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CASO CONCRETO Zé Pequeno, 19 anos de idade, morador de um pequeno vilarejo no interior do país, f oi denunciado pela prática da conduta descrita no art. 217 -A do CP po r manter relações sexuais com sua namorada Josefa, m enina com 13 anos de idade. A denúncia foi baseada nos relat os prestados pela mãe da vítima, que, revoltada quando descobriu a situação, noticiou o fato à delegacia de polícia local. Zé Pequeno f oi processado e condenado sem que tivesse constituído advogado. Á luz do s istema acusatório diga quais são os direitos d e Zé Pequeno durante o processo penal, mencionando ainda as características do nosso sistema processual. R: Durante o processo p enal Zé Pequeno tem direito à Am pla Defesa e ao Contrad itório. Te m, ainda, direito à Defesa Técn ica, que é indispensável. Segundo o pensamento majoritário, nosso sistema processual é acusatório, existindo uma fase inquisitiva, em que não há Ampla Defesa e Contraditório, já que não há acu sação, mas sim investigação, e ou tra f ase a cusatória, o nde há aplicação de todos os princípios, uma vez que há acusação CASO CONCRETO Na tentativa de identificar a autoria de vários arrombamentos em residências agrupadas em região de veraneio, a polícia detém um suspeito, que perambulava pelas redonde zas. Após alguns solavancos e tortura f ísicopsicológica, o suspeito, de apelido Alfredinho, acabou por admitir a autoria de alguns dos crimes, inclusive de u m roubo praticado m ediante se vícia consubstanciada em beliscões e cusparadas na cara da p essoa m oradora. Além de admitir a autoria, Alfredinho delatou um comparsa, alcunhado “Chumbinho”, que foi logo localizado e indiciado no inquérito policial instau rado. A vítima do roubo, n a d elegacia, reconheceu os meliantes, notadamente “Chumbinho” como aquele que mais a agr ediu, apesar de ter ele mudado o corte de cabelo e raspado um ralo cavanhaque. Deflagrada a ação penal, o advogado dos imputados impetrou habeas corpus, com o p ropósito de trancar a pe rsecução criminal, ao argumento de ilicitude da prova de autoria. Soluci one a questão, fundamentadamente, com referência necessária aos princípios constitucionais pertinentes. R: A questão é controvertida na doutrina pátria. Alguns b ons processualistas defendem a aplicação do principio da proporcionalidade do bem jurídico em c onfronto: a segurança pública e a paz social de um lado e do outro lado o ius libertatis da pessoa do infrator. Para o s adeptos dessa corrente, aproveita-se a prova derivada de uma outra contaminada de ilicitude na o rigem. Uma segunda corrente d efende a ad missibilidade d a p rova subsequente, se independente daquela de origem ilícita. Seria a hipótese do caso concreto, em que a vítima d o roubo f ez reconhecimento pe ssoal dos meliantes na delegacia. Um terceiro posicionamento vem sendo adotado pelo Supremo Trib unal Federal, inadmitindo, de forma absoluta, a prova ilícita quer originária quer por derivação CASO CONCRETO Um transeunte anônimo liga para a circunscricional loca l e diz ter ocorrido um crime de homicídio e que o autor do crime é Paraibinha, conhecido no local. A simples delatio deu ensejo à instauração de inquérito policial. Pergunta -se: é possível instaurar inquérito policial, se guindo denúncia anônima? Responda, orientando-se na doutrina e jurisprudência. R: A simples delatio criminis não autoriza a instau ração de inquérito policial, devendo a autoridade policial, primeiro, confirmar a informação pa ra instaurar o p rocedimento inv estigatório. Temerária seria a persecução iniciada por delação, posto que ensejaria a prática de vingança contra desafetos. O art. 5º, inciso IV, da CRFB veda o anonimato. CASO CONCRETO Joaquim e Severino, por volta de 13h de determinado dia de se mana, ingressam em um ônibu s e assaltam os passageiros, para logo adiante de scer em fu ga. Podem se r presos em f lagrante 1 hora depois, 10 horas depois, 30 horas depois? R: É po ssível. O corre o f lagrante quando a situação se amoldar às con siderações do art. 302 do CPP, ou seja, mesmo que se tenham passado horas d a execução da ação, poderá haver imputação de flagrante delito. CASO CONCRETO João e José são indiciados em IP pela prática do crime de peculato. Concluído o IP e remetidos ao MP, este vem of erecer de núncia em face de João, silenciando quanto a José, que é recebida pelo juiz na form a em que foi proposta. Pergunta -se: Trata-se a hipóte se de arquivamento implícito? Aplica-se a Súmula 524 do STF? R: Existem duas correntes: uma que en tende ter havido arquivamento implícito, aplicando -se a Súmula 524 d o STF; e outra que e ntende nã o ter havido o arquivamento implícito, podendo a denúncia ser aditada. Este entendimento é ma joritário no ordenamento jurídico, pois de acordo com o art. 28 do CPP, o arquivamento deve ser expresso. CASO CONCRETO João, operário da construção civil, agride sua mulher, Maria, causando - lhe lesão grave. Instaurado inquérito policial, este é concluído após 30 dias, contendo a p rova da materialidade e da autoria, e remetido ao Ministério Público. Maria, então, procura o Promotor de Justiça e pede a este que não denuncie João, pois o casal já se reconciliou, a lesão já desapareceu e, principalmente, a condenação de João (que é reinc idente) fa ria com que e ste perdesse o emprego, o que deixaria a própria vítima e seus oito filhos menores em situação dificílima, sem ter como prover sua subsistência. Diante de tais razões, pode o MP deixar de oferecer denúncia? R: A pretensão de Maria nã o pode ser acolhida, em razão do princípi o d a obrigatoriedade da ação penal pública, que, no caso, é incondicionada, de médio potencial ofensivo. Sendo assim, não há possibilidade do MP deixar de oferecer a denúncia CASO CONCRETO Paula, com 16 anos de idade é injuriada e difamada por Estevão. Diante do exposto, pergunta -se: a) De quem é a legitimidade ad causam e ad processum para a propositura da queixa? R: Paula tem capacidade de ser parte (leg itimatio ad causam), uma vez que f oi vítima do crime, entretanto, não po ssui capacidade para estar em juízo, praticando ato s processuais válidos (legitimatio ad processum). Assim, sua incapacidade terá que ser suprida através da representação. b) Caso Pau la fo sse casada, estaria d ispensada a representação por parte do cônjuge ou do seu ascendente? Em caso positivo por quê? Em caso negativo quem seria seu representante legal? R: Segundo a melhor doutrina, ainda que ema ncipada , Paula é inimpu tável, já que a emancipação só gera efeitos civis, e, caso fizesse f alsas afirmações , não estaria sujeita às sanções pela prática do injusto penal de Denunciação Calun iosa. Assim , n ecessária se faz a intervenção do representante legal e , não po ssuindo, seria viável a nomea ção de curador especial, conforme art. 33 do CPP. c) Se na data da ocorrência do f ato Paula possuísse 18 anos a legitimidade para a propositura da ação seria concorrente ou exclusiva? R:De aco rdo com o disposto n o art. 5º do Código Civil, a menoridade cessa a partir dos 18 completos. Assim, não faz sentido que no p rocesso penal permaneça a legitimação concorrente para os maiores de 18 e menores de 21 anos , pois os maiores de 18 anos são pessoas habilitadas para todos os atos da vid a civil. Segundo a corrente majoritária, o artigo 34 do CPP, assim como outros dispositivos do CPP, perderam o objetivo e foram revogados. CASO CONCRETO Aristodemo, juiz de direito, em comunhão de desígnios co m seu secretário, no dia 2 0 /05/2008, no município de Campinas/SP, pratica o delito descrito no art. 312 do CP, ten do restado consumado o delito. Diante do caso concreto, indaga -se: a) Qual o Juízo com competência para julgar o fato? R: Considerando que A ristodemo, em concurso com se u secretário, cometeram o crime de peculato, e que Aristodemo tem foro por prerrogativa de função, cf. art. 96, III da CRFB, o magistrado e seu secretário serão julgados pelo Tribunal de Justiça, pois a jurisdição mais graduada do T ribunal predomina sobre a jurisdição menos graduada do 1º grau, fazendo com que, também, o funcionário seja julgado pelo Colegiado, cf. art. 78, III do CPP, p or continência. Nesse sentido, aliás, reza a súmula 704 do S TF: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal, a atração por con tinência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados”. b) Caso fosse crime doloso contra a vida, como ficaria a competência para o julgamento? R: A questã o suscita divergências. Existem duas orientações ace rca do tema. A primeira tese está no sentido de que o Juiz será julgado pelo T ribunal de Justiça nos moldes do art.96, III da CRFB/88, submetendo-se, contudo, o coautor a Júri Popular, cf. art. 5, XXXVIII da CRFB/88 . É que am bas as co mpetências tem assento na Constituição, devendo os p rocessos serem separados, não podendo a lei ordinária, alterar regra constitucional. Convém salientar, todavia, que existe um segundo posicionamento , no sentido da ocorrência da continência (77, I do CPP), a ensejar unidade de processo e julgamento , prevalecendo a competência do Tribunal de Justiça, por força do art. 78, III do CPP. CASO CONCRETO Deoclécio, pistoleiro profissional, matou u m desafeto de Pezão, a mando deste, abandonando o cadáver numa chácara de propriedade de Lindomar, que nada sabia. Temeroso de que lhe atribuíssem a autoria do homicídio, Lindomar sepultou clandestinamente o cadáver da vítima. Isso considerado, indaga-se: a) A hipótese é de conexão ou continência? R: Continência em relação a Deoclécio e Pezão pelo crime de homicídio, art. 77, I do CPP. Conexão do homicídio com ocultação de cadáver praticado por Lindomar, art. 211 d o CP c/c a rt. 76, II do CPP (Conexão Objetiva). b) Haverá reunião das ações penais em um só juízo? R: Sim, cf. art. 78, I do CPP. c) Qual será o juízo competente para julgar Cabeção, Pezão e Lindomar? R: Ao teor do art. 78, I do CPP, compete ao Tribunal do Júri julgar todos os delitos. CASO CONCRETO O Promotor de Justiça co m atribuição requereu o arquivamento do inquérito policial, em razão da atipicidade, com fundamento n o artigo 39 5, II do CPP. O juiz con cordou com as razões invocadas e de terminou o arquivamento do IP . Um m ês depois, o próprio promoto r de justiça tom ou conhecimento de prova substancialmente n ova, indicativa de que o fato realmente praticado era típico. Poderá ser instaurada ação penal? A de cisão de arquivamento do IP faz coisa julgada material? R: O art. 395, II do CPP não menciona a rquivame nto de IP, porém, acaba sendo usado por analogia a essa hipótese. Po rtanto, n ão poderá ser instau rada ação penal, po is a decisão que deferiu o arquivamento do IP, neste caso, faz coisa julgada material, mesmo su rgindo fato novo. CASO CONCRETO João foi condenado por crime de latrocínio a um a pena de 25 anos de reclusão a ser cumprida no regime f echado. Ocorre que no curso da execução de tal pena privativa de liberdade s obrevêm doença mental ao condenado. Diante de tal situação, na qualidade de juiz da execução como decidiria? E se a doença men tal ocorresse no curso do processo de conhecimento e posteriormente ao crime? E se a doença mental já existia no momento da prátic a da infração? R: Em um primeiro momento, caberá ao juiz da execução suspender a execução d a pena , determinando a imediata internação do condenado em hospital psiquiátrico, consoante disp osição do art. 108 da LEP. Sendo constatado através da perícia psiqui átrica que a situação é irreversível, poderá o juiz converter a pe na privativa d e liberda de em medida de se gurança. Nesse sentido, art. 154 do CPP c/c 183 da LEP. Sobrevindo doença mental durante o processo de conhecimento, este ficará suspenso a té que o r éu se restabeleça, cf . art. 152 do CPP. Verificado que o réu era portador de doença me ntal ao tempo do crime , o processo de verá prosseguir com a presença de um curador e o juiz, ao f inal, irá prolatar uma sentença penal absolutória imprópria, aplicando medida de segurança cf. art. 151 do CPP. CASO CONCRETO Seguindo denúncia anônima sob re e xistência de “bo ca de fu mo”, uma equipe de po liciais combina dar um flagrante no loca l. Lá ch egando, ficam d e espreita , p resencia ndo alguma movimentação de pessoas, entrando e saindo do imóvel, que tamb ém servia de residência. Já passava da s 21h, quando telefonaram à autoridade policial e esta autorizou o ingresso para busca e apreensão. Assim foi feito e os policiais lograram apree nder grande quantidade de pedra de crack, que esta va escondida sob uma tábua do assoalho. L evado o mo rador à DP local, fo i ele submetido ao procedimento legal de flagrante, sendo imediatamente comunicada a prisão ao juízo co mpetente. O defensor público requ ereu o relaxamento do flagrante, p or ilegalidade manifesta. Assiste razão a defesa? R: Não assiste razão à defesa. N o particular aspecto do crime de drogas, a m odalidade de cometimento da infração “guardar, ter em depósito, trazer consigo ou tran sportar ”, caracteriza estado de flagrância permanente. Em que pese a aparência de ilegalidade da atividade persecutória, n ão houve violação do d omicílio, em razão do estado de f lagrante delito. Existe, contudo, entendimento contrário. CASO CONCRETO Após uma longa investigação d a delegacia de polícia local, Adamastor f oi preso à s 21h em sua casa, em razão d e um mandado de p risão tempo rária expedido pelo juiz comp etente, por crime de de scaminho. A prisão fora decretada por 10 dias. O advogado de Adamastor impetrou Hab eas Corpus requerendo a sua liberdade provisória com f undamento no art. 310 do CPP. Em no máximo 10 linha s, discorra sobre o e xposto acima , analisando as h ipóteses de cabimento, p razo da prisão temporária. R: A prisão temporária foi decretada ilegalmente. Esta deverá ter um prazo de 05 dias, prorrogáveispor mais 05, e, se for crime hediondo, o prazo será de 30 dias, prorrogáveis por mais 30. Ademais, de acordo com a Lei da Prisão T emporária, ela não é cabível no crime de Descaminho. Alem dos motivos citados, a CRFB/88, em seu art. 5º, XI, e stabelece que ordem judicial só poderá ser cumprida du rante o dia. Como se trata de uma Prisão ilegal é cab ível o relaxamento de prisão. Só se fala em liberdade provisória quando se está d iante de uma prisão em flagrante legal, porém desnecessária, cf. art. 310 do CPP. CASO CONCRETO Adamastor, primário e de maus a ntecedentes, foi a cusado do crime de homicídio qualificado. Respondeu solto à instrução criminal. Durante a primeira fase do procedimento do Júri, o jui z decide pronunciá-lo. Nesse momento determina o seu recolhimento à prisão em aplicação ao artigo 413, P.3º do CPP, f undamentando tratar- se de crime hediondo, portanto, inafiançável. Pronunciado, Adamastor pe rmanece preso por mais de 2 anos, sem que tenha sido marcada a data do seu julgamento pelo Júri. Como advogado, quais argumentos você utilizaria para conseguir a liberdade de Adamastor? R: É preciso argumentar que nã o foi demonstrado periculum libertatis e n ão existe mais prisão decorrente da decisão de pronúncia,
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