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Eletrodinâmica Clássica ??????????? Eletrodinâmica Clássica Organizado pela Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2016 Gelson Barreto Conselho Editorial EAD Andréa de Azevedo Eick Ângela da Rocha Rolla Astomiro Romais Claudiane Ramos Furtado Dóris Gedrat Honor de Almeida Neto Maria Cleidia Klein Oliveira Maria Lizete Schneider Luiz Carlos Specht Filho Vinicius Martins Flores Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. ISBN: 978-85-5639-217-6 Dados técnicos do livro Diagramação: Marcelo Ferreira Revisão: Ane Sefrin Arduim Caro aluno: Esta disciplina aprofunda os seus conhecimentos sobre eletro- magnetismo, tendo como ferramenta os conceitos do cálculo Integral e Diferencial. Em muitos momentos, os conteúdos são deduções de aspectos teóricos da Física. Para um bom aproveitamento nesta disciplina, será necessário: - Rever os conceitos de cálculo, tais como as derivadas e integrais, principalmente as trigonométricas, fazendo uma tabela para as prin- cipais. - Rever produto escalar e vetorial e as suas propriedades. - Rever a disciplina “Física Eletromagnetismo” suas definições, concei- tos e equações. Fazer uma lista com todas as suas equações. - Ter resolvido todas as questões propostas na disciplina “Física Eletro- magnetismo”. Bom estudos... Abraço, Prof. Gelson Barreto Apresentação 1 Campo Elétrico Estacionário 1 ...............................................1 2 Campo Elétrico Estacionário 2 .............................................20 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais ...................40 4 Propriedades Elétricas dos Materiais ....................................67 5 Aspectos Microscópicos da Corrente ....................................88 6 Campo Magnético Estacionário .........................................109 7 Indução Eletromagnética ..................................................131 8 Propriedades Magnéticas dos Materiais .............................151 9 Equações de Maxwell ........................................................170 10 Ondas Eletromagnéticas ...................................................198 Sumário Gelson Barreto1 Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 11 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. 2 Eletrodinâmica Clássica Introdução Neste capítulo, fala-se sobre os sistemas de unidades, caracte- rísticas vetoriais e visita-se a lei de Coulomb, com outra visão. 1.1 Sistemas de unidades eletromagnéticas Há três sistemas de unidades eletromagnéticas: O Sistema Internacional (SI), também conhecido como MKS, é bastante empregado em engenharia e física, sendo usado na maioria dos livros-texto de graduação, e quando se faz cálculos esse é o melhor sistema para se trabalhar. O Sistema Gaussiano, também chamado CGS (centíme- tro-grama-segundo), é mais “limpo” que o SI pela ausência de fatores como ε0 (permissividade elétrica do vácuo) e µ0 (per- meabilidade magnética do vácuo) e a presença frequente de fatores pi4 (muito comuns nas integrações). No lugar desses fatores aparece a velocidade da luz no vácuo (c). O Sistema de Heaviside-Lorentz é uma versão simplifica- da do sistema CGS-Gaussiano, não tendo o fatore pi4 . Esse sistema é bastante empregado em cálculos relativísticos da te- oria quântica de campos e da gravitação. Assim, escolhem-se unidades nesse sistema tais que c = 1 e h = 1, (constante de Planck). Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 3 Na Mecânica, a diferença entre o MKS e o CGS é míni- ma, implicando apenas em alterar potências de dez. No ele- tromagnetismo, essa diferença é maior, pois grandezas como carga e corrente têm dimensões além de unidades diferentes. A lei de Coulomb diz que a força eletrostática (Fe) entre duas cargas puntiformes q1 e q2 é proporcional ao produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância r que as separa. No sistema Gaussiano, escreve-se essa lei como: 2 21. r qqFe = (Eq. 1.1) usando como unidade de carga o statcoulomb (statC). Assim, duas cargas de 1 statcoulomb cada, separadas por 1 cm atraem-se ou se repelem com uma força de 1 dyn (1dyn(1 dina)= 10–5 N). Mas é mais prático e eficiente definir a carga em termos da corrente e esta em termos da força magnética de atração ou repulsão, muito mais fácil de medir em situações experimen- tais. Assim, o sistema SI fica mais acessível. Definindo o ampere (A, unidade de corrente) como sendo: 1 ampere é a corrente que, presente em dois fios longos paralelos e separados por uma distância d = 1m, resulta numa força por metro L FM de módulo: 4 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 1.2) A fórmula para a força entre duas correntes está para o sistema SI como a lei de Coulomb está para o sistema Gaus- siano: L II L FM pi µ 2 210 = (Eq. 1.3) Onde a permeabilidade magnética do vácuo tem módulo: (Eq. 1.4) Tendo sido definido o ampere no SI, usando: (Eq. 1.5) O Coulomb como sendo a carga elétrica que passa por um fio conduzindo uma corrente de um ampere durante um segundo. Agora, a lei de Coulomb tem de se adaptar a essa Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 5 definição, o que se consegue introduzindo uma constante di- mensional: (Eq. 1.6) Assim, a equação (1.1), fica: (Eq. 1.7) Com a definição da constante 0k , surge a constante 0ε (permissividade do vácuo), que tem módulo em função da ve- locidade da luz e de 0µ , a partir da relação: 00 1 µε =c (Eq. 1.8) Utilizando-se: (Eq. 1.9) Obtém-se: 6 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 1.10) É preciso ter muito cuidado quando se fazem cálculos no sistema Gaussiano. Por Exemplo, no sistema Gaussiano, como a constante 0k é adimensional, o statC tem dimensões M1/2L3/2T−1. Já no sistema SI, como 0k é dimensional, não se pode expressar o Coulomb em termos de M, L e T unicamen- te, assim, o sistema SI é também chamado MKSA, pois agora o ampere torna-se unidade fundamental, como metro, quilo- grama e segundo. Logo, não se pode converter simplesmente uma carga de statC em Coulombs como se converte metro em centímetro, por Exemplo. Dizemos que 1 coulomb corresponde a 2997924580 statC, e não 1 coulomb é igual a 2997924580 statC (não se pode usar fator de conversão). A unidade de carga no sistema de Heaviside-Lorentz (sem nome específico) corresponde a ( pi4 1 ) statC. Para passar do sistema CGS-Gaussiano para o SI, fazemos as seguintes conversões nas grandezas eletromagnéticas: Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 7 A partir da equação (1.8) e com as unidades no SI da per- meabilidade Tm/A e da permissividade C2/Nm, como chegar à unidade de velocidade m/s? 00 1 µε =c 8 Eletrodinâmica Clássica m ssm 1/ = smsm // = Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 9 1.2 Campo Elétrico (E) Matematicamente, E representa a associação de todos os pontos do espaço a uma mesma grandeza. E pode ser: Vetorial ou escalar Uniforme ou não Estacionário ou variável 1.2.1 Versor de um vetor Define-se versor de um vetor quando for um vetor unitário e possuir a mesmadireção e mesmo sentido que um vetor. r rr =0 (Eq. 1.11) Versor ( 0r ) é a razão do vetor deslocamento ( r ) pelo seu módulo r . Num plano tridimensional com a origem em ‘O’, tem-se: 10 Eletrodinâmica Clássica Figura 1.1 Gráfico Plano x, y, z. Fonte: Fisica.exe.com Figura 1.2 Gráfico. Fonte: http://ensinonovo.if.usp.br/universitario-alunos/vetores/ Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 11 1.2.2 Lei de Coulomb (Eq. 1.12) Ou (Eq. 1.13) 1.2.3 Campo Elétrico (Eq. 1.14) Ou (Eq. 1.15) Ou 12 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 1.16) Para um sistema de cargas tem-se: (Eq. 1.17) Exemplo 1 Considere três cargas CqA µ1= , CqB µ2= , CqC µ4= que estão nos respectivos pontos: A (0,0,0), B (2,0,0), C (2,2,2) e um ponto P (0,2,2). Determinar o campo elétrico resultante no ponto P, na forma vetorial. 1) Encontrar os vetores até o ponto P (posição final - posição inicial): 2) Encontrar os módulos vetores: Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 13 ( ) ( ) ( )222 220 ++=PA 228 ==PA ( ) ( ) ( )222 ∑∑∑ ++= kjiPB ( ) ( ) ( )222 222 ++−=PB 3212 ==PB ( ) ( ) ( )222 ∑∑∑ ++= kjiPC ( ) ( ) ( )222 002 ++−=PC 24 ==PC 3) Encontrar os versores: 14 Eletrodinâmica Clássica 4) Encontrar os vetores campo elétrico gerado por cada car- ga no ponto P: Carga A: Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 15 Carga B: Carga C: 16 Eletrodinâmica Clássica ATENÇÃO: neste exemplo, as distâncias r poderiam ser en- contradas por geometria, fazendo-se o gráfico das posições das cargas e do ponto, e a partir daí determinar as diagonais do paralelepípedo e do seu lado quadrado, como sendo: 3aD = e 2aD = Sendo ‘a’ o seu lado. 5) Encontrar o campo elétrico resultante no ponto P: Recapitulando Depois do estudo deste capítulo, você deve lembrar das: Operações vetoriais Módulo de um vetor Versor de um vetor Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 17 e de suas aplicações na resolução de sistemas forças geradas por cargas elétrica e campos elétricos e suas unidades. Referências GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. Pearson Education, 3. ed. HALIDAY, D., RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Físi- ca. Vol.3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Cien- tíficos S.A., 7. ed., 2004. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. Third Edition, John Wiley & Sons, 1999. JEWETT, J.W.JR., SERWAY, R. A. Física para Cientistas e En- genheiros. V.3. São Paulo, Cenage Learning, 8. ed. 2011 KELLER, F, J., GETTYS, W, E., SKOVE, M. J. Física. Vol. 3. São Paulo, Markon Books. MACEDO, Anita. Eletromagnetismo. Guanabara. MACHADO, Kleber Daum. Teoria do Eletromagnetismo. Vol. 1, 2 e 3. UEPG, 2004. REITZ, J.R, MILFORD, F.J., CHRISTY, R.W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Rio de Janeiro: Campus, 1982. SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W., YOUNG, H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10. ed., 2003. 18 Eletrodinâmica Clássica TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenhei- ros. Vol. 2. Rio de Janeiro, LTC, 6. ed., 2008. www.fisica.ufpr.br/ Viana/eletro Atividades 1) Repetir o Exemplo 01, sendo qB<0, mantendo-se as de- mais condições. 2) Determinar o campo elétrico resultante no ponto P, na forma vetorial, gerado por quatro cargas CqA µ4= , CqB µ2−= , CqC µ5= e CqD µ1= , que estão nos respectivos pontos: A (1,-2,0), B (1,2,0), C (0,2,3), D (0,0,0) e um ponto P (-1,-2,3). (Sugestão: faça primeiro o desenho) 3) Considere duas cargas, que estão nos respectivos pontos: A (0,0), B (4,0), e um ponto P (0,3). Determine o Campo elétrico resultante no ponto P (vetorial) e o ângulo que ele faz com a horizontal. (Sugestão: faça primeiro o desenho) 4) Considere duas cargas, Aq e Bq , que estão nos respec- tivos pontos: A (-a,0), B (b,0), e um ponto P (b,y). Sendo Θ o ângulo da direção do vetor campo elétrico de Aq em relação à horizontal e α o ângulo da direção do vetor campo elétrico de Bq em relação à horizontal. Determi- ne: Capítulo 1 Campo Elétrico Estacionário 1 19 a) As componentes do vetor EA no ponto P. b) O módulo do vetor EA no ponto P. c) As componentes do vetor EB no ponto P. d) O módulo do vetor EB no ponto P. e) O vetor campo elétrico resultante no ponto P, formato unitário. f) O módulo do vetor campo elétrico resultante no pon- to. g) Sendo BA qq = , α=Θ , ba = , determine o módu- lo do vetor campo elétrico resultante em P. (Sugestão: faça primeiro o desenho) 5) Calcule o campo elétrico (módulo, direção e sentido), de- vido a um dipolo elétrico em um ponto ‘P’ localizado a uma distância ‘ x>> d’ sobre a mediatriz do segmento que une as cargas. Expresse sua resposta em termos de momento de dipolo p. Gelson Barreto Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 21 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 21 Introdução Abordaremos neste capítulo as distribuições uniformes de car- ga e suas consequências, gerando campos e fluxos elétricos, relacionados pela lei de Gauss. 2.1 Distribuição uniforme de cargas 2.1.1 Linear )(λ Distribuição uniforme de carga ao longo de um comprimento: (Eq. 2.1) (Eq. 2.2) Onde: mC /→λ 2.1.2 Superficial )(σ Distribuição uniforme de carga ao longo de uma superfície: 22 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 2.3) (Eq. 2.4) Onde: 2/mC→σ 2.1.3 Volumétrica )(ρ Distribuição uniforme de carga ao pelo volume: (Eq. 2.5) (Eq. 2.6) Onde: 3/mC→ρ 2.2 Campo elétrico em um ponto, sobre a mediatriz de uma fita uniforme Considerar uma fita metálica uniformemente carregada sobre o eixo dos (não se esqueça de que está trabalhando com x,y e z). Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 23 A Figura 2.1 mostra a decomposição do campo elétrico originado por um elemento de carga dq, e por simetria do outro elemento de carga anterior ao segmento da mediatriz, sobre o eixo Z. Figura 2.1 Campo devido a uma barra carregada. Fonte: Autor. Assim, tem-se: yz EdEdEd += (Eq. 2.7) ∫∫ ∫ +== yz EdEdEdE (Eq. 2.8) As componentes ao logo do eixo y se anulam devido à simetria. Então: 24 Eletrodinâmica Clássica ∫ ∫== zEdEdE (Eq. 2.9) Considere que: (Eq. 2.10) (Eq. 2.11) (Eq. 2.12) (Eq. 2.13) (Eq. 2.14) Assim, tem-se: (Eq. 2.15) Como ‘z’ é constante, pode-se escrever: Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 25 θztgy = (Eq. 2.16) Assim, sendo: (Eq. 2.17) Pode-se agora escrever a equação 2.15 assim: (Eq. 2.18) Lembrando que: (Eq. 2.19) Tem-se: 26 Eletrodinâmica Clássica Como: θ θ cos 1sec == (Eq. 2.20) Assim, o elemento do campo elétrico no ponto p ao longo do eixo dos ‘z’ dado por: (Eq. 2.21) Para se obter o campo total, tem-se que fazer a integração: (Eq. 2.22) Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 27 ATENÇÃO: o fator ‘2’ multiplicador deve-se ao fato da componente ‘Ez’, ser duplicada pela ação dos dois lados da mediatriz. (Eq. 2.23) Onde 2/1222max ))4/(( 2/2/ Lz L r Lsen + ==θ (Eq. 2.24) Assim, para: a) Lz >> z L z L Lz L r Lsen 2 2/ ))4/(( 2/2/ 2/1222max ==+ ==θ (Eq. 2.25) E o campo fica: (Eq. 2.26) Você reconhece essa equação? 28 Eletrodinâmica Clássica Assim, o campo fica: (Eq. 2.27) E dessa equação, vocêlembra? 2.2.1 Elemento de volume em coordenadas esféricas Considere o sistema espacial formado pelos eixos ‘x, y e z’, e um ponto P, na superfície do volume desse sólido. Sendo esse ponto P, dado por: P(x,y,z)=P(r,θ,φ) Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 29 Figura 2.2 Ponto P, no espaço. Fonte: www.utfpr.edu.br/. Onde o vetor ‘r’ é dado por: 2222 zyxr ++= (Eq. 2.28) Sendo as coordenadas x, y e z, dadas por: ϕθ cosrsenx = (Eq. 2.29) ϕθ senrseny .= (Eq. 2.30) .cosθrz = (Eq. 2.31) Com os ângulos: piθ ≤≤0 (medido do eixo z até o segmento OP) piϕ 20 ≤≤ (medido do eixo x até o segmento OP” > 0) Rr ≤≤0 Sendo assim um elemento de volume nessa superfície é mostrado na Figura 3: 30 Eletrodinâmica Clássica Figura 2.3 Elemento de volume num ponto P, no espaço. Fonte www.utfpr. edu.br/ O elemento de volume é dado por: (Eq. 2.32) (Eq. 2.33) (Eq. 2.34) Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 31 Figura 2.4 Elemento de volume. Fonte: unisinos.br/jcopetti/transcal_ppg / Conducao.pdf). Assim, o volume desse sólido (esfera) pode ser dado por: (Eq. 2.35) (Eq. 2.36) 32 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 2.37) (Eq. 2.38) (Eq. 2.39) (Eq. 2.40) (Eq. 2.41) (Eq. 2.42) (Eq. 2.43) 2.4 Fluxo elétrico - Lei de Gauss Fluxo elétrico EΦ , representa o número de linhas do campo que atravessam a superfície, sendo diretamente proporcional a elas. Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 33 Figura 2.5 Fluxo elétrico. Fonte: física.exe, 2014. Sendo o EΦ total definido por: (Eq. 2.44) (Eq. 2.45) Ao se considerar uma esfera como superfície, tem-se para o fluxo: (Eq. 2.46) Substituindo-se o campo elétrico, obtém-se: 34 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 2.47) (Eq. 2.48) Lei de Gauss: “ O fluxo através de uma superfície fechada é diretamente proporcional à carga líquida (soma algébrica das cargas), dessa superfície” Figura 2.6 Esfera Gaussiana. Fonte: http://www.monografias.com/trabajos34/electrostatica/electrostatica.shtml. As linhas que entram na superfície formam um fluxo negati- vo enquanto as que saem formam um fluxo positivo. Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 35 Como, Tem-se: (Eq. 2.49) (Eq. 2.50) (Eq. 2.51) 36 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 2.52) Recapitulando Depois de ler este capítulo, você deve lembrar das distribui- ções de cargas e como proceder para determinar os respecti- vos campos elétricos. Definir e aplicar a lei de Gauss que, na prática, é uma opção para se determinar os campos elétricos através de su- perfícies. Referências GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. Pearson Education, 3. ed. HALIDAY, D., RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Fí- sica. Vol. 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 7. ed., 2004. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. Third Edition, John Wiley & Sons, 1999. JEWETT, J.W.JR., SERWAY, R. A. Física para Cientistas e En- genheiros. V.3. São Paulo, Cenage Learning, 8. ed. 2011 Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 37 KELLER, F, J., GETTYS, W, E., SKOVE, M. J. Física. Vol. 3. São Paulo, Markon Books. MACEDO, Anita. Eletromagnetismo. Guanabara. MACHADO, Kleber Daum. Teoria do Eletromagnetismo. Vol. 1, 2 e 3. UEPG, 2004. REITZ, J.R, MILFORD, F.J., CHRISTY, R.W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Rio de Janeiro: Campus, 1982. SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W., YOUNG, H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10. ed., 2003. TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenhei- ros. Vol. 2. Rio de Janeiro, LTC, 6. ed., 2008. www.fisica.ufpr.br/ Viana/eletro Atividades 1) Retome a disciplina “Física Eletromagnetismo” e deduza o campo elétrico num ponto P, devido à distribuição unifor- me de carga em um anel. 38 Eletrodinâmica Clássica 2) Retome a disciplina “Física Eletromagnetismo” e deduza o campo elétrico num ponto P, devido à distribuição unifor- me de carga em um disco. 3) Retome a disciplina “Física Eletromagnetismo” e deduza o campo elétrico através da área lateral de um cilindro de Capítulo 2 Campo Elétrico Estacionário 2 39 comprimento L e raio R, estando o cilindro sobre o eixo horizontal e seu centro na origem do sistema cartesiano. O campo elétrico uniforme tem orientação dos y>0. Use a lei de Gauss. 4) Uma esfera de raio ‘R’ está carregada com uma carga distribuída pela função Determine: a) O valor de k b) O campo além da superfície da esfera. 5) Considere um cilindro de raio 20 cm e comprimento 40 cm, na horizontal, com seu centro na origem (x=0). O campo elétrico tem módulo 250 N/C, no sentido de x>0. Determine o fluxo total através das áreas do cilindro. Gelson Barreto1 Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais1 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 41 Introdução Este capítulo descreve a utilização de operadores matemáticos na definição de grandezas vetoriais como campos elétricos e grandezas escalares como potencial. As operações vetoriais podem ser feitas sobre campos es- calares e vetoriais. Um campo escalar qualquer é uma função )(rf , que associa uma escalar f a uma posição r , enquanto uma função )(rF , associa um vetor F , a cada ponto r , de um campo vetorial. Para realizar cálculos com essas funções, utilizam-se operadores matemáticos. 3.1 Operador “del” ou “nabla” (∇ ) O operador nabla” (∇ ) é um vetor, cujo nome é de origem grega, associado a um tipo de instrumento musical antigo que tinha o seu formato. Foi utilizado por William Rowan Hamilton (1805-1865) como derivada vetorial de uma função escalar. (Eq. 3.1) O operador nabla” (∇ ), não tem significado físico ou geo- métrico, ele adquire significado quando aplicado em uma fun- 42 Eletrodinâmica Clássica ção, como uma função de ponto(que depende das variáveis de posição) ou de posição. Assim, ele interage com escalares e vetores, como ),,( zyxEE = , ou ),,( zyxVV = . 3.1.1 Aplicação de ∇ , sobre E 3.1.1.1 Divergente ( Ediv ) (Eq. 3.2) (Eq. 3.3) (É um escalar) Obs.: lembrar de: a) Produto Escalar: (Eq. 3.4) Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 43 b) Produto vetorial (Eq. 3.5) Assim: 3.1.1.2 Rotacional ( Erot ) (Eq. 3.6) 44 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 3.7) (Eq. 3.8) 3.1.2 Aplicação de∇ , sobre V (Gradiente, Vgrad ..∇ ) Representa a alteração do valor de uma grandeza escalar por unidade de espaço. Assim, ele é um vetor que cujo módulo, direção e sentido, representam a máxima taxa de crescimento dessa função. (Eq. 3.9) (Eq. 3.10) (É um Vetor) Exemplo 1 Considere as funções abaixo, e um ponto P (1,0,-2). Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 45 Determine para esse ponto: a) E •∇ b) Ex ∇ c) V.∇ RESOLUÇÃO! a) Divergente b) Rotacional 46 Eletrodinâmica Clássica c) Gradiente Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 47 3.2 Teorema da Divergência Considere um paralelepípedo ao longo do eixo y, com um campo uniforme no sentido de y>0. Sendo a áreas 1 e 2, dxdy , Figura 3.1: Figura 3.1 Fluxo através de um paralelepípedo. Fonte: Autor. Sendo o fluxo, ∫= AdE φ (Eq. 3.11) O fluxo através das áreas1 e 2 é dado por: 48 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 3.12) (Eq. 3.13) e para um infinitésimo de volume ao longo do eixo y, (Eq. 3.14) Assim, o fluxo total sobre o eixo y é: yy φφφφ ∆++= 21 (Eq. 3.15) (Eq. 3.16) Pode-se fazer a mesma analogia para os demais eixos, en- tão o fluxo total através da figura é dado por: zyxTOTAL φφφφ ++= (Eq. 3.17) Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 49 (Eq. 3.18) (Eq. 3.19) (Eq. 3.20) (Eq. 3.21) O divergente de E é numericamente igual ao fluxo por unidade de volume. A divergência do vetor densidade de fluxo (que representa um fenômeno físico qualquer) é a variação do fluxo através da superfície fechada de um pequeno volume que tende a zero. 50 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 3.22) (Eq. 3.23) Assim, igualando-se as equações 3.22 e 3.23, tem-se: (Eq. 3.24) (Eq. 3.25) Lei de Gauss da Forma Diferencial Teorema da Divergência ou Teorema de Gauss (para diferen- ciar da Lei de Gauss). Estabelece que a integral da compo- nente normal de qualquer campo vetorial sobre uma superfície fechada é igual à integral da divergência desse campo através do volume envolvido por essa superfície fechada. Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 51 Para um ponto P, tem-se: a) →>∇ 0. PE no ponto em questão, a carga resul- tante é positiva, e tem-se uma “fonte” de linhas de força. b) →<∇ 0. PE no ponto em questão, a carga resul- tante é negativa, e o mesmo constitui-se em um sorve- douro de linhas de força. c) →=∇ 0. PE não tem carga resultante, o mesmo número de linhas de força que entram também saem. 3.3 Potencial Elétrico (V) Considere a carga q sendo deslocada com velocidade cons- tante desde o infinito até um ponto P através das linhas do campo, devido à ação de uma força externa Fext, que em mó- dulo equivale à força elétrica Fe, por um elemento de linha, infinitésimo de deslocamento dl, como mostra a Figura 3.2: 52 Eletrodinâmica Clássica Figura 3.2 otencial Elétrico. Fonte: www.ufpe.br/ /Eletromagnetismo. Assim: (Eq. 3.26) (Eq. 3.27) Então, o trabalho realizado pela força externa para o des- locamento da carga pelo elemento de linha é dado por: Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 53 (Eq. 3.28) (Eq. 3.29) Lembrando que o trabalho também pode ser dado por: (Eq. 3.30) CUIDADO! Não confundir dV, que aqui representa infinité- simo de potencial, com a mesma simbologia para o volume. Igualando-se as equações 3.29 e 3.30, tem-se: (Eq. 3.31) Assim, denomina-se diferença de potencial (ddp, U) entre dois pontos de um campo elétrico como sendo: (Eq. 3.32) 54 Eletrodinâmica Clássica 3.4 Relação entre Potencial (V) e o campo elétrico (E) Lembrando que: (Eq. 3.33) (Eq. 3.34) (Eq. 3.35) (Eq. 3.36) (Eq. 3.37) (Eq. 3.38) O sinal de menos (-) implica que ao longo de uma linha de campo o potencial vai do maior valor para o menor. Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 55 3.5 Teorema de Stokes O potencial pode ser dado por: (Eq. 3.39) Onde C é a curva limitadora da fronteira da superfície A. Assim, o potencial de um ponto no espaço pode ser deter- minado tanto pelo primeiro membro da equação 1.39 quanto pelo segundo. Exemplo 2: Determinar o potencial devido à função , pelos dois lados do teorema de Stokes, na área delimitada pe- los pontos (0,0,0), A(0,2,0), B(0,2,3), C(0,0,3) nesse sentido. 56 Eletrodinâmica Clássica Pelo primeiro membro: Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 57 Pelo segundo membro: Passo a) Passo b) 58 Eletrodinâmica Clássica idydzAd ˆ= Passo c) Assim, o potencial pode ser calculado pelos dois membros do teorema de Stokes. 3.6 Campos elétricos conservativos e não conservativos É possível através do rotacional determinar se um campo elé- trico é ou não conservativo. →=∇ 0Ex campo conservativo de linhas abertas criada por cargas elétricas. Todo campo expresso pelo poten- cial é conservativo. →≠∇ 0Ex campo não conservativo de linhas facha- das, originado por indução. Exemplo 3: Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 59 Determinar se as funções de campo elétrico são conserva- tivos ou não. a) ativoNãoconserv→ b) kzjyE ˆˆ3 3+= 0 3030 ˆˆˆˆˆ 3 = ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ =∇ yzy yxzyx jikji Ex 3.7 Equação de Poisson e Laplace As equações 3.25 e 3.38 podem ser relacionadas substituin- do-se 3.38 em 3.25: 60 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 3.40) →∇ V.2 Esse operador é denominado Laplaciano de V, LapV. Isso significa a soma das derivadas de 2ª ordem em rela- ção à x,y ez. (Eq. 3.41) Equação de Poisson (Eq. 3.42) Equação de Laplace Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 61 (Eq. 3.43) Exemplo 4: Para a situação abaixo, com 0=ρ , VVx =→= 00 0=→= VLx , determinar: a) A função potencial V=V(x) b) A função campo E=E(x) Resolução a) Como 0=ρ , usa-se a Eq. de Laplace: 02 2 2 2 2 = ∂ ∂ = ∂ ∂ =∇ x x x VV Como 02 2 = ∂ ∂ x V significa que é uma constante, pois derivada de uma constante é zero. Assim, pode-se escrever onde A é uma constante em relação à x. Assim, tem-se: Para BVVx ==→= 00 Para Lx = 62 Eletrodinâmica Clássica Assim, a expressão para o potencial fica: b) Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 63 Recapitulando Depois da leitura deste capítulo, você deve estar familiarizado com os operadores escalares e vetoriais (Divergente, Rotacio- nal e Gradiente) e praticar o seus conceitos. Identificar e apli- car a lei de Gauss, bem como as equações de Poisson e de Laplace na simplificação da resolução de questões. Referências GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. Pearson Education, 3. ed. HALIDAY, D., RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Fí- sica. Vol. 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 7. ed., 2004. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. Third Edition, John Wiley & Sons, 1999. JEWETT, J.W.JR., SERWAY, R. A. Física para Cientistas e En- genheiros. V.3. São Paulo, Cenage Learning, 8. ed. 2011 KELLER, F, J., GETTYS, W, E., SKOVE, M. J. Física. Vol. 3. São Paulo, Markon Books. MACEDO, Anita. Eletromagnetismo. Guanabara. MACHADO, Kleber Daum. Teoria do Eletromagnetismo. Vol. 1, 2 e 3. UEPG, 2004. REITZ, J.R, MILFORD, F.J., CHRISTY, R.W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Rio de Janeiro: Campus, 1982. 64 Eletrodinâmica Clássica SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W., YOUNG, H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10. ed., 2003. TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenhei- ros. Vol. 2. Rio de Janeiro, LTC, 6. ed., 2008. Atividades 1) Considere as funções abaixo, e um ponto P (0,1,-1). e Determine para esse ponto: a) E .∇ b) Ex ∇ c) V.∇ 2) Considere as funções abaixo, e um ponto P (-1,0,3). kzjzyizxE ˆ3ˆ)2(ˆ2 2 −++= e Capítulo 3 Operadores Matemáticos: Escalares e Vetoriais 65 Determine para esse ponto: a) E •∇ b) Ex ∇ c) V.∇ 3) Considere uma fita metálica, resultado de um corte transver- sal de um cilindro, ao longo do eixo z, que possui uma den- sidade linear de carga de 12pC/m. Determine a ddp entre os pontos A= 5 cm e B= 8 cm ao longo do eixo dos y. 4) Determinar o potencial devido à função , pelos doisa lados do teorema de Stokes, na área delimita- da pelos pontos (0,0,0), A(0,2,3), B(0,2,0),nesse sentido. (Sugestão: faça o desenho no plano) 5) O potencial elétrico numa região é dado por . Para o ponto P(x,5,-1), pertencente à superfície equipoten- cial V=12 Volts. Determinar: a) O valor de x b) O gradiente do potencial no ponto P. c) O módulo do campo elétrico d) A densidade volumétrica de carga. e) O campo é conservativo ou não? 6) Para a situação abaixo, com 0≠ρ , VVx =→= 00 66 Eletrodinâmica Clássica 0=→= VLx , determinar: a) A função potencial V=V(x) b) A função campo E=E(x) Gelson Barreto1 Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais1 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. 68 Eletrodinâmica Clássica Introdução Este capítulo aborda as Propriedades Elétricas dos Materiais, como se comportam e de que fatores dependem as corren- tes elétricas que surgem através dos condutores, fazendo uma análise especifica do caso de um capacitor plano (Revisar ca- pacitores). 4.1 Propriedades elétricas dos materiais Considere um capacitor carregado com uma tensão )( 0V . Ao colocarmos entre suas placas um dielétrico sua tensão cairá para )(V , sendo 0VV < . Denomina-se )(k a constante dielétrica do material ou simplesmente o fator dielétrico. Esse fator depende de vários outros fatores, mas principalmente da frequência. Ele pode ser determinado pela razão entre as tensões inicial (antes) e final (após o dielétrico) do capacitor. (Eq. 4.1) Como Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 69 (Eq. 4.2) (Eq. 4.3) tem-se: (Eq. 4.4) Considere um capacitor plano, Figura 4.1: Figura 4.1 Capacitor Plano. Fonte: http://alunosonline.uol.com.br/fisica/ capacitor-plano.html) A capacitância inicial é dada por: 70 Eletrodinâmica Clássica 0 0 V qC = (Eq. 4.5) Onde FC →0 (1Farad = 1C/1V) (Eq. 4.6) Sendo assim, para um capacitor plano tem-se: (Eq. 4.7) Substituindo-se, respectivamente, as equações 4.6 e 4.7 em 4.1, obtém-se: d A d A C C C q C q V Vk 00 00 ε ε ==== Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 71 (Eq. 4.8) Quando não se tem nenhuma fonte ligada ao sistema, tem-se 0qq = , ou seja, a carga é constante. Ao ligarmos uma fonte ao capacitor, o que muda é a carga, mas a tensão entre as placas permanece a mesma. Portanto, a aplicação de um campo elétrico influencia na estrutura dos átomos. Assim, quando os centros das cargas coincidem, temos uma distribuição simétrica, ou seja, uma li- gação ‘apolar’, como, por exemplo, a molécula de gás car- bônico Quando seus centros não coincidem, não há simetria, a ligação é polar. Como exemplo, a molécula da água )( 2OH . Ao se aplicar um campo elétrico em um material, ele forma moléculas polares, como, por exemplo, em um cristal liquido, que fica com suas moléculas alinhadas e tem a propriedade de polarizar a luz. Nesse caso, considere um pedaço desse cristal que, inicialmente, não tem campo elétrico. Agora, ao aplicarmos um campo elétrico vertical para cima, as moléculas desse material serão reorganizadas de tal maneira a gerar um campo elétrico induzido no seu interior, orientado verticalmen- te para baixo. Assim, o campo elétrico resultante no cristal seria o campo aplicado menos o induzido, e teria a orientação vertical para cima. 72 Eletrodinâmica Clássica 4.1.1 Vetores elétricos com dielétricos Todo condutor apresenta alta densidade de cargas livres (elé- trons) )(q , que se encontram na banda de condução (moldu- ra do capacitor). No seu interior, incluindo o dielétrico, tem-se as cargas in- duzidas )( iq , que representam a banda de valência. Ao se utilizar Gauss, tem-se: 00 εε iqqqAdE −==∫ ao integrar, tem-se: (Eq. 4.9) (com dielétrico) (Eq. 4.10) (sem dielétrico) Da equação 4.4, tem-se: (Eq. 4.11) Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 73 Substituindo-se 4.11 em 4.10, obtém-se: 000 εε kEAAEq == (Eq. 4.12) Agora, substituir 4.12 em 4.9: (Eq. 4.13) Ao dividirmos todos os termos da equação 4.13, pela área (A), tem-se: 74 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 4.14) Define-se: →D Densidade de fluxo ou densidade de linhas ou den- sidade superficial de cargas livres: (Eq. 4.15) Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 75 →P Vetor polarização elétrica, seu módulo equivale à densidade superficial de cargas induzidas ou ligadas quanto maior o número de cargas, maior a polarização. (Eq. 4.16) Assim, a equação 4.14 fica: (Eq. 4.17) Como D , pode ser escrito como: (Eq. 4.18) Portanto, a equação 4.17 fica: 76 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 4.19) (Eq. 4.20) Exemplo 1 Considere o capacitor de placas paralelas da Figura 2 (am- pliada) como sendo cortes transversais de um cilindro de raio dR = , sendo formado por dois isolantes b1 e b2 com: 11 =k e 92 =k , e distâncias 3 2 1 dd = e 32 dd = respectivamente. Sendo mmd 6= , , determine: a) O valor da nova capacitância b) O módulo do campo elétrico no interior do dielétrico (considerar o maior) c) A densidade de carga induzida na superfície superior do dielétrico. Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 77 Figura 4.2 Capacitor plano. Fonte: http://docplayer.com.br/5668203- Capacitores. a) Como os dielétricos estão em série, tem-se para a ca- pacitância total do dielétrico: c) Primeiro, encontrar a área das placas: 78 Eletrodinâmica Clássica Segundo, encontrar a carga inicial: Terceiro, encontrar a carga induzida: Agora, encontre o vetor P: 4.1.2 Densidade de Energia Potencial Elétrica Denomina-se densidade de energia Eµ a energia potencial armazenada pelo volume da região onde está armazenada. V UE E =µ (Eq. 4.21) Sendo JUE → (A energia potencial elétrica) 3/mJE →µ Em um capacitor, a energia elétrica é dada por: Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 79 (Eq. 4.22) Substituindo- se obtém-se: (Eq. 4.23) Portanto, a densidade de energia fica: (Eq. 4.24) Exemplo 2 Considere que 2 capacitores estão ligados em paralelo com CCC == 21 em um circuito RC. No início, uma chave (ch) interruptora na associação está aberta, sendo assim, a carga em 1 é 01 qq = , enquanto que em 2, 02 =q . Após a chave ser fechada, a carga de 1 começa a passar para o 2. Assim, a carga em 2 é em função do tempo, mas a energia potencial elétrica no processo de redistribuição da carga depende da resistência? 80 Eletrodinâmica Clássica Sendo o potencial em cada capacitor e no resistor dados por: VVV += 21 Lembrando que: Assim, a carga que passa para o capacitor 2 é: Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 81 82 Eletrodinâmica Clássica A taxa de energia no capacitor 2 é dada por: Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 83 Temos que encontrar 2I como: e elevando-se ao quadrado tem-se: Agora substituir C em B: 84 Eletrodinâmica Clássica Assim, a taxa de carga (transferência de energia) não de- pende do valor de R. Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 85 Recapitulando Neste capítulo, você revisou capacitores, então as suas ca- racterísticas e propriedades de associação devem estar bem frescas na sua memória. Entretanto, os vetores ditos vetores elétricos são fundamentais para os conteúdos futuros. O vetor densidade de fluxo, o vetor polarização elétrica e suas relações com o campo, ao se resumir na equaçãoikE σε =− )1(0 , fica sendo muito prático o seu uso. Referências GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. Pearson Education, 3. ed.. HALIDAY, D., RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Fí- sica. Vol. 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 7. ed., 2004. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. Third Edition, John Wiley & Sons, 1999. JEWETT, J.W.JR., SERWAY, R. A. Física para Cientistas e En- genheiros. V.3. São Paulo, Cenage Learning, 8. ed. 2011. KELLER, F, J., GETTYS, W, E., SKOVE, M. J. Física. Vol. 3. São Paulo, Markon Books, MACEDO, Anita. Eletromagnetismo. Guanabara. MACHADO, Kleber Daum. Teoria do Eletromagnetismo. Vol. 1, 2 e 3. UEPG, 2004. 86 Eletrodinâmica Clássica REITZ, J.R, MILFORD, F.J., CHRISTY, R.W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Rio de Janeiro: Campus, 1982. SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W., YOUNG, H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10. ed., 2003. TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenhei- ros. Vol. 2. Rio de Janeiro, LTC, 6. ed., 2008. Atividades 1) Calcular a energia potencial elétrica armazenada no cam- po de uma esfera de raio e carga Cq µ4= . 2) Dois capacitores estão ligados em paralelo com No início, uma chave (ch) inter- ruptora na associação está aberta, sendo assim, o poten- cial em 1 é , enquanto que em 2, 02 =V . Deter- mine a energia potencial elétrica no sistema: a) Com a chave aberta. b) Com a chave fechada. 3) Determinar uma expressão para a força entre as placas de uma capacitor plano. 4) Considere um fio de cobre de diâmetro 5,2 mm sendo per- corrido por um corrente de 12 A, sem estar isolado (Sem a proteção de plástico). Uma minhoca de tamanho 4 cm se arrasta pelo fio no sentido da sua corrente de arrasto e Capítulo 4 Propriedades Elétricas dos Materiais 87 com módulo de velocidade igual a da velocidade de arras- to dos elétrons. Quanto tempo ela levaria para se arrastar um centímetro? 5) Um aquecedor de o dissipa 500 W quando a diferença de potencial aplicada é de 110 V e a temperatura do fio é 800 oC. Qual será o valor da potência dissipada se a temperatura do fio for mantida em 200oC pela imersão em óleo? A diferença de potencial permanece a mesma e o valor de α para o aquecedor 800o C é 4 × 10−4 oC-1. Gelson Barreto1 Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente1 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 89 Introdução Como se comporta a corrente elétrica dentro de um condutor, em função das características do material, do campo elétrico que ele fica exposto e quais as grandezas afetadas por essa condições serão analisadas neste capítulo. 5.1 Condutores Metálicos Os condutores metálicos apresentam grande número de elé- trons livres, o que permite a condução. Seja a densidade de elétrons η , livres dada por: V n =η (Eq. 5.1) Onde n é o número de elétrons livres. A Figura 5.1 mostra o movimento no condutor dos elétrons contra o sentido do campo elétrico estabelecido, ao longo do comprimento L, do condutor. 90 Eletrodinâmica Clássica Figura 5.1 Fluxo de elétrons Fonte: http://www.nelsonreyes.com.br/ Eletrodinpdf) Sendo a relação entre o campo e o potencial dada por: (Eq. 5.2) E a corrente, por: (Eq. 5.3) Onde a carga pode ser definida em função do número de elétrons por volume: (Eq. 5.4) Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 91 Denomina-se de velocidade de arrastro av a velocidade relativa do elétron no interior do condutor, e pode ser definida como: a a v Lt t Lv =→= (Eq. 5.5) A equação 5.3 fica assim: a a Aev v L ALe t qI ηη === (Eq. 5.6) A trajetória do elétron (distância percorrida) dentro de um condutor pode chegar na casa dos km, mas o seu desloca- mento efetivo é de apenas alguns cm. Exemplo 5.1 Um condutor de cobre - Cu tem um diâmetro de 26 mm e é percorrido por uma corrente de 20 A. Determinar o tempo mé- dio que os elétrons levam para avançar 10 cm nesse condutor. Considerar que cada átomo contribua com um elétron, sendo 92 Eletrodinâmica Clássica 2º) A área em cm2, devido às unidades da massa especifica: 3º) A velocidade de arrastro: 3º) O tempo médio: 5.2 Densidade de Corrente Quando a corrente for distribuída de maneira uniforme ao longo da secção reta do condutor, Figura 5.2, densidade de corrente J , pode ser dada por: Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 93 Figura 5.2 Densidade de corrente. Fonte: Autor. (Eq. 5.7) (Eq. 5.8) (Eq. 5.9) 94 Eletrodinâmica Clássica Exemplo 5.2 A densidade de corrente na secção reta de um condutor é dada por: Considerando que o diâmetro seja de 2 mm com uma cor- rente de 18 A, determinar o valor da constante k. Para resolver, tem que lembrar o Capítulo 3 para rever ar Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 95 5.3 Modelo Microscópico para a Resistividade Supondo que sobre cada elétron livre atuam duas forças: a força elétrica eF e a força de resistência ao avanço, força de arrastro af . Como o elétron se desloca contra o campo, essas forças têm sentidos opostos. Assim, tem-se: (Eq. 5.10) (Eq. 5.11) Sendo a força de arrastro dada por: (Eq. 5.12) E a velocidade de arrastro é dada pela equação 1.6, então a força de arrastro fica: (Eq. 5.13) Vamos fazer uma adaptação: qe → 96 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 5.14) Sendo a força elétrica: (Eq. 5.15) Assim, a equação 5.11, fica: amfF ae .=− Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 97 98 Eletrodinâmica Clássica Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 99 (Eq. 5.16) 100 Eletrodinâmica Clássica Como a massa do elétron é muito pequena, o segundo termo cai a zero muito rapidamente, por isso vamos analisar somente a parte da função que permanece no regime estacio- nário. (Eq. 5.17) Substituindo-se E pela equação 5.2, a equação 5.17 fica: (Eq. 5.18) →2q constante física → k η material do condutor Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 101 → L A geometria As grandezas LAkq ,,,,η são constantes para um condu- tor, e são denominadas de condutância do material G , (Eq. 5.19) Então, a equação 5.18 fica: (Eq. 5.20) O termo k nq2 é denominado de condutividade do material simbolizado por σ , (Eq. 5.21) Substituindo-se 5.21 em 5.19, tem-se: 102 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 5.22) Sabe-se que a condutância é o inverso da resistência ( R), então se pode relacioná-las: (Eq. 5.23) Assim, o inverso do termo da equação 5.21 é a resistivida- de do material ρ . (Eq. 5.24) (Eq. 5.25) A equação 5.23 pode ser escrita assim: Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 103 (Eq. 5.26) Que você conhece como sendo a segunda lei de OHM! Os valores de k e n da equação 5.24, tendem a aumentar em função da temperatura, além do k sofrer influência da es- trutura cristalina do material. Então, pode-se dizer que a resis- tividade é uma função da temperatura. )(Tf=ρ Assim, os valores da resistividade desenvolvem uma série de potências, com o aumento da temperatura, ...)1( 4320 +∆+∆+∆+∆+= TTTT εγβαρρ (Eq. 5.27) Sendo εγβα ,,, os coeficiente térmicos da resistividade, em °C-1, para a primeira potência. Não havendo necessidade de muita precisão, pode-se tra- balhar somente com a primeiraordem. Assim, tem-se: 104 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 5.28) Recapitulando Depois do estudo deste capítulo, é necessário que saiba definir grandezas como corrente elétrica, densidade de corrente elé- trica, e velocidade de arrastro. Além de relacionar e diferenciar as grandezas associadas com a corrente elétrica e sua depen- dência com a temperatura Referências GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. Pearson Education, 3. ed.. HALIDAY, D., RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Fí- sica. Vol. 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 7. ed., 2004. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. Third Edition, John Wiley & Sons, 1999. JEWETT, J.W.JR., SERWAY, R. A. Física para Cientistas e En- genheiros. V.3. São Paulo, Cenage Learning, 8. ed. 2011. KELLER, F, J., GETTYS, W, E., SKOVE, M. J. Física. Vol. 3. São Paulo, Markon Books, MACEDO, Anita. Eletromagnetismo. Guanabara. Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 105 MACHADO, Kleber Daum. Teoria do Eletromagnetismo. Vol. 1, 2 e 3. UEPG, 2004. REITZ, J.R, MILFORD, F.J., CHRISTY, R.W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Rio de Janeiro: Campus, 1982. SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W., YOUNG, H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10. ed., 2003. TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenhei- ros. Vol. 2. Rio de Janeiro, LTC, 6. ed., 2008. Atividades Obs.:  coeficiente de temperatura α , a 200C, para o cobre:  resistividade ρ , a 200C, para o cobre:  diâmetro a 200C, para o cobre-10 =2,588 mm 1) Um fio de cobre-10 é atravessado por uma corrente de 20 A. Admitindo-se a razão de um elétron livre por átomo de cobre, calcular a velocidade de arrasto dos elétron. 2) Num certo feixe, a densidade de elétrons é de 5 x 106 elé- trons/cm3. Imagine que cada elétron tenha a energia ciné- tica de 10 keV e que o feixe seja cilíndrico com diâmetro de 1,00 mm. 106 Eletrodinâmica Clássica a) Qual a velocidade de um elétron nesse feixe? b) Qual a corrente gerada pelo feixe? 3) Um anel de cargas com densidade linear de carga ( )λ , e de raio ( )a , gira em torno do seu eixo com velocidade angular ( )ω . Determine a expressão de sua corrente. 4) Num certo acelerador de partículas, um feixe de prótons com diâmetro de 2,00 mm constitui uma corrente de 1,0 mA. A energia cinética de cada próton é de 20 MeV. O feixe atinge um alvo metálico onde absorvido. a) Qual o número ( )n de prótons por unidade de volume do feixe. b) Quantos prótons atingem o alvo em 1,0 min.? c) Se o alvo estiver inicialmente descarregado, qual sua carga em função do tempo de exposição ao feixe? 5) A corrente elétrica num fio metálico varia com o tempo de acordo com a relação com I em ampères e t em segundos. a) Quantos coulombs de carga passam pelo condutor entre t=0 e t=10s? b) Que corrente constante transportaria a mesma carga no mesmo intervalo de tempo? 6) Em um supercolisor de prótons, um feixe de 5mA, deslo- cam-se em velocidade quase igual à da luz. a) Quantos prótons há por metro do feixe? Capítulo 5 Aspectos Microscópicos da Corrente 107 b) Se a área da secção reta do feixe for 10-6 m2, qual a densidade numérica de prótons? 7) Um fio de cobre-10 pode suportar corrente de 30 A. a) Qual a resistência de 100 m desde fio? b) Qual o campo elétrico no interior do fio, quando a corrente for de 30 A? c) Quanto tempo leva um elétron para percorrer 100m no fio quando a corrente for de 30 A? 8) Um diodo semicondutor é um dispositivo não linear cuja corrente I e a voltagem V estão relacionadas por , em que k é a constante de Boltzman, q a carga do elétron e T a temperatura absoluta. Se I0= 10 -9 A e T= 293 K. a) Qual a resistência do diodo com V=0,5V? b) Qual a resistência do diodo com V=0,6V? 9) O espaço entre dois cilindros metálicos coaxiais, de com- primento L e raios a e b, está completamente cheio por um material de resistividade ρ . a) Qual a resistência entre os dois cilindros? b) Sendo , a=1,5 cm, b=2,5 cm, L=50 cm, e a ddp entre eles de 10 V, determine a corrente elétrica. 10) Em que temperatura a resistência de fio de cobre será 10% maior do que a sua resistência a 200C? 108 Eletrodinâmica Clássica 11) Um calefator tem resistência Ni-Cr, cuja resistência é de Ω8 , a 200 C. Com uma alimentação de 120 V, a corrente elétrica aquece o resistor a 10000 C. a) Qual a corrente inicial que passa pelo resistor frio? b) Qual a resistência do resistor quente? c) Qual a potencia de operação desse calefator? 12) A resistência do filamento de uma lâmpada aumenta line- armente com a temperatura. Quando se liga uma fonte de potencial constante à lâmpada, a corrente inicial diminui até que o filamento atinge uma temperatura de equilíbrio e operação permanente. O coeficiente de temperatura da resistividade do material do filamento é de 4x10-3 K-1. A corrente final pelo filamento é um oitavo da corrente ini- cial. Qual a variação de temperatura do filamento? Gelson Barreto1 Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário1 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. 110 Eletrodinâmica Clássica Introdução Basicamente, este capítulo trata que a partir do movimento de cargas elétricas (corrente elétrica), em um condutor, gera-se um campo magnético. A partir disso, as suas relações e a ação de uma força de origem magnética. 6.1 Carga em movimento gera Campo Magnético Em 1820, Hans Christian Oersted (1777-1851) percebeu que uma corrente elétrica originava um campo magnético. “Uma carga elétrica em movimento com velocidade cons- tante, apresenta juntamente com seu campo elétrico, um cam- po magnético.” Ou “Uma carga elétrica em movimento com velocidade cons- tante, apresenta um campo eletromagnético, estacionário.” Sendo o vetor indução magnética B , com seu sentido no plano definido pela representação: →⊗ Quando entra. →• Quando sai. Cargas em movimento, na prática, são uma corrente elétri- ca. Então, o seu deslocamento gera um elemento de corrente Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 111 , que dentro de uma região de campo magnético sofre a ação de uma força magnética Fd , como mostra a Figura 6.1. Figura 6.1 Elemento de corrente. Fonte: (www.alfaconnection.pro.br/fisica/eletromagnetismo) Sendo, (Eq. 6.1) (Direção e sentido dados pela regra da mão direita) (Eq. 6.2) 112 Eletrodinâmica Clássica Exemplo 1 Calcular a força magnética resultante sobre o condutor na si- tuação descrita. O elemento de força aponta para o centro e tem duas componentes xFd e yFd e sendo as componentes 0=xFd . O elemento de linha , então a força resultante é: Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 113 6.2 Força Magnética sobre uma carga em Carga em Movimento Sendo o elemento de força Fd , definido pela equação 6.1, corrente elétrica e velocidade definidos por: (Eq. 6.3) (Eq. 6.4) Substituindo 6.3 e 6.4 em 6.1 tem-se: (Eq. 6.5) (Eq. 6.6) 114 Eletrodinâmica Clássica Sobre essa força magnética pode-se dizer que:  Ela é perpendicular à velocidade vF ⊥ , e ao campo BF ⊥ ;  Portanto, não realiza trabalho, não altera o módulo da velocidade;  Não tem componente tangencial;  Desvia a trajetória da partícula.  Seu módulo depende do valor do ângulo, que é definido entre os vetores vB ⊥ . Sendo assim, quando: Nesse caso, a força magnética exerce o papel da força centrípeta:Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 115 (Eq. 6.7) (Eq. 6.8) Que é o raio da trajetória circular descrita pela carga. Exemplo 2 a) Um elétron com velocidade de 5 x 105 m/s, faz um movimento circular no plano da folha, de raio 6 cm, no qual existe um campo magnético orientado para dentro da folha. Qual o módulo desse campo? Lembrar: Utilizando a equação 6.8: b) Considere agora que o elétron tenha sido projetado na região do campo com um ângulo de 80°. Qual o módulo do seu campo e como seria sua trajetória? Quando o ângulo é o movimento é helicoi- dal, formado por um MCU e um MRU ⊥ , que provoca um deslocamento lateral ao longo do sentido do campo magnéti- co. Esse deslocamento denomina-se de passo (P), como mos- tra a Figura 2, com o passo e o período (T) dados por: 116 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 6.9) (Eq. 6.10) Figura 6.2 Movimento Helicoidal Fonte: http://www.passo-a-passo.com/ mec3.2.2/05) Para resolver a questão, tem-se: Exemplo 3 Qual o módulo e a orientação do campo magnético que deve ser sobreposto ao elétrico de 250 V/m, para que um elétron Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 117 com velocidade de 6 x 105 m/s não sofra desvio da sua traje- tória? Para não ter desvio: Como o elétron se desloca contra o campo elétrico, então a força elétrica é vertical para cima. Portanto, a força mag- nética deve ser vertical para baixo, com isso o ângulo entre a velocidade e o campo magnético é de 90°. 6.2.1 Força de Lorentz A força eletromagnética que atua em uma carga em movimen- to num campo eletromagnético é dada por: BxvqEqF ..+= (Eq. 6.11) (Eq. 6.12) 118 Eletrodinâmica Clássica 6.3 Lei de Ampere A integral de linha sobre um caminho fechado do campo mag- nético produzido por correntes é proporcional à corrente líqui- da que atravessa essa superfície fechada, cuja curva limite ou fronteira é a curva C. (Eq. 6.13) Assim, a lei de Ampere se constitui numa ferramenta práti- ca para se determinar campo magnético a partir de correntes elétricas. 6.3.1 Campo Magnético em um fio Retilíneo Considere um fio longo percorrido por uma corrente I, como mostra a Figura 6.3: Figura 6.3 Campo gerado por corrente em um fio conduto. Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 119 Fonte: http://www.mspc.eng.br/elemag/eletrm0140.shtml. O campo magnético num ponto p, a uma distância R do fio, será dado a partir da equação 6.13, por: (Eq. 6.14) 6.3.2 Campo Magnético em um solenoide Considere a Figura 6.4, a qual representa o campo magnético gerado na secção transversal de um solenoide percorrido por corrente elétrica. 120 Eletrodinâmica Clássica Figura 6.4 Campo em um solenoide Fonte: https://donaatraente.files.wordpress.com/2013/05/solenc3b3ide-ideal.png. O segmento abcda representa uma espira colocada sobre esse plano. Assim, o campo magnético que atua nessa super- fície fechada será dado por: (Eq. 6.15) Para N espiras: Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 121 (Eq. 6.16) 6.4 Lei de Bio-Savart A lei de Biot-Savart também fornece o campo magnético cria- do pelo fluxo de corrente em um condutor, em um ponto A próximo ao condutor, como mostra a Figura 6.5. Figura 6.5 Lei de Biot-Savart Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_ Biot-Savart#/media/File:Biot_Savart.svg. Ela nos diz que o elemento de indução magnética Bd as- sociado a uma corrente I em um segmento de um fio condu- tor descrito por ld é: 122 Eletrodinâmica Clássica (Eq. 6.17) (Eq. 6.18) (Eq. 6.19) 6.4.1 Campo Magnético em uma Espira Considere a Figura 6, que mostra o campo gerado por uma corrente ao percorrer uma espira, e um ponto ao longo do segmento do seu eixo. Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 123 Figura 6.6 Campo Magnético em uma Espira. Fonte: http://ensinoadistancia. pro.br/EaD/ Eletromagnetismo/LeiBiotSavart-Exe/BiotSavartExe.htm. Assim, o campo nesse ponto será dado por: Por simetria as componentes do campo magnético no eixo y, se anulam. Sendo a componente horizontal dada por: αdBsenBd x = Eq. (6.21) Assim, a equação 6.18 fica: 124 Eletrodinâmica Clássica Eq. (6.22) No centro da espira, x=0, então, o campo fica: Eq. (6.23) Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 125 6.4.2 Campo Magnético em um Fio condutor Por analogia com a dedução do campo elétrico do Capítulo 2, tem-se: Assim, tem-se que partindo da equação 6.15 e consideran- do a distância do condutor ao ponto como sendo ‘R’, como mostra a Figura 6.7: Figura 6.7 Campo em um fio, Biot- Savart. Fonte: ttps://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/) Sendo: 126 Eletrodinâmica Clássica Então, tem-se: Eq. (6.24) Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 127 ATENÇÃO: o fator ‘2’ multiplicador deve-se ao fato da com- ponente ‘Bx’, ser duplicada pela ação dos dois lados da me- diatriz. Eq. (6.25) Onde: Eq. (6.26) Assim, para: Eq. (6.27) zSendo o condutor muito longo, tem-se somente: Eq. (6.28) Recapitulando Depois do estudo deste capítulo, você irá identificar e determi- nar campos magnéticos quando gerados por fios, espiras e so- lenoides. A definição da lei de Ampere e de Biot-Savart e suas 128 Eletrodinâmica Clássica compreensões são fundamentais no estudo da eletrodinâmica clássica, uma vez que elas definem o campo magnético que está atuando. Referências GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. Pearson Education, 3. ed.. HALIDAY, D., RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Fí- sica. Vol. 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 7. ed., 2004. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. Third Edition, John Wiley & Sons, 1999. JEWETT, J.W.JR., SERWAY, R. A. Física para Cientistas e En- genheiros. V.3. São Paulo, Cenage Learning, 8. ed. 2011. KELLER, F, J., GETTYS, W, E., SKOVE, M. J. Física. Vol. 3. São Paulo, Markon Books, MACEDO, Anita. Eletromagnetismo. Guanabara. MACHADO, Kleber Daum. Teoria do Eletromagnetismo. Vol. 1, 2 e 3. UEPG, 2004. REITZ, J.R, MILFORD, F.J., CHRISTY, R.W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Rio de Janeiro: Campus, 1982. SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W., YOUNG, H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10. ed., 2003. TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenhei- ros. Vol. 2. Rio de Janeiro, LTC, 6. ed., 2008. Capítulo 6 Campo Magnético Estacionário 129 Atividades 1) Determinar o módulo e o ângulo com a horizontal do campo magnético resultante no ponto P, originado pelas correntes )(51 •= AI , )(42 ⊗= AI , )(33 ⊗= AI , equi- distantes 10 cm do ponto P. 2) Qual o valor da indução magnética no centro de um qua- drado de lado 12 cm, formados por 80 espiras. Considere a corrente de 2 A, passando no ponto médio de um de seus lados. (Determinar o campo nesse instante.) 3) Considere um cabo coaxial com três camadas, cujo raio interno é ‘a’, o intermediário é raio ‘b’, e o externo é ‘c’. Determine o campo magnético em função do raio ‘r’ para: a) ar ≤≤0 b) bra ≤≤ c) crb ≤≤ 4) Partículas alfa são aceleradas desde o repouso, através de uma ddp de 1kV. Então, elas entram em um campo magnético B = 0,2 T, perpendicular à direção de seus movimentos. Calcule o raio de suas trajetórias. A energia 130 Eletrodinâmica Clássica cinética final de cada partícula é igual à energia potencial elétrica perdida (Ep = ∆U.q). 5) Um campo saindo do plano da página tem valor 0,8 T, como indica a figura ao lado. O fio mostrado na figura transporta um corrente de 30 A. Calcule o módulo, a di- reção e o sentido da força que atua em 5 cm de compri- mento desse fio. 6) Um solenoide temnúcleo de ar, 2000 espiras, 60 cm de comprimento e 2 cm de diâmetro. Se uma corrente de 5 A passa por ele, qual é a densidade de fluxo dentro dele (campo de indução magnética)? 7) Uma bobina de fio circular, com 40 espiras, tem um diâ- metro de 32 cm. Que corrente precisa fluir em seus fios para produzir uma densidade de fluxo de 3. 10-4 Wb/m2 em seu centro? Obs.: junte a expressão do campo de indução magnética para a bobina e para a espira. Gelson Barreto1 Capítulo 7 Indução Eletromagnética1 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. 132 Eletrodinâmica Clássica Introdução Abordaremos aqui a definição de fluxo magnético em analo- gia ao fluxo elétrico, bem como a sua variação dando assim a origem ao fenômeno da indução magnética. 7.1 Fluxo Magnético Em analogia ao fluxo elétrico, o fluxo magnético representa o número de linhas do campo magnético através de um superfí- cie normal ao campo, como mostra a Figura 7.1. Figura 7.1 Fluxo magnético. Fonte: http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/9733.htm Vamos simbolizar o fluxo magnético como BΦ para dife- renciar de EΦ do elétrico. Capítulo 7 Indução Eletromagnética 133 Eq. (7.1) Eq. (7.2) 7.2 Indução eletromagnética - Lei de Faraday A variação de um campo magnético em função do tempo in- duz um campo elétrico. Gerando assim uma força eletromotriz (ε ), dada por: Eq. (7.3) Essa grandeza não representa fisicamente uma força e sim uma diferença de potencial elétrico (ddp). O nome força ele- tromotriz, dado a essa grandeza, é mantido por questões his- tóricas. O sinal negativo que aparece nessa expressão representa matematicamente a lei de Leis. 134 Eletrodinâmica Clássica Para N espiras pode-se escrever: Eq. (7.4) Como ε significa uma ddp induzida, pode associá-la com a primeira lei de OHM: Eq. (7.5) Fazendo U=ε , tem-se para o módulo da corrente in- duzida, R I IND ε = (Eq. 7.6) Uma aplicação da lei de Faraday é determinar a força ele- tromotriz induzida (fem) em uma espira retangular que se mo- vimenta entrando ou saindo, com velocidade constante, de uma região de campo magnético uniforme, como mostra a Figura 7.2. Capítulo 7 Indução Eletromagnética 135 Figura 7.2 Fluxo magnético. Fonte: www.ufsm/Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Ma- ria. A área da parte da espira que está na região de campo magnético é , sendo a grandeza x , variando com o tempo e como o campo é uniforme, o fluxo do campo magné- tico através da superfície limitada pela espira vale: Eq. (7.7) Eq. (7.8) Eq. (7.9) 136 Eletrodinâmica Clássica Lei de Lenz: “A corrente elétrica induzida deve ter um sentido, que gere um campo magnético contrário a variação do fluxo que a esta cau- sando.” Isso justifica o sinal de menos (-), na lei de Faraday envol- vendo aí o princípio da conservação da energia. A Figura 7.3 exemplifica a lei de Lenz, ilustrando a varia- ção do fluxo magnético pela aproximação ou afastamento em relação ao eixo de uma espira de um imã, fonte de campo magnético. Durante a sua aproximação, o sentido da corrente induzida na espira tem sentido anti-horário, gerando assim no plano do centro da espira com o imã um campo magnético saindo o que caracteriza um polo norte. Capítulo 7 Indução Eletromagnética 137 Figura 7.3 Lei de Lenz. Fonte: http://educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/inducao.html. Assim, haveria o princípio de repulsão entre a espira e o imã, evitando a sua aproximação, e também a variação do fluxo magnético, conservando energia, enquanto que no seu afastamento tem sentido horário e o raciocínio é o inverso. Exemplo 7.1 Com base no gráfico Bxt abaixo, fazer o gráfico da corrente elétrica induzida em uma espira retangular de área 60 cm2 e resistência 0,20 Ω . 138 Eletrodinâmica Clássica Entre 0 e 0,1 s: 1°) Encontrar a função B(t): Ao substituir os pontos, encontra-se: 2°) Encontrar a expressão para a fem induzida: 3°) Encontrar a expressão para a corrente induzida: Capítulo 7 Indução Eletromagnética 139 4°) Encontrar os valores da corrente induzida: Entre 0,1 s e 0,2 s: Entre 0,2 e 0,4 s: 1°) Encontrar a função B(t): 140 Eletrodinâmica Clássica Ao substituir, os pontos encontra-se: tB 5,20,1 −= 2°) Encontrar a expressão para a fem induzida: 3°) Encontrar a expressão para a corrente induzida: Capítulo 7 Indução Eletromagnética 141 Exemplo 7.2 A intensidade da Indução magnética varia numa determi- nada região de acordo com a função, , onde Determinar o valor e o sentido da corrente induzida, em uma bobina retangular de área 100 cm2 e resistência , formada por 180 espiras, disposta no pla- no da página enquanto que o campo tem seu sentido saindo da mesma. t N B ∂ Φ∂ −=ε 142 Eletrodinâmica Clássica Exemplo 7.3 Considere a espira da Figura 7.2 e determine: a) O valor da corrente induzida e o sentido. b) A potencia x elétrica dissipada na espira. c) A potência mecânica empregada para retirar a espira. 1°) Determinar o fluxo. 2°) Determinar a força eletromotriz induzida. Sendo 1=N , o módulo da fem induzida, será: BLv=ε Capítulo 7 Indução Eletromagnética 143 Assim, a resolução será: a) )(horário R BLv R I IND == ε b) Como a potência dissipada é dada por: R BLv R BLvRRIP 22 2 )( = == b) Como a potência mecânica é dada por: Recapitulando Depois do estudo deste capítulo, você terá que identificar, compreender e aplicar o conceito de indução relacionando as leis de Faraday e Lenz, assim determinando a variação do fluxo magnético que pode ocorrer pela variação do módulo do campo magnético num intervalo de tempo pela variação da área ou ainda pela variação do ângulo entre a Normal da espira e as linhas do campo. 144 Eletrodinâmica Clássica Referências GRIFFITHS, D. J. Eletrodinâmica. Pearson Education, 3. ed.. HALIDAY, D., RESNICK, R., WALTER, J. Fundamentos de Fí- sica. Vol. 3. Rio de Janeiro, RJ: LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., 7. ed., 2004. JACKSON, John David. Classical Electrodynamics. Third Edition, John Wiley & Sons, 1999. JEWETT, J.W.JR., SERWAY, R. A. Física para Cientistas e En- genheiros. V.3. São Paulo, Cenage Learning, 8. ed. 2011. KELLER, F, J., GETTYS, W, E., SKOVE, M. J. Física. Vol. 3. São Paulo, Markon Books, MACEDO, Anita. Eletromagnetismo. Guanabara. MACHADO, Kleber Daum. Teoria do Eletromagnetismo. Vol. 1, 2 e 3. UEPG, 2004. REITZ, J.R, MILFORD, F.J., CHRISTY, R.W. Fundamentos da Teoria Eletromagnética. Rio de Janeiro: Campus, 1982. SEARS, F. W., ZEMANSKY, M. W., YOUNG, H. D., FREEDMAN, R. A. Física 3. São Paulo, SP: Addison Wesley, 10. ed., 2003. TIPLER, P. A., MOSCA, G. Física para Cientistas e Engenhei- ros. Vol. 2. Rio de Janeiro, LTC, 6. ed., 2008. Capítulo 7 Indução Eletromagnética 145 Atividades 1) Uma corrente percorre um solenoide ex- tenso que possui N espiras por unidade de comprimento. Uma espira circular de área “A” está no interior do solenoi- de e seu eixo coincide com o eixo do solenoide. Encontre a fem induzida na espira. 2) Na figura, o fluxo magnético que atravessa a espira cresce com o tempo de acordo com a expressão 267 tt +=Φ , onde o fluxo é dado em miliwebers e t em segundos. a) Calcule o módulo da fem induzida na espira quando t=2,0 s. b) Determine o sentido da corrente através de R. Figura 7.4 Fonte: http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod10/m_s02.html.146 Eletrodinâmica Clássica 3) Seja 00 =→=Φ t , na Figura 1 da questão anterior. Su- ponha que o campo magnético esteja variando de forma contínua, mas não especificada tanto em módulo quanto em direção, de modo que num instante t o fluxo seja dado por )(tΦ . Mostre que a carga total q(t) que passou atra- vés do resistor R no tempo t é ( )))((()))( 1 tt Rq Φ−Φ= . 4) Dois trilhos condutores retilíneos formam um ângulo reto no ponto de junção entre suas extremidades. Uma barra condutora em contato com os trilhos parte do vértice no instante t=0 e se move com velocidade constante v=5,2 m/s de cima para baixo, como ilustra a figura. Um campo magnético B=0,35 T aponta para fora da página. Cal- cule: (a) o fluxo magnético através do triângulo isósceles formado pelos trilhos e a barra no instante t=3,0 s e (b) a fem induzida no triângulo neste instante. a) Como a fem induzida no triângulo varia com o tempo? Capítulo 7 Indução Eletromagnética 147 Figura 7.5 Fonte: http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod10/m_s02.html. 5) A figura mostra uma haste de cobre deslocando-se sobre trilhos condutores, com velocidade -se v, paralela a um longo fio retilíneo percorrido pela corrente I. Calcule a fem induzida na base sendo v= 5m/s, I=100 A, a=1 cm, b= 20 cm. Figura 7.6 Fonte: http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod10/m_ex.html. 148 Eletrodinâmica Clássica 6) Numa região no espaço existe um campo magnético B, constante no espaço, porém, variável com o tempo. Co- loca-se nesse campo uma espira que forma um ângulo θ com o vetor B. A área da espira é A, e essa área pode variar com o tempo. Suponha que a espira esteja girando, sendo assim o ângulo θ , está variando com o tempo. En- contre uma expressão para a fem induzida na espira. 7) Uma haste metálica com 5,0 kg de massa e resistência de 2,0 Ω desliza sem atrito sobre duas barras paralelas sepa- radas de 1,0 m, interligadas por um condutor de resistên- cia nula e apoiadas em um plano de 30° com a horizontal, conforme a figura. Tudo se encontra imerso num campo magnético B, perpendicular ao plano do movimento, e as barras de apoio têm resistência e atrito desprezíveis. Considerando que após deslizar durante um certo tempo a velocidade da haste permanece constante em 2,0 m/s, assinale o valor do campo magnético. Figura 7.7 Fonte: http://projetomedicina.com.br/site/ attachments/ article/368/fisica_eletromagnetismo_fernando_valentim.pdf Capítulo 7 Indução Eletromagnética 149 8) Uma bobina composta de 10 espiras circulares, de área A cada uma, é colocada entre os polos de um grande eletroímã onde o campo magnético é uniforme e forma um ângulo de 30º com o eixo da bobina (como mostra a figura a seguir). Reduzindo-se o campo magnético com uma taxa igual a 0,5 T/s, o módulo da força eletromotriz induzida na bobina, durante a variação do campo magné- tico, é: Figura 7.8 Fonte: http://projetomedicina.com.br /site/attachments/ article/368/fisica_eletromagnetismo_fernando_valentim.pdf 9) Na figura, a espira retangular tem altura de 30 cm e en- contra-se imersa em um campo de indução magnética constante e igual a 1,2 WB/m². A resistência elétrica total do circuito vale 0,4 Ω. A barra AD mede 30 cm e se movi- menta para a direita com velocidade constante de 3 m/s. Nessa situação, a corrente elétrica induzida, vale: 150 Eletrodinâmica Clássica Figura 7.9 Fonte: http://projetomedicina.com.br/ site/attachments/ article/368/fisica_eletromagnetismo_fernando_valentim.pdf Gelson Barreto1 Capítulo 8 Propriedades Magnéticas dos Materiais1 1 Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS Curso de Física; Mestre em Engenharia: Área de Energia e Meio Ambiente pela Universidade Luterana do Brasil – PPGEAM – ULBRA, em 2003. Professor da Ulbra desde 2001. 152 Eletrodinâmica Clássica Introdução As propriedades magnéticas da matéria têm sua origem nos átomos que a constituem, que geralmente são dipolos natu- rais, ou seja, minúsculos imãs. As definições e as relações en- tre os vetores magnéticos também serão abordadas. 8.1 Vetores Magnéticos Para avaliar melhor as propriedades magnéticas, definem-se três vetores de característica magnéticas: 8.1.1 Vetor Intensidade de Campo Magnético )(H Pode representar apenas campos magnéticos originados por correntes e pela variação no tempo de campo elétrico. 8.1.2 Vetor Intensidade Magnetização )(M ou imantação )(I Pode representar apenas campos magnéticos originados pela magnetização dos matérias. Capítulo 8 Propriedades Magnéticas dos Materiais 153 8.1.3 Vetor Indução Magnética )(B Pode representar qualquer tipo de campo magnético como, por exemplo, o vetor indução magnética no interior de um longo solenoide sem núcleo. (Eq. 8.1) (Eq. 8.2) (Eq. 8.3) 8.2 Relação entre os Vetores Sabe-se que os vetores intensidade de magnetização e intensi- dade de campo são proporcionais, HM ..α A constante introduzida que relaciona esses vetores é a sus- ceptibilidade magnética mχ , que é uma medida quantitativa da tendência de um material de interagir e distorcer um campo magnético aplicado. Na prática, é o quociente da intensidade de imantação adquirida pelo campo magnético indutor, quan- do esse campo é produzido no vácuo. H M m =χ (Eq. 8.4) 154 Eletrodinâmica Clássica A relação entre os vetores fica sendo: (Eq. 8.5) Substituindo-se 8.4 em 8.5, tem-se: (Eq. 8.6) (Eq. 8.7) Ao fator )1( mχ+ , denomina-se permeabilidade relativa do material )( mk mm k χ+=1 (Eq. 8.8) Então, a equação 8.7, fica escrita assim: (Eq. 8.9) A permeabilidade relativa do material )( mk também pode ser relacionada à permeabilidade magnética do material )(µ : (Eq. 8.10) Capítulo 8 Propriedades Magnéticas dos Materiais 155 Exemplo 8.1 A indução magnética resultante no núcleo de um longo sole- noide é de 1,5 T. A densidade de espiras vale 20/cm e a cor- rente que percorre cada espira é de 3 A. Determinar: a) O módulo do vetor intensidade de campo magnético. b) A permeabilidade relativa do material, que constitui o núcleo. c) A corrente de magnetização. c) Considerando que a corrente de magnetização )( mI é aquela que origina um campo magnético igual ao que aparece com a magnetização do núcleo. 156 Eletrodinâmica Clássica 8.3 Momento de Dipolo Magnético e Momento Angular Os átomos e íons podem possuir momento de dipolo magné- tico )(u associado ao momento angular do átomo. Considere um elétron de massa m e carga −e orbitando um núcleo atômico em uma trajetória circular e raio r. O mo- mento angular L é dado por: mvrL = (Eq. 8.11) Assim, a corrente associada do movimento do elétron, bem como o momento de dipolo magnético ficam: Capítulo 8 Propriedades Magnéticas dos Materiais 157 (Eq. 8.12) (Eq. 8.13) Substituindo-se 8.11 em 8.13, tem-se: (Eq. 8.14) (Eq. 8.15) Na mecânica quântica, verifica-se que o momento angular dos átomos é quantizado, de modo que a trajetória correspon- da a um número inteiro de comprimentos de onda associado ao elétron. Esta é a base do modelo do átomo de Bohr, que leva à quantização dos níveis de energia. Os elétrons e átomos também possuem spin, que está relacionado a um momento de dipolo magnético. 158 Eletrodinâmica Clássica 8.4 Classificação Magnética dos materiais Apesar das propriedades magnéticas serem associadas aos materiais férricos, todas as substâncias as tem, porém em maior ou menor incidência. A susceptibilidade do material e o arranjo dos seus domínios magnéticos, Figura 8.1, em função de seus átomos, que nada mais é do que provoca um alinha- mento magnético natural na região,
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