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Direitos políticos Apostila com base em estudos e resumos da obra Direito Constitucional Esquematizado, de Pedro Lenza. João Fernando Vieira da Silva1 01- Os direitos políticos dizem respeito à condução da coisa pública e o exercício da soberania popular. Envolvem questões inerentes a institutos da democracia direta ou indireta. 02- Sufrágio é o direito de votar e ser votado. 03- Voto é o ato pelo qual se exercita o sufrágio. 04- Capacidade eleitoral ativa diz respeito ao direito de voltar, capacidade de ser eleitor, alistabilidade. Capacidade eleitoral passiva diz respeito ao direito de ser votado, elegibilidade. 05- Os direitos políticos, regulados basicamente pelo art. 14 da CF/88, exigem, para que exista capacidade eleitoral ativa: • Alistamento eleitoral (título eleitoral); • Nacionalidade brasileira; • Idade mínima de 16 anos; • Não ser conscrito durante o serviço militar. 06- O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e menores de 70 anos. O voto é facultativo entre 16 a 18 anos e para maiores de 70 anos. 1 Mestre em Teoria do Estado e Direito Constitucional pela PUC- Rio; Coordenador do Curso de Direito das Faculdades Unificadas de Leopoldina- MG- rede Doctum; Professor de Direito Constitucional das Faculdades Unificadas de Leopoldina- MG- rede Doctum; Advogado; Juiz Leigo do Juizado Especial Cível da Comarca de Cataguases- MG. 07- São características do voto: • É direto, exercido de forma personalíssima, sem intermediários; • É garantido o sigilo, portanto é secreto; • É universal, não estando condicionado a nenhuma condição discriminatória. Não é, portanto, censitário, nem capacitário; • O voto é periódico, ou seja, elegem-se representantes por mandato, prazo determinado; • O voto é livre. É obrigatório votar, comparecer às urnas, mas não é obrigatório escolher candidato, cabendo o voto nulo ou branco. • O voto é igualitário. Parte da premissa “um homem, um voto”. Tem valor igual para todos. 08- A idéia do voto secreto, direto, universal e periódico é uma cláusula pétrea (CF/88, art. 60, parágrafo quarto). 09- São condições básicas para elegibilidade (capacidade eleitoral passiva): • Nacionalidade brasileira; • Pleno exercício dos direitos políticos; • Alistamento eleitoral; • Domicílio eleitoral; • Filiação partidária; • Idade mínima para dados cargos (18 anos para vereador, 21 anos para deputado estadual, federal, Prefeito, Juiz de Paz; 30 anos para Governador de Estado; 35 anos para Senador e Presidente da República). 10- Direitos políticos negativos dizem respeito às hipóteses de inelegibilidade ou privações ao exercício dos direitos políticos (suspensão e perda dos mesmos). 11- As inelegibilidades, nos dizeres do art. 14, p. 09, da CF/88, dizem respeito à tutela da probidade administrativa, moralidade para o exercício do mandato, considerando a vida pregressa do candidato, a normalidade e a legitimidade das eleições, tentando evitar a influência negativa do Poder Econômico ou abuso de exercício de função, cargo ou emprego na Administração direta ou indireta. 12- Os casos de inelegibilidade, previstos no art. 14, pp. quarto a oitavo da CF/88, são de aplicação imediata, não dependendo, para terem eficácia, de legislação infraconstitucional. 13- São casos de inelegibilidades absolutas: • Inalistáveis (ex: estrangeiro , conscritos em serviço militar); • Analfabetos. 14- Os casos de inelegibilidade relativa normalmente dizem respeito a questões atinentes a certos cargos, não evitando a candidatura para outros cargos. Ocorre comumente nos casos de questões vinculadas a vedações por parentesco, candidato militar, bem como em hipóteses a serem reguladas por lei complementar. 15- É caso de inelegibilidade relativa a vedação a terceiro mandato sucessivo para Presidente da República, Governador de Estado e Prefeito. Contudo, segundo o TSE, vice governador eleito duas vezes, caso queira se candidatar ao cargo de Governador em suposto terceiro mandato sucessivo, não é vedado, posto que só se considera como quem efetivamente exerceu mandato de Governador se sucedeu concretamente o titular. 16- Para concorrer a outros cargos, o Chefe do Executivo deve se descompatibilizar do cargo até 06 meses antes da eleição. Reeleição para o mesmo cargo não exige descompatibilização. 17- São inelegíveis no território da circunscrição do titular o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção do Presidente da República, Governador, Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 06 meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. 18- Segundo o STF, parentes podem concorrer à eleição se o titular tinha direito à reeleição e não concorreu. 19- Para militares, é preciso dizer que o militar alistável é elegível. Contudo, há certas regras a serem obedecidas. Se tiver menos de 10 anos de atividade, deve se afastar da atividade. Se tiver mais de 10 anos de atividade, se eleito, no ato de diplomação do mandato passará imediatamente para a inatividade militar. 20- A lei complementar, segundo o art. 14, p. nono, pode prever outros casos de inelegibilidade. 21- São casos de perda dos direitos políticos: • Cancelamento de naturalização com sentença transitada em julgado. Neste caso, o antes naturalizado volta a ser estrangeiro; • Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; • Perda de nacionalidade brasileira em virtude da aquisição de outra nacionalidade. 22- São casos de suspensão dos direitos políticos: • Incapacidade civil absoluta; • Condenação criminal com trânsito em julgado (os direitos políticos ficam suspensos enquanto durar a condenação); • Casos de improbidade administrativa, que redundarem, segundo o art. 37, p. quarto, em perda da função pública, indisponibilidade de bens e ressarcimento ao erário de eventuais prejuízos. • Quebra de decoro parlamentar e cassação de mandato (CF/88, art. 55, II), com suspensão dos direitos políticos por 08 anos. 23- Perdidos os direitos políticos, podem ser readquiridos com ação rescisória. No caso de suspensão de direitos políticos, a reaquisição se dá com a cessação da causa da suspensão dos direitos políticos. 24- O art. 38 da CF/88, com redação fixada pela EC 19/98 trata de questões atinentes ao exercício de mandato eletivo por servidor público. Se o mandato eletivo for federal, estadual ou distrital, deverá o servidor se afastar do cargo, emprego, função. Investido no cargo de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, podendo optar pela remuneração como servidor ou como Prefeito. No caso do servidor público se eleger vereador e houver compatibilidade de horários, poderá cumular as funções e remunerações. Nas hipóteses em que, para exercer mandato eletivo, tenha que se afastar de cargo, emprego ou função pública, o tempo do mandato é contado para fins de aposentadoria, mas não para promoção por merecimento.
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