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ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MULHER

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MULHER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 2 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................... 03 
 
UNIDADE 2 – APARELHO REPRODUTOR FEMININO .......................................... 06 
 
UNIDADE 3 – EMBRIOLOGIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS ................. 17 
 
UNIDADE 4 – GLÂNDULAS MAMÁRIAS ................................................................ 21 
 
UNIDADE 5 – SISTEMA URINÁRIO FEMININO ...................................................... 26 
 
UNIDADE 6 – FISIOLOGIA MENSTRUAL: ENDÓCRINO-METABÓLICA .............. 28 
 
UNIDADE 7 – FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL ............................................ 38 
 
UNIDADE 8 – FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO ........................................................... 48 
 
UNIDADE 9 – APARELHO REPRODUTOR MASCULINO ...................................... 60 
 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
Enquanto a Anatomia se reporta ao estudo científico da estrutura do corpo 
humano: células, tecidos, órgãos e sistemas; a Fisiologia estuda aspectos do 
funcionamento do corpo humano, tais como metabolismo e divisão celular. 
Evidentemente que não é possível estudar estrutura separadamente da função, 
portanto, veremos concomitantemente ambas as áreas da Ciência, com foco no 
sexo feminino. 
Quando pensamos em anatomia e fisiologia sexual e reprodutiva, sua 
importância para a área da saúde passa pelo aconselhamento sexual, planejamento 
familiar, assistência no ciclo gravídico-puerperal, promoção da saúde em geral e 
autoconhecimento. 
De antemão, podemos dizer que as características sexuais do ser humano 
podem ser classificadas em primárias e secundárias. As primárias dizem respeito 
aos órgãos sexuais externos, já presentes no nascimento e que permitem a 
identificação do bebê como menino ou menina. As características secundárias são 
físicas que se acentuam na puberdade e acentuam as diferenças entre homens e 
mulheres. Essas características secundárias surgem a partir da puberdade; podem 
ocorrer muito lentamente e se estenderem por alguns anos ou se iniciarem 
subitamente e estarem completas em dois anos, além de fornecerem aos corpos 
masculino e feminino sua aparência adulta “típica”. 
Frise-se que apesar de toda evolução pela qual já passou a ciência, por 
todos os investimentos decorrentes das pesquisas que nos oferecem novos 
conhecimentos, ainda estamos longe de entender completamente a anatomia e 
fisiologia do corpo humano. 
Vejamos na ilustração a seguir algumas das diferenças entre o homem e a 
mulher. 
 
 
 4 
 
 
1) cabelo; 2) pelo facial; 3) traços faciais; 4) pescoço; 5) ombros; 6) peito; 7) pelo corporal; 8) mamas; 
9) músculos; 10) braços; 11) pelos pubianos; 12) quadris; 13) pés e mãos; 14) coxas; 15) ângulo 
entre perna e coxa. 
 
 
De todo modo, estamos sempre buscando entender o corpo humano para 
promover as intervenções necessárias que levem a um estado saudável e você 
enquanto profissional da saúde que lidará com clientes/pacientes nos mais diversos 
estados de saúde precisa ter uma visão integrada da anatomia e fisiologia para 
poder lidar melhor com toda essa complexidade. 
Portanto, neste módulo, veremos detalhes das genitálias interna e externa 
do aparelho reprodutor feminino, a embriologia, as glândulas mamárias, a fisiologia 
menstrual, da resposta sexual e da gestação. Breves pinceladas serão dadas ao 
aparelho reprodutor masculino. 
 5 
Esperamos capacitá-lo para compreender a anatomia e fisiologia perante as 
diferentes condições do ciclo de vida da mulher, bem como alterações endócrino-
metabólicas que fazem uma verdadeira revolução no corpo da mulher. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
UNIDADE 2 – APARELHO REPRODUTOR FEMININO 
 
 
O aparelho genital feminino tem a sua constituição formada pelos genitais 
externos, que propiciam condições para a copulação por meio das suas estruturas, 
internos, que promovem a reprodução mediante a união dos gametas feminino e 
masculino (RICCI, 2008). 
A mulher apresenta diversas fases na sua vida, as quais estão delimitadas 
pela função ovariana. Ao nascimento, os ovários se encontram com a sua função 
inativa; enquanto assim estiverem, demarca-se a infância; em seguida, vem a 
puberdade, período de transição, onde terá início a produção de níveis fisiológicos e 
estrogênios. A menacme (ou fase reprodutiva) se dá com o início dos ciclos 
ovulatórios e o completo desenvolvimento puberal. Contudo, com o passar do 
tempo, terá o início a falência ovariana, a qual é progressiva, demarcando com isso 
o climatério, que se manifesta por meio da menopausa, última regra. Salientamos, 
contudo, que estão mantidas as condições para manutenção de uma vida sexual 
ativa na fase climatérica (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
O aparelho genital feminino pode ser acometido de malformações, 
acarretando importantes conflitos emocionais quanto a sua condição de ser 
feminino, os quais podem envolver a sexualidade e a reprodução. 
As malformações uterinas e vaginais decorrem de anomalias do 
desenvolvimento dos ductos de Müller, cuja fisiopatologia molecular é desconhecida. 
Podem estar associadas entre si, isoladas ou associadas a malformações de outros 
sistemas orgânicos (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
As mamas consistem em elevações peitorais e se localizam na face anterior 
do tórax. Participam do aparelho genital em função da relação estabelecida com 
este como complemento na gestação, da relação com os hormônios femininos, 
dentre outras (BRUNNER; SUDDARTH, 2005). 
Em se tratando do aparelho reprodutor masculino, este apresenta órgãos 
comuns ao sistema reprodutivo e ao trato urinário. Estes são especializados na 
secreção da testosterona (hormônio masculino) e produção, manutenção e 
transporte do espermatozoide (células sexuais masculinas), juntamente com os 
 7 
líquidos de apoio ao sistema reprodutor feminino (RICCI, 2008; BRUNNER; 
SUDDARTH, 2005). 
 
2.1 Genitália externa 
 
A genitália externa feminina é compreendida pelo monte de vênus, grandes 
e pequenos lábios, clitóris, meato uretral, vestíbulo e suas glândulas, e o hímen. 
Estão localizados entre a borda inferior do abdome, prolongando-se até o ânus. Têma função de proteção e, durante a relação sexual, atuam como tecido sensível 
(RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
 
 
Fonte: Ramos; Mendonça (2010, p. 2). 
 
 
a) Monte de Vênus: 
Estrutura superior da região vulvar, está situada na borda inferior do abdome 
e é constituída de tecido gorduroso, coberto por pelos. Confere proteção aos tecidos 
circundantes contra os traumatismos e apresenta sensibilidade (RICCI, 2008; 
CAMARGOS; MELO, 2001). 
 
b) Grandes Lábios: 
Órgãos duplos, ricos em tecido adiposo, os grandes lábios formam as 
porções laterais da vulva. Provenientes do monte de vênus, recobrem o introito 
 8 
vaginal. Seus limites são as comissuras anterior e posterior, onde ocorrem suas 
fusões. Apresentam folículos pilosos na porção lateral e glândulas sebáceas. Além 
disso, protegem os tecidos subsequentes contra traumatismos (COOPLAND, 1996; 
CAMARGOS; MELO, 2001). 
 
c) Pequenos Lábios: 
Órgãos duplos, ricos em vasos sanguíneos, localizam-se entre os grandes 
lábios e se estendem da extremidade superior da vulva, passando pelo prepúcio do 
clitóris, até se unirem aos grandes lábios na comissura posterior e delimitarem o 
vestíbulo vaginal. Não apresentam folículos pilosos. São compostos por tecido 
conjuntivo denso e erétil, apresentando grande sensibilidade à manipulação. 
As malformações congênitas da vulva são raras, porém as pequenas 
diferenças no contorno ou no tamanho dessas estruturas não são raras, podendo 
apresentar aspectos diferentes, como vulva arrebitada, duplicação da vulva e 
hipertrofia ou assimetria das ninfas (pequenos lábios) (COOPLAND, 1996; 
CAMARGOS; MELO, 2001). 
 
d) Hímen: 
Originário da membrana urogenital, circunda a entrada da vagina, 
separando-a do vestíbulo. Pouco resistente e dilacerável, apresenta formato e 
espessura variados. Apresenta os seguintes tipos: 
d.1) Anular: o mais comum, consiste em uma faixa musculosa, elástica, que 
circunda parcialmente o introito vaginal. 
d.2) Complacente: é distensível, porém não se rompe. 
d.3) Cribriforme: cobre toda a entrada da vagina, mas possibilita a 
exteriorização do fluxo menstrual em virtude da presença de vários orifícios; todavia, 
não permite o seu rompimento. 
d.4) Septado: acarreta divisão na entrada da vagina. 
d.5) Fibroso ou espesso: permeável, porém resistente. É necessária incisão 
em caso de hímens que não permitem a penetração. 
 9 
A integralidade do hímen foi aceita por muito tempo como sinal de 
virgindade; contudo, o seu rompimento não sobrevém apenas da relação sexual, 
mas também do parto ou de genealogia traumática (distensões e lacerações por 
acidentes ou introdução de objetos), ou ainda em decorrência da masturbação. Sua 
presença é ainda hoje muito significativa em virtude das várias culturas e religiões. 
Seus resquícios são denominados carúnculas himenais. 
A malformação do hímen resulta da falha de perfuração da membrana 
urogenital, acarretando a presença do hímen imperfurado, que oblitera 
completamente a vagina. Observa-se no hímen que, além da má formação, podem 
ocorrer situações anômalas que levam ao bloqueio da exteriorização das secreções 
vaginais e do fluxo menstrual, assim como à interferência na relação sexual, 
necessitando correção por meio cirúrgico. A correção deve ser realizada por meio de 
excisão para evitar uma nova fusão, evitando com isto nova obliteração 
(COOPLAND, 1996). 
e) Clitóris: 
Órgão erétil e cilíndrico, homólogo ao corpo esponjoso do pênis, não 
apresenta as funções excretora e reprodutiva. Localizado na borda da comissura 
anterior dos pequenos lábios, é constituído pelos ramos, corpo e glande. Sua ereção 
se deve ao intumescimento durante a excitação. Tem participação relevante na 
atividade sexual, sendo sua principal função proporcionar prazer sexual à mulher. 
Por ser bastante irrigado e rico em inervações, torna-se uma área 
extremamente sensível. O clitóris pode apresentar anomalias congênitas ou 
adquiridas, inclusive de formas notáveis, como hipertrofia e agenesia ou duplicação, 
podendo haver a presença de outras anomalias congênitas (JACOB; FRANCONE; 
LOSSOW, 1990; COOPLAND, 1996). 
f) Vestíbulo: 
Fenda entre os pequenos lábios que se estende do clitóris à região posterior 
do hímen, tem a função de orientar o pênis para a vagina durante a relação sexual. 
É constituído de meato uretral, introito vaginal e glândulas acessórias. 
f.1) Parauretrais (Skene): pequenas glândulas sebáceas situadas na base da 
uretra, cumprem a função de lubrificação. 
 10 
f.2) Vulvovaginais (Bartholin): situadas bilateralmente sob os grandes lábios, 
têm a função de produzir muco (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
 
g) Bulbo do Vestíbulo: 
Órgão duplo, coberto pelos músculos bulbo cavernoso e bulbo esponjoso, de 
característica erétil, localiza-se lateralmente ao introito vaginal, que é acolchoado por 
ele. Durante a excitação, apresenta-se ingurgitado, distendido, em virtude da 
congestão (resposta genital apresentada nesta fase), provocando resistência à 
penetração peniana e predispondo as sensações sexuais (CAMARGO; MELO, 
2001). 
h) Períneo: 
Estende-se da borda inferior da abertura vaginal até o ânus e encontra-se 
circundado por coxas, nádegas e monte de vênus. É formado pelos músculos 
levantadores do ânus e sua fáscia, os músculos perineais transversos profundos e 
sua fáscia e os músculos da genitália externa. Por causa de sua localização, 
participa de maneira importante no parto (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
 
 
2.2 Genitália interna 
 
Esta é compreendida por vagina, útero, tubas uterinas e ovários que estão 
ilustrados adiante. 
a) Vagina: 
Órgão tubular, virtual (as paredes anterior e posterior estão em constante 
contato), a vagina se estende do útero até a abertura para o vestíbulo, terminando 
externamente, nas virgens, com o hímen. Encontra-se circundada pela bexiga, à 
frente, cuja porção inferior relaciona-se com a uretra; e o reto, por trás, que em sua 
porção superior relaciona-se com o fundo-de-saco de Douglas (escavação 
retouterina). Estas relações com outras estruturas pélvicas explicam as uretrites e 
cistites traumáticas em função do coito vaginal e as rupturas de fundo-de-saco 
vaginais decorrentes do coito vaginal. Em função desta relação anatômica, quando 
apresenta coleções patológicas, como pus (pelviperitonite) ou sangue 
 11 
(hemoperitônio), sua drenagem (colpotomia) será realizada através do canal vaginal 
(RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
A vagina transpõe e abrange parte do colo do útero, que se projeta dentro 
dela. Sua constituição é musculomembranosa, e a mucosa contém rugas que 
promovem sua distensão sem que haja lacerações, ocorrendo a adaptação de suas 
dimensões fisiologicamente ao parto ou ao coito vaginal. Todavia, no puerpério e 
nas mulheres na fase da menopausa, essa elasticidade pode apresentar-se reduzida 
em virtude da baixa do nível de estrogênio, a qual é reparada por meio da 
terapêutica hormonal. A vagina é composta de células basais internas, basais 
externas, intermediárias e superficiais. Na vagina em repouso, tanto nas mulheres 
grávidas como nas não grávidas, normalmente ocorrem contrações com a finalidade 
de auxiliar a limpeza desta, expelindo os seus conteúdos, além de auxiliar também a 
manutenção do fluxo sanguíneo para as estruturas musculares e epiteliais. Sua 
vascularização se dá através das artérias que provêm dos ramos vaginais da artéria 
uterina, da artéria vaginal, ramo da artéria ilíaca interna, e de ramos da artéria retal 
média e da artéria pudenda interna (BEREK, 2008; HANSEN; LAMBERT, 2007). 
Apresenta função de: 
a) Copulação, na relação sexual. Na fase de excitação (segundo Master & 
Johnson, 1996 apud RAMOS; MENDONÇA,2010), ocorrem a lubrificação 
(forma-se uma cobertura transparente e escorregadia) sobre as suas paredes 
e a alteração da cor de vermelho-violácea a vermelho-escura; nestas, sua 
expansão atinge dois terços de seu comprimento. Na fase do platô, o terço 
exterior está bastante congesto, com redução de calibre, ocorre aumento 
posterior da largura e da profundidade da vagina. Na fase do orgasmo, o terço 
exterior da vagina sofre intensas contrações, as quais são reduzidas, 
gradualmente, a espasmos ocasionais; na fase de resolução, dispersa-se a 
vasocongestão, a tensão vaginal se resolve, e há um retorno da normalidade 
da cor. 
b) Menstruação: ocorre o escoamento do material sanguinolento. 
c) De canal: no parto, permite a saída do feto. 
A vagina pode apresentar malformações, as quais são raras e geralmente 
diagnosticadas na adolescência ou na mulher adulta. Decorrem de falha de 
 12 
canalização ou de fusão lateral dos ductos de Müller: agenesia da vagina (síndrome 
de Rokitansky), que pode ser total ou parcial, septo vaginal vertical, septo vaginal 
transverso e hímen imperfurado (COOPLAND, 1996). 
 
Genitália interna 
 
Fonte: Ramos; Mendonça (2010, p. 6). 
 
 
b) Útero 
Órgão muscular, oco, de estrutura piriforme (pera invertida), mede cerca de 
8 x 5 x 3cm (COPELAND, 1996). Posiciona-se na parte central da pelve, em 
anteversoflexão, entre a bexiga (o qual apresenta contato direto com a parede 
uterina no terço inferior do útero) e o reto. Nas suas faces vesical e intestinal (ventral 
e dorsal, respectivamente), encontra-se em contato com o fundo-de-saco peritoneal 
(escavação retouterina). Comunica-se com as tubas uterinas, superiormente 
(através das quais se comunica com a cavidade abdominal), e com a vagina (através 
do canal cervical), inferiormente. Contudo, sua forma, localização e dimensões são 
variáveis. Sua sustentação é realizada por ligamentos flexíveis e elásticos, que 
possibilitam a sua mobilidade. Estes incluem os redondos, que são cordões 
fibromusculares; o largo, que reveste externamente a maior parte dos nervos e 
vasos que nutrem o útero e os ovários, e os uterossacros, que contêm vasos 
sanguíneos e feixes nervosos. O útero divide-se por regiões: o corpo representa a 
 13 
parte superior, estendendo-se do fundo (área entre as trompas de Falópio) ao istmo, 
que corresponde à área intermediária e estreita, e o colo uterino é a área inferior, 
que se estende até a vagina. Seu ângulo lateral é denominado corno. 
O útero é composto por camadas: 
 Serosa – externa, contínua com o peritônio; 
 Miométrio – média, espessa e muscular; 
 Endométrio – interna, podendo apresentar alterações provocadas pelos 
hormônios (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
O suprimento sanguíneo do útero é fornecido pelas artérias uterinas e 
ovarianas (BEREK, 2008). Sua função é a de receber o óvulo fecundado, abrigar, 
proteger e propiciar, por meio da nutrição, o desenvolvimento do embrião e a 
expulsão do feto quando maduro. 
Pode apresentar malformações em virtude das alterações no 
desenvolvimento dos condutos de Müller, como agenesia e hipoplasia uterina 
(geralmente associada à síndrome de Rokitansky), útero unicorno (evolução de 
apenas um corno – ângulo lateral), útero bicorno (divisão na parte superior em dois 
cornos – pode ser completo, parcial ou arcuado), útero septado (apresenta septo 
longitudinal), útero didelfo (desenvolvimento de dois corpos uterino independentes, 
inclusive com dois colos, podendo estar associado à presença de septo vaginal 
longitudinal (BEREK, 2008, HANSEN; LAMBERT, 2007, MOORE; PERSAUD, 2008) 
e anomalias associadas ao dietilestilbestrol (DES – estrogênio sintético). 
Com relação às malformações comuns, em sua maioria são assintomáticas, 
sendo diagnosticadas quando ocorrem na presença da dismenorreia ou 
intercorrências na reprodução, podendo, muitas vezes, seu diagnóstico ser realizado 
ao acaso. Contudo, apenas a agenesia uterina e a hipoplasia uterina interferem na 
concepção. Essas alterações não parecem interferir na resposta sexual feminina 
(COOPLAND, 1996). 
c) Colo Uterino: 
Apresenta tecidos muscular e conjuntivo, sendo formado por ectocérvice 
(região externa do colo, orifício externo até fundo-de-saco vaginal), endocérvice 
(orifício externo até o orifício interno do colo) e junção escamocolunar (linha entre os 
 14 
dois epitélios – escamoso e colunar – que revestem o colo; dependendo da condição 
hormonal, a função escamocolunar pode estar na ecto ou endocérvice). 
O colo apresenta um canal central (canal cervical) que se estende da vagina 
até o interior do útero; divide-se em porções supravaginal e vaginal, projetando-se 
na vagina entre os fundos-de-saco anterior e posterior, os quais são definidos pela 
reflexão do peritônio da face anterior do reto sobre a face posterior da vagina 
(escavação retouterina). O colo tem como funções proteger o embrião e a cavidade 
uterina contra as bactérias, permitir a passagem do espermatozoide para o útero e, 
durante o parto, tornar possível a passagem do feto (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
Pode apresentar malformações, as quais têm como consequências: 
obstrução do fluxo menstrual, refluxo menstrual abdominal com possibilidade de 
originar endometriose (presença de tecido endometrial fora da mucosa uterina), 
hematossalpinge ou hematometra (acúmulo de sangue na cavidade uterina) com 
tumoração hipogástrica. A agenesia cervical é uma anomalia rara que pode 
apresentar várias formas, como ausência total do colo, colo com tecido estromal 
exclusivo, sem canal endocervical, e colo sem canalização, mas com inclusão de 
ilhas de tecido endocervical, com associação frequente a graus variados de 
agenesia vaginal (COOPLAND, 1996; HANSEN; LAMBERT, 2007). 
d) Trompa de Falópio (Ovidutos): 
Estrutura bilateral, localiza-se nos bordos superiores do útero, estendendo-
se lateralmente até o ovário. Apresenta três porções: 
d.1) Intersticial ou intramural: porção estreita que apresenta contato direto 
com a cavidade uterina. 
d.2) Istmo: de localização intermediária, entre a ampola e o interstício, é a 
porção menos estreita da trompa. 
d.3) Ampola: apresenta contato direto com a cavidade abdominal; porção 
mais longa, em sua extremidade encontram-se as fimbrias (região do infundíbulo), 
que se aproximam da superfície ovariana, predispondo à captação dos óvulos. A 
mucosa interna da ampola apresenta cílios, os quais, juntamente com os 
movimentos peristálticos, impulsionam o óvulo até o útero (JACOB; FRANCONE; 
LOSSOW, 1990; BEREK, 2008; HANSEN; LAMBERT, 2007; AIRES, 2008). 
 15 
Pode apresentar agenesia segmentar, inclusive com associação a útero 
bicorno e agenesia unilateral associada a útero unicorno (COOPLAND, 1996). 
e) Ovário (Gônada): 
Órgão duplo que corresponde à glândula sexual feminina, tem formato 
ovoide (amêndoa). Localiza-se à direita e à esquerda do útero, sendo ligada a este 
pelos ligamentos ovarianos. Seu formato e tamanho variam de acordo com a fase do 
ciclo menstrual e a idade da mulher. Divide-se em córtex e medula interna. Sua 
vascularização arterial é realizada através das artérias ovarianas venosas – plexo 
pampiniforme. Sua atividade é regulada pela hipófise. Tem a função de produzir 
óvulos e hormônios (estrogênio e progesteronal) (COOPLAND, 1996; BEREK, 2008; 
AIRES, 2008). 
Pode apresentar anomalias, como ovários supranumerários e acessórios, 
síndrome do ovário rudimentar e síndrome do ovário vestigial unilateral, além de 
disgenesia gonádica (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
f) Estruturas Circunvizinhas: 
Fazem parte da anatomia clínica da pelve e estão diretamente ligadas ao 
aparelho genital feminino. Em virtude de sua localização, podemocorrer fístulas 
mediante procedimentos cirúrgicos, ou podem influenciar a posição do útero por 
causa de conteúdo, ou este pode exercer influência sobre o útero. São constituídas 
por: 
f.1) Ureter: conduto excretor do rim que se estende à bexiga e nesta 
desemboca pelo ângulo lateral. É retroperitoneal em todo o seu percurso. 
f.2) Bexiga: órgão oco, musculomembranoso e elástico, divide-se em corpo e 
base, os quais são separados pelos orifícios ureterais. Situa-se na cavidade pélvica, 
na frente do útero e da vagina. 
f.3) Reto: continuação do cólon sigmoide, extremidade final do trato 
digestório, localizado por trás do útero e da vagina (COOPLAND, 1996). 
 
 16 
g) Pelve Feminina: 
A pelve feminina é composta pelos ossos do quadril, que formam seus lados 
e sua frente e que se dividem em: ílio (superior), ísquio (inferior) e púbis (frontal, a 
união desta forma à sínfise púbica). Posteriormente, encontra-se o sacro. O cóccix 
localiza-se abaixo, unido ao sacro. 
Divide-se em: pelve falsa – parte superior da pelve – e pelve verdadeira 
(cavidade pélvica) – parte inferior da pelve, composta pelo estreito superior – onde 
ocorre a separação das pelves, cavidade, canal recurvado – e pelo estreito inferior – 
espaço entre as tuberosidades isquiáticas, a ponta do cóccix, a sínfise pubiana e o 
arco púbico. Os órgãos reprodutores internos femininos, a bexiga e o reto estão 
localizados na pelve verdadeira. 
A sua vascularização ocorre através das redes: 
 arterial – artéria sacra mediana, artéria ilíaca interna ou hipogástrica, que 
apresenta ramos viscerais e parietais; 
 venosa – as veias da pelve drenam para a veia mesentérica inferior, a veia 
ilíaca comum e a veia ilíaca interna ou hipogástrica; 
 linfática – linfonodos ilíacos externos, interno e comum. 
Segundo a obstetrícia, a pelve feminina pode ser classificada como: 
ginecoide, androide, antropoide e platipeloide. 
Visto a anatomia dos órgãos genitais femininos, vejamos agora um pouco de 
sua embriologia. 
 
 
 17 
UNIDADE 3 – EMBRIOLOGIA DOS ÓRGÃOS GENITAIS 
FEMININOS 
 
 
A Embriologia é a parte da Biologia que estuda a formação e 
desenvolvimento do embrião. 
No ato da fecundação ocorre a determinação dos sexos cromossômico e 
genético do embrião, mediante a presença dos cromossomos X e Y, que conduz ao 
desenvolvimento do sexo gonádico. As gônadas são indiferenciadas até a sexta 
semana de vida embrionária, sendo sua diferenciação iniciada a partir daí, e levando 
à diferenciação em genitálias interna e externa. Contudo, a sexualidade não 
depende apenas desses aspectos, sofrendo influência dos aspectos sociais, 
familiares, educacionais e psicológicos (MOORE; PERSAUD, 2008). 
A determinação do sexo genético ocorre na fecundação, em função da união 
dos gametas masculino e feminino, com a mulher apresentando o genótipo XX e o 
homem, o genótipo XY. A célula masculina promove esta definição, em virtude da 
presença do X e do Y (BEREK, 2008; MOORE; PERSAUD, 2008; PINOTTI; 
BARROS, 2004). 
Então: 
 
 
Com relação à determinação do sexo gonádico, diz-se que as gônadas de 
embriões masculinos e femininos são morfologicamente indiferenciáveis, com uma 
camada medular e outra cortical (bissexual) até a sétima semana do 
desenvolvimento (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
Nesta etapa, duas pregas ou cristas gonodais apresentam determinado 
número de células germinativas primordiais, oriundas da parede do saco vitelino. 
Além disso, também estão presentes os cordões sexuais, que resultam da 
multiplicação das células da superfície da gônada. 
 18 
A partir da sétima semana, diferenciam-se em testículos ou ovários em 
decorrência da presença ou não do cromossomo Y. A presença do cromossomo Y 
acarretará a formação dos testículos, com os cordões sexuais se multiplicando na 
porção medular da gônada, compondo os cordões seminíferos, que darão origem 
aos canais seminíferos. Sua ausência, por outro lado, implica a formação dos 
ovários. 
Os cordões sexuais primários degeneram na região medular e, à medida 
que os cordões corticais crescem, estes incorporam células germinativas 
primordiais. 
Quando esses cordões começam a romper-se, formam-se agrupamentos 
isolados de células, que consistem nos folículos primordiais, cada um dos quais é 
constituído de uma ovogônia. Muitas das ovogônias degeneram antes do 
nascimento, e as que permanecem crescem, tornando-se ovócitos primários 
(RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
Determinada esta diferenciação, o desenvolvimento das genitálias interna e 
externa ocorrerá de acordo com a ação dos hormônios. 
Quanto ao sexo somático, as diferenciações da genitália interna e externa 
iniciarão por volta da oitava semana. 
a) Genitália Interna 
Na fase embrionária, existem inicialmente dois pares de ductos: um par 
mesonéfrico e outro paramesonéfrico. Os ductos de Wolf ou wolffianos (túbulos 
mesonéfricos) irão originar os órgãos sexuais masculinos – epidídimo, deferente, 
canal ejaculador, vesícula seminal – e os ductos de Müller (túbulos 
paramesonéfricos) originarão os órgãos sexuais femininos – as trompas da porção 
superior dos ductos de Müller. O útero e uma porção da vagina originam-se da fusão 
da parte inferior deste ducto. Os ovários originam-se das gônadas primitivas 
(MOORE; PERSAUD, 2008; PINOTTI; FONSECA; BAGNOLI, 2005). 
As células de Sertoli iniciam a produção do hormônio antimülleriano (HAM), 
induzindo a regressão dos ductos paramesonéfricos. No embrião feminino, a 
ausência de testosterona e do hormônio antimülleriano e o desenvolvimento normal 
do ovário acarretarão a regressão dos ductos de Wolff, havendo com isto o 
desenvolvimento dos ductos de Müller e não sendo necessária a presença de 
 19 
estrogênio para que se dê o desenvolvimento dos órgãos femininos (RAMOS; 
MENDONÇA, 2010; MOORE; PERSAUD, 2008). 
 
b) Genitália Externa 
A genitália externa será caracterizada, nos diferentes sexos, pela presença 
ou ausência de androgênios. A genitália feminina desenvolve-se na ausência desse 
hormônio. 
Sua diferenciação está ligada à presença de di-hidrotestosterona. Entre a 
quarta e a nona semana de gestação, nos embriões masculinos e femininos, a 
genitália tem aspecto comum, sendo um tubérculo genital, o que é volumoso até a 
nona semana (o falo). Em posição ventral à membrana cloacal, está limitado, por 
dentro, pelas pregas urogenitais e, por fora, pelas proeminências labioescrotais 
(CAMARGOS; MELO, 2001; MOORE; PERSAUD, 2008). 
Nas meninas, no final da oitava semana de gestação, existem o tubérculo 
genital, que constituirá o clitóris, as pregas labioescrotais, os grandes lábios, e as 
pregas urogenitais, que darão origem aos pequenos lábios. Esta se encontra 
completa em torno da 20ª semana, com a canalização completa da vagina (MOORE; 
PERSAUD, 2008). 
No sexo masculino, devido aos androgênios, o falo e as pregas genitais 
crescem e se soldam na linha mediana, de trás para diante, formando a face inferior 
do pênis e compondo a uretra peniana. O meato uretral é levado para a extremidade 
do pênis. Esta se encontra completa na 14ª semana de gestação (MOORE; 
PERSAUD, 2008). 
 
c) Caracteres Sexuais Secundários 
Meninos e meninas, até que se inicie o desenvolvimento puberal, têm 
grande semelhança. Nas meninas, o aumento dos estrogênios ovarianos levará ao 
arredondamento dos quadris, ao crescimento das mamas e ao surgimento da 
menstruação. 
 20 
Nos meninos, por sua vez, os androgênios levarão a uma distribuição 
muscular característica, ao crescimento dos pelos e à transformação da voz em 
grave. 
O sexo legal é determinado por meio do registro civil. Este resulta da 
observação da genitália externaao nascimento. No que se refere ao sexo da 
criação, este será determinado de acordo com a forma como a criança é criada; 
contudo, é o seu sentimento em relação ao sexo que determinará o sexo 
psicossocial (PINOTTI; BARROS, 2004). 
Visto que, inicialmente, as gônadas são indiferenciadas, Ramos e Mendonça 
(2010) salientam que a sua diferenciação pode ocorrer de modo anormal, 
acarretando a intersexualidade, que se apresenta sob as seguintes formas: 
a) Pseudo-hermafroditismo feminino: apresenta genitália interna do sexo 
feminino e os órgãos externos são masculinos em diferentes graduações, em função 
da produção inadequada de androgênios pela suprarrenal. 
b) Hermafroditismo: apresenta tecidos ovariano e testicular, podendo estar 
presente em glândulas diferentes ou na mesma glândula. A genitália externa é 
ambígua. 
c) Pseudo-hermafroditismo masculino: decorrente da produção deficiente do 
hormônio masculino, com desenvolvimento testicular normal. Os portadores 
apresentam aparência e comportamento psicológico femininos, mas são 
geneticamente masculinos. 
d) Síndrome de Turner (disgenesias gonádicas): as gônadas têm forma de 
estrias, não apresentam elementos ovarianos ou testiculares e são rudimentares. Na 
puberdade, não há desenvolvimento de caracteres sexuais secundários em função 
da ausência de estrogênios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
UNIDADE 4 – GLÂNDULAS MAMÁRIAS 
 
 
As glândulas mamárias ou simplesmente “mama”, é uma parte do corpo 
considerada um atributo de beleza sexual e está intimamente relacionada com a 
essência feminina. É um órgão reprodutor acessório do sistema reprodutor feminino 
que, após a gestação, tem a função de secretar o leite materno (RICCI, 2008; 
BRUNNER & SUDDARTH, 2005; BEREK, 2008). 
 
4.1 Anatomia das Glândulas Mamárias 
As glândulas mamárias são em número de dois, pareadas, e cada mama se 
localiza na face anterior do tórax, anteriormente à fáscia profunda dos músculos 
peitoral maior, serrátil anterior, oblíquo externo e bainha anterior do reto abdominal, 
estendendo-se como uma estrutura convexa desde o esterno, medialmente, até a 
linha axilar anterior ou média, lateralmente. 
Anatomia das mamas e áreas mamárias 
 
Fonte: Ramos e Mendonça (2010, p. 15). 
 
De acordo com seu tamanho, encontra-se entre a segunda ou terceira e a 
sexta ou sétima costelas. A mama ocupa um espaço entre os folhetos superficial e 
profundo da fáscia superficial da parede torácica anterior, em razão de seu 
 22 
crescimento da superfície para a profundidade. Possui uma pequena extensão de 
tecido glandular que se estende para dentro da axila – prega axilar anterior – 
chamada cauda axilar de Spencer. Os ligamentos de Cooper, que consistem em 
septos fibrosos, envolvem os lobos, propiciando a manutenção da mama em posição 
e permitindo-lhe sustentação e mobilidade (CAMARGOS; MELO, 2001; JACOB; 
FRANCONE; LOSSOW, 1990; MENKE et al, 2007). 
A glândula mamária é revestida por pele e apresenta centralmente uma área 
circular pigmentada – a aréola – que no seu centro dispõe de uma elevação 
cilíndrica denominada papila ou mamilo. A aréola e o mamilo apresentam 
profundamente fibras musculares lisas, dispostas de forma radial e 
circunferencialmente, que promovem a ereção do mamilo em resposta aos 
estímulos, como o da sucção. A aréola possui na sua margem glândulas sudoríparas 
e sebáceas, além de glândulas sudoríparas modificadas, que são formações em 
relevo dispostas de modo irregular no seu interior, chamadas tubérculos de 
Morgagni, que se hipertrofiam na gravidez, quando passam a ser conhecidas como 
tubérculos de Montgomery (CAMARGOS; MELO, 2001; JACOB; FRANCONE; 
LOSSOW, 1990; MENKE et al, 2007). 
Cada mama contém de 15 a 20 lobos, em formato de cone, os quais se 
ramificam em lóbulos que contêm grupo de ácinos (alvéolos – os quais são 
envolvidos por fibras mioepiteliais contráteis), que terminam em um ducto lactífero 
que se abre através do mamilo por um orifício. O seio lactífero é uma dilatação do 
ducto e serve de reservatório para o leite produzido no alvéolo. Cada um dos lobos 
possui um canal galactóforo ou canal excretor principal, onde se juntam os canais 
secundários dos lóbulos e os ácinos. O tecido de composição da mama é glandular 
(parênquima), gorduroso e conjuntivo, sendo a mama rica em tecido adiposo, que 
forma um envoltório de proteção para a glândula mamária (RICCI, 2008; 
CAMARGOS; MELO, 2001; JACOB; FRANCONE; LOSSOW, 1990; FREITAS et al., 
2006; MENKE et al, 2007). 
A sua irrigação se dá através dos ramos da artéria axilar – torácica lateral – 
ramos torácicos altos e peitorais do tronco toracoacromial, ramos laterais das 
artérias intercostais posteriores e ramos da artéria mamária interna. A parte sensitiva 
da glândula mamária, a inervação, é realizada pelos ramos cutâneos laterais e 
anteriores do segundo ao sexto nervos intercostais, tendo ainda o nervo 
 23 
supraclavicular, originário do plexo cervical, que inerva uma região da pele sobre a 
porção superior da mama. A drenagem da mama é realizada por um grupo de 
gânglios axilares e a cadeia mamária interna de gânglios (CAMARGOS; MELO, 
2001; COOPLAND, 1996). 
 
4.2 Embriologia 
O tecido mamário se origina do ectoderma e do mesoderma. Na quarta 
semana de gestação, o embrião apresenta um espessamento do ectoderma, 
denominado linha ou crista mamária, que se estende desde as axilas até as regiões 
inguinais. 
Nesta, na sexta semana, ocorre uma regressão, ficando a própria apenas na 
face anterior do tórax, onde se dá o desenvolvimento normal da mama. Caso não 
ocorra a regressão da linha mamária, será desencadeada a formação de tecido 
acessório mamário. Isto levará desde à presença de mamilo extranumerário até ao 
aparecimento de uma glândula mamária acessória – desenvolvimento ectópico da 
mama nas axilas, no abdome, nos lábios ou nas nádegas e costas (menos comum). 
Em contrapartida, a regressão completa da linha mamária na face anterior 
do tórax acarretará amastia (ausência do desenvolvimento mamário). Os ductos 
lactíferos são constituídos a partir dos brotamentos secundários, que são originados 
a partir do brotamento mamário primitivo, o qual é derivado do espessamento 
exodérmico que persiste na face anterior do tórax. O mesênquima circundante dá 
origem aos tecidos conjuntivos fibroso e adiposo. A formação do mamilo é resultado 
do crescimento do mesênquima da aréola e só ocorre próximo ao nascimento. 
Ao nascimento só estão formados os principais ductos. A partir da 
puberdade, no sexo feminino, por causa do estrogênio, ocorrerá o crescimento dos 
sistemas ductal, conjuntivo e adiposo. Com relação ao tecido glandular, este 
permanece com seu desenvolvimento incompleto até o nascimento, quando ocorre o 
desenvolvimento acentuado dos dúctulos intralobulares, formando os alvéolos que 
irão produzir o leite materno (CAMARGOS; MELO, 2001, COOPLAND, 1996; 
MOORE, K.L.; PERSAUD, 2008; MENKE et al., 2007). 
 
 24 
4.3 Fisiologia 
As duas mamas ou glândulas mamárias são idênticas nos homens e nas 
mulheres até a puberdade, quando tem início o desenvolvimento da mama das 
mulheres em função da ação do estrogênio e de outros hormônios. Observa-se a 
telarca a partir do aumento da pigmentação e do tamanho da aréola, apresentando 
ainda crescimento do sistema ductal da glândula e acréscimo de gordura ao tecido 
conjuntivo. 
O amadurecimento da glândula se dá pelo desenvolvimento do sistema 
alveolar do lóbulo mamário, que é responsável pela produção láctea. Sua 
maturidade plena ocorre durante a gravidez, em virtude das modificações 
quantitativas dos hormônios mamotróficos. 
A mama feminina apresenta os seguintes estágiosde desenvolvimento 
(estágios de Tanner de 1 a 5): 
 estágio 1 – equivale à mama pré-púbere; ausência de tecido mamário 
palpável; 
 estágio 2 – refere-se ao primeiro sinal da puberdade – o brotamento mamário; 
ocorre a elevação da mama e da papila; 
 estágio 3 – consiste no aumento adicional do tecido mamário e da aréola sem 
desnivelamento de seus contornos; 
 estágio 4 – demonstrado mediante um monte secundário no ápice do tecido 
mamário formado através do mamilo e da aréola; 
 estágio 5 – caracteriza o desenvolvimento contínuo do alargamento da mama 
com contorno único (RAMOS; MENDONÇA, 2010). 
Durante a fase pré-menstrual, a mama apresenta aumento na densidade, no 
tamanho, na sensibilidade e na nodularidade. Na primeira metade do ciclo 
menstrual, o estrogênio e os demais hormônios mamotróficos promovem o 
crescimento do estroma e o surgimento de receptores de progesterona nas células 
ductais. O crescimento mamário completo ocorre no final da gravidez, porém é 
decorrente de vários hormônios, como progesterona, estrogênio, lactogênio 
placentário humano (LPH), hormônio do crescimento, prolactina e cortisol, estando a 
mama no final da gravidez pronta para a lactogênese. Para a lactação são 
 25 
necessárias a mamogênese, ou seja, o desenvolvimento das glândulas mamárias, a 
lactogênese, que corresponde à secreção do leite, e a galactopoese, que consiste 
na manutenção da lactação e na ejeção do leite. Em função do declínio dos níveis 
de estrogênio e progesterona na menopausa, os lóbulos e ductos diminuem em 
número e tamanho, sendo substituídos por gordura e tecido conjuntivo hialinizado e 
perdendo sua estrutura lobular, densidade, forma e volume (RICCI, 2008; 
COOPLAND, 1996; JACOB; FRANCONE; LOSSOW, 1990). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
UNIDADE 5 – SISTEMA URINÁRIO FEMININO 
 
 
O aparelho urinário é constituído de dois rins, dois ureteres, uma bexiga e 
uma uretra. O rim é o responsável pela homeostase (equilíbrio do meio interno), 
filtrando o plasma e removendo as substâncias indesejáveis ingeridas pela pessoa 
ou produzidas pelo metabolismo corporal. 
Os rins são órgãos retroperitoneais que possuem a forma de um grão de 
feijão, tendo em sua concavidade o hilo, onde se encontram vasos, nervos e cálices 
renais, que vão formar a pelve renal, que nada mais é do que a parte superior do 
ureter. Cada rim constitui-se de uma cápsula de tecido conjuntivo denso, de uma 
zona cortical e de uma zona medular. Eles apresentam diversas funções, dentre as 
quais se destacam as seguintes: 
 regulação do equilíbrio hidroeletrolítico – água e eletrólitos; 
 regulação da osmolalidade e das concentrações de eletrólitos dos líquidos 
corporais; 
 regulação da pressão arterial – excreção de sódio e de água, secreção de 
renina; 
 regulação do equilíbrio ácido-básico – excreção de ácidos e regulação das 
reservas de tampões dos líquidos corporais; 
 gliconeogênese – síntese de glicose a partir de aminoácidos e outros 
precursores durante o jejum prolongado; 
 secreção, metabolismo e excreção de hormônios – secreção de eritropoietina 
(estimula a produção de eritrócitos), produção da forma ativa da vitamina D 
(1,25-diidroxivitamina D3 ou calciferol); 
 excreção de produtos de degradação do metabolismo e de substâncias 
químicas estranhas – ureia, creatinina, ácido úrico, produtos finais da 
degradação da hemoglobina (bilirrubina), dentre outros (PRADA et al., 2012). 
 
Segundo Fernandes, Fortunato e Correia-Pinto (2003), o comprimento renal 
aumenta 1-1,5 cm, acompanhando-se do respectivo aumento de peso. Os ureteres 
dilatam ao nível da porção localizada acima do rebordo pélvico. Há, então, tendência 
 27 
à estase urinária e, logo, à infecção. As causas de estase não estão bem 
esclarecidas, mas pensa-se que os altos níveis de progesterona podem contribuir 
para a hipotonia do músculo liso do ureter. Outra hipótese sustenta que a veia 
ovárica dilatada (e o ligamento suspensor do ovário, que a contém) podem exercer 
compressão sobre o ureter ao nível do bordo da pelve, causando dilatação a 
montante. 
Em termos de função renal, são de destacar o aumento da taxa de filtração 
glomerular (cerca de 50%), sem grande aumento do volume urinário diário. A 
glicosúria não é necessariamente anormal, podendo explicar-se pelo aumento da 
filtração e saturação da capacidade de reabsorção. Tem importância por aumentar a 
susceptibilidade às infecções. A proteinúria altera-se pouco durante a gravidez, e 
adquire importância patológica se maior do que 500 mg/dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
UNIDADE 6 – FISIOLOGIA MENSTRUAL: ENDÓCRINO-
METABÓLICA 
 
 
O mecanismo menstrual é um processo complexo de inter-relações 
neuroendócrinas, representado pelo córtice cerebral, sistema límbico, hipotálamo, 
hipófise e ovários, que desempenham os papéis principais. 
Como nos lembra Carvalho (2004), ao estudá-lo, não se pode esquecer a 
sua inter-relação funcional com as diversas glândulas endócrinas, entre elas, a 
tiroide. O córtice cerebral recebe os estímulos do meio ambiente, os quais podem 
alterar o ritmo menstrual, estimular ou inibir a ovulação ou mesmo alterar o dia de 
sua ocorrência. 
O sistema límbico é representado por centros extra-hipotalâmicos, incluindo 
o corpo amigdaloide, o hipocampo, determinados núcleos talâmicos anteriores e 
algumas formações mesencefálicas, conforme ilustração reduzida abaixo: 
 
 29 
O sistema límbico tem a função de receber e registrar os estímulos captados 
pelo córtice cerebral, transmitindo-os ao hipotálamo e hipófise. Ele participa na 
caracterização da psique do indivíduo, sendo que esta é modelada pela educação e 
pelo ambiente. 
Na mulher, este sistema pode interferir ocasionando alterações do ciclo 
menstrual, alterando a ocorrência da ovulação, no desenvolvimento da gravidez e na 
capacidade de enfrentar as crises da puberdade e do climatério (BASTOS, 1998). 
 
6.1 Ciclo menstrual 
 
É o intervalo de tempo entre o primeiro dia de uma menstruação e a véspera 
do primeiro dia da próxima menstruação. Geralmente é de 28 a 30 dias, mas pode 
ser tão curto quanto menor que 21 dias ou chegar a 45 dias, sem que isto 
represente uma anormalidade. 
É a perda sanguínea vaginal periódica, cíclica, com duração de 3 a 5 dias e 
de até 100 g por ciclo. 
O ciclo menstrual normal (eumenorreico) é representado da seguinte 
maneira: 
3 - 5 dias / 28 - 30 dias x até 100 g 
Onde o numerador é a duração da menstruação (de 3 a 5 dias), o 
denominador é o intervalo de tempo entre as menstruações (de 28 a 30) e, adiante 
do traço um número que corresponde à quantidade de sangue perdido durante o 
período menstrual, em gramas. 
Podemos dividir didaticamente o ciclo menstrual em três fases: 
1ª fase: fase proliferativa folicular ou estrogênica – começa no primeiro dia 
do ciclo até a ovulação. Nesta fase, de duração variável, ocorre proliferação do 
endométrio, desenvolvimento folicular sob a ação da FSH e produção de estrogênio 
pelo folículo maduro. 
2ª fase: fase da ovulação – ocorre entre o 12º e o 16º dia antes da 
menstruação. 
3ª fase: fase secretora luteínica ou progesterônica – começa com a ovulação 
e vai até a próxima menstruação. 
 30 
Nesta fase, as glândulas do endométrio secretam nutrientes, o corpo lúteo é 
formado e, sob a ação do LH, produz grande quantidade de progesterona 
(CARVALHO, 2004). 
 
6.2 Distúrbios menstruais 
 
A menstruação é um processo fisiológico da mulher em idade fértil, mas este 
processo pode sofrer alterações, existindo alguns sinais que podem ajudar a avaliar 
estas alterações, como porexemplo, um fluxo menstrual intenso com o aumento do 
consumo de dois absorventes por dia, ou a troca de absorventes a cada 2 horas, ou 
o aumento da duração da menstruação em mais 3 dias ou o encurtamento da 
duração em mais de 2 dias em relação ao ciclo anterior, a presença de 
sangramentos intermenstruais, a eliminação de coágulos, a presença de anemia ou 
a experiência de passar por embaraços sociais, com menstruações inesperadas. 
A intensidade da menstruação pode levar a mulher à anemia, que 
dependendo da magnitude pode ser necessária prescrição de suplementação de 
ferro ou até hemotransfusão (CARVALHO, 2004). 
As alterações podem ser classificadas da seguinte maneira: 
Quanto à duração Quanto à 
quantidade 
Quanto ao intervalo Outros 
hipermenorreia; 
hipomenorreia. 
 
menorragia; 
oligomenorreia. 
 
proiomenorreia; 
polimenorreia; 
opsomenorreia; 
espaniomenorreia. 
 
menóstase; 
metrorragia; 
amenorreia; 
dismenorreia; 
Spotting. 
 
Vejamos o que significa cada um destes distúrbios menstruais! 
 Hipermenorreia: quando a menstruação dura mais de 5 dias. 
 Hipomenorreia: quando a menstruação dura menos de 2 dias. 
 Menorragia: hemorragia durante o período menstrual. Pode ser em razão de 
alterações endócrinas, doenças inflamatórias, tumores benignos ou malignos 
e estresse emocional. 
 Oligomenorreia: é a diminuição da quantidade do fluxo menstrual. 
 31 
 Proiomenorreia: é o aumento da frequência dos ciclos menstruais. Ciclos que 
ocorrem a intervalos inferiores a 25 dias. 
 Polimenorreia: é quando ocorre um ciclo a cada 15 dias. Geralmente é por 
causa do ciclo anovulatório. Não há o corpo lúteo e, portanto, não há fase 
secretória do endométrio. 
 Opsomenorreia: é a diminuição da frequência dos ciclos menstruais, quando 
ocorrem a intervalos superiores a 35 ou 40 dias. 
 Espaniomenorreia: quando este intervalo se prolonga por 2 ou 3 meses. As 
menstruações escassas e muito espaçadas geralmente são devidas à 
insuficiência hipófiso-gonadal e pode ser o começo de uma amenorreia 
definitiva; ocorrendo antes dos 40 anos, caracteriza-se a menopausa precoce. 
 Menóstase: é a suspensão brusca da menstruação, antes do tempo normal 
para seu término. Pode ocorrer graças a fortes emoções. 
 Metrorragia: hemorragia fora do período menstrual (hemorragia 
intermenstrual). Geralmente é sintoma de alguma patologia como tumores 
benignos ou malignos, do útero ou dos anexos. 
 Spotting: são manchas ou escapes de sangue fora do período menstrual ou 
que o precedem. 
 
A amenorreia é a ausência de menstruação em época que normalmente 
deveria ocorrer. Quanto à época de aparecimento pode ser: 
a) Primária: quando completados 16 anos de idade e a menarca não surgiu. 
b) Secundária: quando na vigência de ciclos regulares, a menstruação falta 
por dois ou três ciclos consecutivos. 
A amenorreia pode ser de origem psicogênica como consequência de 
pequenas alterações emocionais ou constitucional em razão de distúrbios do 
metabolismo e da nutrição. Ex.: diabetes, obesidade, tuberculose. Do ponto de vista 
etiopatogênico, a amenorreia pode ser classificada em fisiológica e patológica: 
a) Fisiológica: pré-menárquica, na gravidez, no puerpério, na lactação e pós-
menopausa. 
 32 
b) Patológica: decorrente de alterações orgânicas ou funcionais do útero, 
ovário, hipófise, hipotálamo, tireoide e suprarrenais: 
- infecções ou destruição do endométrio; 
- ausência de ovário; 
- ovários hiperfuncionantes; 
- ovários hipofuncionantes; 
- síndrome dos ovários policísticos; 
- tumores ovarianos malignizantes; 
- patologias que acometem a hipófise ou o hipotálamo; e outras. 
O tratamento da amenorreia será conforme a causa: psicoterápico associado 
ao ganho ponderal e à redução de perda energética para pacientes com anorexia 
nervosa ou amenorreia das atletas e bailarinas; hormonoterapia para Síndrome de 
anovulação crônica; cirurgias para tumores do eixo hipotálamo-hipofisário; e outros. 
A dismenorreia é a menstruação dolorosa, que surge principalmente em 
jovens. É também denominada algomenorreia, menalgia e síndrome dismenorreica. 
Sua etiologia ainda é obscura. 
É a mais comum entre 18 e 25 anos, diminuindo de intensidade e/ou 
desaparecendo depois desta faixa etária. 
Melhora com atividade sexual, gravidez e parto. Embora essa melhora possa 
ser devido ao fator psicogênico, é certo que a gravidez aumenta o útero e o parto 
dilata o colo. Pode ser: 
a) Primária: quando se inicia desde a menarca, ou algum tempo após, como 
é mais comum. Geralmente ocorre em pacientes sem lesões orgânicas. 
b) Secundária: quando surge em qualquer época da menacme, precedida 
por menstruações indolores. Decorre de enfermidades orgânicas. 
São fatores predisponentes: 
 fator hormonal – a progesterona causa espasmo do colo uterino no fim da 
fase lútea, no início do fluxo menstrual; 
 fator muscular – representado por contrações uterinas incoordenadas; 
 33 
 fator vascular – representada por isquemia graças à vasoconstrição, com 
consequente dor semelhante à da angina; 
 fator nervoso – representado por imaturidade das fibras nervosas uterinas; 
 fator psicogênico – representado por inúmeros casos que reforçam este fator; 
 fator endometrial – representado pela eliminação de grandes fragmentos do 
endométrio com dor tipo cólica; 
 na dismenorreia secundária: endometriose pélvica, leiomioma, doença pélvica 
inflamatória, distopias uterinas, malformações genitais, estenose do canal 
cervical, entre outras. 
Quanto à sintomatologia, dor em cólica cíclica, geralmente em baixo-ventre, 
podendo irradiar-se para a região lombar e coxas. Pode ser bastante intensa, com 
calafrios, cefaleias, náuseas, vômitos e palidez. 
Além da avaliação médica minuciosa, exames complementares deverão 
excluir outras patologias e a conduta de enfermagem nesta situação inclui: 
 promover educação sexual visando preparo das meninas para adolescência e 
idade adulta; 
 providenciar psicoterapia nos casos onde haja alteração na estrutura 
emocional que pode acentuar o desconforto; 
 aconselhar uma atividade física regular para melhorar a postura e tonificar a 
musculatura. 
A paciente poderá ser medicada com analgésicos comuns e/ou 
espasmolíticos; anti-inflamatórios não esteroides (AINE), entre outros, conforme a 
necessidade individual. 
Não havendo sucesso nos tratamentos anteriores e havendo desejo de 
anticoncepção, a hormonioterapia (anticoncepcionais orais de baixa dosagem) 
bloqueará a ovulação eliminando a dor. 
Temos aqui a Hemorragia uterina disfuncional ou anormal que é a 
hemorragia de origem endócrina, coincidente ou não com a data menstrual ou 
posterior a um atraso menstrual. 
 34 
A mucosa uterina é o único local no corpo onde a ocorrência regular e 
periódica de necrose e descamação com sangramento é, em geral, mais um sinal de 
saúde do que de doença. 
Esta perda sanguínea periódica é controlada por um equilíbrio delicado de 
hormônios hipofisários e ovarianos, decorrendo de uma resposta específica do 
tecido efetor, o endométrio (CARVALHO, 2004). 
Eventualmente pode ocorrer uma descamação irregular, com hemorragia, 
por um desequilíbrio da proporção estrogênio-progesterona. A produção persistente 
de estrogênio por uma série de folículos que não chegam a ovular tende a formar um 
endométrio hiperplásico. O nível circulante de estrogênio também pode variar de 
acordo com os estímulos do crescimento folicular. 
A redução esporádica do estrogênio circulante, espontânea ou 
medicamentosa pode enfraquecer o apoio vascular do endométrio resultando em 
necrose e sangramento. 
Nas mulheres idosas,o endométrio hipoplásico, a hipoestrogenia, às vezes, 
destrói a mucosa uterina e a faz sangrar por um leve traumatismo ou infecção. 
 Outros fatores predisponentes são: 
 carcinoma do corpo ou do colo uterino, fibromas, pólipos, adenomiose, 
endometriose, traumatismos, tuberculose, distúrbios ovarianos, complicações 
da gravidez; 
 doenças sistêmicas: discrasia sanguíneas, leucemia, púrpura, escorbuto, etc.; 
 estados mórbidos, crônicos e debilitantes; 
 anemia ferropriva e o hipo/hipertireoidismo; 
 distúrbios do metabolismo de tiroide; 
 doença inflamatória pélvica –DIP; 
 às vezes, estados psicogênicos podem ser o único fator causal da hemorragia 
menstrual. 
O diagnóstico é basicamente clínico. 
 35 
A confusa diversidade de fatores causais endócrinos, neoplásicos 
gestacionais e sistêmicos responsáveis pelo sangramento uterino anormal 
representa um desafio à capacidade de avaliação do profissional assistente. 
Geralmente é feita uma curva térmica para saber se essa hemorragia é ou 
não ovulatória. Realiza-se comumente também a biópsia do material colhido durante 
a curetagem de prova. Eventualmente podem ser feitos outros exames 
complementares. 
O tratamento geralmente é feito com a curetagem uterina de prova, seguida 
do exame anatomopatológico, sendo tanto diagnóstica como curativa. Dependendo 
da causa da hemorragia está indicada a hormonioterapia com inibição ou indução da 
ovulação (CARVALHO, 2004). 
 
6.3 Síndrome pré-menstrual 
 
A síndrome pré-menstrual (SPM), conhecida anteriormente como tensão 
pré-menstrual, é um conjunto de sinais e sintomas físicos e emocionais que ocorrem 
ciclicamente, com início na segunda fase do ciclo e melhora espontaneamente 
durante a menstruação. 
A etiologia ainda não está bem definida. Existem várias hipóteses etiológicas 
para a SPM, mas nenhuma justifica totalmente a sua vasta sintomatologia. As 
principais hipóteses são: 
 excesso de estradiol (estrogênio); 
 a diminuição da progesterona na fase lútea do ciclo menstrual; 
 a alteração na relação entre o estradiol e a progesterona; 
 atuação da prolactina na retenção hídrica; 
 queda dos níveis de endorfinas endógenas; 
 déficit de vitaminas A e B6; 
 excesso de xantinas e de nicotina; 
 hiperatividade dopaminérgica; 
 aumento da atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona. 
 
 36 
A SPM ocorre em grau mínimo, em 40% de todas as mulheres. Casos 
extremos ocorrem em menos de 10%. 
O diagnóstico é clínico. Deve-se excluir outras patologias que tenham 
sintomas comuns, com a extensa sintomatologia dessa doença. Não podemos nos 
esquecer dos fatores externos e psicogênicos no desencadeamento de sintomas. 
São sintomas da SPM: 
 tensão, ansiedade, depressão, irritabilidade, hostilidade, melancolia, irritação, 
crise de choro; 
 alterações da libido, hipersonia, fadiga, letargia e agitação; 
 dificuldade de concentração, indecisão, paranoia e pensamentos suicidas; 
 alteração na coordenação motora, inabilidade, tontura, vertigens e tremores, 
parestesia; 
 isolamento aumentado, modificação nos hábitos de trabalho, tendência para 
provocar brigas, motivação e eficiência diminuídas, deficiência no controle de 
impulsos, abstenção de contato sexual; 
 dor nas costas, cefaleia, edema, mastalgia, mialgia (dor muscular) e artralgia 
(dor articular); 
 timpanismo abdominal, aumento de peso, retenção hídrica e oligúria; 
 náuseas, vômitos, suores, diarreia ou constipação; 
 alterações do apetite; 
 acne, cabelos oleosos ou secos. 
As condutas de enfermagem incluem: 
 ser individualizada visando atender a principal área do problema e/ou queixa 
da paciente; 
 orientar a paciente para reconhecimento de sinais e sintomas e procurar 
controle ou tratamento; 
 aceitar a doença e compreender suas alterações cíclicas no organismo 
ajudará no controle da sintomatologia; 
 a dieta deve ser hiperproteíca, hipossódica, e pobre em açúcar: 
 37 
- em casos leves a dieta é equilibrada e adequada, e exercícios podem 
resolver o problema; 
- evitar o abuso de gordura e temperos; 
- evitar ou diminuir a ingestão de xantinas e cafeína que costumam aumentar 
a irritabilidade: evitar chocolate, chá, café, refrigerantes do tipo cola, entre outros; 
- evitar bebidas alcoólicas, que podem aumentar o edema; 
- reduzir a ingestão de sal, na tentativa de reduzir a retenção hídrica; 
- evitar doces, sorvetes, bolos recheados com creme, coberturas 
amanteigadas ou chantilly. 
 praticar algum esporte, ou fazer alguma atividade física preferencialmente 
durante 45 minutos por dia, 3 vezes por semana. O exercício físico aumenta 
os níveis de serotonina e endorfina endógenas, o que dá a sensação de bem-
estar. 
Podem ser prescritos medicamentos como: 
 analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais para a sintomatologia álgica; 
 tranquilizantes ou estimulantes suaves, dependendo do humor da cliente; 
 antidepressivos como a fluoxetina; 
 hormonoterapia – progesterona ou anticoncepcionais orais combinados para 
inibição da ovulação podem curar algumas pacientes; 
 piridoxina (vitamina B6), 80 a 100mg/dia, por 3 a 6 meses, na tentativa de 
melhorar os sintomas psicológicos. A deficiência da vitamina B6 leva a uma 
queda nos níveis do neurotransmissor a serotonina, provocando depressão; 
 vitamina E, 200mg/dia no controle da mastalgia; 
 bromocriptina (uso controverso) no tratamento da mastalgia; 
 diurético, preferencialmente espironolactona, nos casos de retenção hídrica 
severa (CARVALHO, 2004). 
 
 
 
 38 
UNIDADE 7 – FISIOLOGIA DA RESPOSTA SEXUAL 
 
 
Segundo Vieira (2009), a resposta sexual baseia-se num tripé composto de 
bases biológicas, sociais e psicológicas, interinfluentes e interdependentes. 
Consequentemente, para uma compreensão global da sexualidade, não se deve 
fazer uma análise unilateral (ponto de vista psíquico ou orgânico), mas sim 
tridimensional (biopsicossocial). 
Sabe-se que a sexualidade feminina diferencia-se da masculina por 
apresentar características próprias tanto nos aspectos morfológicos quanto no 
cultural e no sociológico, entre outros (ABDO, 2000). 
Do ponto de vista puramente orgânico, percebe-se que a resposta sexual 
apresenta-se como qualquer outra função biológica, portanto, nas mulheres o normal 
da função sexual é a presença de lubrificação vaginal frente à estimulação e 
orgasmo, após certo nível de excitação. Por outro lado, no ponto de vista social, será 
possível ver que a resposta sexual apresenta inúmeras situações consideradas 
normais (presentes na maioria das pessoas), dentre elas, podem ser citadas a 
atração por pessoas do sexo oposto, interesse masculino por mulheres mais novas e 
algumas partes do corpo mais valorizadas como potencialmente excitantes (VIEIRA, 
2009). 
Ainda no fator social, há os desvios (desejos voltados para focos 
ligeiramente diferentes dos considerados normais) e as parafilias ou perversões 
(diferença acentuada entre o desejo e o normal ou desejo capaz de causar dano a 
outras pessoas). 
Já no âmbito psicológico, é considerado normal e adequado que o indivíduo 
esteja satisfeito com seu desempenho e com a satisfação de seu parceiro. 
Denomina-se inadequação intrapessoal, quando a satisfação pessoal não está 
presente e inadequação interpessoal, as situações em que o parceiro ou a parceira 
expressa insatisfação, sendo classificado por assintonia, quando a insatisfação 
relaciona-se à frequência do coito e assincronias, quando os parceiros desejam 
manter relações em momentos e situações diferentes (VITIELLO, 1994). 
A resposta sexual feminina ocorre pela entrada via córtex cerebral frontal de 
diversosestímulos (visuais, tácteis, auditivos, olfativos, emocionais, culturais, entre 
 39 
outros) que, por meio do sistema límbico e tronco cerebral (substância reticular), 
desencadeiam a estimulação de receptores sensitivos somatoestésicos. Tais 
influxos eferentes chegam ao centro reflexo espinhal e produzem efeitos inibidores 
ou facilitadores (ABDO, 2000). 
O desejo e a estimulação induzem a uma série de alterações orgânicas com 
o objetivo de preparar os órgãos para o coito propriamente dito. 
De acordo com correntes mais modernas, as fases da resposta sexual 
classificam-se em desejo, excitabilidade, orgasmo e resolução, lembrando que todas 
apresentam intensidade e duração variáveis de acordo com sexo, idade e condições 
de momento (ABDO, 2000; MANOCCI, 1995). 
Vieira (2009), baseando nessas correntes e nos autores acima, explica em 
maiores detalhes cada uma das fases. As primeiras vão do desejo, passam pela 
fase orgásmica e concluem com a resolução. Vejamos: 
 
7.1 Fases do desejo à resolução 
A fase do desejo é vista como potencial, onde o desejo é inicialmente o 
único componente presente, embora permaneça e acentue-se nas fases seguintes 
da resposta sexual. 
Para que o desejo se manifeste, é necessário que existam integridade 
anatômica e funcional dos órgãos sexuais, equilíbrio emocional e situações com 
potencial erótico, instigando os órgãos do sentido por meio de estímulos via córtex e 
sistema límbico que desencadeiam a excitação. 
Não seria possível deixar de citar os hormônios testosterona (causadores da 
libido) e progesterona (antilibidinoso), responsáveis pelas oscilações do desejo nas 
diversas fases do ciclo menstrual e salientar os fatores psicossociais, determinantes 
do que é desejável, lícito e adequado querer em matéria de sexo. 
Na fase de excitação ocorre a vasocongestão pélvica feminina (700mL de 
sangue), acarretando miotonia com tumescência, lubrificação vaginal (transudação 
das paredes vaginais), aumento do clitóris, acréscimo e elevação uterina além de 
uma expansão da porção posterior da vagina. 
As quantidades e tipos de estímulos necessários para excitar um indivíduo 
são muito subjetivos, pois dependem da fase de vida em que o mesmo se encontra, 
 40 
além de fatores socioculturais, mas existem, na superfície corporal, as chamadas 
zonas erógenas, embora variem consideravelmente de pessoa para pessoa, 
também diferem no mesmo indivíduo, conforme a situação e a idade. 
Pode-se mencionar como zonas erógenas mais comuns, as regiões 
próximas às orelhas, base do pescoço, porção anterior do tórax (especialmente as 
mamas e mamilos), a região inferior do tórax e áreas de flexão dos membros 
inferiores e superiores. 
Por meio de estímulos erógenos eficazes, a excitação aumenta 
gradativamente até desencadear o orgasmo. 
A fase de orgasmo é caracterizada por uma série de fenômenos orgânicos 
(reações genitais e extragenitais) e intensa sensação de prazer. 
As reações extragenitais acontecem como resultado da liberação de 
neurotransmissores na corrente sanguínea, por haver um predomínio do lóbulo 
límbico nesta fase. Dentre as reações extragenitais, podem ser citadas: a ereção e 
turgidez mamilar, aumento da aréola, rubor, miotomia generalizada, aumento do 
nível de sinais vitais, sudorese, aumento das secreções, perspiração das palmas das 
mãos e plantas dos pés, alteração na pupila e ereção pilosa. 
Já as reações genitais são verificadas por intermédio de contrações 
musculares crônicas reflexas dos músculos vaginais, perineais e do útero, além da 
expansão máxima do canal vaginal posterior. Tais reações exercem dupla função: 
expressão sexual e auxílio na contenção e condução do sêmen por meio do canal 
genital, necessário à reprodução. 
Ainda que, por um longo período de tempo, tenha sido aceita a hipótese de 
que a mulher tinha duas sedes principais de orgasmo (vaginal e clitoridiana), sabe-
se hoje que o orgasmo é um só e seu centro desencadeador está no cérebro e não 
na vagina ou no clitóris. 
Depois do orgasmo, verifica-se um retorno às condições físicas de repouso 
caracterizadas pelo relaxamento muscular, lassidão e certo torpor intelectual. 
Essa fase de resolução é marcada por um predomínio neuropsíquico, 
quando substâncias produzidas pelo cérebro como a endorfina, levam a um estado 
de relaxamento e bem-estar. 
 41 
Nessa hora, é comum os parceiros fazerem uma autoavaliação do 
desempenho com a avaliação do parceiro(a), papel importante para manutenção da 
adequação sexual. 
Nas mulheres, esse período refratário não existe ou é insignificante, pois 
elas são capazes de apresentar excitação novamente, logo após um orgasmo. 
Podendo vivenciar outro ou outros orgasmos novamente, situação denominada de 
múltiplos orgasmos. 
 
7.2 Disfunções sexuais femininas 
 
As disfunções sexuais, sejam elas femininas ou masculinas, são 
comportamentos aprendidos e resultantes de uma combinação de fatores 
psicossociais, culturais e orgânicos que acabam por interferir na resposta sexual do 
indivíduo, bloqueando-a total ou parcialmente (ABDO, 2000; CAVALCANTI, 1997). 
Os critérios diagnósticos para classificação das disfunções sexuais estão 
presentes no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais, quarta 
edição (DSM - IV, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, fourth 
edition) da Associação Psiquiátrica Americana (APA), de 1995, e na Classificação 
Internacional de Doenças (CID -10), 10ª edição, da Organização Mundial da Saúde 
(OMS) de 1993. 
De acordo com o DSM-IV e no que se refere à classificação das disfunções 
sexuais femininas temos: 
- Disfunções Sexuais (congênitas/adquiridas, generalizada/situacional, 
fatores psicogênicos/combinados): 
 distúrbios do Desejo Sexual (302.71 - Hipoativo e 302.79 - Aversão sexual); 
 distúrbios da Excitação Sexual (302.72 - na mulher); 
 distúrbios de Orgasmo (302.73 - Distúrbios de orgasmo feminino); 
 distúrbios Sexuais com Dor (302.76 - Dispareunia e 306.51 - Vaginismo). 
- Disfunção Sexual em razão da Condição Médica Geral: 
 distúrbio do Desejo Sexual Hipoativo Feminino (625.08) em razão da ...; 
 dispareunia Feminina (625.00) em razão da ...; 
 42 
 outra Disfunção Sexual Feminina (625.08) em razão da ... . 
- Disfunção Sexual Induzida por Substância. 
 
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID - 10): 
- F52 - Disfunção Sexual (não causada por transtornos ou Doença 
Orgânica): 
 F52.0 - ausência ou perda do desejo sexual, Frigidez e Transtorno hipoativo 
de desejo sexual; 
 F52.1 - aversão sexual e ausência de prazer sexual; 
 F52.2 - falha de resposta sexual; 
 F52.3 - disfunção orgásmica; 
 F52.5 - vaginismo não-orgânico; 
 F52.6 - dispareunia não-orgânica; 
 F52.7 - impulso sexual excessivo; 
 F52.8 - outras disfunções sexuais, não causadas por transtorno ou doença 
orgânica, dismenorreia; 
 F52.9 - disfunção sexual, não causada por transtorno ou doença orgânica, 
não-especificada. 
Acredita-se que o diagnóstico de disfunção seja eminentemente clínico, 
tendo como base uma adequada anamnese e/ou avaliação ginecológica. 
Embora a disfunção orgásmica, a dispareunia e o vaginismo sejam mais 
comuns dentre as disfunções sexuais femininas, é fundamental que os profissionais 
de saúde conheçam as outras. 
Vieira (2009) adotou como referencial as definições do ciclo fisiológico da 
resposta sexual propostas por Kaplan, em 1979 (desejo, excitação e orgasmo); 
passando a apresentá-las conforme a fase de bloqueio. 
 43 
 
a) Disfunção do Desejo: 
Passível de ocorrência em homens e mulheres, é frequentemente 
denominada de inapetência sexual ou erotomania caracterizadapor 
diminuição/ausência ou excesso de desejo respectivamente. 
Lembrando que a resposta sexual apresenta características individuais e 
que o significado de “normal” é subjetivo, sobretudo no que se refere à sexualidade; 
será tomado o cuidado de classificar como “normal” a presença de impulsos sexuais 
desde diários até quinzenais, na dependência da disponibilidade de parceiros 
interessantes e interessados, faixa etária, tipo de atividade e outras variáveis 
(MANOCCI, 1995). 
Sabe-se que existe uma relação direta entre a frequência de relações 
sexuais e a gênese do desejo, ou seja, quanto maior o número de relacionamentos 
sexuais, mais presente estará o desejo e vice-versa. 
As disfunções de desejo são vivenciadas como dívida à feminilidade, 
podendo apresentar como causas fatores orgânicos (anomalias genéticas, doenças 
agudas e crônicas, traumatismo e uso de drogas ou medicamentos específicos) e 
fatores psicossociais (educação sexual inadequada, tabus, relacionamentos 
insatisfatórios, vivências destrutivas e habituação sexual), embora na maioria das 
vezes a causa seja mista. 
A mulher inapetente, inicialmente, evita o sexo, mas aos poucos vai 
adotando posturas de submissão, passividade, angústia, medo e ansiedade frente 
ao dever do ato sexual, provocando, no parceiro, sentimentos de rejeição e 
insegurança que resultarão num distanciamento progressivo do casal. 
b) Disfunção de Excitação: 
Na mulher, os distúrbios de excitação podem ser traduzidos, num primeiro 
momento, como déficit ou ausência de lubrificação. 
Dentre os fatores que contribuem para sua ocorrência, podem ser descritos: 
b.1) Orgânicos: 
- A insuficiência estrogênica pode acarretar um déficit na lubrificação vaginal 
por dois motivos: atrofia ou hipotrofia da mucosa vaginal e diminuição da 
 44 
vascularização local. Tal insuficiência pode ser observada em situações peri e pós-
menopausa na terceira idade, após a ooforectomia em qualquer idade, uso 
prolongado de anovulatórios orais associados a altas doses estrogênicas e ingestão 
de dosagem elevada ou por um longo período de progesterona. Nas duas últimas 
situações citadas, verifica-se um retorno à normalidade, logo após a suspensão do 
medicamento em uso. 
- Processos infecciosos ou inflamatórios. 
b.2) Psicológicos: 
- educação sexual repressiva ou inadequada; 
- sentimento de culpa; 
- rejeição à figura masculina situacional ou geral; 
- conflitos de relacionamento; 
- lembrança de relações traumáticas; 
- secundário a anorgasmia (mulheres que hipervalorizam o orgasmo podem 
apresentar lubrificação vaginal diminuída ou ausente, após repetidas frustrações e 
insucessos, progredindo para diminuição do desejo); 
- medo de Doenças Sexualmente Transmissíveis e/ou gravidez, falta de 
privacidade e outros. 
 
c) Disfunção Orgásmica 
Os problemas relacionados ao orgasmo feminino podem ser encontrados 
nos manuais de classificação CID-10 (1993) e DSM-IV (1995) como Disfunção 
Orgásmica (definida com ausência ou retardo acentuado do orgasmo) e Transtorno 
Orgásmico Feminino (atraso ou ausência persistente ou recorrente do orgasmo, 
após uma fase normal de excitação; a perturbação causa acentuado sofrimento ou 
dificuldade interpessoal; a disfunção orgásmica não é melhor explicada por outro 
transtorno, nem se deve exclusivamente aos efeitos fisiológicos diretos de uma 
substância ou de uma condição médica geral)(VITIELLO, 1994; MANOCCI, 1995). 
A capacidade orgásmica feminina das mulheres aumenta com o passar dos 
anos, fato comprovado numa das clássicas pesquisas sobre sexualidade onde 90% 
 45 
das mulheres com idade igual ou superior a 35 anos já tinham experimentado o 
orgasmo por coito ou masturbação. 
Embora, atualmente, o orgasmo clitoridiano não seja mais considerado como 
símbolo de imaturidade sexual, mas sim como uma possibilidade de realização, 
muitas mulheres não o consideram como verdadeiro e partem para uma eterna 
busca do orgasmo vaginal. 
A anorgasmia pode ser classificada de duas formas: 
c.1) Cronológica: 
- primária (nunca houve a percepção orgásmica); 
- secundária (mulheres que por algum motivo deixaram de sentir orgasmo). 
 
c.2) Causal: 
- geral (disfunção sempre ocorre); 
- circunstancial (disfunção presente em situações específicas). 
 
Dentre suas causas, vieira (2009) cita: 
a) Psicológicas: 
- inabilidade técnica do parceiro associada a sentimento de culpa em relação 
ao sexo por parte da mulher; 
- medo de perder o autocontrole; 
- vergonha da autorrevelação; 
- relações sexuais traumáticas; 
- conflitos conjugais, falta de atração, entre outros. 
 
b) Orgânica: 
- doenças neurológicas; 
- etilismo severo, entre outros. 
 46 
 
c) Sociocultural: 
- conflito de valores; 
 - crendices, entre outros. 
 
d) Vaginismo: 
O vaginismo é uma síndrome de etiologia psicogênica, na qual se verifica 
dificuldade ou impossibilidade inconsciente, parcial ou total à penetração do pênis e 
coito por meio de contrações involuntárias da musculatura perivaginal, 
predominantemente, de seu terço inferior. 
Pode ser classificada como primária (presente desde a primeira tentativa de 
penetração), ou secundária (impossibilidade de coito, após vivência de fáceis 
penetrações), estando esta última subdividida em situacional (vaginismo ocorre 
apenas em casos específicos como, por exemplo, parceiro específico, tipo de objeto 
a ser penetrado, entre outros) e geral (após período de normalidade, o vaginismo 
instala-se depois de um fator causal). 
O diagnóstico não pode ser feito apenas com a anamnese, deve-se realizar 
o exame ginecológico para sua confirmação. Durante o exame ginecológico, verifica-
se o espasmo da musculatura perineal e a contração anal dificultando ou 
impossibilitando o toque pelo examinador, além de elevação do corpo à cabeceira 
da mesa e fechamento das coxas e pernas (VIEIRA, 2009). 
Dentre seus fatores etiológicos, pode-se citar a dispareunia (após longos 
períodos de dor na relação, verifica-se um comportamento feminino condicionante 
de fuga), educação sexual repressora e inadequada, valores religiosos associando 
sexo a pecado, relações sexuais traumáticas e excessivo sentimento de fragilidade. 
 47 
 
e) Dispareunias: 
A ocorrência de dor durante ou após o coito vaginal é causada por fatores 
orgânicos e/ou psicogênicos. Quando os fatores orgânicos não estão presentes, a 
dispareunia pode ser entendida como causa ou manutenção de uma inibição 
relacionada à realização e manifestação da sexualidade feminina. 
O profissional de saúde, antes de diagnosticar uma dispareunia, deve 
investigar possíveis alterações na resposta sexual da paciente, visto que, na prática, 
verificam-se altos índices de inadequações nas fases de desejo, excitação e 
orgasmo, além de problemas de relacionamento interpessoal nas mulheres 
portadoras de dispareunia. 
Afastadas as causas orgânicas (processos infecciosos e/ou inflamatórios do 
aparelho reprodutor feminino) têm-se etiologicamente os fatores psicogênicos 
exclusivos, geralmente ligados ao comportamento agressivo da mulher em relação 
ao homem, conflitos de identidade e papel sexual e quadros fóbicos que resultam na 
impossibilidade de ocorrer o ato sexual pela dor, inviabilizando, assim, a 
manifestação do papel sexual feminino (VIEIRA, 2009). 
 
 
 
 
 
 48 
UNIDADE 8 – FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO 
 
 
Durante a gravidez ocorre uma série de modificações no organismo 
materno, relacionadas ao comportamento (psíquico), assim como ao físico, e estas 
começam a surgir nas primeiras semanas gestacionais, continuando durante toda a 
gravidez. Embora sejam consideradas normais e necessárias,

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