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MARCHA LOCOMOÇÃO É uma classe de movimentos muito comum no comportamento motor humano, composta por movimentos integrados e complexos dos segmentos corporais. Necessita da aplicação simultânea de diversos métodos de mensuração qualitativa e quantitativa de forma a abranger toda a complexidade da sua investigação (BRUNIERA, 1994). LOCOMOÇÃO Locomoção é toda ação que move o corpo de um animal através do espaço aéreo, aquático ou terrestre (CAPPOZZO, 1991). É atingida através de movimentos coordenados dos segmentos corporais numa interação dinâmica das forças internas (muscular e articular) e forças externas (inercial, gravitacional e friccional). LOCOMOÇÃO Os atos locomotores pertencem a categoria dos movimentos filogeneticamente mais antigos e permitem o estabelecimento de relações entre o processo motor e os mais variados níveis estruturais do sistema nervoso central. LOCOMOÇÃO O andar está entre os atos motores mais automatizados; A sequência de eventos que geram o andar é altamente repetitiva de ciclo após ciclo e também entre diferentes sujeitos. Tal regularidade permite que se estabeleça critérios objetivos para a distinção entre padrões normais e patológicos. LOCOMOÇÃO Todo ato locomotor depende de interações dinâmicas entre o sistema motor e as forças externas, entendidas como causas do movimento nesta interação do corpo com o meio ambiente. A compreensão da locomoção humana enquanto fenômeno complexo só pode ser entendida se diferentes aspectos forem considerados conjuntamente de maneira integrada. DEFINIÇÃO Marcha pode ser definida por comportamentos motores compostos por movimentos integrados do corpo humano Estilo ou maneira de caminhar Magee (2009) descreve o andar como simples ato de cair para frente e apoiar-se. FATORES QUE ALTERAM O MODO DE ANDAR Hábito ou estilo Diferenças posturais Excesso de peso Diferenças individuais de coordenação Diferenças e configurações ósseas Restrições de movimentos articulares Distribuição de massa nos membros CONSIDERAÇÕES GERAIS Embora duas pessoas não possam se locomover de maneira idêntica, existem certas características da locomoção que são universais e estes pontos similares servem como base para a descrição cinemática, eletromiográfica e dinâmica da marcha CONSIDERAÇÕES GERAIS Tradicionalmente um ciclo completo do andar é determinado por dois contatos consecutivos do mesmo calcanhar no solo e o intervalo de tempo entre estes eventos é a duração do ciclo do andar. A distância percorrida neste intervalo é chamada de passada e o intervalo de tempo entre o contato inicial do calcanhar e a perda de contato deste mesmo calcanhar (ipsilateral) com o solo é chamado de duração da fase de apoio FASES DA MARCHA FASE DE APOIO FASE DE OSCILAÇÃO OU BALANÇO FASES DA MARCHA FASE DE APOIO: Ocorre quando o pé encontra-se em contato com o solo e sustenta o peso. Permite que o MMII suporte o peso do corpo e ao mesmos tempo possibilita o avanço do corpo sobre o membro que esta sustentando Representa 60% do ciclo da marcha É composta de 5 subfases FASES DA MARCHA FASE DE APOIO: Início: Choque do calcanhar no solo Flat foot ou pé aplanado: quando o restante do pé entra em contato com o solo Apoio médio: quando o pé contra-lateral em balanço passa à fase de apoio Retirada do calcanhar: o peso é suportado pelo antepé. Retirada dos dedos: quando o restante do pé sai do contato com o solo FASES DA MARCHA FASE DE BALANÇO: Ocorre quando o pé não está mais sustentando peso e move-se para frente Permite que os pododáctilos saiam do solo e que ocorram ajustes de comprimento do membro Permite que o MMII avance para frente Representa 40% do ciclo da marcha É composta de três subfases FASES DA MARCHA FASE DE BALANÇO: Fase de aceleração: saída do pé do solo Fase de balanço médio: correspondente ao apoio médio, quando os dois pés estão lado a lado Fase desaceleração: fase anterior ao choque de calcanhar APOIO DO CALCANHAR APLANAMENTO DO PÉ ACOMODAÇÃO INTERMEDIÁRIA ACELERAÇÃO OSCILAÇÃO INTERMEDIÁRIA DESACELERAÇÃO APOIO DO CALCANHAR IMPULSO FASE DE DUPLO APOIO É a fase da marcha na qual partes de ambos os pés encontram-se em contato com o solo Ocorre duas vezes durante o ciclo da marcha (contato inicial e na fase de pré-balanço) Cada período desses é responsável por aproximadamente 10% do ciclo da marcha FASE DE FLUTUAÇÃO É também denominada como fase sem apoio Um tempo durante o qual os pés não estão em contato com o solo Ocorre durante a corrida rápida ou na velocidade aumentada FASE DE APOIO SIMPLES Ocorre quando apenas um membro inferior encontra-se em contato com o solo. Ocorre duas vezes no ciclo normal (apoio médio e apoio terminal) Cada período é responsável por aproximadamente 40% da marcha null PARÂMETROS NORMAIS DA MARCHA Largura da base Comprimento do passo Comprimento da passada Desvio pélvico lateral Desvio pélvico vertical Rotação pélvica Centro de gravidade Cadência normal null COMPRIMENTO DO PASSO # COMPRIMENTO DA PASSADA PASSADA PASSO DESVIO PÉLVICO LATERAL É o movimento de lado a lado da pelve durante a marcha. É necessário para centralizar o peso do corpo sobre o MMII de apoio para fornecer equilíbrio null DESVIO PÉLVICO VERTICAL Impede que durante a marcha o centro de gravidade (CG) se mova mais de 5 cm para cima e para baixo null ROTAÇÃO PÉLVICO É necessária para diminuir o ângulo entre o fêmur e o solo Diminui a amplitude de deslocamento referente ao trajeto percorrido pelo CG e conseqüentemente, reduz a descida do CG Mede 8º , sendo 4º para frente no MMII em balanço e 4º para trás no MMII na fase de apoio. Para manter o equilíbrio o tórax roda em direção oposta, ou seja, se a pelve roda em sentido horário o tórax roda em sentido anti-horário ou vice-versa null CENTRO DE GRAVIDADE Em pé o CG está localizado 5 cm na frente da 2ª vértebra sacral Os deslocamentos verticais e horizontais do CG descrevem a figura 8, ocupando uma área quadrada de 5 cm no interior da pelve durante a marcha null CENTRO DE GRAVIDADE Durante o andar, tem-se o constante deslocamento da linha de gravidade à frente da articulação do tornozelo o que tende a desequilibrar o corpo para a frente obrigando que estratégias de restabelecimento do equilíbrio sejam impostas pelo sistema neuromuscular, nos conferindo uma situação de equilíbrio dinâmico durante todo o ciclo. null CADÊNCIA NORMAL Quantidade de passos por minutos Geralmente é de 90 a 120 passos/min. A cadência é maior em mulheres do que em homens Tende a diminuir com a idade null DISTRIBUIÇÃO DA PRESSÃO PLANTAR CONSIDERAÇÕES O comprimento do passo deve ser igual tanto na distância quanto no tempo; Os braços devem oscilar com a perna oposta; O tronco gira para frente à medida que o membro progride através da fase de oscilação; Os braços, oscilando em oposição à rotação do tronco, controlam a amplitude de rotação do tronco fornecendo uma contra-rotação. A cabeça deve estar ereta, os ombros nivelados e o tronco em extensão. null MECANISMO DE OTIMIZAÇÃO Rotação pélvica Obliqüidade pélvica Flexão do joelho na fase de apoio Mecanismos do tornozelo Mecanismos do pé Deslocamento lateral do corpo null OBLIQUIDADE PÉLVICA Quando o membro está apoiado, e consequentemente em sua maior altura, a pelve se inclina para o lado que está em balanço Assim a oscilação vertical fica menor null FLEXÃO DO JOELHO NA FASE DE APOIO Permite o ajuste do comprimento do membro inferior, durante a fase de apoio A flexão do joelho encurta o membro no início do apoio simples, reduzindo a altura do ápice da trajetória do centro de gravidade no plano sagital null MECANISMO DO TORNOZELO Através do primeiro rolamento do calcâneo no solo,para favorecer o contato do calcanhar (suavizar) No segundo rolamento, quando a tíbia precisa “passar” adiante, rodando sobre o tálus em CCF null DESLOCAMENTOLATERAL DO CORPO Quanto menor a base de sustentação ou largura do passo, menores serão os movimentos necessários para permitir a passagem do membro durante o balanço Exemplo disso o valgo femural nos quadris largos Esses determinantes são simultâneos null ALLARD (1995) MARCHA ANORMAL FATORES QUE LEVAM A ANORMALIDADES DA MARCHA: Debilidades musculares Deformidades estruturais dos ossos e articulações Transtornos neurológicos null MARCHA ANORMAL Marcha Antálgica Marcha do Glúteo Máximo Marcha de Trendelenburg Marcha de Joelho Recurvado Marcha de Pé Caído ou Escavante Claudicação Dolorosa Marcha Bamboleante (Miopática) null MARCHA ANORMAL Marcha Artrogênica (quadril ou joelho rígido) Marcha Hemiplégica Marcha Atáxica Marcha Parkisoniana Marcha em Tesoura Marcha de Reverência Marcha Equina null MARCHA ANTÁLGICA É autoprotetora Decorrente de uma lesão no nível da pelve, quadril, joelho, tornozelo ou pé A fase de apoio sobre o MMII afetado é mais curta do que sobre o MMII não afetado A fase de balanço do MMII não comprometido diminui Menor comprimento do passo no lado não afetado Diminuição da velocidade da marcha e da cadência null MARCHA DO GLÚTEO MÁXIMO Marcha de extensores do quadril O tronco muda rapidamente para trás na batida de calcanhar. Com o pé em contato com o solo, o quadril é mantido em extensão durante a fase de estação. “Marcha cavalinho de balanço” null MARCHA DO GLÚTEO MÉDIO OU MARCHA DE TRENDELENBURG O indivíduo muda o tronco para o lado afetado durante a fase de apoio. Se o músculo glúteo médio esquerdo está fraco, o lado direito da pelve cai quando a perna direita deixa o solo e começa a fase de oscilação null MARCHA DO JOELHO RECURVADO IQT enfraquecidos O joelho sofrerá hiperextensão excessiva Durante a parte de desaceleração da fase de oscilação, sem os IQT para diminuir a oscilação para frente da parte inferior da perna o joelho se estenderá rapidamente null MARCHA ESCAVANTE OU DO PÉ CAÍDO Fraqueza/paralisia dos MM dorsiflexores acarretando pé caído Compensa elevando o joelho além do normal Podem não ser capazes de suportar o peso do corpo na batida de calcanhar quando se contraírem excentricamente. O resultado é "a batida de pé". Com os dorsiflexores não sendo capazes de diminuir a descida do pé, o pé entra rapidamente em flexão plantar. null MARCHA ESCAVANTE OU DO PÉ CAÍDO OBS: Dependendo do grau de fraqueza destes músculos, podem ou não ser capazes de dorsifletir o tornozelo durante a fase de oscilação. Se não, ou se os músculos estiverem paralisados, resultará em um "pé caído" ou "marcha de passos altos". Isto é visto primeiro durante a fase de oscilação. O joelho tem de ser elevado mais alto para que o pé caído (em flexão plantar) saia do solo. null CLAUDICAÇÃO DOLOROSA Quando o Tríceps Sural está fraco, não há elevação do calcanhar no empuxo, resultando em um comprimento de passo encurtado no lado não afetado. Embora esta marcha não seja perceptível no nível do solo, torna-se mais pronunciada quando se sobe uma inclinação. null MARCHA BAMBOLEANTE (MIOPÁTICA) Comum em pacientes com distrofia muscular e outros tipos de distrofias. A pessoa fica com os ombros atrás dos quadris, muito semelhante a uma pessoa com paraplegia . Pouca ou nenhuma rotação recíproca da pelve ou do quadril. Portanto, para balançar a perna para a frente, todo aquele lado inteiro do corpo deve oscilar para a frente, por isso a natureza bamboleante da marcha. A lordose lombar e a marcha de passos altos também estão frequentemente presentes. null MARCHA ARTROGÊNICA (QUADRIL OU JOELHO RÍGIDO) É consequência de rigidez, frouxidão ou deformidade Pode ser dolorosa ou indolor Normalmente é decorrente de joelho ou quadril submetido a artrodese. A pelve deve estar elevada devido a flexão plantar exagerada do tornozelo oposto e a circundução do MMII rígida- MARCHA CIRCUNDUZIDA para permitir a elevação dos pododáctilos null MARCHA ARTROGÊNICA (QUADRIL OU JOELHO RÍGIDO) Nessa marcha o paciente eleva todo o MMII mais do que o normal para tira-lo do solo O arco de movimento ajuda a diminuir a elevação necessária para elevar o MMII afetado do solo Devido a perda de flexibilidade do quadril e/ou joelho, os comprimentos de marcha dos dois MMII são diferentes null MARCHA HEMIPLÉGICA Irá variar um pouco, dependendo da presença de espasticidade ou flacidez. A pessoa normalmente joga o corpo para o lado não envolvido, circunda o membro afetado durante a fase de oscilação e coloca primeiro no solo o pé plano ou o dedo, na batida de calcanhar. A extremidade superior envolvida pode estar em um padrão de flexão e normalmente sem o balançar recíproco do braço. O comprimento do passo tende a ser aumentado no lado envolvido e diminuído no lado não envolvido null MARCHA ATÁXICA Proveniente do envolvimento do cerebelo É evidenciada por uma ampla base de sustentação(marcha abduzida) convulsiva e movimentos inconstantes. A pessoa normalmente tem dificuldade de caminhar em linha reta e tende a cambalear. O movimento recíproco do braço também parece cambaleante e irregular. A marcha resultante é irregular, espasmódica e ondulante null MARCHA PARKINSONIANA OU MARCHA EM FESTINAÇÃO Demonstra movimento diminuído. A postura dos membros inferiores e do tronco tende a ser fletida e o movimento recíproco do braço e comprimento do passo são enormemente diminuídos. A pessoa caminha arrastando os pés e tem dificuldade de iniciar os movimentos. null MARCHA PARKINSONIANA OU MARCHA EM FESTINAÇÃO Devido à postura inclinada, o CG também está na frente. Em casos avançados, este centro de gravidade dianteiro resulta em "marcha apressada". Como o equilíbrio da pessoa está muito na frente, uma série de passos curtos e rápidos são dados para retomar o equilíbrio. null MARCHA EM TESOURA Resultante de paralisia espastica dos músculos Adutores do quadril É visto em indíviduos com paralisia espasticas Esta marcha é mais evidente durante a fase de oscilação na qual o membro sem apoio oscila contra ou através da perna em estação. Quadris e joelhos flexionados e as pernas se cruzam entre si null MARCHA DE REVERÊNCIA É frequentemente vista com envolvimento bilateral dos MMII. Apresenta excessiva lordose lombar, inclinação anterior da pelve, flexão dos quadris e joelhos e flexão plantar dos tornozelos. Para compensar, a oscilação recíproca do braço é exagerada. null MARCHA EQUINA OU MARCHA DE PASSOS ALTOS Encontrada em crianças com pé torto A sustentação do peso ocorre principalmente sobre a borda dorsolateral ou lateral do pé A fase de sustentação de peso sobre o membro afetado diminui e o paciente apresenta claudicação. null MARCHA EQUINA OU MARCHA DE PASSOS ALTOS A pelve e o fêmur ficam em rotação externa para compensar parcialmente a RI da tíbia e pé Pode apresentar uma perna maior do que a outra, desse modo, a pessoa normalmente caminha sobre a bola do pé no lado não envolvido (mais curto). Decorrente da paralisia do músculo Tibial anterior null AVALIAÇÃO DA MARCHA Anamnese Inspeção Mobilidade das articulações Força dos músculos null OBSERVAÇÃO Avaliação Postural Geral Analisar a Marcha Comprimento da Passada Frequência dos Passos Duração da Fase de Balanço Duração do Ciclo Completo Velocidade da Marcha Presença de Claudicação Movimentos do Tronco e MMSS null INSPEÇÃO - ANTERIOR Inclinação lateral da pelve Oscilação lateral do tronco Rotação da pelve, tronco ou rotação da extremidade superior na direção oposta à pelve Balanço recíproco dos MMSS Movimentos do quadril, joelhos e tornozelo e pé null INSPEÇÃO - ANTERIOR Arqueamento do fêmur ou da tíbia RI ou Re do quadril, no fêmur ou na tíbia Posição dos pés ao longo do ciclo da marcha Atrofia muscular da face anterior da coxa e perna Largura da base normal null INSPEÇÃO - LATERAL Rotação do ombro e tórax durante a marchaBalanço recíproco dos MMSS Postura da coluna Rotação pélvica Movimentos das articulações do MMII Comprimento do passo e da passada Cadência Presença de hiperextensão do joelho durante o ciclo da marcha null INSPEÇÃO - POSTERIOR Rotação dos ombros e tórax Balanço recíproco dos MMSS Inclinação pélvica Rotação pélvica Movimento do quadril, joelho, tornozelo e da articulação subtalar null INSPEÇÃO - POSTERIOR Base de suporte Elevação dos calcanhares Calcanhares desviam-se medial ou lateralmente Coluna Musculatura das costas, nádegas, face posterior da coxa e panturrilha null INSPEÇÃO - CALÇADOS Podem modificar a marcha do paciente e a quantidade necessária para executar a marcha Ex: sapatos de salto alto alteram os movimentos ao nível dos joelho e tornozelo os quais por sua vez aumenta a carga vertical null
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