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Prof. Odair José T. de Araújo 1 Resumo de aula 2 – História do Direito Brasileiro 2. A chegada dos portugueses ao Brasil → Século VI: Lisboa é uma cidade cosmopolita • Século XV: conhecimento geográfico muito limitado e ainda alimentado por crendices. • As navegações apresentavam perigo real: recursos tecnológicos. • 1492: expedição de Cristóvão Colombo – disputa das terras descobertas entre Portugal e Espanha. • 1493: Bula papal inter coetera – determinava o limite de cem léguas a oeste de Cabo Verde (recusa de Portugal). • 1494: tratado de Tordesilhas (Portugal e Espanha) – as terras situadas a 370 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde seriam de domínio espanhol; as terras situadas a leste pertenceriam ao reino de Portugal. Obs.: 1 légua = 4,8 quilômetros (aproximadamente). Obs.: o Tratado de Tordesilhas foi ignorado por outros países, além disso a linha divisória não se mostrava tão clara e precisa. • As terras colonizadas pelos espanhóis se mostraram mais lucrativas, encontraram metais preciosos e civilizações mais avançadas tecnologicamente. • 1500: expedição de Pedro Álvares Cabral – 13 navios saíram de Portugal, apenas 6 retornaram. Ainda assim obtiveram lucros vultosos. Cabral fez o caminho Portugal → Brasil →Índia →Portugal. • Nos primeiros anos não houve interesse de Portugal em relação às terras brasileiras. O comércio com o Oriente se mostrava mais lucrativo e a empreitada da colonização era por demais dispendiosa. → Brasil de 1500: vários povos, várias etnias, várias línguas • Predominância da língua tupi: inexistiam as letras (fonética) E, L e R, daí os portugueses realizaram uma depreciação da cultura: sem fé, sem lei, sem rei. • Visão etnocêntrica dos portugueses: o Incapacidade de perceber as peculiaridades culturais e a diversidade étnica dos povos que habitavam as terras recém descobertas. o Incapacidade de perceber um sistema jurídico porque se tratavam de povos cujas regras se transmitiam através da oralidade, uma vez que não possuam escrita. o Incapacidade de perceber uma ordem política porque não havia centralização do poder. → Análise antropológica • A existência de uma ordem jurídica se caracteriza pela existência de normas, independentes de estarem ou não codificadas e positivadas. • Internamente s indivíduos dos grupos indígenas conseguem identificar um sistema de normas. • A transmissão das normas é incutida oralmente e através da prática cotidiana. → Algumas regras indígenas • Divisão do trabalho: critérios sexuais ou etários. • Animais domésticos se tornam tabus alimentares. Prof. Odair José T. de Araújo 2 • Matrimônio avuncular: tio materno com as sobrinhas. Também possível fora desse sistema, mas ao novo se impunham obrigações de prestação de serviços aos pais, tios e irmãoes da noiva antes e depois do casamento. • Fidelidade feminina era mais cobrada do que a fidelidade masculina. • Poligamia admitida, prestígio do homem reforçado. • Poliandria era admitida em algumas sociedades. • Relações reguladas pelo parentesco. → Administração Colonial – Capitanias Hereditárias (1534) • 1530 – início da colonização o 1534 – Capitanias hereditárias: donatários com direito a exploração da terram mas sem direito de propriedade. o Documentos jurídicos portugueses: a) Carta de Doação e Foral: fixa direitos, foros e tributos respectivamente ao Rei e ao capitão-mor. O Foral ou Carta de Foral era o documento real que indicava os direitos do donatário (recebimento de taxas; lucros sobre o comércio do pau- brasil, por exemplo; distribuição de terras; nomeação de autoridades administrativas e judicial; criação de vilas) e deveres (escravizar índios; entregar 10% dos lucros dos produtos da terra à Coroa; observar o monopólio do comércio do pau-brasil com a Coroa; entregar à Coroa 20% do metal precioso, por acaso descoberto). b) A Carta de Doação: Indicava a condição de posse das Capitanias Hereditárias entregue aos capitães donatários, que eram aqueles que iriam colonizar efetivamente a terra. O soberano concedia as terras aos capitães mores com direito de juros e herdade. c) Sesmaria: normatiza a distribuição da terra para produção. o Fracasso das capitanias: a. Ausência de recursos. b. Transformação em capitanias reais. “À Coroa cabia 20% do ouro e das pedras preciosas, bem como o monopólio das especiarias. Aos donatários era proibido doar ou partilhar a capitania entre seus parentes”. • Ordenamento jurídico: predominância do direito penal com sanções severas. Os casos de pena capital tinham por objetivo imprimir sofrimento ao condenado, não se tratava de tirar a vida simplesmente. • Criação do Governo Geral – 1548: respondia diretamente à metrópole, suas funções: o Estabelecer as bases da colonização. o Distribuir sesmarias. o Coordenar a defesa contra estrangeiros. o Alianças com os índios. o Proteger os interesses da metrópole: impostos e extração do pau-brasil. • Cargos auxiliares ao Governador-Geral: o Provedor-Mor da Fazenda: cobrança de impostos e provimentos de cargos. o Capitão-Mor da Costa: atribuições de defesa. o Ouvidor-Mor: função jurídica e administrativa. Prof. Odair José T. de Araújo 3 Obs.: Caio Prado Júnior chama atenção para a centralização e concentração administrativa e jurídica que ocorria na colônia, razão pela qual vastas áreas ficavam descobertas da administração política e judiciária. • Administração da Justiça: o Nas vilas e municípios as funções jurídicas eram realizadas por almotacés, juiz ordinário e juiz de fora. o Esses cargos equivalem, guardadas as devidas proporções, às funções típicas dos juízes modernos (1º grau), mas sem a devida distinção que se faz hoje entre função judiciária e administrativa. o Parte significativa da justiça se realizava por correições e visitações que, no entanto, eram raras e, quando ocorriam, tinham mais a função fiscalizadora. Estrutura Judiciária do Brasil-colônia – século XVII Casa de Suplicação – Portugal ↑ Relação da Bahia ↗ ↑ ↑ ↖ Corregedor Ouvidor Juiz de Fora Juiz Ordinário Juiz de Vintena → A escravidão e a economia colonial • Desinteresse na escravização indígena: o Não gerava lucros à colônia. o Interesse de Portugal em tornar o índio parte da colonização. Obs.: Ainda assim muitos colonos levaram adiante a escravização de índios. Ainda houve o fato de alguns grupos indígenas se aliarem aos portugueses a fim de combater seus inimigos, desse modo, os índios de tribos inimigas aos aliados de Portugal acabavam sendo escravizados. • Produção baseada no regime escravocrata • Economia voltada para metrópole (matéria-prima) → Colônia - monopólio - metrópole ← (manufaturados) Governo Geral Provedor-Mor (Finanças) Ouvidor-Mor (Justiça) Capitão-Mor (Defesa) Donatários das capitanias hereditárias Câmaras municipais Governadores capitanias da Coroa Prof. Odair José T. de Araújo 4 → Mineração: a era do ouro – séc. XVIII •A exploração do outro e outros metais preciosos levou a criação de cidades e vilas. • Expansão da colonização. • Tentativa da Coroa de evitar a sonegação: intensificação da fiscalização. → A legislação específica da Região das Minas • 1603 e 1618 – Código mineiro: o Todos os súditos do Rei podiam extrair livremente o ouro, desde que reservassem para Real Fazenda a quinta parte do produto: o Autorizava a criação das casas de fundição. o Demarcava as terras mineiras. o Criava o cargo de Provedor específico para a região aurífera. • 1702 – Regimento: criou uma administração ligada diretamente à Coroa, desligada do Governo- Geral: o Intendência das minas vinculada a Lisboa: ✓ Policiamento da mineração ✓ Fiscalização e direção das explorações ✓ Cobrança de impostos ✓ Tribunal de 1ª e última instância nas questões relativas às suas atribuições. o Substituição do Provedor pelo superintendente: atribuições jurídicas mais extensas. o Reforçou a inspeção das regiões mineradoras através dos centros de inspeção, os registros, criados ainda em 1700. • 1735 – Taxa de capitação dos escravos e o censo das indústrias: o Imposto sobre o número de escravos em exercício efetivo. o Cobrança de pessoas livres que mineravam. • 1751 – Revogação dos atos de 1735: o Cobrança de cotas anuais, mínimo a ser pago (derrama) BIBLIOGRAFIA ANGELOZZI, Gilberto. História do Direito no Brasil. São Paulo: Freitas Bastos Editora, 2009. CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Fundação Calouste Guilbenkian, 2013. MOURA, Solange Ferreira (Org.). Livro Didático de História do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Estácio, 2014. PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito. São Paulo: Saraiva, 2017.
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