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1 Uma mudança no método Entretanto, por volta dos séculos XVII e XVIII, movido pelo espírito da Revolução Científica e do Iluminismo, o mundo começou a ficar mais interessante ― e complexo! Novas ideias foram compartilhadas, e algumas pessoas ― notadamente filósofos e “engenheiros” — começaram a defender um outro modo de agir, baseado em uma conduta metódica e racional. Esse “outro modo de agir” ficou conhecido como o método científico, que alguns também chamam de método cartesiano, em referência a seu renomado defensor René Descartes1. Descartes (1998, p.13) acreditava que “O poder de bem aquilatar e diferenciar o vero do falso, quer dizer, o chamado bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens e, assim, a multiplicidade de nossas opiniões não deriva do fato de uns serem mais razoáveis do que outros, porém, somente do fato de encaminharmos nosso pensamento por diversos caminhos e não levarmos em conta as mesmas coisas”. Há três pontos nessa citação que merecem ser destacados: 1 Filósofo e matemático francês do século XVII, que defendia a necessidade de um método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da Ciência. Descartes também foi quem sugeriu o que ficou conhecido na Matemática como “sistema de coordenadas cartesianas”. 2 1) Se todos os indivíduos são dotados de razão, então, o fato de alguns alcançarem melhores resultados do que outros reside naquilo que eles podem estar fazendo de diferente, isto é, 2) O método escolhido (“o caminho”), ou 3) Os modelos construídos (os aspectos da realidade que são levados em conta e os que são desprezados). Logo, seguindo o raciocínio de Descartes: Qualquer um é capaz de obter resultados razoáveis em suas ações, desde que siga um método adequado. A partir de meados do século XIX, na mesma época em que Charles Darwin publicava sua obra sobre a evolução por seleção natural2, a conduta racional se tornou ainda mais valorizada. O método científico nos dava a segurança de que permaneceríamos no caminho da razão, não nos deixando iludir por nossos sentidos ou por nossas paixões e, assim, tomaríamos melhores decisões. Mas, assim como nossos sentidos, nossa razão é imperfeita. Por isso, é preciso buscar evidências, examinando e testando. O método científico refere-se fundamentalmente a algumas poucas regras que devemos respeitar para garantir que estejamos agindo de maneira racional, em busca do conhecimento. 2 É o mecanismo descoberto por Charles Darwin que explica a evolução das espécies. Poderíamos dizer que é o “método” empregado pela natureza, embora não exista, aparentemente, um fim a ser atingido. 3 Conforme sugere Descartes (1998, p. 40), 1) “Jamais aceitar como verdadeira coisa alguma que eu não conhecesse à evidência como tal”; 2) “Dividir cada dificuldade a ser examinada em tantas partes quanto possível e necessário para resolvê- las”; 3) “Pôr ordem em meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples e mais fáceis”; 4) “Fazer, para cada caso, enumerações tão exatas e revisões tão gerais que estivesse certo de não ter esquecido nada”. Fonte da imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/Frans_Hals_- _Portret_van_Ren%C3%A9_Descartes.jpg Para Descartes, o método deveria virar um hábito. Era preciso trocar o método tradicional, baseado nos costumes, pelo costume do método.
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