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A temperatura e umidade relativa

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Umidade do Ar 
 
A forma mais frequente de expressar a quantidade de vapor d’água na 
atmosfera, a Umidade Relativa (UR), não representa exatamente essa 
condição, mas sim a relação percentual entre a concentração de vapor 
existente no ar e sua concentração máxima (saturação), ou seja, a UR informa 
o quanto próximo o ar está da saturação. 
 
Como dito anteriormente, a temperatura do ar influencia a quantidade de 
vapor d’água na atmosfera, que por sua vez influência a saturação desse 
mesmo vapor d’água no ar. Portanto, a saturação (UR) varia de acordo com a 
temperatura do ar, quanto maior a temperatura (expansão do ar e maior 
capacidade de reter vapor) menor tende a ser a UR e, quanto menor for a 
temperatura, menor deverá ser a UR. O gráfico a seguir apresenta a relação 
entre temperatura e UR na região de São Paulo, comprovando a tendência 
mencionada anteriormente. 
 
 
 
Fonte: http://stoa.usp.br/samanthansm/weblog/archive/2011/07/ 
 
Em determinadas florestas tropicais, especialmente a Amazônia, existem 
condições que favorecem níveis muito grandes de evaporação e 
evapotranspiração. Essa condição, por sua vez, possibilita a formação de 
massas de vapor d’água gigantescas que se deslocam pela atmosfera, 
formando os chamados “rios voadores”. Estudos recentes estão comprovando 
que essas massas de ar estão relacionadas ao controle dos regimes de chuvas 
em diversas partes do país e do continente sul americano. 
 
 
CAÇA AOS RIOS VOADORES 
Estudo mostra que umidade amazônica influencia chuvas de outras 
regiões do país. 
Por: Marcella Huche 
Publicado em 01/06/2009 | Atualizado em 23/09/2009 
Revista Ciência Hoje 
 
 O vapor d'água proveniente da transpiração das plantas e da 
evaporação na floresta amazônica, transportado pelas massas de ar, pode ter 
impacto sobre as chuvas do país, incluindo as regiões Sudeste e Centro-oeste. 
Essa é uma das conclusões do projeto Rios Voadores, que vem estudando a 
importância da floresta amazônica no ciclo hidrológico brasileiro. O objetivo 
do projeto é avaliar as consequências do desmatamento da floresta amazônica 
e seu impacto, não apenas no local, mas em outras regiões do Brasil e da 
América do Sul. 
 
 Ao longo de dois anos, o engenheiro e ambientalista Gérard Moss, 
acompanhado pelo colega de equipe Tiago Iatesta, fez 12 voos a bordo de um 
monomotor para captar amostras de vapor de água. As expedições 
concentraram-se no eixo transversal Amazônia-Sudeste. Cidades como Belém, 
Santarém, Manaus, Alta Floresta, Porto Velho, Cuiabá, Uberlândia, Londrina e 
Ribeirão Preto foram sobrevoadas por Moss em sua busca das correntes de ar 
carregadas de umidade -- os chamados ‘rios voadores’. 
 
Mil amostras 
 
 Para determinar sua rota de caça, Moss contou com o apoio do Instituto 
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que forneceu diversas informações, 
como a direção dos ventos, temperatura e umidade do ar. Esses dados, 
captados por radiossondagem – medição feita diariamente nos campos de 
aviação por meio de balões no ar – foram transformados em modelagens 
meteorológicas. 
 
 Ao todo foram coletadas mil amostras de águas, sendo 500 de rios, 
lagos e chuvas e 500 de vapor d’água atmosférico em diversas altitudes. Um 
dispositivo instalado na janela do monomotor coletava o ar ambiente que, ao 
passar por um tubo de vidro cercado de gelo seco, condensava a umidade do 
ar em gotas d’água. Depois de cada campanha voada, essas amostras de gotas 
preciosas foram analisadas pelo Centro de Energia Nuclear da Agricultura 
(Cena) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba. 
 
 
 À frente da pesquisa científica está o professor Eneas Salati, diretor 
técnico da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), 
responsável por estudo fundamental sobre o ciclo hidrológico da Amazônia nos 
anos 1970. 
 
 Para tentar identificar a origem, a dinâmica e o deslocamento das 
massas de ar e de vapor d’água, foi feito o estudo de isótopos de hidrogênio 
(H2 , deutério) e oxigênio (O18 ) do vapor d’água da atmosfera em diversas 
altitudes. 
 
 “Por terem propriedades físico-químicas distintas, as moléculas de água 
que contêm esses isótopos comportam-se diferentemente durante os 
processos de evaporação, transpiração e condensação do vapor d’água”, 
explica Salati. Esse comportamento diferencial permite acompanhar o que 
ocorre com o vapor d’água proveniente do oceano e os processos aos quais é 
submetido até o momento em que, ao condensar, produz as nuvens e as 
precipitações associadas. 
 
Mais amostras em menos tempo 
 
 A análise isotópica foi realizada no Cena, com a colaboração dos 
pesquisadores Marcelo Zacarias Moreira e Reynaldo Luiz Victoria. Com 
recursos da Petrobras, que financiou o projeto, a USP conseguiu importar um 
equipamento similar ao utilizado pela Agência Internacional de Energia 
Atômica, em Viena, um espectrograma de massa que permite analisar mais 
amostras em menor tempo, sem comprometer a precisão do estudo. O 
aparelho joga um feixe de laser e observa as diferentes formas como cada 
molécula de água absorve o laser. 
 
 Segundo Moss, o reconhecimento da existência do fenômeno dos ‘rios 
voadores’ já é de suma importância. “Ao sobrevoar o estado de São Paulo num 
certo dia, durante o projeto, encontramos um ‘rio voador’ cuja ‘vazão’ 
naquele dia era de 27 vezes a do rio Tietê. Boa parte dessa umidade vinha da 
Amazônia”, ressalta o ambientalista. Ele espera que os resultados do projeto 
motivem mais políticas públicas e pesquisas na área antes que seja tarde 
demais. 
 
 Moss destaca que é extremamente arriscado para a economia do país 
que permitamos a continuação da devastação amazônica sem medir as 
consequências duradouras sobre o clima brasileiro. “Uma árvore amazônica de 
grande porte é capaz de colocar cerca de 300 litros de água por dia na 
atmosfera. Sua retirada não atinge somente a Amazônia, mas todas as outras 
regiões para onde a água é transportada pelos ventos”, explica.

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