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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO CARLOS TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS André Diogo Rodrigues das Neves Yasmin Maria Salgado Vilela ECO-INOVAÇÃO: Análise dos Impactos e Formas de Inserção nas Empresas São Carlos - SP 2016 ANDRÉ DIOGO RODRIGUES DAS NEVES YASMIN MARIA SALGADO VILELA ECO-INOVAÇÃO: Análise dos Impactos e Formas de Inserção nas Empresas Monografia apresentada ao Instituto Federal de São Paulo – campus São Carlos, como parte das exigências para a conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Processos Gerenciais. Orientador(a): Ana Claudia Bansi São Carlos – SP 2016 RESUMO Com o agravamento dos problemas ambientais e com os recursos naturais se esgotando de forma acelerada, as organizações têm tido um olhar mais sensível em relação à aplicação de métodos mais sustentáveis em seus processos de produção, visando atingir a redução de custos e os impactos no ambiente em que estão inseridas, com isso, passam a usar a tecnologia a favor da inovação verde, adaptando seus processos e produtos. Diante deste cenário, as empresas vêm aderindo o conceito de inovação verde em que o uso da inovação atrelada à sustentabilidade, incorporam atitudes e/ou processos eco-inovadores em suas ações e, desta forma, além de adquirirem vantagem competitiva, contribuem com o meio ambiente e a sociedade ao seu redor. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo geral compreender a relevância e a prática da eco-inovação para as empresas. Para isso, foi primeiramente feito a compreensão do tema, contextualização sobre o assunto abordado, seguido da análise dos impactos da prática da eco-inovação, e por fim, da avaliação das políticas e modelos organizacionais para inserir a eco-inovação nas práticas das empresas. Foi constatado que o conceito de eco-inovação ainda é pouco difundido no ambiente brasileiro, e consequentemente não existem muitas bibliografias publicadas a respeito do assunto, porém é notado que existe uma pressão cada vez maior dos stakeholders sobre as empresas, cobrando ações mais sustentáveis. E com isso, algumas organizações, visando à vantagem competitiva, já buscam alternativas de produzir, sem impactar de maneira tão agressiva, o ambiente ao seu redor. Palavras-chave: Inovação. Sustentabilidade. Eco-inovação. ABSTRACT With the worsening of ambient as and natural resources problems running out on an accelerated basis, organizations have had a more sensitive eye for the application of more sustainable methods in their production processes to achieve cost reduction and the impacts on the environment they are inserted, thus, spend using technology in favor of green innovation, adapting its processes and products. In this scenario, companies have been adhering to the concept of green innovation where that with the use of linked innovation to sustainability, incorporate attitudes and / or eco- innovative processes in their actions and in this way, and acquire competitive advantage, contribute the environment and society around them. In this context, the present study has the general objective to understand the relevance and the practice of eco-innovation for businesses. For this, it first made the understanding of the subject, contextualization of the subject matter, followed by the analysis of the impacts that may be caused by performing eco-innovation and finally the evaluation of organizational policies and models to enter the eco-innovation in practices of companies. It has been found that the concept of eco-innovation is still not widespread in the Brazilian environment, and consequently there are not many bibliographies published on the subject, but it is noted that there is increasing pressure from stakeholders in companies, charging them more actions sustainable, and that some organizations seeking competitive advantage, are already seeking alternatives to produce without impacting so aggressively the environment around you. Keywords: Innovation. Sustainability. Eco-innovation. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Hélice Tríplice ...........................................................................................13 Figura 2 - Tripé da Sustentabilidade .........................................................................17 Figura 3 - Oportunidades para eco-inovação ............................................................23 Figura 4 - Valor adicionado pela eco-inovação .........................................................30 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Conceitos de Eco-Inovação ....................................................................19 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5 1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ................................................................................... 7 1.2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 7 2 METODOLOGIA ................................................................................................... 9 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................ 9 2.2 COLETA DE DADOS ................................................................................................. 10 3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 11 3.1 INOVAÇÃO ................................................................................................................ 11 3.2 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL ...................................................................... 14 3.3 ECO-INOVAÇÃO........................................................................................................ 18 3.4 MODELOS ORGANIZACIONAIS E PROGRAMAS DE INCENTIVO PARA A ECO- INOVAÇÃO ...................................................................................................................... 22 3.5 IMPACTOS DA ECO-INOVAÇÃO .............................................................................. 27 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 34 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36 5 1 INTRODUÇÃO Muitos dos problemas ambientais que sofremos hoje em dia foram causados por atividades humanas. A grande questão atual é como os seres humanos podem usufruir legalmente do ambiente natural sem destruí-lo. As organizações fazem parte deste sistema e também o utilizam, por isso tentam tomar precauções e inovar seus produtos, adequando-se ao mercado com ações que não impactam tanto o meio ambiente (DIAS, 2014). Por isso, começou uma preocupação a respeito do impacto dos produtos no ecossistema e como isso pode ser reduzido. Uma saída é pensar em novos produtos ou formas de produção que nãoagridam ou que agridam menos o meio ambiente. Daí o termo eco-inovação, que descreve “produtos e processos que contribuam para o desenvolvimento sustentável. É a aplicação do conhecimento para a melhoria ecológica de processos e produtos (bens e serviços)” (DIAS, 2014, p.128). Os autores Nascimento, Nascimento e Caetano (2010, p. 1) apontam que: Os problemas ambientais foram se agravando cada vez mais, e a sociedade começou a perceber a necessidade da criação de políticas ambientais para sanar o problema. Algumas convenções foram realizadas pelas autoridades representantes de vários países, com o intuito de elaborar medidas para redução dos impactos gerados pela produção acelerada das empresas, com isso surgiram várias leis que limitavam a quantidade de poluentes emitidos por elas. Um exemplo é a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), mais conhecida como Rio +20, que ocorreu em 2012, quando foi confirmada a importância da sustentabilidade para sobrevivência de todo o planeta, uma vez que problemas ambientais têm agravado significantemente o aquecimento global, enfatizando a necessidade de uma relação maior entre o meio ambiente e o desenvolvimento do país (DIAS, 2014). Segundo Braga et al. (2005), é a partir da percepção de para onde os mercados caminham, que os conceitos de gestão ambiental, prevenção de poluições e desenvolvimento sustentável começaram a ser propagados e incorporados nas estratégias de planejamento de muitas organizações. Barbieri (2004) adiciona que a abordagem ambiental na empresa pode ser de três tipos diferentes. A primeira é chamada de controle da poluição, pois os esforços organizacionais são orientados para o cumprimento da legislação ambiental e 6 atendimento das pressões da comunidade, mostrando-se marcadamente reativos, vinculados, exclusivamente à área produtiva. Por outro lado, a internalização da variável ambiental na empresa pode ser preventiva, ou seja, nela a organização objetiva utilizar eficientemente os insumos. A preocupação ambiental é mais incisiva na área manufatureira, mas começa a se expandir para toda a organização. No último estágio, a questão ambiental se torna estratégica para a empresa, e as atividades ambientais encontram-se disseminadas pela organização. A visão de uma gestão ambiental melhor não objetiva somente menores impactos, mas também, melhores práticas, novas tecnologias e ganhos econômicos, ocasionando, assim, alterações até no modelo de negócios das empresas (GONÇALVES, 2013). A eco-inovação contribui para estes objetivos, bem como, para construir um estágio avançado de sustentabilidade. Para Dias (2014) a eco-inovação tem o propósito de amenizar esses impactos ambientais causados pelas empresas através de, por exemplo, mudanças no design do produto, na forma de produzi-lo ou na maneira de vendê-lo (marketing). Elzen e Wieczorek (2005) acreditam que a eco-inovação visa incorporar o conceito sustentável não só nas organizações, mas também em seus stakeholders (acionistas, colaboradores, ONGs, instituições financeiras, comunidade em geral). E assim, a longo prazo, promover uma mudança cultural em que todos os envolvidos estejam comprometidos em manter e dar sequência a esse ideal tão necessário. Quando se está à frente das regulamentações governamentais e das exigências dos clientes, aumenta-se a probabilidade de se ter uma boa vantagem competitiva diante das empresas que não se renovaram com a implementação da inovação verde (DRIESSEN; HILLEBRAND, 2002). Rennings (2000) apud Dias (2014) aponta que: As eco-inovações podem, no entanto, ser distinguidas da inovação convencional de dois modos. Primeiro, não é um conceito totalmente aberto, pois representa um tipo de inovação que explicitamente enfatiza a redução dos impactos ambientais, intencionalmente ou não. Segundo, as eco- inovações não estão limitadas em inovações em produtos, processos, métodos organizacionais ou de marketing, mas também incluem inovações nas estruturas sociais e institucionais. Diante do cenário de maior exigência dos stakeholders empresariais em relação à gestão ambiental, as empresas buscam formas de atender a essa necessidade. A eco-inovação é uma delas. Por isso, este trabalho visa tratar dos 7 conceitos de eco-inovação, e responder à seguinte questão: Como a eco-inovação pode ser inserida nas empresas? 1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA Esta pesquisa tem como objetivo geral compreender a relevância e a prática da eco-inovação para as empresas e o ambiente onde estão inseridas. Para isto, foram abordados os seguintes objetivos específicos: a) Entender o significado da eco-inovação para as organizações; b) Analisar os impactos que podem ser causados através da realização da eco- inovação; c) Avaliar políticas e modelos organizacionais para inserir a eco-inovação nas práticas organizacionais. 1.2 JUSTIFICATIVA A ligação entre a política induzida dentro da empresa para a implementação da inovação e os fatores relacionados com o negócio poderia ser uma primeira tentativa de construir um quadro conceitual de fatores de estímulo e resposta para influenciar o comportamento inovador orientado para o ambiente da empresa (organização, processos e produto), o que poderia ser, além disso, uma orientação para os decisores nacionais e regionais para participar de iniciativas ambientais (SCHUBERT; SEDLACEK, 2000). No entanto, a eco-inovação é um tema recente. Observa-se isso, ao notar que a possibilidade de solicitar patentes de caráter verde (ou seja, patente que atesta o desenvolvimento de uma tecnologia ambiental) surgiu somente a partir de 2009, com programas-piloto para acelerar a concessão de patentes verdes em diversos escritórios nacionais de patentes, em países como Japão, Israel, Coréia do Sul, Reino Unido, Estados Unidos, Austrália e Canadá (BARBOSA; SOUZA, 2012). Portanto, apesar do aumento de empresas que investem em eco-inovação devido à preocupação social, ambiental e econômica, há uma carência de pesquisas acerca do tema, como, por exemplo, informações de quantas empresas ao todo estão completamente comprometidas com a eco-inovação, quais tecnologias estão sendo usadas, quais produtos estão sendo fabricados ou adaptados. O que se sabe, 8 é que algumas empresas estampam o logo de “sustentável” e algumas superficialidades midiáticas de preocupação com o meio ambiente (GALVÃO, 2014). Sendo assim, este trabalho de conclusão de curso é importante para quatro principais eixos (econômico, social, acadêmico e pessoal). No eixo econômico, aborda novos conceitos de inovação e sustentabilidade que, a longo prazo, podem melhorar a economia das empresas e dos países de forma significativa através do controle da preservação ambiental. É relevante no aspecto social, tendo em vista que os impactos ao meio ambiente afetam diretamente a qualidade de vida de todos a sua volta, e este estudo analisa métodos para as empresas aderirem atitudes e políticas sustentáveis com o intuito de amenizar esses impactos ambientais. Em relação ao meio acadêmico, essa pesquisa pode servir de referência para novos estudos sobre o tema, que ainda é pouco discutido e possui pouco conteúdo bibliográficopublicado. Por fim, esta pesquisa agregará novos conhecimentos sobre o assunto, possibilitando-nos construir um pensamento crítico, contribuindo com o amadurecimento dos autores e gerando valores através da atividade teórica. 9 2 METODOLOGIA 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Este estudo consiste em uma pesquisa de natureza básica, tendo em vista o objetivo de gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Também envolve verdades e interesses universais (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Quanto à abordagem do problema, ela é classificada como qualitativa. Kauark, Manhães e Medeiros (2010) apontam que a pesquisa qualitativa não envolve métodos estatísticos e sim dados colhidos que ocorrem de modo natural. Sendo assim, este estudo não envolve a análise de cálculos para se chegar a um resultado mas sim buscar informações por meio de um referencial teórico. Do ponto de vista da abordagem dos objetivos, é de caráter exploratório, como explica Gil (2002, p.41): “a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. Em relação aos procedimentos técnicos, esta pesquisa pode ser classificada como bibliográfica, pois é embasada em outras pesquisas (livros, artigos, teses), com o objetivo de conhecer o universo pesquisado, absorver para interpretar e descrever o fenômeno que vem sendo estudado. Também é considerada documental, tendo em vista que serão utilizados materiais que ainda não receberam um tratamento analítico, como sites de órgãos não-governamentais. De acordo com Gil (2002, p.45): A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale- se de materiais que não recebe ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. 10 2.2 COLETA DE DADOS “Etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados· previstos” LAKATOS, MARCONI (2003, p. 65). Segundo Kauark, Manhães e Medeiros, (2010): A coleta de dados, diferentemente do que se pode pensar, não acontece somente no momento de execução da pesquisa. Até porque a pesquisa inicia no momento em que se começa a pensar sobre o problema a ser investigado. A coleta de dados se dá, portanto, desde o princípio do plano de estudo, ou mesmo em tempo anterior a ele, naquele momento do “pensar”. Dessa forma, a coleta de dados será por meio da análise de materiais bibliográficos e documentais já produzidos. Serão feitas comparações bibliográficas para que os objetivos propostos sejam atingidos. 11 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 INOVAÇÃO Segundo o Manual de Oslo (2005), há quatro tipos de inovação: Produto, Processos, Marketing e Organizacional. Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Ou seja, temos as seguintes definições: Inovação de produto trata da introdução de um novo bem ou serviço no mercado ou um produto significativamente aprimorado em relação a suas características; Inovações de processo representam mudanças significativas nos métodos de produção e de entrega; Inovações organizacionais referem-se à implementação de novos métodos organizacionais. Essas podem ser mudanças nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da empresa; Inovações de marketing envolvem a implementação de novos métodos de marketing. Esses fatores podem incluir mudanças no design de produtos e embalagens, em promoção de produtos e colocação, e em métodos para precificação de produtos e serviços. A inovação é diferente do invento, que é uma ideia ou um modelo para um novo produto ou processo melhorado. Em termos econômicos, uma invenção torna- se uma inovação quando o produto ou processo melhorado é introduzido pela primeira vez ao mercado (RENNINGS, 2000). A inovação é um processo sistêmico de mudança tecnológica e social que consiste na invenção de uma ideia de mudança e sua aplicação prática (CARRILLO- HERMOSILLA; GONZÁLEZ; KÖNNÖLÄ, 2009). Dias (2014) aponta que a inovação pode ser compreendida como um conjunto de esforços que estão orientados para o desenvolvimento de novos 12 produtos e serviços e para a mudança nos aspectos técnicos, administrativos e comerciais da empresa com o intuito de gerar um impacto positivo no mercado. Uma inovação é uma ideia, prática ou objeto que é percebido como novo. É "objetivamente" nova quando é medida pelo período de tempo desde a sua descoberta até a sua primeira utilização. Se a ideia parece nova para o indivíduo, podemos dizer que é uma inovação. Mas, o aspecto de "novidade" de uma inovação pode ser expressada em termos de conhecimento, persuasão, ou de uma decisão a tomar (ROGERS, 1983). A inovação, na abordagem de Straete (2004), baseia-se em um processo fundamental de realização de novas combinações de recursos e produção. Ela é entendida como uma mudança de um sistema de produção, expressa em novas ações dentro de uma empresa. Inovação é a modificação de como os produtos são feitos e não a quantidade de produtos. Representa a criação de produtos que conseguem ser influentes o suficiente para criarem novos mercados. Relembrando que o importante não é produzir para gerar valor econômico, mas sim, conseguir criar fatores que se combinem entre si e a partir disso surjam novos significados de produção (SCHUMPETER, 1939). Em uma visão mais ampla, Muzart (1999) acrescenta que, a inovação é um meio de alavancar a economia através do conhecimento científico levando a grandes investimentos das empresas. Existem dois tipos de inovação, sendo eles: a inovação incremental, que se refere a uma pequena alteração ou até mesmo uma melhoria significativa de processo ou produto já existente e ao lançamento de um produto que é novo para a empresa, mas que não é novo para o mercado, por exemplo, a criação de cd’s depois DVD’s e por último o Blu-ray; e a inovação radical, que se refere à implementação de novos processos e produtos que são novos para o mercado e para os avanços tecnológicos, por exemplo, as músicas que eram armazenadas em cd’s e passaram a serem armazenadas em mp3 (DUGUET, 2003). É necessário ressaltar que, para haver inovações faz-se necessária a interação entre Universidade-Empresa-Governo. Esta relação foi amplamente difundida por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff como a Hélice Tríplice, na qual a universidade é responsável pela geração do conhecimento e inovação, a empresa 13 por materializar e possibilitar que os produtos e/ou serviços oriundos de Pesquisas e Desenvolvimentos das universidades sejam introduzidos no mercado, enquanto o governo tem o papel de regularizar esses trâmites de transferência tecnológica e fomentar as atividades econômicas envolvidas no processo de inovação(BENEDETTI; TORKOMIAN, 2009). Silva, Lopes e Netto (2010) complementam o conceito da Hélice Tríplice, apontando que a transferência de ciência e tecnologia é principalmente importante para a sociedade no sentido de gerar o desenvolvimento econômico do país, mas também fundamental para incorporar conhecimento das próprias universidades, empresas e governo. Portanto, essa relação dependente entre ensino, pesquisa e extensão e a transferência de conhecimento cria um ambiente favorável para que as três pás da hélice (universidade-empresa-governo) atuem de forma a favorecer o movimento cíclico e contínuo do processo criativo e inovador. A figura 1 representa a relação descrita acima entre universidade-empresa- governo: Figura 1 - Hélice Tríplice Fonte: Triple Helix Research Group-Brazil (2013) Além disso, dentro da teoria sobre inovação, a discussão sobre inovação aberta é complementar à parceria empresa-universidade. Inovação aberta é um 14 paradigma que assume que as empresas podem e devem usar ideias e caminhos internos e externos para o mercado, e assim compreender o avanço das tecnologias criadas. O modelo de negócio pautado na inovação aberta utiliza ambas as ideias, as internas e as externas para criar valor. Além do mais, assume que ideias internas também podem ser tomadas para o mercado através de canais externos, fora dos negócios atuais da empresa, para gerar valor adicional (CHESBROUGH; VANHAVERBEKE; WEST, 2005). No contexto atual, inovar se torna uma necessidade dos negócios. Segundo Mytelka e Smith (2001), as teorias da inovação surgiram em um período de mudança dramática, em que as expectativas de crescimento econômico estavam diminuindo depois do pós-guerra em um ambiente de rupturas tecnológicas. Neste sentido, surgem sistemas e instituições de inovação para legitimar esses conceitos e promovê-los na forma de dispositivos de elaboração de políticas nacionais. Por isso, a inovação passa a ser essencial para o desenvolvimento econômico contínuo e começa a estar no centro das preocupações tanto das empresas, quanto dos países. No Brasil, em dezembro de 2004, o Governo Federal promulga a lei Nº 10.973, conhecida como a “Lei da Inovação”: Art. 1o Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País (Planalto, 2004). Como consequência para as empresas, surge à necessidade de criarem estruturas físicas e de gestão para acompanhar os mercados. Dias (2014) lembra da gestão do conhecimento, ou seja, da necessidade de capacitar os funcionários para serem agentes pensantes e capazes de resolver problemas de forma racional e sustentável, quando necessário. A Inovação, portanto, passa a ser um diferencial muito importante para o crescimento e sucesso das empresas, visto que está criando algo novo para o mercado e, acima de tudo, que gerará necessidade de consumo do público-alvo ou daqueles que estão envolvidos no processo (NATUME; CARVALHO; FRANCISCO, 2008). 3.2 SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL 15 Antes de aprofundar-se nos conceitos sobre a sustentabilidade atual, vale ressaltar que o termo sustentabilidade surgiu a partir de uma pesquisa desenvolvida pela médica norueguesa Gro Harlem Brundtland. Ela definiu que a geração presente deve utilizar os recursos naturais sem comprometer os mesmos recursos para que as gerações futuras também possam usufrui-los (WCDE, 1987). Luiz Chor (presidente do conselho empresarial de responsabilidade social do sistema FIRJAN), na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), (entrevista transcrita pelo SESI) define que: a Sustentabilidade está na base da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) que compreende o conjunto de práticas e ações socialmente responsáveis, ambientalmente corretas e economicamente viáveis, orientadas para o relacionamento ético e equânime com todos os públicos envolvidos no negócio. De acordo com Eduardo Viola (professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília) na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), transcrita pelo SESI, afirma que existem quatro tipos de empresas em questão de preocupação com a poluição de emissão de carbono na atmosfera. Começando com as conservadoras, que têm potencial de poluir mais. O segundo tipo é o das empresas moderadas, que têm mentes conservadoras na direção da empresa e que poluem menos, mesmo não tendo total empenho na diminuição do carbono. O terceiro tipo é o reformista, que inclui as empresas que poluem bastante, porém tem dirigentes que estão empenhados em reformar toda a estrutura para poluir menos. E por último, as vanguardistas que são empresas que poluem muito pouco, e têm dirigentes vanguardistas, que estão preocupados com a diminuição da poluição de emissão do carbono. Os dois primeiros tipos de empresas são as que mais dificultam o compromisso sustentável e não são transparentes com relação ao nível de poluição por elas lançado ao meio ambiente. No quesito ambiental em específico, existem novas exigências legais, de mercado e da sociedade em geral para serem atendidas. O enfoque econômico, antes preponderante no planejamento, vem sendo substituído por um conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável, no qual as metas de crescimento estão associadas aos esforços de redução dos efeitos nocivos ao meio ambiente (STROBEL et al., 2006 apud SILVA; QUELHAS, 2008); Pois o que ocorre, de acordo com Dias (2014), é que está havendo um aumento da consciência ambiental da 16 sociedade como um todo, o que acaba forçando as empresas a agirem de forma responsável em relação ao meio natural que estão inseridas, tanto no que se refere aos recursos que utiliza, quanto aos resíduos que descarta no ambiente. Devido à preocupação ambiental, as empresas passaram a preocupar-se mais em nível global, a fim de encontrar, junto com a sociedade, soluções para sanar os grandes impactos que foram gerados (BELLEN, 2005). E quando se remete à sustentabilidade, trata-se também de suas bases, visto que elas separadamente não representam a sustentabilidade. Estamos falando do Triple bottom line, como mostra a figura 2, criado por John Elkington (2012), que define cada uma das bases sendo como, econômica, ambiental e social. O triple bottom line serve para medir a sustentabilidade através dos três P’s que são Pessoas, Planeta e Proveito (lucro) (SLAPER; HALL, 2011). Figura 2 - Tripé da Sustentabilidade Fonte: Saga (Sustainable Aviation Guidance Alliance) 2016 Slaper e Hall (2011) dizem que, para medir o pilar econômico, usam-se as variáveis que tenham relação com o fluxo de dinheiro, como análise do rendimento ou das despesas, impostos, emprego, e os fatores de diversidade de negócios. Para as variáveis ambientais, devem-se representar as medições de recursos naturais e 17 refletir potenciais influências para a sua viabilidade. Podem incorporar a qualidade da água e do ar, o consumo de energia, recursos naturais, resíduos sólidos e tóxicos e o uso da terra / cobertura da terra. E por último, as variáveis sociais referem-se a dimensões sociais de uma comunidade ou região e poderiam incluir medidas de educação, equidade e acesso aos recursos sociais, saúde e bem-estar, qualidade de vida e capital social. Munck, Munck e Borim-de-Souza (2011) aprofundaram mais detalhadamente a definição de cadapilar da sustentabilidade (tripé) e caracterizam cada uma delas da seguinte forma: Sustentabilidade Econômica (SE) tem a preocupação com a facilidade econômica-financeira focando a ecoeficiência e a inserção socioeconômica em novos mercados, oferta de emprego e competitividade, visando o retorno econômico e social para todos que fazem parte da organização através de um bom fluxo de caixa com uma liquidez necessária; Sustentabilidade Ambiental (SA) direcionada para o meio ambiente através das colaborações da justiça socioambiental e da ecoeficiência, visa em minimizar os impactos ambientais por meios de regulamentações governamentais e iniciativas que fazem as reciclagens terem o melhor aproveitamento de recursos energéticos e encontrar formas de impactar menos no ambiente com os processos e produtos criados pelas empresas, assim garantindo, para as gerações futuras, acesso aos escassos recursos naturais; Por último, a Sustentabilidade Social (SS), que por sua vez, é focada no meio social e na preocupação com inserção socioeconômica e a justiça socioambiental, para que todos tenham direito e acesso à educação, saúde, salários justos e aos direitos humanos, sem discriminações no ambiente de trabalho. Vale ressaltar que o desenvolvimento sustentável tomou proporções maiores embaladas pelas grandes corporações mundiais e também pela ajuda de ONGs. No entanto, algumas empresas se dizem sustentáveis, mas, de fato, focam somente no pilar econômico, não cumprindo o Triple Bottom Line, o que é caracterizado como Greenwashing (maquiagem verde). Esse termo indica que as empresas realizam grandes investimentos em propagandas que enganam ao dizer que se comprometem com a produção e produtos menos impactantes ao meio ambiente e que na verdade só se preocupam com o lucro e com a boa imagem da empresa (FURTADO, 2005). 18 Barbieri (2012) defende que a sustentabilidade existe e tem que existir para conscientizar as empresas e as pessoas que determinadas ações podem ocasionar danos irreparáveis. Dessa forma, é preciso não negar a existência dos danos e sim se conscientizar para encontrar meios alternativos que não sejam tão danosos. Assim, observa-se o valor de se investir em inovações que possam contribuir para a sustentabilidade. Statema (2011) diz que os produtos e serviços sustentáveis estão sendo cada vez mais rotulados como produtos de qualidade. Os governos, designers, desenvolvedores de projetos, produtores e fornecedores estão ficando mais e mais convencidos do seu valor a partir de uma visão de responsabilidade social. 3.3 ECO-INOVAÇÃO A eco-inovação pode ser representada por qualquer tipo de inovação que seja voltada para o desenvolvimento sustentável, pelo qual a empresa tenta se utilizar de processos de produção e descartes que não degradem a natureza, explorando os recursos naturais de forma consciente. A eco-inovação também inspira as empresas a criarem ideias de produtos que sejam retornáveis e bio-degrádaveis quando descartados no meio ambiente (EIO, 2016). Ela engloba a novidade ou as soluções e melhorias introduzidas significativamente em qualquer fase do ciclo da vida do produto, com o objetivo de usar os recursos de forma mais eficiente ou reduzir o impacto ambiental. De fato, a evidência sugere que os maiores ganhos de eficiência e de recursos podem ser realizados a montante da cadeia de fornecimento, que é na produção de base (principalmente durante a extração da matéria-prima), de produtos intermediários. A jusante do ciclo de vida do produto (uso do produto e práticas de consumo) estão os ganhos de eficiência de recursos que são significativamente mais baixos (REID; MIEDZINSKI, 2008). Maçaneiro e Cunha (2010) definem que a eco-inovação se preocupa com a redução dos danos ambientais se empenhando no desenvolvimento de produtos e processos mais ecológicos com a participação de todos que estão dentro e fora da empresa. 19 Portanto, a eco-inovação é a mudança tecnológica nos processos de produção e produtos. Também pode ser considerada uma mudança no comportamento dos usuários individuais ou organizações. E tem sido estudada como uma perspectiva estratégica para renovar o negócio. Mais comumente, a eco-inovação refere-se às novas tecnologias que melhoram o desempenho econômico e ambiental, mas também algumas definições incluem mudanças organizacionais e sociais para melhorar a competitividade e sustentabilidade em seus pilares sociais, econômicos e ambientais (HERMOSILLA; GONZÁLEZ; KÖNNÖLÄ, 2009). A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, OECD (2009, p.40) aponta que a eco-inovação pode ser descrita como: a implementação de novos, ou significativamente melhorados, produtos (bens e serviços), processos, métodos de marketing, estruturas organizacionais e arranjos institucionais que, com ou sem intenção, promovem melhorias ambientais comparado com as alternativas correspondentes. O quadro 1 apresenta a definição de eco-inovação feita pelos principais autores da área. Quadro 1 - Conceitos de Eco-Inovação Autores Conceituação James (1997) A eco-inovação é considerada como novo produto ou processo que agrega valor ao negócio e ao cliente, diminuindo significativamente os impactos ambientais. Rennings (1998), Kemp e Foxon (2007) e Arundel e Kemp (2009) É a produção, aplicação ou exploração de um bem, serviço, processo de produção, estrutura organizacional ou de gestão ou método de negócio que é novo para a empresa ou usuário. Os resultados, durante o seu ciclo de vida, são para uma redução de riscos ambientais, poluição e os impactos negativos da utilização dos recursos, se comparado com as alternativas correspondentes. Andersen (2008), Foxon e Andersen (2009) É definida como inovação que é capaz de atrair rendas no mercado, reduzindo os impactos ambientais líquidos, enquanto cria valor para as organizações. Könnölä; Carrillo- Hermosilla; Gonzalez (2008) É um processo de mudança sistêmica tecnológica e/ou social que consiste na invenção de uma ideia e sua aplicação na prática da melhoria do desempenho ambiental. Reid e Miedzinski (2008) É a criação de novos e competitivos esforços de produtos, processos, sistemas, serviços e procedimentos concebidos para satisfazer as necessidades humanas e proporcionar melhor qualidade de vida para todos, com utilização mínima do ciclo de vida de recursos naturais e liberação mínima de substâncias tóxicas. OECD (2009a) Representa uma inovação que resulta em uma redução do impacto ambiental, não importa se esse efeito é intencional ou não. O âmbito da eco-inovação pode ir além dos limites convencionais das empresas em inovar e envolver um regime social mais amplo, que provoca alterações das normas sócio-culturais e estruturas institucionais. Fonte: Maçaneiro e Cunha (2010). 20 Em síntese, o quadro acima expõe que a eco-inovação é uma inovação que fundamenta-se em mudanças e melhorias nas práticas ambientais, dentro de uma “dinâmica de ecologização de produtos, processos, estratégias de negócios, mercados, tecnologias e sistemas de inovação. Nesse contexto, ela é definida por sua contribuição à redução dos impactos ambientais de produtos e processos”. (MAÇANEIRO; CUNHA, 2010, p. 4) Os autores Dangelico e Pujari (2010) dizem que, embora nenhum produto de consumo tenha um impacto nulo sobre o meio ambiente, no mundo dos negócios os termos "produto verde" ou "produto ecológico" são comumente usados para descrever aqueles que se esforçam para proteger ou melhorar o ambiente natural, através da conservação de energiae/ ou dos recursos e da redução ou eliminação do uso de agentes tóxicos, poluidores e qualquer tipo de resíduos. A inovação de produto verde é um processo plurifacetado, em que há três tipos principais de enfoque ambiental e que são destacados com base no seu grande impacto sobre o meio ambiente - material, energia e poluição, em diferentes fases do ciclo de vida física do produto - o processo de fabricação, o uso e a eliminação. É importante observar que nem todos os produtos têm um impacto ambiental significativo em cada fase do ciclo de vida, mas quase todos os produtos têm um impacto ambiental significativo em pelo menos uma das fases. Por exemplo, o impacto ambiental de uma empresa de móveis pode ser primariamente nas florestas (material), enquanto o principal impacto ambiental do fabricante da máquina de lavar roupa ocorre durante o uso do produto (uso de energia, uso da água e a utilização de detergentes). Há, claro, outras indústrias de alto impacto ambiental, tais como, automóvel e óleo, cujo impacto ambiental pode ser maior, pois abrange todas as fases do ciclo de vida física (de fabricação, uso do produto e eliminação) (DANGELICO; PUJARI, 2010). A inovação de produto provoca diretamente o surgimento da inovação de processo, como, por exemplo, uso de tecnologias limpas, fontes de energia renováveis, utilização de substâncias que não são perigosas e utilização de materiais biodegradáveis (MULVANEY; ROBBINS, 2011). No entanto, existem fatores que dificultam a adoção de tecnologias ambientais nas organizações. Dias (2014) pontua a necessidade de ser economicamente viável para a empresa aderir ao uso de novas tecnologias, 21 principalmente as tecnologias limpas. Dentre essas dificuldades que as organizações enfrentam para usarem a tecnologia a favor da sustentabilidade, o autor aponta três fatores mais relevantes: Fatores internos: infraestrutura, condição financeira da empresa, estratégia empresarial, incorporação de questões ambientais e a dificuldade em se adaptar a mudanças. Fatores externos: regulamentações ambientais, pressão dos stakeholders e o fluxo de informações procedentes de vários atores sociais envolvidos (concorrentes, centros de pesquisa, ONGs ambientalistas e instituições financeiras, etc.). Características tecnológicas, benefícios e custo de adoção: necessidade de grandes investimentos iniciais e necessidade de substituição de equipamentos e processos produtivos existentes para uso de novas tecnologias a favor da sustentabilidade. A eco-inovação proporciona uma solução “ganha-ganha” que serve para melhorar a competitividade e sustentabilidade econômica, uma vez que começa no nível estratégico da empresa e se estende para além da empresa através de sua influência atingindo todos os envolvidos desde os fornecedores até os clientes. Além do mais, a eco-inovação visa reduzir os impactos sobre o meio ambiente, aumentando a resistência às pressões ambientais, além de utilizar de forma mais eficiente e responsável os recursos naturais (PORTAL NAÇÕES UNIDAS, 2016). O crescimento dos mercados, as pressões regulamentares e de reputação somadas à crescente escassez de recursos e degradação ambiental, reforçam, portanto, a prática da eco-inovação. Em outras palavras, ela funciona através de uma nova estratégia de negócios, que incorpora a sustentabilidade em todas as operações de negócios, baseada no ciclo de vida dos produtos e envolve parceiros em toda a cadeia de valor. Com a implementação de um conjunto de modificações coordenadas para produtos (bens / serviços), processos, abordagens de mercado e estruturas organizacionais, a eco-inovação permite a criação de soluções inovadoras que são capazes de conduzir a maiores níveis de desempenho sustentável e competitividade (PORTAL NAÇÕES UNIDAS, 2016). Por fim, o conceito de eco-inovação é importante, porque ele cruza a degradação ambiental com a inovação e os processos dinâmicos do mercado. 22 Compreender a eco-inovação implica na compreensão da evolução das relações entre a sociedade, a natureza e as tentativas de desenvolver novas soluções para lidar com a degradação ambiental causada pelo homem (ANDERSEN, 2010). 3.4 MODELOS ORGANIZACIONAIS E PROGRAMAS DE INCENTIVO PARA A ECO-INOVAÇÃO A fim de avaliar a eco-inovação nos setores organizacionais, foram criados modelos teóricos por parte de alguns autores. Começando com o Nidumolu, Prahalad e Rangaswami (2009), que desenvolveram cinco estágios pelos quais as empresas devem passar com eficiência para se tornarem sustentáveis. O primeiro estágio define como as empresas devem olhar as normas, de forma a serem pioneiras no processo de sustentabilidade e inovações. No segundo estágio, com as empresas já cientes das suas responsabilidades, elas entram em acordos com outras empresas com que fazem negócios, para estender a sustentabilidade para sua cadeia. O terceiro estágio é o desenvolvimento e aperfeiçoamento de projetos de novos produtos ecológicos em parcerias com as empresas já envolvidas para se tornarem sempre as pioneiras em lançamentos de produtos que não degradem o meio ambiente. No quarto estágio, as empresas desenvolvem novos modelos atrelados à sustentabilidade. No quinto e último estágio, as empresas colocam em prática tudo o que foi elaborado, criando processos e produtos sustentáveis através das eco-inovações. Butler, Henderson e Airborn (2011) apontam dois indicadores financeiros e não-financeiros que servem para medir o desempenho eco-inovador de uma empresa. Esses indicadores são chamados de Lagging e Leading, sendo que o primeiro mede quantitativamente o resultado das estratégias das organizações para depois compará-lo futuramente, enquanto que o segundo mede qualitativamente a satisfação do cliente e a inovação organizacional, sendo mais importante por predizer melhor os resultados futuros. Esder (2008) elabora um medidor de desempenho de eco-inovação através do Lagging e do Leading. Começando pelo Lagging, ela define sete indicadores que são eles: intensidade de materiais (uso); intensidade energética (uso); dispersão de substância tóxica; reciclabilidade de materiais e substâncias utilizadas; intensidade de uso de materiais renováveis; durabilidade do ciclo de vida; e intensidade de 23 utilização de serviço em um sistema de produção. O Leading é o diálogo com os stakeholders; utilização de sistemas de feedback do usuário para fins de aprendizagem interativa; integração de fornecedores em esforços de eco-inovação; capacidade de utilizar a pressão da concorrência para fins de eco-inovação; a obediência das leis "verdes" e os regulamentos destinados à redução do impacto ambiental; e os esforços de marketing. Portanto, uma combinação de falta de recursos naturais causadas pela devastação ao meio ambiente e ao mesmo tempo a pressão por novas estratégias para crescer diante das concorrentes em um mercado cada vez mais competitivo, fazem com que as empresas direcionem os seus negócios para a sustentabilidade, usando a eco-inovação como um meio de conquistar esses novos mercados (PORTAL NAÇÕES UNIDAS, 2014). A figura a seguir reforça o que acabou de ser descrito, mostrando o compromisso e as oportunidades que podem ser conquistadas através da eco- inovação implementada em uma empresa: Figura 3: Oportunidades para eco-inovação 24 Fonte: Portal Nações Unidas (2016) De acordo com Dias (2014), uma prática que vem sendo difundida é a do ecoempreendedorismo, que é a combinação das palavras ecologia (eco) e empreendedorismo, e acarreta na criaçãode empreendimentos inovadores que fornecem produtos e/ou serviços ambientalmente corretos. É compreendido como uma ação empreendedora que contribui amigavelmente com o meio ambiente que está inserido. Mcewen (2013) diz que existem algumas questões que podem justificar a necessidade do ecoempreendedorismo para solucionar problemas ambientais, tais como: Os recursos finitos: Os nossos recursos são finitos e muito deles depois de consumidos não podem ser recriados, e a longo prazo serão escassos ou inexistentes devido à diminuição ou esgotamento dos recursos naturais, como, por exemplo, o petróleo, o suprimento de 25 peixe e os minerais. Além disso, devido à atividade econômica e ao consumo, a maioria dos nossos recursos se tornam resíduos. Como resultado, temos o problema da poluição, que afeta seriamente os seres humanos e o ecossistema, podendo levar à acumulação de gases do efeito estufa, intensificando as mudanças climáticas. Os ecoempreendedores devem sempre buscar alternativas, como, por exemplo, reciclar materiais ou utilizar novas fontes de energia, como a eólica, hídrica ou solar. Crescimento da população mundial: A população mundial deverá aumentar cerca de 50% até 2050, e com esse aumento considerável os problemas de consumo devem se agravar, embora parte desse consumo seja importante para aliviar a pobreza em muitos países emergentes, mas isso será feito por consumidores de alto poder aquisitivo e poderá ter um impacto negativo sobre os ecossistemas. Os ecoempreendedores são importantes para encontrar novas tecnologias para proteger o meio ambiente, e para garantir que hajam recursos suficientes para suprir as necessidades atuais da população e das gerações futuras. Perda de biodiversidade: A degradação do ambiente e a extinção de espécies estão ocorrendo de forma muito acelerada, o que torna necessário um novo tipo de empreendedor, aquele que se foca em incorporar preocupações ambientais em sua linha de fundo. Além das iniciativas privadas de incorporar os princípios da sustentabilidade, como demonstrado pela eco-inovação e o ecoempreendedorismo, também existem iniciativas públicas. No Brasil, por exemplo, em 5 de junho de 2012, dia Mundial do Meio Ambiente, a presidente Dilma Rousseff assinou um decreto com o objetivo de tornar as empresas do governo sustentáveis, dando preferência à aquisição de produtos verdes e que foram criados em processo de fabricação sustentável. O decreto criou regras e definiu um percentual mínimo de compra de “produtos verdes” nas licitações públicas. O objetivo era criar escalas de produção para esses produtos e incentivar o setor privado a fazer o mesmo dentro de seus programas, tendo em vista que o setor público é um grande comprador e consegue induzir todo 26 o mercado. (SOUZA; EXMAN; RODRIGUES, 2012; SCIARRETTA; ROLLI, 2012 apud DIAS 2014). Na Europa, mais especificamente em Portugal, existem políticas públicas que são uma espécie de incentivo do Governo para que as empresas invistam e desenvolvam a eco-inovação e assim aumentem a sua competitividade. Esses incentivos são feitos pela, (ANI: Agência Nacional de Inovação), que tem a função de alinhar as “políticas de Investigação e Desenvolvimento, Inovação e Empreendedorismo de base tecnológica”; pela (IAPMEI: Agência para a Competitividade e Inovação) “que tem o foco em reforçar a inovação, o empreendedorismo e o investimento empresarial, sobretudo das empresas de pequena e média dimensão”; e pela (AICEP :Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) “que tem a preocupação de promover a internacionalização” (CÂMARA MUNICIPAL DE VILA NOVA FAMALICÃO, 2015). Para que houvesse essas parcerias (citadas no parágrafo anterior) entre o setor público e o privado foi criado um programa chamado ECOPOL (Public Partnership for Better Inovation Policies and Instruments in Support of Eco- Innovation), que traduzindo significa “Parceria Pública para as melhores políticas de inovação e instrumentos de apoio à eco-inovação”. Esse programa europeu que envolve seis países da Europa, sendo eles, Alemanha, Áustria, Finlândia, Grécia, Portugal e Suécia, tem a “missão de promover a cooperação transnacional no desenvolvimento e implementação das melhores políticas e instrumentos de eco- inovação, ao nível nacional e regional” (AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE, 2016). Enquanto que, no Brasil, os investimentos e desenvolvimentos na área de inovação estão muito fracos e tem poucos incentivos de políticas que realmente façam a diferença (mesmo tendo crescido o número de instituições que incentivem a inovação, como por exemplo, o BNDES e a FINEP e leis como a Lei de Inovação e a Lei do Bem), e mesmo existindo investimentos públicos com o PIB de 0,6% em inovação, percentuais que estão próximos a de vários outros países; ainda, assim há escassez de investimento principalmente no setor privado, devido a problemas de se conseguir linha de créditos, isenções fiscais e financiamentos fatores que inibem o desenvolvimento na área de inovação e perdem em quesito de competitividade (PACHECO e ALMEIDA, 2013). Dito isso, podemos corroborar Ansanelli, Moro e 27 Sartori (2013), que mostram que existe a falta de políticas públicas e interesses dos setores públicos e privados em criar programas destinados a eco-inovação (base da inovação). 3.5 IMPACTOS DA ECO-INOVAÇÃO Por não haver muito material de pesquisa no Brasil que demonstre medidas de mobilização, inserção e o principal, que é o resultado dos impactos da eco- inovação, falaremos de uma ferramenta que serve para medir a eco-inovação na Europa e a ascensão da eco-inovação e o comprometimento desses países para demonstrarmos a sua importância e assim termos uma noção do importante reflexo que ocasionaria no Brasil se houvesse o mesmo desempenho ou se o país se comprometesse com a mesma responsabilidade que a Europa se compromete. Estamos falando de uma ferramenta chamada The Eco-Innovation scoreboard, que quer dizer “O índice da eco-inovação”. De acordo com a Comissão Européia (OBSERVATÓRIO ECO-INOVAÇÃO, 2016), ela é usada para avaliar e comparar o desempenho entre todos os países pertencentes à União Europeia. O índice da eco-inovação é um medidor com base na média dos 27 países e o quanto obtiveram em quantidade dos indicadores em cinco áreas: entradas de investimentos (input), atividades de eco-inovação, saídas de eco-inovação (output), resultados de eficiência de recursos e resultados socioeconômicos, mostrando o quanto da performance foi bem desenvolvida por cada Estado-Membro apresentado em diferentes dimensões da eco-inovação em comparação com a média da União Europeia, afim de conhecer os seus pontos fortes e fracos. A ferramenta também visa promover uma visão holística sobre o desempenho econômico, ambiental e social. O índice da eco-inovação é calculado por números específicos de cada país em cada um dos indicadores e depois ponderados com a parte da população, a fim de calcular uma média da União Europeia, que corrige o viés de pequenos Estados- Membros. Assim, a média da União Europeia mostra a média ponderada de todos os dados específicos de cada país dos Estados-Membros. A média de indicadores da União Europeia que mostra números absolutos (por exemplo, consumo de material doméstico [DMC] e o PIB para calcular o indicador de produtividade 28 material) é construído é diretamente pela soma dos dados subjacentes. Para padronizar a medida dos vários indicadores é utilizado um método chamado de "Distância-da-referência", no qual o valoré 100 para a União Europeia. Os países com valores mais elevados do que a média da União Europeia obtêm uma pontuação maior do que 100 e países com valores mais baixos obtêm pontuações menores do que 100, dependendo do desvio da média da União Europeia. Os dados em falta não são substituídos por estimativas e os países para os quais não existam dados disponíveis não tem um resultado definido. A pontuação do índice em cada uma das cinco zonas é calculada pela média não ponderada dos indicadores subjacentes. Consequentemente, cada indicador tem o mesmo peso nas cinco áreas. O índice geral de um Estado-Membro da UE é calculado pela média não ponderada de 16 sub-indicadores, a fim de evitar viés por áreas de avaliação que consistem apenas de alguns indicadores (OBSERVATÓRIO ECO-INOVAÇÃO, 2016). O relatório do Observatório Eco-Inovação (2016) diz que a Finlândia é o país com mais investimentos quando comparada aos outros países da União Europeia em relação a educação de base, pesquisas, desenvolvimento de produtos tanto na área dos negócios quanto na área da indústria. A sua política de inovação está ligada às políticas de ciência e tecnologia, que juntas têm por objetivo assegurar um desenvolvimento equilibrado e uma ampla cooperação no âmbito do sistema de inovação. O sistema nacional de inovação na Finlândia é explicitamente envolvido no setor ambiental, fazendo com que o país se baseie fortemente no valor obtido a partir de recursos naturais. Ao mesmo tempo, a Finlândia tem recursos naturais abundantes em termos de floresta limpa, água doce, reservas minerais e terras aráveis. Devido a esse comprometimento finlandês com a política de desenvolvimento da inovação e eco-inovação, o país implementa fiscalizações ambientais para não haver degradação ambiental. No mesmo relatório do Observatório Eco-Inovação (2016), o desempenho de Portugal quanto a eco-inovação, pode ser descrito como em fase de transição porque tem pouca inovação. Ele tem muito melhor desempenho em atividades de eco-inovação devido ao alto nível de certificação ambiental nas empresas. Portugal tem feito progressos dramáticos nas energias renováveis (energia, principalmente solar), implementado práticas de e-governança. Esse país mostra compromissos 29 com a redução de 20% no consumo de energia por meio de projetos inovadores em veículos elétricos, redes inteligentes, produção descentralizada renovável à base de vento, por exemplo, e gestão energética dos edifícios. E finalizando os dados deste relatório da EIO (2016), o país que lidera o ranking dos países que investem em eco-inovação é a Suécia, que tem especialmente alto desempenho em entradas e saídas de eco-inovação por causa dos recursos humanos, investimentos em tecnologia limpa e eco-patenteamento. A eco-inovação é um componente importante na estratégia de política ambiental nacional da Suécia. O governo sueco diz, que o desenvolvimento e utilização de boa tecnologia ambiental são meios importantes de redução do impacto ambiental negativo do consumo e produção e ao mesmo tempo gera a competitividade e o crescimento industrial são promovidos. A abordagem sueca não só inclui tecnologias, essas também envolvem ideias holísticas sobre soluções de sistemas integrados. Além do mais que esse país tem uma forte reputação de desempenho ambiental que se baseia em uma abordagem pró-ativa (incluindo uma política ambiental ativa) para enfrentar os desafios ambientais, desenvolvendo uma competência elevada no domínio das eco-inovações tecnológicas. As áreas em que o país é particularmente bem sucedido incluem a gestão de resíduos, água e tratamento de esgoto, energia renovável, purificação do ar e aumento da eficiência energética. Novas áreas em ascensão incluem informação, comunicação e tecnologia, tecnologia espacial, biotecnologia e nanotecnologia. Nas palavras de Andersen (2008), a eco-inovação alterou a competitividade na economia, tornando a concorrência mais forte devido à globalização e desregulação; houve uma mudança estrutural desde a fabricação à base de escala para novas estratégias orientadas para a inovação; a inovação tornou-se muito mais rápida, mais amplamente difundida na economia e mais ligada ao progresso científico. E com isso criaram-se novas oportunidades de eco-inovação na economia, tornando os mercados mais transparentes, fazendo com que as empresas tenham de prestar contas do que elas estão fazendo (globalmente) tornando-se mais comunicativas, ou seja, mais informações sobre os produtos são cada vez mais importantes: como a marca e a concorrência para o capital humano - novas exigências para as empresas do mercado de trabalho. 30 Por isso, é importante ter indicadores para a eco-inovação. Para Arundel e Kemp (2009), a medição da eco-inovação ajuda a avaliar o progresso dentro de várias categorias, quanto de progresso as nações estão fazendo para dissociar o crescimento da degradação ambiental, e permite uma análise dos responsáveis pela eco-inovação e das suas consequências econômicas e ambientais. Os benefícios da medição da eco-inovação podem ser descritos em: Ajudar os gestores a compreender, analisar e comparar a tendência geral da atividade da eco-inovação (aumentando ou diminuindo as transições na natureza da eco-inovação tal como de tratamento de rejeitos do final do ciclo, para a produção mais limpa e aumento da reciclagem e reutilização); Ajudar os formuladores de políticas para identificar a direção e barreiras de eco-inovação. Essas informações podem subsidiar a formulação de políticas eficazes e condições de enquadramento, tais como impostos sobre a poluição; Aumentar a consciência da eco-inovação entre as partes interessadas e incentiva as empresas a aumentar os esforços de eco-inovação com base na análise dos benefícios para empresas, setores e nações; Auxiliar a sociedade para dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental. O Portal Nações Unidas (2014) define que a eco-inovação adiciona valor, que cria fatores de competitividade, como observado na figura a seguir: Figura 4: Valor adicionado pela eco-inovação. 31 Fonte: Portal Nações Unidas (2016). Os fatores são detalhados pela UNEP (2014) da seguinte forma: Fator 1: Acesso a novos e emergentes mercados: -A demanda do mercado por soluções eco-inovadoras está crescendo rapidamente em muitos setores. Há várias empresas que alcançaram novos segmentos iniciando pelo mercado de consumidores de baixa renda para mais tarde passar para o mercado de consumidores de alta renda, ou acessando as cadeias de grandes empresas de fornecimento em áreas inexploradas, onde não havia solução para se criar um tipo de mercado. Eco-inovação também envolve a colaboração com outros parceiros em toda a cadeia de valor, que oferece oportunidades de acesso ao conhecimento e às redes. Fator 2: Aumentar a lucratividade ao longo da cadeia de valor: -Para obter as vantagens da eco-inovação, é necessário olhar para todas as fases da cadeia de valor da empresa para identificar quais são as oportunidades de melhoria e quais são os fatores de risco, trabalhando através de soluções para problemas comuns, o que significa compartilhar os ganhos através do valor social, ambiental e comercial, levando a conquistar um resultado melhor do que fosse apenas uma empresa individual. O valor se consegue através da melhoria da 32 matéria-prima e da eficiência de produção, da minimização de resíduos que iriam para aterros e da otimização dos canais de distribuição através da redução do lead- time.Lead-time é o tempo a partir de quando uma ordem é transmitida por um cliente até que a encomenda seja recebida por esse cliente (ERICKSEN, STOFLET E SURI, 2007). Os ganhos também incluem uma cadeia de suprimentos mais resistente e vantagens relacionadas com o conhecimento em termos de tecnologias e conhecimentos. Fator 3: Antecipar com as normas e legislação: -Os regulamentos e as normas no domínio da política estão se tornando cada vez mais rigorosas em resposta ao crescente imperativo da sustentabilidade. Empresas eco-inovadoras estão tipicamente à frente dos requisitos regulamentares e, portanto, obtêm vantagens competitivas. Quando o regulamento é implementado, elas já estão antecipadas quanto à mudança, tendo inovado, suas tecnologias e processos ao ponto de já terem testado novas soluções. Essa abordagem tem um impacto positivo sobre a reputação da empresa, proporcionando oportunidades de aquisição de liderança na indústria e participação na futura regulamentação. Fator 4: Atrair investimentos: -O acesso às oportunidades financeiras estão aumentando para as empresas que são eco-inovadoras. As aquisições de alto valor e fusões com as empresas eco- inovadoras comprovam isso. Os bancos e investidores de longo prazo, como fundos de pensão, estão cada vez mais investindo em empresas que demonstram maior resiliência e viabilidade a longo prazo. Nos mercados emergentes, os bancos estão cada vez mais fazendo escolhas de investimento com base em iniciativas de sustentabilidade. Para as pequenas, médias e grandes empresas, há um aumento no financiamento de oportunidades por parte dos governos e instituições locais ou agências de financiamento regionais para implementar iniciativas que ligam inovação e sustentabilidade. Fator 5: Aumento da produtividade e capacidade técnica: -A mudança organizacional provocada pela eco-inovação só aumenta a capacidade técnica da empresa e unidades de produtividade. A eco-inovação cria a troca de informações e a participação dos processos de inovação por unidades diferentes dentro de uma empresa, bem como a aquisição de conhecimentos através da colaboração com os parceiros da cadeia de valor, incluindo institutos 33 técnicos. O resultado do processo de aprendizagem e criatividade leva a uma maior capacidade técnica em competências-chave, a uma base de competências fortes e ao aumento do envolvimento dos funcionários que se ligam aos principais indicadores de desempenho do negócio, tais como produtividade e rentabilidade. Esses fatores têm ajudado as empresas a responder aos desafios da indústria, construir cadeias de abastecimento mais resistentes e sensíveis ao obter vantagens de mercado sobre os seus concorrentes. Os clientes dessas empresas desfrutam de valor agregado por meio de fatores variados, tais como: maior qualidade e produtos mais duráveis, novas funcionalidades e um preço mais atraente (PORTAL NAÇÕES UNIDAS, 2014). 34 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo desta pesquisa foi o de demonstrar a real importância das eco- inovações dentro das empresas e a forma como elas são inseridas e praticadas no ambiente empresarial, e, a partir disso, tomar conhecimento dos resultados impactantes e as influências ocasionadas depois das implementações. Olhando mais profundamente, percebe-se que, quando a eco-inovação é inserida nas empresas e ao mesmo tempo é mostrado o porquê da necessidade de inserir essa nova ideia (tendência), cria-se um vínculo muito forte, responsável e efetivo dentro das organizações para que realmente o combinado seja cumprido, servindo de base e influência para as outras empresas, disseminando os conceitos eco-inovadores para a cadeia de valor. Mesmo que seja impulsionada pela vantagem competitiva, o retorno gera valores além de lucros e cortes de custos. Valores que estão atrelados dentro das organizações e se expandem para fora delas, conseguindo impactar no ambiente social e ambiental, dando um novo sentido e esperança, aos que convivem ao redor das empresas, de ter um futuro melhor, ou seja, garantir a continuação da existência deste planeta e, com o tempo, melhorá-lo e torná-lo menos degradado pelas poluições industriais. Como já antes citado, por falta de material bibliográfico no país que apresente um bom aprofundamento no tema e mostre a real situação nacional, foram usados materiais de autores estrangeiros que, além de pesquisar, também criaram teorias e panoramas definidos de suas regiões de origem. Assim, remetendo-nos ao conhecimento das políticas e modelos organizacionais que eles definiram, fica claro que, através de práticas sustentáveis dentro das organizações com a colaboração do governo em incentivos fiscais para novos investimentos em inovações e através de pesquisas junto a universidades, torna-se mais fácil e viável inserir a eco-inovação dentro das empresas. Notou-se que para obter políticas e produtos eco-inovadores uma mudança estrutural nas empresas é requerida, além da necessidade de participação de vários agentes sociais para a implementação dessa prática de forma completa. Os modelos organizacionais voltados para a eco-inovação, no intuito de criar, desenvolver e 35 implantar novos projetos, beneficiam a todos os envolvidos dentro e fora da empresa, trazendo resultados positivos para os stakeholders, incluindo a sociedade. Este estudo pode ser usado como referência para o desenvolvimento de novas pesquisas sobre a eco-inovação no Brasil. No entanto, considera-se que este tema pode ser trabalhado de forma inesgotável e direcionado para várias áreas, tanto de forma mais teórica e acadêmica, quanto de forma mais prática, voltado para a gestão das empresas no que se refere à criação de vantagens competitivas e de produtos/processos inovadores. Por fim, pode-se indicar que a falta de incentivos públicos e privados tornam a eco-inovação algo complicado de se investir e realizar no Brasil. Não se sabe o quanto foi investido em eco-inovação até o momento no país, nem as formas pelas quais os investimentos foram feitos, nem as iniciativas se deram certo ou errado, e muito menos os impactos financeiros, sociais e ambientais ocorridos depois das implementações, sendo uma boa indicação de como e por onde começar uma nova pesquisa para aqueles que tiverem interesse. 36 REFERÊNCIAS Agência portuguesa do ambiente. Disponível em: <http://www.apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=928&sub2ref=1142>. Acesso em: 01 de Maio de 2016. AHMED, SHOHAN; KAMRUZZAMAN, MOHAMMAD. Drivers of eco-innovation. Dissertação. Linköping, Sweden, 2010. Disponível em: <http://www.diva- portal.se/smash/get/diva2:324879/FULLTEXT01.pdf>. Acesso em: 22 de Março de 2016. ANDERSEN, M. M. Eco-innovation in the Knowledge Economy- challenges and opportunities for ICT. OECD workshop ICTs and Environmental Challenges, 2008. ANDERSEN, M. M. 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