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AULA 2 7 8 9 10 CIÊNCIAS SOCIAIS

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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
AULA 2 - OBJETO E MÉTODO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A partir do que vimos na introdução da aula, reflita e responda:
O que estudam as Ciências Naturais?
GABARITO
As Ciências Naturais estudam fatos simples, eventos que presumivelmente têm causas simples e são facilmente isoláveis, recorrentes e sincrônicos. Tais fatos podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, num laboratório.
Assim, nas Ciências Naturais há uma distância irremediável entre o cientista e seu objeto de pesquisa, o que torna o método objetivo o mais apropriado para a investigação de fenômenos dessa ordem.
Por que você come um bolo?
No âmbito das Ciências Sociais torna-se difícil desenvolver uma teoria capaz de transmitir com PRECISÃO uma causa única ou motivação exclusiva.
Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. As Ciências Sociais estudam fenômenos complexos. Seu objeto de investigação é o homem nas relações intersubjetivas, os fenômenos sociais, ou seja, eventos com determinações complicadas e que podem ocorrer em ambientes diferenciados, fazendo com que toda análise de fenômenos dessa natureza seja parcial, subjetiva.
Bem, podemos reunir os mesmos personagens, músicas, comidas, vestes, mobiliário, animais, assim como nas cenas do filme Danton. Veja no vídeo:
No trecho, vimos a qualidade da produção do filme. Mas, mesmo o filme sendo muito bem produzido, não será possível reproduzir o clima daquele momento, a atmosfera da época. Estaremos criando outro significado.
Neste sentido:
• Atitudes semelhantes têm significados diferentes.
• Cada cultura constrói seu significado social.
• Os fatos estudados pelo cientista social podem ser pretéritos ou serem reproduzidos em situações muito distintas. Mas não podem ser reproduzidos em condições controladas.
Ciências naturais X ciências humanas e sociais
Assista ao vídeo da música "Comida", composta e interpretada pelos Titãs.
A letra da música fala de comida como uma forma de alimento, mas também de outro tipo de comida que sacia a "fome da alma".
A partir dessa visão podemos identificar algumas diferenças entre ciências sociais e ciências naturais:
 
Como estudar fenômenos sociais?
Ao observar os fenômenos sociais, somos levados a enfrentar nossa própria posição, nossos valores, nossa visão de mundo que interfere na nossa pesquisa. Nossa fala, nossos gestos, nossa modo de ser e de agir revelam o tipo de socialização que tivemos e influencia em nossa visão de mundo.
Dessa forma, trabalhamos com fenômenos que estão bem perto de nós, temos a interação complexa entre o investigador e o investigado, pois ambos compartilham de um mesmo universo de experiências humanas.
Podemos assimilar um costume diferente do nosso, ou até mesmo perceber o melhor de nossas tradições quando estamos em contato com outras culturas.
Neste âmbito, percebemos que podemos adotar costumes de outros povos, aprender seus credos, modificar nossas leis.
Nas Ciências Sociais temos a interação COMPLEXA entre o investigador e o investigado. Ambos compartilham de um mesmo universo de experiências humanas.
A charge, a seguir, apresenta, ironicamente, uma situação social comum nos centros urbanos. Analise-a de acordo com o método adequado à compreensão dos fenômenos sociais.
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
AULA 7 - MODELOS CLÁSSICOS DA ANÁLISE SOCIOLÓGICA: A CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER
O método compreensivo de Max Weber
De acordo com Adriana Loche, Max Weber procura compreender a sociedade como um agregado de indivíduos que possuem suas motivações próprias. Ao mesmo tempo, o estatuto de realidade objetiva é mudado para uma concepção menos determinista de sociedade, segundo a qual a realidade é um fenômeno compósito.
Por isso, o cientista não conhece a sociedade de antemão, nem consegue abarcá-la totalmente. Para compreender a sociedade, é preciso entender as redes de significações estabelecidas pelos indivíduos em suas ações e relações sociais. Para criar uma imagem, como a que Durkheim via a sociedade como uma coisa, Weber a compreendia como um conjunto de ações parciais que precariamente se totalizavam.
Assim, somente podemos compreender pequenos “pedaços” dessa realidade. Como cada indivíduo tem sua própria visão parcial do mundo, há um conflito permanente entre os indivíduos que compõem a sociedade. Por este motivo, Weber propõe a reconstrução do sentido subjetivo original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador.
Ação social: uma ação dotada de sentido
O objeto da sociologia para Weber é o sentido da ação social, que deve ser buscado pela apreensão da totalidade de significados e valores atribuídos pelos indivíduos. Nesse sentido, ele procura mostrar que não há apenas uma causa dos fenômenos sociais; através da ideia de “adequação de sentido”, Weber mostra a convergência da ação em duas ou mais esferas que compõem o todo social (a economia, a política, a religiosa etc.), ou seja, a ação social é determinada por mais de uma causa, sendo que cada causa tem importância variada sobre a determinada ação.
Para ele, a tarefa do sociólogo é “pesquisar os sentidos e os significados recíprocos que orientam os indivíduos na maioria de suas ações e que configuram as relações sociais”. A análise sociológica deve, assim, compreender e interpretar o sentido e os efeitos das ações humanas.
Tipos de ação
Weber, preocupado com o valor que cada indivíduo atribui à sua ação, procurou elaborar uma tipologia para compreender as características particulares, definindo quatro tipos de ação:
Ação Racional com relação a Fins: Motivada por fins objetivos, ou seja, para atingir seus fins, o indivíduo planeja e executa seus planos, utilizando-se dos meios que considera mais adequados para atingir seus objetivos. A racionalidade econômica capitalista é exemplo desse tipo de ação. Nesta perspectiva, para Weber, o individualismo e a racionalização de condutas são elementos centrais da modernidade.
Ação Racional com Relação Valores: Motivada por crenças em valores morais, religiosos, políticos etc. Neste tipo de ação o que importa para o indivíduo é seguir os princípios que mais lhe são caros, não importando o resultado de sua conduta; o que lhes impele é a lealdade aos valores que orientam sua conduta. É o caso dos agentes que abrem mão de vantagens financeiras em função da preservação ambiental, por exemplo.
Ação Afetiva: Guiada por uma conduta emocional. Sentimentos como raiva, ódio, paixão, desejo, ciúme orientam sua conduta. Muitas vezes, o resultado dessas ações não é o esperado pelo agente, em virtude da irracionalidade de seu ato. Os crimes passionais são exemplos típicos deste tipo de ação social.
Ação Tradicional: Guiada pela tradição, costumes arraigados que fazem com que os indivíduos ajam em função deles. É uma espécie de reação a estímulos habituais. Exemplo disso é o hábito de saudarmos as pessoas com expressões como “bom dia”, “boa noite”, “fique com Deus”, independentemente de termos grande afinidade com elas ou mesmo alguma fé. Para Weber é difícil perceber até que ponto o agente age conscientemente ao empreender este tipo de ação.
Relação social
A relação social estabelece-se quando os agentes partilham o sentido de suas ações e agem reciprocamente de acordo com certas expectativas que possuem do outro. Como mostra Quintaneiro, em Um toque de clássico, são exemplos de relações sociais a amizade, relações de hostilidade, trocas comerciais, relações políticas etc.
“Tanto mais racionais sejam as relações sociais, mais facilmente poderão ser expressas sob a forma de normas, seja por meio de um contrato ou de um acordo, como no caso das relações de conteúdo econômico ou jurídico, da regulamentação das ações de governo, de sócios etc.”.
QUINTANEIROet al. Um Toque de Clássico. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009.
Patrimonialismo: a permanência do arcaico
Na aula 4, estudamos as formas de dominação legítima preconizadas por Max Weber, a saber:
  Dominação tradicional;
  Dominação racional-legal;
  Dominação carismática.
Vimos que a dominação racional-legal expressaria a forma mais moderna de dominação, visto que este tipo de dominação se assenta nas formas impessoais de concessão e reconhecimento da autoridade legitimamente constituída.
Roberto da Matta discute a permanência de práticas tradicionais na sociedade brasileira em seu livro “O que faz o Brasil, Brasil?“:
O dilema brasileiro residiria na oscilação, ou seja, no que existe de liminar, entre "um esqueleto nacional feito de leis universais cujo sujeito era o indivíduo e situações onde cada qual se salvava e se despachava como podia, utilizando para isso seu sistema de relações pessoais’.”
Nesse sentido, o brasileiro oscilava entre uma série de leis que, teoricamente, todos os indivíduos da sociedade deveriam cumprir, e uma série de expedientes passíveis de serem utilizados para burlar estas normas com bases em uma rede de contatos pessoais facilitados pelo nosso próprio sistema burocrático e hierárquico.
Deste conflito nasceriam situações que todos nós estamos acostumados a vivenciar, como o jeitinho, que sempre está ao nosso alcance (pra tudo tem um jeito), e o famoso ‘“você sabe com quem está falando?”.
Roberto da Matta, em O que faz o Brasil, Brasil? (Rio de Janeiro: Ed. Sala, 1984)
Veja na tirinha um exemplo do que hoje chamamos de “jeitinho brasileiro”:
Segundo Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil:
No Brasil onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo de família patriarcal (o pai é o chefe supremo, o homem possui um status de soberano, senhor total de todos e todas as coisas), o desenvolvimento da urbanização que não resulta unicamente do crescimento das cidades, mas também do crescimento dos meios de comunicação, atraindo vastas áreas rurais para a esfera de influência das cidades, ia acarretar um desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje.
Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e público. Assim, eles se caracterizam justamente pelo que separa o funcionário “patrimonial” do puro burocrata, conforme a definição de Max Weber.
Como se sabe, a prática do patrimonialismo ainda é bastante arraigada na sociedade brasileira. Apesar de o ordenamento jurídico brasileiro consagrar o princípio da igualdade entre os cidadãos, verifica-se a permanência de relações hierarquizada que permitem que alguns indivíduos sejam “mais iguais que outros”, como irônica e argutamente demonstra Roberto da Matta, em “O que faz o Brasil, Brasil?” sobre o qual comentamos anteriormente.
É o caso de homens públicos que se utilizam de recursos públicos para fins privados, seja utilizando-se de funcionários públicos para serviços domésticos, seja pleiteando vistos diplomáticos a parentes sem alegadas razões de Estado.
Cabe ressaltar que essas práticas vem sendo contestadas e combatidas, como se pode perceber na proibição do nepotismo (contratação de parentes para ocupar cargos públicos) nas três esferas do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), como preconiza a Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal, de 29 de agosto de 2008, que ressalta o princípio da impessoalidade no trato da coisa pública.
Atividade
Leia o caso abaixo e responda às questões propostas:
O capítulo 63 da novela mexicana Rebelde, produzida pela rede Televisa e transmitida/dublada pelo SBT, trouxe o seguinte diálogo:
Mia: Tipo assim, eu gosto muito de comprar. Bolsas, sapatos, maquiagem...tudo para ficar bem linda.
Miguel: Ah, meu amor, você deve fazer o que gosta. Tem que pensar em você. Só tenha cuidado para que suas amigas não se aproveitem de você.
Mia: Ah! Mas isto é claro para mim, na hora que a gente precisa é cada um por si, não tem ninguém para ajudar. É por isso que eu penso primeiro em mim, segundo em mim e depois em mim...
Miguel: E em mim você não pensa?
Mia: Só para carregar meus embrulhos!!!!
Roberta: Essa barbie descerebrada não faz outra coisa senão comprar, comprar! É uma egoísta, uma individualista que só pensa em si.
Segundo a teoria da ação social de Weber, que tipo de ação está presente nesses diálogos? Justifique.
GABARITO
A ação social que vemos no texto é a ação social com relação a fins, motivada pelo cálculo preciso do objetivo de benefício pessoal, obtenção de vantagens, lucro individual.
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
AULA 10 - A ATUALIDADE DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NA COMPREENSÃO DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: NOVOS PADRÕES MORAIS E CULTURAIS
Novas identidades étnicas
Para compreendermos o conceito das novas identidades étnicas precisamos entender o conceito de grupo étnico.
Grupo étnico designa uma população que:
 
Reconfigurações identitárias: o “ser indígena” no Brasil contemporâneo
Os anos 1970, no Brasil, entre outros processos de buscas políticas por liberdade de expressão, marcados por movimentos contra-hegemônicos de dissidentes da ditadura militar, inspirados em parte pelo movimento católico da Teologia da Libertação, como também pelas ações do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), algumas comunidades indígenas do Nordeste lutaram por seus direitos à terra e identidade, voltando a pelo menos parte de seus territórios.
Ainda hoje trabalham pela manutenção de uma identidade que lhes havia sido subtraída durante o processo colonizatório.
Vera Calheiros, Clarice Mota, Rodrigo Grunewald e outros autores registraram este constante processo de “reinvenção da tradição” e “etnogênese”, como ficou conhecido na literatura antropológica.
Esse processo de busca pelo que se considera o elemento principal para a retomada da terra e dos direitos subsequentes foi motivado pela chamada cultura ancestral e, consequentemente, pela autoimagem identitária.
Percebe-se um movimento para fora dos limites físicos e culturais da aldeia, ao mesmo tempo em que tal movimento reflete a busca da identidade indígena por dois grupos sociais: a própria comunidade indígena e alguns setores urbanos de classe média e alta.
Grupos que se contradizem, portanto, ao passo que também se encontram em um espaço recém-construído de necessidades de autoafirmação interdependentes, onde a antiga exclusão se traduz em inclusão, mesmo que a custa de invenções e ressignificações das tradições perdidas.
A produção das diferenças
Como vimos na aula 3, a diversidade cultural é marca característica das sociedades humanas. As sociedades humanas são marcadas, entre outras coisas, pelas diferenças de: Cor, Nacionalidade, Línguas, Etnias, Estilos de vida e Gostos Artísticos.
Contudo, muitas vezes essas diferenças são hierarquizadas e passam a constituir desigualdades concretas, colocando grupos e indivíduos em patamares diferentes da escala social, privilegiando uns e excluindo outros.
Na sociedade brasileira este processo de produção de diferenças e desigualdades se constituiu, desde a colonização, numa das questões mais notórias e discutidas pelos historiadores e cientistas sociais. Some-se a isso o fato de o senso comum interiorizar e reduzir práticas etnocêntricas, como, por exemplo, a valorização do trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual, e o tratamento diferenciado - para melhor - daqueles que ocupam posições superiores na hierarquia social brasileira. É justamente esse tipo de procedimento que cria o que se denomina exclusão.
Preconceito racial
Embora permaneça, tanto em algumas correntes científicas como no senso comum, a ideia de que existem raças humanas diferentes, os estudos e pesquisas contemporâneos indicam que não há diferenças significativas entre os indivíduos oriundasdas suas diferenças somatológicas (de aparência física).
Todos os humanos descendem de um tronco comum, o homo sapiens. Desta forma, não se pode pensar em raças superiores ou inferiores, pois herdamos todos o mesmo patrimônio hereditário. No entanto, na prática, percebe-se que o conceito de raça continua equivocadamente sendo usado como justificativa para a exclusão constante de povos e indivíduos, seja pela força das armas ou das ideias, seja pelo processo de exclusão social ou de não reconhecimento de seus padrões culturais. A essa prática dá-se o nome de racismo.
O Brasil não conheceu o regime de segregação racial, o apartheid. A sociedade brasileira, ao longo de sua história, não foi pensada de forma dual (negros x brancos). Contudo, isso não significa que o racismo, em suas diferentes manifestações, não faça parte da vida brasileira.
O debate em relação ao preconceito racial no Brasil tomou vulto nos últimos anos, com a elaboração do Estatuto da Igualdade Racial e as políticas de ação afirmativa, em especial a política de reservas de cotas nas universidades.
Respeito não tem cor
Tem consciência
Conceituando...
Preconceito de gênero
As mulheres, desde a Revolução Industrial, vêm ocupando espaço no mercado de trabalho e, com isso, aumentando sua importância na sociedade. Contudo, muitos ainda observam o trabalho feminino como uma expansão do trabalho doméstico, tido como menos importante.
A luta da mulher pela sua inserção no mercado de trabalho, tem sua origem em tempos passados, e até hoje, a mulher ocupa cargos de trabalho relacionados com serviços de saúde, de educação, como se o trabalho fosse uma extensão do trabalho doméstico. Não que esses trabalhos não tenham importância, mas é paradoxal o fato de cargos administrativos e industriais serem predominantemente masculinos.
A sociedade brasileira é composta, preponderantemente por mulheres, mas estas têm participação inferior a dos homens no mercado de trabalho. Além do mais, a parcela feminina que está empregada precisa enfrentar preconceitos e inacreditavelmente recebe menos pelo mesmo trabalho exercido por um homem.
Outro claro exemplo de preconceito contra as mulheres se expressa nos altos índices de violência doméstica, motivação para a criação de lei específica visando maior rigor na punição dos agressores, a chamada Lei Maria da Penha.
Preconceito de orientação sexual
Durante o processo de socialização, aprendemos que existe um padrão de orientação sexual, baseado na heterossexualidade. A partir daí, tendemos a identificar e classificar lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgênicos através da representação feita, em geral, pelos meios de comunicação, ou seja, de forma estereotipada, como faz com as mulheres afrodescendentes e outros grupos.
Muitas vezes, esse preconceito se expressa em forma de humor, piadas que satirizam e diminuem os indivíduos de orientação sexual não heterossexual, passando, depois à discriminação e, não raro, à violência.
Ressalte-se que esta minoria é, historicamente, vítima de violências físicas e simbólicas e, até recentemente, sua prática era considerada patológica.
Por essa razão, a questão do reconhecimento jurídico das uniões homoafetivas gerou tanta polêmica, pois trouxe para a agenda nacional a possibilidade da existência de mais de um modelo de família, o que já é uma realidade não só no Brasil, como em várias sociedades.
Novos padrões familiares
O modelo tradicional de família
Para Lévi-Strauss (A família, 1972), entende-se por família uma união mais ou menos duradoura, socialmente aprovada, entre um homem, uma mulher e seus filhos, fenômeno que estaria presente em todo e qualquer tipo de sociedade.
Como modelo ideal, a palavra família designa um grupo social possuidor de pelo menos três características:
Originada no casamento;
Constituída por marido, esposa e filhos;
Os membros da família estão unidos entre si por laços legais, direitos e obrigações econômicas, religiosas ou de outra espécie, um entrelaçamento definido de direitos e proibições sexuais, divisão sexual do trabalho e uma quantidade variada e diversificada de sentimentos psicológicos (amor, afeto, respeito, medo).
Décadas de 1960 e 1970 – as transformações dos modelos de família
Como demonstra Miriam Goldenberg em “Novas famílias nas camadas médias urbanas”, o final da década de 1960 e início da década de 1970 são marcos fundamentais nas transformações dos papéis femininos e masculinos na sociedade brasileira e, consequentemente, da concepção de família em nosso país.
Movimento Feminista
O movimento feminista, que estava sendo organizado na Europa e nos Estados Unidos, começou a repercutir no Brasil. Os jornais, as revistas, o cinema, o teatro e a televisão passaram a dar espaço para as reivindicações das mulheres.
O denominador comum das lutas feministas foi o questionamento da divisão tradicional dos papéis sociais, com a recusa da visão da mulher como o “segundo sexo” ou o “sexo frágil”, cujo principal papel é o de “esposa-mãe”.
As feministas reivindicavam a condição de sujeito de seu próprio corpo, buscando um espaço próprio de atuação profissional e política.
A partir dos anos 1970
A partir dos anos 1970, apesar do predomínio do modelo nuclear conjugal, entre as famílias das camadas médias, aumentaram as experiências de vínculos afetivo-sexuais variados e o contingente de mulheres optando pela maternidade fora da união formalizada.
Castells assinala que houve um crescimento do número de pessoas vivendo sós e um crescimento expressivo das famílias chefiadas por mulheres.
A coabitação sem vínculos legais ou união consensual como alternativa ao casamento se tornou cada vez mais expressiva numericamente, e aceita legal e socialmente (e a duração destas uniões informais começaram a ser cada vez menores).
O tamanho das unidades domésticas também tendia a diminuir ainda mais, com o decréscimo do número de filhos.
Cresceram os recasamentos e as famílias recombinada.
Os modelos contemporâneos de família
Ao falar-se, na atualidade, de família, o plural impõe-se:
“Já não há um ‘modelo ocidental’ mas vários.”
Segalen
O divórcio, a união livre, as recomposições familiares abalam o que se chamava, até pouco tempo, de “modelo de família ocidental”. Este modelo será ainda mais abalado com as novas técnicas de procriação.
A doação de óvulos, a fecundação por inseminação artificial ou in vitro, a possibilidade de clonagem de seres humanos, levam-nos a refletir sobre os princípios que assentam o nosso sistema de parentesco.
Há uma visibilidade cada vez maior das famílias homoafetivas, ou seja, formadas por indivíduos do mesmo sexo.
Sistema de parentesco
Sexualidade e parentesco são dissociados, paternidades e maternidades são multiplicadas (genética e socialmente), o nascimento de um filho não provém necessariamente de um casal.
Famílias homoafetivas
Este modelo de família tem recebido o reconhecimento de consideráveis setores da sociedade, bem como de setores do Judiciário, que vem, desde inédita sentença do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul em 2001, até o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em 2010, que reconheceu como entidade familiar o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
REFLEXÃO
Essas tendências colocam em xeque a estrutura e os valores da família tradicional. Não se trata do fim da família, uma vez que outras estruturas familiares estão sendo testadas e poderemos, no fim, reconstruir a maneira como vivemos uns com os outros, como procriamos e como educamos de formas diferentes.
Atividade
Leia atentamente o texto O Paradigma Cássia Eller. Depois, responda:
Quais as implicações sociológicas do uso da expressão “família homossexual”? No caso apresentado, o que caracteriza a relação entre o filho da falecida cantora e sua companheira?
GABARITO
O uso da expressão “família homossexual” ou “família homoafetiva” revela que esse novomodelo de família é uma realidade social, tendo sido, inclusive, objeto de reconhecimento em várias decisões do Poder Judiciário. No caso apresentado, a relação estabelecida entre o filho da falecida cantora e sua companheira é uma relação de afetividade, princípio basilar da constituição de uma entidade familiar.

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