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O combustível da
Sustentabilidade
EXPEDIENTE
SUMÁRIO
História do biodiesel 
 A Ubrabio
Matéria-prima
Aspectos sociais
Aspectos ambientais
Saúde pública
Aspectos econômicos
6
O Brasil chega ao momento de decidir o que deseja para sua matriz 
energéti ca. É preciso estudar as alternati vas e tomar a decisão mais 
adequada à nossa economia, respeitando o meio ambiente e a saúde 
da população.
Uma questão já se apresenta: com quantos padrões de diesel o Brasil 
pode lidar? Já existem o diesel interior, o metropolitano e o maríti mo. 
Ainda temos que considerar os níveis de enxofre exigidos hoje e no fu-
turo próximo – S-50 em algumas cidades e, em 2012, o S-10, o que 
aumentará os ti pos de óleo diesel no território brasileiro. 
O segundo semestre de 2009 inaugurou nova etapa na matriz energéti -
ca, o índice B4, em que a adição de biodiesel ao óleo diesel de petróleo 
chegou a 4%. O acréscimo de 1% de biodiesel nessa mistura é passo 
fi rme na consolidação da nova Matriz. 
Esse momento é também - e principalmente - de refl exão sobre os no-
vos passos a serem dados na direção que o País precisa.
Nossa Agenda já está atrasada e, para compensar o tempo perdido, o 
CONAMA adotou a Resolução 403, que prevê níveis mais baixos de en-
xofre no óleo diesel, tornando-o menos poluente, a parti r de 2012. 
Esta é a grande oportunidade para o País incrementar o uso do biodiesel 
nas regiões metropolitanas (Biodiesel Metropolitano). A Ubrabio propõe 
a nova mistura na proporção B-20, que traz vantagens em duas frentes: 
compensa os efeitos anti lubrifi cantes da redução do enxofre nos moto-
res e dá ganho signifi cati vo à qualidade do ar e à saúde da população.
No aspecto mecânico, pesquisas comprovam o melhor efeito lubrifi can-
te do biodiesel. Além disso, o incremento de um combustí vel “limpo” 
vai reduzir as estatí sti cas de doenças respiratórias associadas à má qua-
lidade do ar. Nas regiões metropolitanas brasileiras, as internações e as 
mortes decorrentes desse problema cresceram nos últi mos anos. São 
Paulo desponta com um nada lisonjeiro tí tulo de campeã dessa estatí s-
ti ca, devido à poluição - industrial e provocada pelo trânsito.
Aqui, voltamos à pergunta inicial. Quantos padrões de diesel o Brasil 
suporta?
Para reduzir os problemas de logísti ca e dar mais qualidade à nossa Ma-
triz, é urgente aproveitar a oportunidade. O Brasil está prestes a adotar 
o diesel com enxofre a 10 partes por milhão, o S-10, a parti r de 2012. 
Um esforço de grandes proporções para o país. É o momento adequado 
para unifi car o esforço e a pauta do futuro próximo. 
Junto com o S-10 vamos implantar o B-20 Metropolitano. Vamos pro-
mover um salto de qualidade na produção e aproveitamento de um 
combustí vel limpo e renovável.
O Brasil pode. O Brasil merece.
Juan Diego Ferrés e Odacir Klein
EDITORIAL
O combustí vel ecológico que mudou 
a matriz energéti ca do mundo 
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Em defesa da cadeia de produção e 
comercialização do biodiesel 
Inclusão social e nova fonte de 
renda para agricultores
Ampliação no uso do biodiesel 
diminui emissão de poluentes
A poluição que mata nas grandes 
cidades do país
Em defesa da cadeia de produção e 
comercialização do biodiesel 
Diversifi cação e riqueza em terras 
brasileiras
Presidente: Juan Diego Ferrés; Presidente Executi vo: Odacir Klein; Vice-Presidente 
de Assuntos Jurídicos: Silvio Rangel; Vice-Presidente Administrati vo: Henrique 
Herbert Ubrig; Vice-Presidente Financeiro: Irineu Boff ; Vice-Presidente Técnico: 
Geraldo Guilherme Neuber Marti ns; Vice-Presidente de Relações Associati vas e 
Insti tucionais: Donizete José Tokarski; Vice-Presidente de Assuntos Tributários: 
Alberto Borges de Souza; Diretor Executi vo: Sergio Beltrão
www.ofi cinadapalavra.com
Coordenação e Revisão:
Liliane Pinheiro
Edição e texto:
Graziella Campanaro e Letí cia Santos
Projeto gráfi co e diagramação:
Júlio Leitão
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A Universidade Federal do Ceará 
(UFCE) desenvolve diversas pesqui-
sas com o intuito de encontrar fon-
tes alternati vas de energia. As ex-
periências acabaram por revelar um 
novo combustí vel originário de óleos 
vegetais e com propriedades seme-
lhantes ao óleo diesel convencional: 
o biodiesel
Nos anos de 1980, outra signifi cati va 
contribuição nessa história foi dada 
pelo registro da patente PI-8007959, 
pelo professor Expedito Parente, da 
Universidade Federal do Ceará. Essa 
foi a primeira patente mundial do 
biodiesel. Nessa mesma década, o 
Governo Federal lança o Programa 
de Óleos Vegetais (OVEG)
Inventado em 1983 e patenteado quatro anos de-pois, o primeiro motor movido a óleo vegetal foi criado pelo engenheiro alemão Rudolf Christi an Karl Diesel. Na época, pensar em combustí veis alternati -
vos para o funcionamento de qualquer engenhoca era 
algo tão distante que ninguém deu muita importância 
ao que viria a ser o maior invento mecânico da história. 
Uma experiência rudimentar que antecedeu a desco-
berta de um combustí vel bem mais limpo e que muitos 
ainda confundem com óleo vegetal. Nesse senti do, é 
bom ressaltar que o biodiesel é a adequação correta 
para se uti lizar esse combustí vel de origem vegetal 
em motores a diesel (ver mais na página 10). 
No Brasil, experiências com biocombustí veis datam da 
década de 20. Foi nesse período que Insti tuto Nacio-
nal de Tecnologia – INT, no Rio de Janeiro, começou a 
estudar e testar combustí veis alternati vos e renová-
veis. Quarenta anos depois, pesquisas realizadas pela 
Universidade Federal do Ceará (UFCE) revelaram o 
biodiesel como um novo combustí vel originário de óle-
os vegetais e com propriedades semelhantes ao óleo 
diesel convencional. Mas foi nos anos 80, que outra 
signifi cati va contribuição nessa história foi dada: o pro-
fessor Expedito Parente, da UFCE, registrou a primeira 
patente mundial do biodiesel, hoje de domínio público. 
Com o passar dos anos e as intermitentes crises de 
energia, associadas à maior demanda por combustí veis 
fósseis, surgem novos e fortes estí mulos para o desen-
volvimento de tecnologias de produção tanto do etanol 
quanto do biodiesel. Com isso, estes dois produtos pas-
sam a ter um papel de destaque na matriz energéti ca 
mundial e no mercado internacional de combustí veis. 
No início dos anos 90, o processo de industrialização do 
biodiesel foi iniciado na Europa, que até hoje detém o 
tí tulo de maior produtor e consumidor.
Regulamentação
No Brasil, o biodiesel é fomentado pelo Programa 
Brasileiro de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). 
Lançado no dia 06 de dezembro de 2004, o programa 
do Governo Federal foi construído e implantado com 
a ampla parti cipação dos principais envolvidos na ca-
deia produti va desse biocombustí vel. A esse marco, 
foram se sucedendo edições de leis, atos normati vos 
e regulamentações que formam todo o arcabouço 
legal que norteia as iniciati vas públicas e privadas do 
biodiesel no Brasil. Nesse contexto, foram introdu-
zidos os leilões de compra de biodiesel, uma forma 
encontrada pelo governo de acelerar o processo de 
instalação da cadeia produti va, além de contribuir 
para evitar distorções naturais de preços que pode-
riam vir a ser criadas pelo mercado.
Publicada em 13 de janeiro de 2005, a Lei 11.097 in-
troduziu o biodiesel na matriz energéti ca brasileira. 
Na ocasião, fi cou determinada a obrigatoriedade da 
adição de 2% de biodiesel no diesel comercializado 
no Brasil, a parti r de janeiro de 2008, e de 5% até ja-
neiro de 2013, podendo-se antecipar. A regulamen-
tação também ampliou a competência administrati va 
Nesse ano entrou em funciona-
mento o primeiro motor a diesel 
do mundo abastecido com óleo 
vegetal feito a parti r do amendoim. 
Seu inventor, o engenheiroalemão 
Rudolf Christi an Karl Diesel, profe-
ti zava que os óleos vegetais seriam 
a grande alternati va para o futuro 
energéti co da humanidade.
20DÉCADA 20
No Brasil, o Insti tuto Nacional de 
Tecnologia – INT, no Rio de Janeiro, 
já estudava e testava combustí veis 
alternati vos e renováveis. Na oca-
sião, foram feitas experiências com 
palma, algodão e amendoim. Em 
1923, Joaquim Berti no Carvalho fez 
uma conferência sobre o emprego 
de óleos vegetais como combustí veis
1893 DÉCADA 70 80DÉCADA 801893
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O combustível ecológico que mud
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da ANP, que passou, desde então, a denominar-se 
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom-
bustí veis. A parti r da publicação da citada lei, a ANP 
assumiu a atribuição de regular e fi scalizar as ati vida-
des relati vas à produção, controle de qualidade, dis-
tribuição, revenda e comercialização do biodiesel e da 
mistura óleo diesel-biodiesel. No desempenho dessa 
nova função, a agência editou normas de especifi ca-
ção do biodiesel e da mistura óleo diesel-biodiesel, e 
promoveu a adaptação das normas regulatórias.
Mistura
Até janeiro de 2008, a adição de 2% de biodiesel era 
facultati va e o período foi considerado de “treina-
mento”. A parti r dessa data, o uso tornou-se obriga-
tório e o óleo diesel comercializado em todo o Brasil 
passou a conter essa mistura. Seis meses depois, em 
1º de julho do mesmo ano, a Resolução nº 2 do Conse-
lho Nacional de Políti ca Energéti ca (CNPE), publicada 
em março de 2008, aumentou de 2% para 3% o per-
centual obrigatório. Em maio de 2009, o Ministério de 
Minas e Energia defi niu a adição de 4% de biodiesel 
no diesel, o B4 - nome da mistura contendo 96% de 
óleo diesel derivado do petróleo e 4% de biodiesel. 
A expectati va do governo é que, com a nova mistura, 
a produção desse biocombustí vel suba de 1,2 bilhão, 
em 2008, para 1,8 bilhão de litros em 2009. 
A elevação para 4% da adição de biodiesel ao diesel 
evidencia o sucesso do Programa Nacional de Pro-
dução e Uso do Biodiesel e mostra que o Brasil tem 
condições de conti nuar sendo líder na produção e no 
uso em larga escala de energia obti da a parti r de fon-
tes renováveis. Já a meta de 5%, prevista para 2013, 
será antecipada para 2010. A iniciati va de ampliar o 
uso do biodiesel está alinhada aos objeti vos da Políti -
ca Energéti ca Nacional e a importância para o desen-
volvimento do novo combustí vel. Além de aumentar a 
parti cipação da agricultura familiar, o governo aposta 
numa maior agregação de valor às matérias-primas 
oleaginosas de origem nacional, na redução da impor-
tação de diesel de petróleo e em todas as vantagens 
ambientais e de saúde pública. 
Fiscalização
Com o aumento do mercado, o papel da ANP será 
cada vez mais importante. Para aprimorar o sistema 
de fi scalização, o governo vem tomando algumas ini-
ciati vas com o intuito de desenvolver equipamentos 
apropriados para testar nas bombas de combustí veis 
se o diesel vendido tem realmente a mistura obriga-
tória estabelecido por lei.
Essa fi scalização é feita pela ANP através dos números 
de venda do diesel e do biodiesel da Petrobras e da refi -
naria Refap. A Petrobras e a Refap compram o biodiesel 
nos leilões realizados pela ANP e promovem novos lei-
lões para as distribuidoras comprarem o produto. Com 
base no volume de diesel comprado por cada distribui-
dora junto à Petrobras, é vendido o volume necessário 
de biodiesel para fazer a mistura obrigatória. 
05/07
Em janeiro de 2005 foi publicada a 
Lei 11.097, que dispõe sobre a intro-
dução do biodiesel na matriz ener-
géti ca brasileira. A parti r dessa pu-
blicação, a ANP assumiu a atribuição 
de regular e fi scalizar as ati vidades 
relati vas ao biodiesel. Realização do 
primeiro leilão. Adição facultati va de 
2% do biodiesel no diesel.
Início da obrigatoriedade da mis-
tura de 2% de biodiesel no diesel. 
Em julho de 2008, o governo au-
torizou o aumento para 3%. Esta 
regra foi estabelecida pela Reso-
lução nº 2 do Conselho Nacional 
de Política Energética (CNPE). Em 
maio de 2009, a adição de 4% de 
biodiesel.
No começo dos anos 90, o pro-
cesso de industrialização do 
biodiesel foi iniciado na Europa. 
Na ocasião, o principal mercado 
produtor e consumidor desse 
biocombustí vel em grande esca-
la já era aquele conti nente 
20042004
Em 06 de dezembro, o Presidente 
da República Luiz Inácio Lula da Silva 
lança o Programa Brasileiro de Pro-
dução e Uso do Biodiesel (PNPB). 
A esse marco, foram se sucedendo 
edições de leis, atos normati vos e 
regulamentações que formam todo 
o arcabouço legal que norteia as ini-
ciati vas do biodiesel no Brasil
90 2005/2007 08/092008/2009DÉCADA 90
udou a matriz energética 
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Uma enti dade privada que representa, integralmente, a cadeia de produção e comercialização do biodiesel. Essa é a União Brasileira do Biodiesel - UBRABIO, 
associação civil organizada que iniciou suas ati vida-
des em maio de 2007 e nasceu com o propósito de 
promover a interlocução em conjunto com o gover-
no, empresas e insti tuições de pesquisa voltadas 
aos biocombustí veis.
Tudo começou em meados de 2006, quando um 
grupo de produtores de biodiesel percebeu a ne-
cessidade de consti tuir uma enti dade que, além de 
representar a cadeia do biodiesel, pudesse contri-
buir no aperfeiçoamento das políti cas e estratégias 
relacionadas com o Programa Nacional de Produção 
e Uso de Biodiesel (PNPB). “Como todo início, ti ve-
mos as nossas difi culdades. O principal problema era 
unifi car a visão de todos os associados em relação 
ao modelo da enti dade. De um lado tí nhamos um 
grupo concentrado apenas no foco da rentabilidade. 
No outro extremo, a ideia de difundir um grande fó-
rum onde pudéssemos concentrar todas as discus-
sões. Depois de um tempo, conseguimos um bom 
equilíbrio que acabou sati sfazendo ambas as visões 
e resultou no formato atual da enti dade”, explica o 
presidente da associação, Juan Diego Ferrés.
Atualmente, a UBRABIO conta com 29 empresas as-
sociadas entre produtores de biodiesel e de matérias-
primas, fabricantes de equipamentos, empresas de 
tecnologia e serviços. Todos com o mesmo objeti vo: 
parti cipar com o País na consolidação de um progra-
ma abrangente e efi ciente pela introdução do biodie-
sel na Matriz Energéti ca. Outro objeti vo da enti dade 
é esti mular e realizar pesquisas, debates, projetos e 
propostas para o aperfeiçoamento e regulamentação 
da produção, comercialização e uso do biodiesel. Por 
intermédio de um Fórum Nacional Permanente e, 
futuramente, acrescentando fóruns regionais e esta-
duais, a associação também pretende diagnosti car as 
problemáti cas e eventuais ameaças ao PNPB.
“Se nos guiarmos pela experiência dos países euro-
peus que iniciaram esse modelo, o desafi o da im-
plementação do biodiesel requer a criação de um 
mercado estruturado. Isso porque, na fase inicial, 
um biocombustí vel não pode concorrer apenas eco-
nomicamente com os combustí veis fósseis em virtu-
de das suas diferenças, como escala, renovabilidade, 
sustentabilidade e externalidades sócio-ambientais”, 
afi rmou Ferrés. O presidente da UBRABIO também 
explica que é comum comparar os custos de fabri-
cação como se os combustí veis derivados do petró-
leo e os biocombustí veis fossem similares. Segundo 
ele, a conta é bem mais complexa do que se parece, 
uma vez que a cadeia de fabricação do biodiesel, por 
exemplo, mobiliza signifi cati -
vamente a economia gerando 
empregos, renda, investi men-
tos e desenvolvimento regio-
nal. “Uma conta bem feita 
deve levar em consideração 
todos esses fatores. Não po-
demos nos esquecer que as 
energias fósseis são esgotáveis 
e, no futuro, elas serão substi -
tuídas pelas renováveis”,res-
saltou Ferrés.
Reunião dos associados durante o 
anúncio da implementação do B4
“Uma vez esgotáveis, as energias fós-
seis devem contribuir economicamente 
no desenvolvimento das renováveis que 
deverão substituí-las”
Juan Diego Ferrés, presidente da UBRABIO
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Em defesa da cadeia de produção 
e comercialização do biodiesel 
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Diversifi cação e riqueza 
em terras brasileiras
É comum atribuir a produção de biodiesel somente à soja, uma vez que a oleaginosa responde atualmente por cerca de 80% do mercado. Mas o Brasil – com dimensões conti -
nentais, clima favorável à ati vidade agrícola e recursos 
hídricos consideráveis – é o país com maior potencial 
de matérias-primas para a produção desse biocom-
bustí vel. A esti mati va é de que possam ser culti vados, 
com resultados favoráveis, até 40 ti pos diferentes. Um 
exemplo seria o dendê, que, segundo informações do 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
(MAPA), gera em torno de 5 ton/ha anuais de óleo, o 
que signifi ca dez vezes mais do que a soja. 
Além dos óleos vegetais, os animais e residuais são 
promissores no que se refere à produção do biodie-
sel. Tanto que as cotações do sebo bovino disparam 
desde 2006. Já as empresas de reciclagem, disputam 
cada vez mais o óleo de cozinha (residual) descarta-
do por redes de fast food e outros estabelecimentos. 
Gordura vegetal
Os primeiros registros da soja datam do século XI 
A.C., na China. Por aqui, a cultura foi introduzida 
no século XIX, na Bahia, e, atualmente, o Brasil é 
o segundo maior produtor mundial (atrás apenas 
dos Estados Unidos). A Empresa Brasileira de Pes-
quisa Agropecuária (Embrapa) aponta que, na sa-
fra 2006/2007, a soja ocupou uma área de 20,687 
milhões de hectares, o que significa uma produ-
ção de 58,4 milhões de toneladas. A produtividade 
média no país é de 2,8 ton/ha – no Mato Grosso, 
maior produtor nacional, são cerca de 3 ton/ha. 
Apesar de o teor de óleo na soja ser baixo (18%) se 
comparado ao de outras oleaginosas, a espécie é 
uma das poucas que detém um domínio tecnoló-
gico capaz de atender à demanda do biodiesel. “O 
mercado da soja é desenvolvido, foi consolidado 
no Brasil em mais de 30 anos e já tem logística e 
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tecnologia estabelecidas. A soja permite que te-
nhamos um programa de biodiesel funcionando 
adequadamente no país” , observa Denilson Fer-
reira, coordenador geral de Agroenergia do Minis-
tério da Agricultura (MAPA). Para se ter uma idéia 
da relevância dessa leguminosa, vale ressaltar 
que, há três anos, o Brasil faturou US$ 9,3 bilhões 
com a exportação de soja, vendida em forma de 
grão, farelo e óleo. O valor representa 6,77% do 
total exportado. 
Produzida principalmente nas regiões Centro Oeste, 
Sudeste e Sul, mas também presente nas restantes, 
a soja promete se manter como o carro-chefe do 
biodiesel. Pelo menos nos próximos 5, 10 anos, de 
acordo com o MAPA. Para a safra de 2008/2009, a 
associação trabalha com exportação de 25, 7 milhões 
de toneladas. 
Atualmente, o MAPA e a Embrapa dedicam-se 
com mais afinco a estudar outras três matérias-
primas, devido ao elevado potencial de geração 
de óleo: dendê, pinhão manso e macaúba. O 
dendê é uma das principais apostas, não só pela 
quantidade de óleo produzido (5 ton/ha por ano), 
mas pela possibilidade de aproveitamento de di-
versas partes da oleaginosa. Pode-se extrair o 
óleo palmiste (oriundo da amêndoa), tendo como 
subproduto a torta, destinada à produção de ra-
ção animal. Além disso, do processamento dos 
frutos de dendê resultam resíduos sólidos propí-
cios a gerar energia elétrica ou térmica. O país 
tem plantados cerca de 70 mil hectares de dendê, 
principalmente no Pará, onde se concentra 80% 
da área cultivada. Mas também há plantações no 
Amazonas, Amapá e na Bahia. A oferta, entretan-
to, atende a apenas metade da necessidade bra-
sileira de consumo alimentício do óleo. 
Com capacidade de produção de óleo calculada 
em 1,5 ton/ha anuais, o pinhão manso está pre-
sente em maior número no Nordeste e no Centro 
Oeste. Apesar de as pesquisas ainda serem inci-
pientes, algumas vantagens do cultivo dessa ma-
téria-prima já são conhecidas: ampla distribuição 
no território nacional; a colheita manual estimula 
a mão-de-obra familiar (um dos preceitos do Pro-
grama Nacional de Produção do Biodiesel - PNPB) 
e a oleaginosa é conhecida pela resistência e ro-
bustez. No caso da macaúba, cujo rendimento de 
óleo chega a 3 ton/ha por ano, a produção siste-
matizada no país é inexistente. O que ocorre são 
plantações, predominantemente em Minas Gerais, 
para fins cosméticos, por exemplo. 
Assim que o PNPB foi implantado, em 2004, a ma-
mona era a grande aposta do governo por conta do 
elevado teor de óleo: 47%. Também de destacava 
pelo caráter social, uma vez que, resistente à seca 
no Nordeste, poderia promover o desenvolvimen-
to do semi-árido e contribuir com a agricultura fa-
miliar. No entanto, desde o ano passado, a maté-
ria-prima deixou para trás o título de “símbolo da 
produção de biodiesel”. Além de exigir tecnologia 
cara, seu óleo é considerado viscoso em demasia, 
o que causa risco de entupimento de bicos injeto-
res dos motores automotivos. Mas essa caracte-
rística não traz para a mamona o estigma de vilã. 
Com o desenvolvimento de novas tecnologias, o 
óleo pode servir para a produção de combustível, 
desde que misturado a outras matérias-primas a 
exemplo da soja. A oleaginosa é plantada nas regi-
ões Nordeste, Centro Oeste e Sudeste. 
PRINCIPAIS CULTURAS OLEAGINOSAS
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Produzida sistematicamente apenas na região Sul, 
a canola tem em torno de 24 a 27% de proteína e 
34 a 40% de óleo. Ela constitui uma das mais viá-
veis alternativas para a diversificação de culturas 
de inverno e geração de renda pela produção de 
grãos. Contudo, dificuldades mercadológicas e 
tecnológicas ainda predominam no país. 
O amendoim, consumido nos cinco continentes, 
é a única oleaginosa cujos grãos podem ser con-
sumidos in natura. Nos dias atuais, cerca de 47% 
da produção mundial são destinados aos alimen-
tos e 53% à geração de óleo e farelo. Presente 
nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, o 
amendoim contém cerca de 50% de óleo em sua 
amêndoa. Outra vantagem é que a matéria-prima 
tem um ciclo de produção curto (de 90 a 110 dias). 
O grão, no entanto, tem um alto valor no mercado 
internacional e seu manejo inadequado no pós-
colheita compromete a qualidade do farelo. A pro-
dução brasileira atual varia entre 150 mil e 300 mil 
toneladas por ano. 
Com 19% de óleo, o algodão é considerado a mais 
importante das fibras têxteis, naturais e artificiais. 
Apesar do baixo teor, é uma importante matéria-
prima porque fornece subprodutos, como resídu-
os da própria extração oléica, torta e farelo – ricos 
em proteína e utilizados no preparo de rações. O 
preço no mercado das sementes de algodão está 
em torno de R$ 0,15 a R$ 0,20 por quilo. O litro 
de oléo, que fornece cerca de um litro de biodie-
sel, custa aproximadamente R$ 1. De acordo com 
o MAPA, a cultura está presente nas regiões Sul, 
Sudeste e Nordeste. 
Gordura animal
Desde a implantação do PNPB, o mercado do sebo 
bovino tem deslanchado. Enquanto em Araçatuba 
(SP), em 2006, as cotações do boi variaram menos 
de 5%, as do sebo duplicaram. Dois dos motivos 
seriam o baixo custo em relação à soja e a alta pro-
dutividade: um quilo de sebo produz um quilo de 
óleo. A mesma quantidade de soja, por sua vez, 
resulta em 180g de óleo. Em março deste ano, se-
gundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural 
e Biocombustíveis (ANP), a participação do seboproduzido em todo país na fabricação do biodiesel 
foi de 10,9%. 
O primeiro passo para se produzir biocombustível 
é garantir que a matéria-prima tenha o mínimo 
de umidade e acidez possível, o que pode ocor-
rer por meio dos processos de desumidificação 
e neutralização. Para ser utilizado na geração de 
biodiesel, o sebo deve estar na forma líquida. 
Geralmente, o tratamento físico-químico é re-
alizado em graxarias. Delas, o produto vai para 
a indústria de biodiesel sob condições de aque-
Quatro outras matérias-primas também têm pa-
pel importante na geração de biodiesel. Com teor 
de óleo calculado em 42%, o girassol – produzi-
do nas regiões Sul e Sudeste - se destaca pela 
ampla capacidade de adaptação climática. Mais 
tolerante à seca do que os grãos de milho e sorgo, 
tem sido uma opção de plantio na entressafra. O 
óleo de girassol tem alta qualidade nutricional, 
agrada pelo aroma e sabor e é o segundo mais 
consumido no Brasil. Apesar de todas essas van-
tagens, a produtividade do girassol ainda é baixa 
e a tecnologia, inferior ao que seria necessário 
para estimular o plantio.
Fonte: Ministério da 
Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPA/2005)
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MITOS VERDADES
QUASE TODOS OS DIAS, A MÍDIA DIVULGA INFORMAÇÕES SOBRE OS BIOCOM-
BUSTÍVEIS. JORNAIS, REVISTAS E OUTROS MEIOS ABORDAM ASPECTOS COMO 
VANTAGENS AMBIENTAIS, ESTÍMULO AOS PRODUTORES FAMILIARES, INCENTI-
VOS AGRÍCOLAS, EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO. SÃO TANTAS CRÍTICAS, INFOR-
MAÇÕES E QUESTIONAMENTOS QUE FICA DIFÍCIL SABER O QUE É PERCEPÇÃO 
E REALIDADE. CONFIRA ALGUNS PONTOS. 
cimento adequado, pois o 
sebo já apresenta fase sólida 
a 45o. Além do sebo de boi, 
destacam-se como matérias-
primas a banha suína, a gor-
dura de frango, os óleos de 
peixe e o mocotó.
Gordura residual
Com grande apelo ambiental, 
o óleo residual uti lizado em 
restaurantes, indústrias de 
alimentos e em nossas casas 
pode ser aproveitado na pro-
dução de biodiesel. Esti ma-se 
que cada litro de óleo jogado 
nas pias é capaz de contami-
nar um milhão de litros d’água. 
Assim, gerar biocombustí vel 
a parti r dessa matéria-prima 
evitaria o descarte dela no es-
goto, o que também reduziria 
as despesas governamentais. 
Atentas às vantagens de re-
ciclar o óleo de cozinha, em-
presas investem em tecnolo-
gia e a sociedade civil começa 
a se movimentar. Criada há 
três anos, a OnG Trevo, com 
sede em SP, realiza o trabalho 
de recolhimento do óleo, tra-
tamento do produto e venda 
para grandes indústrias de 
biodiesel e sabão. “Depois 
de tirarmos as impurezas, o 
óleo é decantado e vendido. 
De cada 100 litros que cole-
tamos, 85% são reutilizados”, 
conta o presidente da Organi-
zação, Roberto Costacoi, que 
há 30 anos se dedica à reci-
clagem do óleo residual. 
Segundo ele, grande parte dos 
estabelecimentos comerciais 
do estado de SP já desti nam 
o óleo residual ao uso susten-
tável. “No Rio de Janeiro tam-
bém se realiza esse processo, 
assim como em Curiti ba, Lon-
drina e Salvador. Quando há 
a geração de renda no que se 
refere à reciclagem e à suca-
ta, o processo no Brasil ocorre 
rápido”, avalia. Atualmente a 
OnG Trevo gera empregos di-
retos para 50 famílias. Fonte: BRAMOVAY, Ricardo. Biocombustíveis. São Paulo: ed. Senac, 2009
E
Quando se busca a realidade da produção de matérias-primas no Brasil 
verifi ca-se a enorme distância entre os fatos e suas versões. Embora 
seja de suma importância as discussões sobre as mudanças no uso da terra, 
principalmente no que concerne à preservação de áreas de alto valor biológico, 
é importante frisar que a expansão de produtos agrícolas não ocorre em qual-
quer ti po de bioma. A parti r de uma avaliação da Embrapa, pode-se concluir que 
a especulação de que o biodiesel resultará em danos ao meio ambiente devido 
ao planti o é incorreta, pois o Brasil tem potencialidade de produzir biodiesel 
sem ampliação da fronteira agrícola e preservando as áreas atuais de fl orestas.
Os biocombustí veis são responsáveis pelo aumento do preço 
dos alimentos
No cenário internacional é importante observar que a crise dos ali-
mentos é multi dimensional. Diversos são os fatores que pressionam 
os preços dos alimentos. O primeiro deles, e seguramente o mais importante, 
refere-se ao fortalecimento das principais economias emergentes mundiais. O 
processo simultâneo de ampliação de renda associado à urbanização das po-
pulações tem pressionado fortemente a demanda por alimentos no mundo, 
mudando os hábitos alimentares da população que migra do campo para a 
cidade e passa a substi tuir o consumo de grãos e tubérculos pelas chamadas 
proteínas “mais nobres”, como carnes e lácteos. Outro fator foi a alta dos cus-
tos de produção das commoditi es agrículos.
O Programa do Biodiesel prejudica a produção de alimentos e 
a agricultura familiar
Ao contrário do que acontece com o álcool americano, por exemplo, o 
biodiesel é um combustí vel que contribui para o aumento da oferta de 
alimentos. As oleaginosas são compostas principalmente por uma parte pro-
téica e outra de óleo. O processo de produção desse biocombustí vel inicia-se 
pela separação da proteína do óleo, sendo este últi mo converti do em biodie-
sel. A proteína restante, chamada de farelo ou torta, é desti nada ao mercado 
de produção de ração animal para a conversão e geração de fontes de proteína 
animal (carne e leite). Considerando o principal grão empregado para a produ-
ção de biodiesel no Brasil – a soja –, tem-se que cada metro cúbico de biodie-
sel gera cerca de 4 toneladas de farelo de soja que, converti dos pelo anima, 
produzem cerca de 430 kg de carne bovina. Isso signifi ca que esse grão passou 
a ser converti do em farelo e óleo em vez de ser exportado na forma natural, 
devido a existência desse novo mercado de biodiesel. O produto resultante 
(carne e leite), com valor agregado muito maior do que o grão de soja, aumen-
ta a disponibilidade interna de fontes proteicas alimentares.
O expansão do biocombustí vel contribui para o desmatamento 
da Amazônia e outros biomas protegidos
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Inclusão social e nova fonte de 
renda para agricultores
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Desde a criação do Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel (PNPB), o governo brasileiro iniciou uma políti ca de apoio à produção de biodiesel. O intuito 
sempre foi o de integrar agricultores familiares à 
oferta de biocombustí veis e, por aí, contribuir para 
o fortalecimento de sua capacidade de geração de 
renda com o uso de áreas até então pouco atrati -
vas. E para a viabilização econômica desse projeto, 
uma variável nas planilhas de custos tem feito toda 
a diferença. Trata-se do Selo Combustí vel Social, um 
conjunto de medidas específi cas que visa garanti r a 
inserção da agricultura familiar tradicional e também 
dos assentamentos da reforma agrária na cadeia pro-
duti va do biodiesel.
O componente de inclusão social do programa foi 
estabelecido por meio do modelo tributário, visan-
do favorecer a parti cipação da agricultura familiar e 
desenvolver, prioritariamente, as regiões Norte, Nor-
deste e semiárida (Lei nº 11.116/05). A isenção dos 
tributos federais é total para o biodiesel produzido 
e para qualquer oleaginosa proveniente da agricul-
tura familiar nessas áreas, e parcial se for produzido 
de qualquer matéria-prima para as outras regiões do 
país. Contudo, o acesso à isenção de tributos fede-
rais está condicionado à concessão do Selo às em-
presas de biodiesel. 
Os resultados dos benefícios proporcionados por 
esse projeto ganharam destaque e hoje são um dos 
apelos mais fortes do setor. Estudos desenvolvidos 
pelos Ministério do Desenvolvimento Agrário, Mi-
nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 
Ministérioda Integração Nacional e Ministério das 
Cidades mostram que a cada 1% de substituição 
de óleo diesel por biodiesel produzido com a par-
ticipação da agricultura familiar pode ser gerado 
cerca de 45 mil empregos no campo, com uma ren-
da média anual de aproximadamente R$ 4.900,00 
por emprego. Admitindo-se que para um emprego 
no campo são gerados três empregos na cidade, 
seriam criados 180 mil empregos. Numa hipóte-
se otimista de 6% de participação da agricultura 
familiar no mercado de biodiesel, seriam gerados 
mais de 1 milhão de empregos. 
Foto: Banco de im
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Outra medida de estí mulo à parti cipação dos agriculto-
res familiares na cadeia do biodiesel é a possibilidade 
de acesso a um crédito complementar do Programa 
Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf) para 
garanti r o custeio do culti vo das plantas oleaginosas ne-
cessárias para a produção do biodiesel. Mesmo que o 
agricultor já tenha obti do junto aos bancos algum cré-
dito de custeio ou de investi mento para seus culti vos 
alimentares, ele pode solicitar um segundo fi nancia-
mento para a produção de culturas energéti cas antes 
de concluir o pagamento do anterior. Essa políti ca é 
também uma ferramenta para esti mular a diversidade 
da agricultura familiar, já que o agricultor poderá conti -
nuar a plantar seu milho, seu feijão e suas hortaliças ao 
mesmo tempo em que culti var as oleaginosas necessá-
rias à produção de energia. Nos últi mos anos, o Pronaf 
cresceu e nacionalizou-se , estando presente em todos 
os estados e em 5360 municípios. O acesso ao crédito 
também aumentou nas regiões Norte e Nordeste. 
Em 2007, cerca de 36 mil agricultores familiares ven-
deram oleaginosas para as indústrias de biodiesel, 
o que representa 18% do biodiesel produzido. A re-
gião Sul obteve melhor desempenho devido à par-
ti cipação de cooperati vas de agricultores familiares 
(possuidoras da Declaração de Apti dão ao Programa 
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – 
Pronaf). As empresas localizadas na região Sudeste 
não conseguiram arti cular sati sfatoriamente os agri-
cultores familiares locais e adotaram os estados do 
Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul para 
formar sua base produti va. O desempenho da agri-
cultura familiar em biodiesel no Nordeste em 2007 
foi abaixo do esperado dado a evolução no aprimora-
mento da relação produtor e agricultor familiar. 
Consciente dessa necessidade de melhoria, o Minis-
tério do Desenvolvimento Agrário editou uma nova 
instrução normati va que incorporou situações iden-
ti fi cadas nos três anos de vigência do Selo tais como 
favorecimento a diversifi cação de matérias-primas 
da produção familiar e estí mulo para culturas que 
não seja a soja. 
Geração de empregos
Além das vantagens ambientais, econômicas e sociais 
para o país, uma demanda em específi co é também 
muito importante quando se pensa nos benefí cios 
da produção dos biocombustí veis no longo prazo: a 
mão-de-obra para atuar no setor. Por ser uma área 
relati vamente nova, a oferta de empregos na área de 
biodiesel caminha em ritmo crescente.
O agronegócio da soja, por exemplo, gera empre-
gos diretos para 4,7 milhões de pessoas em diver-
sos segmentos de insumos, produção, transporte, 
processamento e distribuição. Trata-se de uma pro-
dução de 52 milhões de toneladas em 20 milhões 
de hectares, no total, diretos e indiretos, quatro 
hectares por pessoa.
Para o negócio do dendê e da mamona, os números 
de empregos diretos, e somente na produção agrí-
cola (sem envolver toda a cadeia produti va), são os 
seguintes: um exemplo para dendê, com 33 mil hec-
tares plantados e 25 mil em produção, uti liza 3 mil 
empregos diretos. Na agricultura familiar “assisti da”, 
o dendê conta com uma família para 10 hectares. Já 
os assentamentos previstos para mamona conside-
ram um trabalhador para cada 10-15 hectares (ape-
nas para a produção agrícola). 
A área também pode ser consorciada com outras cul-
turas, como o feijão e o milho. Levantamentos indi-
cam que, na safra 2004/05, 84 mil hectares serão cul-
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Foto: D
ivulgação/M
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Potencial de geração de emprego de algumas oleaginosas
O Selo Combustí vel Social é um certi fi cado fornecido 
pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) 
para o produtor industrial de biodiesel que cumpre 
alguns requisitos sociais básicos. As empresas que 
obtém o Selo conquistam o direito à redução de im-
postos como o PIS/Pasep e o Cofi ns. Em troca, se 
comprometem a comprar junto à agricultura familiar 
um percentual de suas matérias-primas, que varia de 
acordo com a região do país. 
Para as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, o percen-
tual mínimo de compra é de 30%. Já para o Norte 
e no Centro-Oeste, este valor é de 10% até a safra 
2009/2010. As compras são realizadas através de 
leilões promovidos pela Agência Nacional de Pe-
tróleo (ANP), e a principal empresa compradora é 
a Petrobras.
O primeiro passo para a obtenção do Selo Combus-
tí vel Social é estar legalmente consti tuído como pro-
dutor de biodiesel e apresentar o projeto específi co 
Selo Combustível Social: uma das marcas 
registradas do programa de biodiesel
ti vados com oleaginosas por agricultores familiares 
para a produção de biodiesel, dos quais 59 mil estão 
localizados no Nordeste. O culti vo da área total en-
volve 33 mil famílias, das quais 29 mil do Nordeste. 
O Brasil possui 17 milhões de hectares de fl oresta na-
ti va de babaçu, onde predomina o trabalho das mu-
lheres (quebradeiras de coco) dentro de um sistema 
de exclusão social (renda de R$ 3,00 por dia, além de 
doenças ocupacionais). 
junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário que 
avaliará dentro das normas estabelecidas na nova 
Instrução Normati va nº 1, publicada no Diário Ofi cial 
da União em fevereiro de 2009. 
Com as alterações feitas na IN, a relação contratual 
foi aprofundada e o produtor de biodiesel passou a 
ter a responsabilidade de oferecer assistência técni-
ca ao agricultor familiar atendendo as fases de plane-
jamento do planti o, elaboração do projeto fi nancei-
ro, condução da lavoura, colheita, entre outros. 
Em contraparti da, além da isenção de alguns impos-
tos, o produtor que tem o Selo usufrui de melhores 
condições de fi nanciamento junto ao bando Nacio-
nal de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 
e suas Insti tuições Financeiras Credenciadas. É im-
portante ressaltar, também, que os leilões públicos 
para comercialização de biodiesel reservam 80% dos 
lotes para oferta exclusiva desses produtores que 
possuem o certi fi cado.
A participação ativa de todos esses agriculto-
res familiares e de suas organizações possibi-
litam novas oportunidades de trabalhos para 
homens e mulheres do campo. Com isso, a 
produção das diversas oleaginosas em lavou-
ras familiares em todo o Brasil tem feito com 
que o biodiesel seja uma alternativa impor-
tante no processo de erradicação da miséria, 
pela possibilidade de ocupação de grandes 
contingentes de pessoas.
Mamona
(lavoura familiar)
Soja
(lavoura mecanizada)
Amendoim
(lavoura mecanizada)
Babaçu (extrati vismo)
Dendê 
(culti vo mecanizado)
0,470
0,210
0,450
0,120
5
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4762
2222
8333
200
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Produti vidade 
(tonelada de óleo por 
hectare por ano)
Oleaginosa
Número de hectares (para 
produzir 1000 toneladas 
de óleo por ano)
Ocupação de 
terra (hectares 
por família)
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Ampliação no uso do biodiesel dim
Há algumas décadas,a questão que envolve a preser-
vação e conservação do planeta virou um dos grandes 
temas de pesquisas e discussões mundo afora. Re-
duzir a poluição e os impactos ambientais é, ou pelo 
menos deveria ser, um objeti vo de todos. Diariamen-
te, estudos e notí cias indicam que os males causados 
pelo efeito estufa podem ser devastadores caso não 
se tomem medidas rápidas e efeti vas. Muitos são os 
fatores que desencadeiam essa problemáti ca, mas o 
uso de combustí veis fósseis é, provavelmente, o mais 
signifi cati vo entre eles. A poluição do ar, as mudanças 
climáti cas e a geração de resíduos tóxicos são resulta-
dos da queima desses derivados de petróleo. 
Sendo o biodiesel um combustí vel “limpo”, e tendo em 
vista que sua adição ao óleo diesel fóssil tem reconhe-
cido efeito redutor em termos de emissões de alguns 
poluentes, sua uti lização em maior proporção de mistu-
ra poderia permiti r a diminuição de poluentes, mesmo 
em frotas mais anti gas e com menor índice de renova-
ção, uti lizando plenamente a estrutura já existente. 
No Brasil, os combustí veis consumidos por automóveis 
e caminhões são responsáveis por emissões altamente 
prejudiciais à saúde, como o monóxido de carbono (CO), 
os óxidos de nitrogênio (NOx), os gases orgânicos reati -
vos e o dióxido de enxofre (SO2). Além disso, o setor de 
transportes também é responsável por uma boa parte 
das emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos prin-
cipais responsáveis pelo aquecimento global. Ao con-
trário do petróleo e do gás natural, os biocombustí veis 
que contêm oxigênio em sua composição, como o bio-
diesel, ajudam a reduzir as emissões de monóxido de 
carbono quando adicionados aos combustí veis fósseis. 
E diminuir essas emissões representa menos poluição 
atmosférica local, principalmente nas grandes cidades.
Melhorar as condições ambientais, sobretudo nos 
grandes centros metropolitanos, também signifi ca 
evitar gastos dos governos e dos cidadãos no com-
bate aos males da poluição, esti mados em cerca de 
R$ 900 milhões anuais. Além disso, a produção de 
biodiesel possibilita pleitear fi nanciamentos inter-
nacionais em condições favorecidas, no mercado de 
créditos de carbono, sob o Mecanismo de Desenvol-
vimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Kyo-
to. A vantagem desse mercado consiste, basicamen-
te, em fi nanciar empreendimentos que contribuam 
para reduzir a emissão de gases causadores do efeito 
estufa e, consequentemente, com a melhoria das 
condições ambientais do planeta. 
Emissões veiculares
Até meados de 1980, a poluição atmosférica urbana 
era atribuída basicamente às emissões industriais. 
Com o passar dos anos, esse cenário mudou e as 
emissões veiculares – resultado do crescimento cons-
tante das frotas – tornaram-se os principais agentes 
poluidores nas grandes cidades. Esti mati vas elabora-
das a parti r de dados da região metropolitana de São 
Paulo, apontam que os veículos diesel respondem 
por 32 % das emissões veiculares de hidrocarbone-
tos (HC), 25 % das de monóxido de carbono (CO), 32 
% das emissões de parti culados e 48 % de dióxido de 
enxofre (SOx). Ainda que os veículos diesel sejam os 
agentes minoritários das emissões automoti vas ur-
banas, as frotas de ônibus, por seu grande número, 
acabam causando maior impacto ambiental.
O uso do óleo diesel, como todo o derivado de petró-
leo, é também uma práti ca que favorece a intensifi cação 
do efeito estufa global. Isto pode ser explicado por que 
hoje é feita a queima das reservas de carbono fossiliza-
das na forma de petróleo. Assim, este carbono liberado 
à atmosfera pela queima de combustí veis fósseis levará 
milhões de anos para retornar à sua forma original. Re-
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conhecendo o problema representado pelos óxidos de 
enxofre em termos de poluição urbana, os entes gover-
namentais tem buscado reduzir o conteúdo de compos-
tos sulfurados nas especifi cações de óleo diesel. 
Paralelamente, o Conselho Nacional do Meio Am-
biente (CONAMA) tem estabelecido regras mais rí-
gidas em termos de emissões de poluentes. Desde 
janeiro de 2004, são válidas normas de emissões 
atmosféricas para frotas de ônibus semelhantes às 
normas européias. Para alcançar esse patamar, tor-
naram-se necessários signifi cati vos investi mentos na 
renovação da frota, com uti lização de motores equi-
pados com sistemas eletrônicos, que encarecem em 
torno de 15% o preço fi nal dos veículos.
Entre as soluções propostas para a questão das emis-
sões apresentam-se tecnologias diversas como célu-
las de hidrogênio, propulsão elétrica ou híbrida, gás 
natural e biodiesel. Embora todas surjam como pos-
sibilidades interessantes, implementáveis em prazos 
variáveis, o biodiesel apresenta uma vantagem: o de 
não demandar modifi cação mecânica signifi cati va nos 
motores ou substi tuição de frota, para ser uti lizado.
Misturas superiores
A Comunidade Européia, os Estados Unidos, a Argen-
ti na e diversos outros países vêm esti mulando cada 
vez mais a substi tuição do petróleo por combustí veis 
de fontes renováveis. O objeti vo é reduzir a emissão de 
diversos gases causadores do efeito estufa. Estudos rea-
lizados pelo Laboratório de Desenvolvimento de Tecno-
logias Limpas (Ladetel), da Universidade de São Paulo 
(USP), mostram que essa substi tuição pode resultar em 
reduções de 20% de enxofre, 9,8% de anidrido carbôni-
co, 14,2% de hidrocarbonetos não queimados, 26,8% 
de material parti culado e 4,6% de óxido de nitrogênio. 
Os números são resultado de um programa de testes 
veiculares que envolve 28 empresas do setor auto-
mobilísti co. Considerado o maior do mundo em bio-
diesel, ele está subdivido em quatro categorias, todas 
vinculadas ao governo federal: Veículos Leves (PSA-
Peugeot Citroen); Caminhões e Vans (Volkswagen, 
Ford e Fiat); Máquinas “off road” (Caterpillar); Trato-
res (Valtra). “Os primeiros testes com empresas do se-
tor foram feitos em 2003 com B30. Com isso, introdu-
zimos uma discussão com o governo e, desde então, 
conti nuamos com várias pesquisas. Na minha opinião, 
o B30 é a adição ideal pois representa o equilíbrio en-
tre a redução das emissões, o custo e a redução do 
consumo”, explica o professor Miguel Dabdoub, coor-
denador do Laboratório de Desenvolvimento de Tec-
nologias Limpas (Ladetel).
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minui emissão de poluentes
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A poluição que mata nas 
grandes cidades do país
A saúde ambiental é uma das áreas onde existe vas-ta distância entre o conhecimento e a ação. Todos os dias, novos estudos e pesquisas revelam dados assustadores associados à emissão de gases tóxi-
cos e o bem-estar do ser humano e do planeta. Muitas são 
as refl exões e constatações sobre o assunto, mas sabe-se 
que a viabilização e uso de combustí veis que emitam menos 
poluentes é o caminho mais rápido para atenuar um sério 
problema de saúde pública: as doenças respiratórias rela-
cionadas com os resíduos liberados pelos automóveis em 
grandes centros urbanos. 
Considerando o tamanho do território brasileiro e a distri-
buição desigual da capacidade técnica e acadêmica para a 
realização de estudos de avaliação de risco em todo o país, 
faz-se obrigatório ampliar as pesquisas, em termos de quan-
ti dade, qualidade e distribuição. Em outras palavras, a boa 
ciência e as avaliações de risco são as ferramentas necessá-
rias para evitar os erros inerentes ao crescimento econômi-
co descontrolado.
Estudo em curso realizado pelo Laboratório de Poluição 
Atmosférica da Faculdade de Medicina da Universidade 
de São Paulo (USP) revela que a poluição provocada pelos 
veículos mata indiretamente, em média, quase 20 pessoas 
por dia em São Paulo. O ar dessa região metropolitana,por 
exemplo, está quase três vezes acima do limite considerado 
tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é 
de 10 microgramas de poluentes por m3. E os números não 
são impactantes apenas no quesito vida humana. Os cus-
tos para o sistema de saúde também são exorbitantes: todo 
ano, são gastos R$ 334 milhões com 13,1 mil internações 
devido a doenças decorrentes da poluição. 
Para o médico Paulo Saldiva, professor da USP e uma das 
principais autoridades internacionais no tema da polui-
ção, a solução para o problema pode vir através da inter-
venção do governo, tanto com implantação de políticas 
quanto na mediação dos conflitos dos setores envolvi-
dos, como a indústria automobilística, distribuidoras de 
combustível e construtoras de imóveis. “Cerca de 80% 
da população brasileira vive nas grandes cidades e, ain-
da assim, o Brasil ainda não tem uma política ambiental 
voltada para o homem. O corredor de ônibus, por exem-
plo, é uma chaminé linear nas grandes cidades e o óleo 
diesel responde por 42% dessa poluição. Por esse motivo, 
qualquer medida de limpeza no diesel já ajuda a diminuir 
esses números”, ressalta.
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Resultado da poluição gerada pelos veículos 
na região metropolitana de São Paulo
28,1 microgramas é a concentração de 
poluentes por metro cúbico de ar 
10 microgramas de poluentes por m3 é o 
limite considerado tolerável pela OMS
7.187 é o número de pessoas que 
morrem todos os anos víti mas de doenças 
cardiorrespiratórias “aceleradas” pela poluição
13,1 mil pessoas são internadas 
anualmente com problemas de saúde que se 
agravam pelas emissões de gases tóxicos
R$ 334 milhões é o custo 
anual das internações decorrentes da poluição
R$ 83,5 milhões é o valor 
reti rado dos cofres públicos anualmente para 
cobrir os gastos com internações
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Fonte: LPAE e LAPAt/USP - 2009
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No mundo globalizado e competi ti vo, um dos termômetros da riqueza de um país é a geração de energia. Em todo o planeta, os últi mos 300 anos foram marcados por 
três grandes ciclos energéti cos: no fi nal do século XIX, 
o carvão era considerado ouro. Os últi mos cem anos 
se caracterizaram pela supremacia do petróleo, que 
regeu as relações econômicas nos cinco conti nentes 
e conti nua a mostrar as suas garras. Finalmente, a 
grande aposta para os novos tempos é o que muitos 
classifi cam como “o ciclo da biomassa”. 
Ao contrário do que se pensava há cerca de 150 
anos, o petróleo não é inesgotável. Esti ma-se que as 
reservas petrolíferas fi quem exauridas em 40 ou 50 
anos. Assim, a uti lização de novas fontes energéti cas 
torna-se premente e esse cenário está cada vez mais 
no foco do governo, empresários e estudiosos, que 
voltam todos os olhares para o biodiesel. 
Por ser uma fonte energéti ca nova e com grande pers-
pecti va de expansão, a produção de biodiesel se eleva 
a altas taxas há quase uma década. Desde 2003, quan-
do a produção mundial ultrapassou 1 bilhão de litros, 
o crescimento médio foi de 200,5% por ano até 2008. 
A União Europeia responde por cerca de 75% da pro-
dução mundial. Por lá, a taxa de crescimento se man-
tém com média de 34% ao ano desde 2005, ati ngindo 
8 bilhões de litros em 2008. O maior produtor mundial 
de biodiesel é a Alemanha, que, de 2003 para 2006, foi 
responsável por cerca de metade de toda a produção. 
Vale ressaltar que quase 100% do biodiesel produzido 
na Alemanha provêm da colza, uma oleaginosa cujo 
teor de óleo está longe de impressionar. Nesse sen-
ti do, o Brasil tem grandes vantagens, uma vez que a 
biodiversidade do país permite o aproveitamento do 
óleo de dezenas de espécies, como a soja, o dendê, 
o girassol e o pinhão manso. Aqui, a mudança para 
o B3, em 2008, contribuiu para um aumento consi-
derável da produção, passando de menos de meio 
bilhão de litros para um total de 1,167 bilhão. 
Nova fonte energética 
comemora grande expansão
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“Hoje o sucesso é tanto que 
teremos 4% em julho e já falamos 
do B5 em 2010”
 Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão
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Ano passado, o Brasil foi o 5º maior produtor mundial, 
atrás da Alemanha, dos Estados Unidos, da França e 
Argenti na. A posição no ranking é comemorada pelo 
setor e governo, que apostam cada vez mais no poten-
cial do país. “Quando da discussão da lei do modelo 
tributário do biodiesel, da qual fui relator no Senado, 
a preocupação era se teríamos capacidade para aten-
der ao percentual de 2%. Hoje o sucesso é tanto que 
teremos 4% em julho e já falamos do B5 em 2010”, 
ressalta o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Além de apresentar refl exos positi vos para o meio 
ambiente, a produção de biodiesel tem grande im-
pacto sobre a balança comercial. “Há muitos anos, o 
Brasil é importador de diesel. Desta forma, produzir 
biodiesel é signifi cati vo na medida em que você fi ca 
menos dependente, não precisa mais importar uma 
quanti dade signifi cati va de diesel. Além disso, gera-
se emprego e se agrega valor a uma cadeia produti -
va no país”, observa Denilson Ferreira, coordenador 
geral de Agroenergia do Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, 
em 2008, o Brasil deixou de importar 1,1 bilhões de 
litros de diesel, o que representa uma economia de 
aproximadamente US$ 976 milhões para o país. A 
mistura de biodiesel ao combustí vel (B2 no primeiro 
semestre e B3 no segundo) foi o principal fator para 
o ganho na balança comercial. Com a adição de 4% 
em julho de 2009, a tendência é diminuir ainda mais 
a dependência do diesel importado. Cada ponto per-
centual acrescentado representa um incremento no 
consumo de 450 milhões de litros ao ano. Grande 
parte da demanda de biodiesel vem do transporte: 
o setor representa 80% do consumo, enquanto que a 
agropecuária responde por 16%. 
Outra vantagem da produção desse biocombustí vel 
é a agregação de valor ao produto agrícola. “Se você 
pensar no sebo bovino, por exemplo, está agregando 
um alto valor porque ele era um produto descarta-
do. No caso da soja, cria-se um outro mercado para 
a cultura”, analisa a economista Sylvia Macchione 
Saes, professora doutora do Departamento de Admi-
nistração da Universidade de São Paulo. 
Apesar de a tecnologia para o culti vo de diversas 
matérias-primas ainda ser incipiente, investi r no 
biodiesel permite a diversifi cação da matriz energé-
ti ca. A introdução de novas oleaginosas movimenta 
o mercado e o prepara para imprevistos como a va-
riação da bolsa, do clima e o surgimento de pragas. 
“Sempre quando o produtor está voltado para uma 
só cultura, fi ca mais sujeito a problemas. Por outro 
lado, se ele tem uma matriz mais variada, pode ga-
ranti r seu lucro de outra forma”, conclui Sylvia Saes. 
Ela lembra que produzir matérias-primas disti ntas 
pode gerar emprego e renda, principalmente para os 
agricultores familiares, cumprindo uma das metas do 
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel 
(PNBB). O objeti vo do Ministério do Desenvolvimen-
to Agrário é ter 82 mil agricultores familiares envolvi-
dos na produção desse biocombustí vel.
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