Responsáveis O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos pelo ECA. AS disposições legais contidas no Estatuto sobre o Conselho Tutelar estão indicadas nos arts. 131 a 140. O Conselho Tutelar tem por atribuições, de acordo com o art. 136, ECA I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, ECA (que tratam de medidas de proteção e regras gerais sobre ato infracional), aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII do mesmo Estatuto (que são as medidas protetivas de: encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; orientação, apoio e acompanhamento temporários; matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; acolhimento institucional); II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII, consistente na medidas aplicadas aos pais ou responsáveis; III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicosnas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações. IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional; VII - expedir notificações; VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário; IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal; XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural. XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse. Não é sua atribuição promover internação ou encaminhar aos pais ou responsáveis mediante termo de responsabilidade. Tais são atribuições do Poder Judiciário, através das Varas da Infância e Juventude. Consoante o art. 133, ECA, para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: reconhecida idoneidade moral; idade superior a vinte e um anos;residir no município. O processo para a escolha dos membros do Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público, que também disporá por diretrizes de gestão. O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Relativamente às medidas pertinentes dos pais ou responsáveis, determina o art. 129, ECA: encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família; inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar; obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; advertência; perda da guarda; destituição da tutela; suspensão ou destituição do poder familiar. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum, com a determinação de prestação alimentar que couber. DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS (art. 53 a 59, ECA) Civil e penal – ação ou omissão Programa oficial de proteção à família – informação; reestruturação Programas comunitários e orientação e auxílio a alcóolatras e dependentes químicos Encaminhamento de tratamento psicológico ou psiquiátrico Cursos ou programas de orientação familiar Matricular e acompanhar frequência escolar; tratamento; programa Medida cautelar de afastamento do genitor ACESSO À JUSTIÇA (ARTS. 141 A 144, ECA) Garantia de acesso à DP, MP e PJ Assistência judiciária gratuita Gratuidade processual (exceto: má-fé) Representação <16 anos; Assisstência >16<21 anos Curador especial: interesses colidentes e carência de representação ou ausência (art.142, par. Ún., ECA) Divulgação de autoria de ato infracional: vedação; iniciais de nome e sobrenome (art. 143, ECA) Cópias de certidões: autorização judicial; interesse legítimo (art. 144, ECA) DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE (ARTS. 145 A 224, ECA) Organizada, estruturada e funcional Promoção e defesa Responsabilização diferenciada Competência territorial o domicílio dos genitores ou responsável legal; local em que se encontrar criança ou adolescente o Ato infracional – adolescentes – lugar do acontecimento (conexão, continência e prevenção) – cumprimento por delegação (rogatória/precatória) o Emissora ou rede de transmissão (rádio e TV) – sede estadual (estendida a todas as emissoras – responsabilização) o Interesses transindividuais – foro onde ocorreu ou deva ocorrer ação ou omissão Competência jurisdicional (art. 148, ECA) e administrativa (art. 149, ECA) o Juiz de direito – matéria o Rol de atividades a serem autorizadas Competência jurisdicional material o Remissão – antes da prolação da sentença – suspensão ou extinção – autoridade judiciária ou MP o Pedidos de adoção o Ações civis públicas o Responsabilização de entidades de atendimento e seus dirigentes – irregularidades no desenvolvimento de programas o Aplicação de penalidades administrativas – infrações a normas de proteção o Casos encaminhados ao CT o Situações de ameaça ou violência em virtude de ação ou omissão da sociedade, Estado, (abuso) genitores ou responsáveis o Guarda e tutela o Destituição do poder familiar o Prestação alimentar o Suprir a capacidade ou consentimento para casamento o Emancipação o Divergência para exercício do poder familiar o Designação de curador especial o Todas as medidas necessárias para a proteção integral o Cancelar, retificar, suprir registros de nascimento e óbito Competência administrativa (disciplinar) o Participação, entrada ou permanência em eventos e locais públicos (portaria, autorização ou alvará – fundamentados; individualizados por evento) o P. proteção integral, absoluta prioridade e condição humana peculiar o Peculiaridades locais, frequência habitual, adequação de participação ou frequência o Instalações do local/evento o Natureza do espetáculo Serviços auxiliares o Interprofissional, inclusive PROCEDIMENTOS Devido processo legal, ampla defesa, contraditório substancial + especialidades Objetivo: promover e defender – interesses indisponíveis – direitos individuais – garantias fundamentais – ameaças e violações(diretas e indiretas) Art. 153, ECA – integração (limitação) normas processuais e procedimentais especiais o Perda ou suspensão do poder familiar (arts. 155 a 163, ECA) Inicial – requisitos (art. 156, ECA) Sem valor da causa e sem preparo recursal Afastamento liminar – físico e psíquico Resposta escrita – prova Citação pessoal dos pais Estudo social Indígenas – intervenção da FUNAI 120 dias de duração do feito o Destituição de tutela (art. 164, ECA) Processual civil o Colocação em família substituta (art. 165 a 170, ECA) Lei nº 12010/2009 Deduzido em cartório – concordância dos genitores Habilitação de pretendente à adoção (arts. 197- a 197-E, ECA) o Apuração de ato infracional atribuído a adolescente (art. 171 a 190, ECA) Apreensão – ordem judicial ou flagrante Autoridade especializa – ainda que em coautoria Identificação de quem o apreendeu, informado acerca dos direitos, não produzir prova contra si Informação imediata à família Colocado em liberdade – entrega e termo de respnsabilidade Internação provisória – 45 dias Oitiva/ouvida informal o Apuração de irregularidades em entidades de atendimento (arts. 191 a 191, ECA) Portaria judicial, representação ministerial ou oferecimento do Colegiado do Conselho Tutelar Afastamento do dirigente o Apuração de ato infracional (arts. 171 a 190, ECA) o Apuração de infração administrativa (arts. 194 a 197, ECA) Representação ministerial, representação do CT, auto de infração Multas (processos e procedimentos especiais) – Fundo Municipal da Infância e da Adolescência (art. 154, ECA), gerido pelo Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente (art. 214, ECA) – 30 dias voluntariedade – MP/legitimados = execução Recursos o 10 dias (excet AI e Eds) o Sem preparo o Agravo retido – oral e decidido após audiência de instrução e julgamento o Retratação ou manutenção – 5 dias o Alvrás, portarias – autorização em locais e eventos = apelação o Efeito devolutivo – exceção adoção internacional o Prioridade de tramitação o 60 dias – levar à julgamento o MP Ministério Público o Lei Orgânicas o Oferecer remissão o Acompanhar procedimentos e processos o Intimação pessoal o Custus iuris o Ausência = nulidade absoluta Advogado o Ausência <> adiamento DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS (ARTS. 225 A 258, ECA) Material e procedimental Tipos penais específicos Tipos administrativos específicos RECOMENDA-SE A LEITURA DAS SEGUINTES OBRAS SOBRE ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Livro I Títulos IV, Livro II, Títulos III e VII https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502139572/cfi/0 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Lei nº 8.069/90
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