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EXECUÇÃO PENAL Apresentação .................................................................................................................................... 4 Aula 1: O surgimento e a estrutura da lei de execução penal e o seu tratamento com o preso definitivo ou provisório ....................................................................................................... 6 Introdução ..................................................................................................................................... 6 Conteúdo ........................................................................................................................................ 7 A evolução da execução penal pelo mundo ..................................................................... 7 O processo histórico do sistema prisional brasileiro .......................................................... 8 Pena privativa de liberdade ............................................................................................ 9 Normas gerais de regime penitenciário ........................................................................... 9 A divisão das ações do Direito Penal e do Direito Processual .......................................... 10 A essência da Lei de Execução Penal ............................................................................ 11 A lei de execução penal ............................................................................................... 12 Princípios da personalidade, da individualidade e da humanização .................................. 13 O preso definitivo e o preso provisório .......................................................................... 14 A identificação penal do preso ...................................................................................... 15 Identificação biogenética ............................................................................................. 16 Coleta de material genético .......................................................................................... 17 Os estabelecimentos penais no Brasil ........................................................................... 18 Os estabelecimentos penais no Brasil ........................................................................... 19 Pena de reclusão ......................................................................................................... 20 Regime fechado .......................................................................................................... 20 Regime semiaberto...................................................................................................... 20 Regime aberto ............................................................................................................ 21 Sobre o excesso .......................................................................................................... 22 Sobre o desvio ............................................................................................................ 22 Referências .................................................................................................................................. 23 Exercícios de fixação ................................................................................................................. 24 Chave de resposta ....................................................................................................................................................... 30 Aula 2: O controle disciplinar e os direitos e deveres dos presos. A função da pena e sua progressividade .............................................................................................................................. 32 Introdução ................................................................................................................................... 32 Conteúdo ..................................................................................................................................... 33 O controle disciplinar do apenado ................................................................................. 33 Direitos e benefícios do apenado .................................................................................. 35 Lei de execução penal ................................................................................................. 36 Regalias ...................................................................................................................... 38 EXECUÇÃO PENAL A função da pena ........................................................................................................ 38 Princípio da Reabilitação Social ..................................................................................... 39 As penas restritivas de direito ...................................................................................... 40 A medida de segurança ............................................................................................... 41 A multa....................................................................................................................... 42 O sistema progressivo da execução .............................................................................. 42 A vedação da progressão por salto ............................................................................... 43 Da regressão .............................................................................................................. 44 Da detração ................................................................................................................ 44 A permissão de progressão de regime nos crimes hediondos ......................................... 44 A permissão de progressão de regime nos crimes hediondos ......................................... 45 Das conversões ........................................................................................................... 47 Referências .................................................................................................................................. 47 Exercícios de fixação ................................................................................................................. 48 Chave de resposta ....................................................................................................................................................... 54 Aula 3: As assistências na LEP como estratégia para inclusão social do apenado ............ 57 Introdução ................................................................................................................................... 57 Conteúdo ..................................................................................................................................... 58 Autorizações de saída .................................................................................................. 58 O trabalho do preso..................................................................................................... 59 Trabalho interno e externo........................................................................................... 60 A visita íntima ............................................................................................................. 61 A prisão domiciliar ....................................................................................................... 62 A prisão especial ......................................................................................................... 64 Prisão especial para advogados .................................................................................... 65 Execução provisória .....................................................................................................65 O monitoramento eletrônico ......................................................................................... 66 Sobre a extinção da punibilidade mediante anistia, graça e indulto ................................. 67 A impossibilidade da concessão de indulto nos crimes hediondos ................................... 68 Referências .................................................................................................................................. 70 Exercícios de fixação .................................................................................................................. 71 Chave de resposta ........................................................................................................................................................ 77 Aula 4: Do sursis ao regime disciplinar diferenciado. A realidade e as expectativas de mudanças na lei de execução penal. .......................................................................................... 80 Introdução ................................................................................................................................... 80 Conteúdo ..................................................................................................................................... 81 A suspensão condicional da pena (sursis) ..................................................................... 81 A possibilidade da suspensão condicional da pena nos crimes hediondos ........................ 82 EXECUÇÃO PENAL A possibilidade de apelar em liberdade nos crimes hediondos ........................................ 83 Impedimento de pena alternativa de Liberdade na Lei de Drogas ................................... 83 O livramento condicional .............................................................................................. 84 Condições para o livramento condicional ....................................................................... 86 Características do Regime Disciplinar Diferenciado ........................................................ 89 Progressão de regime prisional ..................................................................................... 89 A associação criminosa ................................................................................................ 90 O colapso do sistema penitenciário brasileiro nos dias atuais.......................................... 90 A necessária e urgente reestruturação da execução penal ............................................. 91 As mudanças na Lei de Execução Penal e no Código Penal ............................................ 93 Referências .................................................................................................................................. 95 Exercícios de fixação ................................................................................................................. 95 Chave de resposta ..................................................................................................................................................... 102 Conteudista ................................................................................................................................... 105 EXECUÇÃO PENAL É importante despertar o interesse sobre o que sucede após o trânsito em julgado da sentença condenatória ao se concluir a fase declarativa do processo penal e, para isso, a disciplina de Execução Penal deve ser encarada de modo prático e objetivo, contemplando não somente aspectos formais da Lei de Execução Penal (LEP), mas também abordando fatos que retratam a realidade do sistema penal brasileiro. Sem a pretensão de se fazer uma radiografia no sistema penitenciário brasileiro, a disciplina visa o fomento do raciocínio crítico-jurídico acerca da execução penal, que pode ser identificada como a terceira fase do direito, o direito de punir. Para atingir os objetivos desejados, carece realizar um estudo sumário do surgimento da LEP e de sua atual estrutura. Desta forma, a disciplina permitirá que se compreenda o momento presente sobre o tema, que possui projeto de lei em plena discussão no Congresso Nacional trazendo possíveis mudanças substanciais à lei vigente. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Reconhecer a relevância do estudo sobre a Lei de Execução Penal, pois o tema está vinculado a várias garantias constitucionais do preso inseridos no Artigo 5º da Constituição da República. 2. Aplicar o funcionamento do Sistema de Execução Penal, refletindo sobre o contraste entre o Sistema e a realidade de sua aplicação. EXECUÇÃO PENAL 3. Identificar a importância de urgentes mudanças na LEP, adequando-a à realidade do país, haja vista a superlotação dos presídios que abrigam condenados que já cumpriram sua pena. 4. Apontar as mudanças necessárias no sistema penitenciário brasileiro, uma tarefa de que precisam participar os três Poderes da República, tais como: revisão de leis e a aplicação de práticas de administração de presídios mais adequados ao Princípio da Dignidade Humana. EXECUÇÃO PENAL Introdução A presente aula terá como objetivo verificar algumas questões históricas, visto que, para melhor compreensão ao estudo da execução penal no Brasil, faz-se necessário verificar que, antigamente, o direito era exercido através da lei do talião, ou seja, “olho por olho, dente por dente”, onde, nesta época, as prisões serviam para trancar escravos, prisioneiros de guerra e os transgressores em geral, não com intuito ressocializador, mas vingativo. Ainda, será objeto de análise a compreensão dos princípios da personalidade, da individualidade e da humanização do preso. Para tanto, será necessário trazer o conceito de preso, bem como verificar sua identificação legal. No que tange aos estabelecimentos penais, nesta aula, serão mostrados os seus tipos e para quem é destinado. Objetivo: 1. Aprender sobre a evolução da execução penal pelo mundo, o processo histórico do sistema prisional brasileiro, a essência da lei de execução penal, como também sobre princípios da personalidade, da individualidade e da humanização; 2. Conhecer sobre o preso definitivo e o preso provisório, a identificação penal do preso, os estabelecimentos penais no Brasil e sobre o excesso e o desvio. EXECUÇÃO PENAL Conteúdo A evolução da execução penal pelo mundo Nos primórdios da civilização (na Era Antiga), para o exercício do Direito era adotada a lei de talião, que foi a primeira lei penal com base na moral vingativa, onde para as soluções dos conflitos utilizava-se a regra: “Olho por olho, dente por dente”. O encarceramento não era uma forma de pena, pois a privação de liberdade não era tida como sanção penal. Os cárceres (calabouços) serviam para preservar o encarcerado até a execução da pena (morte, marcação de ferro em brasa e mutilações). Na organização social em clãs e grupos, os transgressores eram banidos do seio social e eram denominados “bandidos”. Com o desenvolvimento econômico, cultural e social das sociedades europeias, na Idade Média, pode se dizer que surgiram alguns avanços no sistema prisional da época, pois começou a ser desenvolvida a estrutura da punição por encarceramento como modalidade de pena privativa de liberdade. Ainda, na Europa, também nesse período, a Igreja retoma o Direito Romano, uma vez que já tinha seus Tribunais e sua Justiça. Foi a partir do Direito Romano que a Igreja desenvolveu locais para cumprimento da pena, onde os transgressores dos códigos religiosos vigentesna época eram encarcerados. Nesses locais, sempre procurou tratar os “penitentes” dentro dos princípios cristãos para que os condenados pudessem se sentir estimulados a ter espírito de penitência, ou seja, voltar-se sobre si mesmo, com atitude de arrependimento, para reconhecer sua conduta inadequada socialmente (seu pecado) e dispor-se a não reincidir. Eram impostos aos condenados “atos de penitência”, tais como oração e martirização do corpo. Esses locais eram chamados de “Penitenciários”. EXECUÇÃO PENAL Em razão do desenvolvimento da sociedade industrial, ocorrido na Era Moderna, o Estado passou a implantar normas e legislações de proteção ao patrimônio. A partir desse momento, a punição por encarceramento começa a ser preponderante para preservar e proteger a sociedade dos delinquentes. Por esse motivo foram construídas as “Casas Correcionais”, que posteriormente foram transformadas em prisão. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a criação das Organizações das Nações Unidas (ONU), surgem em vários países legislações tratando da execução penal, pois os fatos horrendos, sobretudo, ligados aos nazistas, ocorridos durante os conflitos, fez eclodir apelos aos direitos humanos. Sendo assim, ocorreu uma redefinição da legislação penal em âmbito mundial focando em questões relevantes às relações humanas exigidas, sobretudo, pela Declaração Universal dos Direitos do Homem elaborada pela ONU em 1948. O processo histórico do sistema prisional brasileiro Em razão da chegada da Família Imperial ao Brasil, o Estado brasileiro implantou a legislação da punição por encarceramento em 1824. O Código de Leis Portuguesas implantado no Brasil (Ordenações Filipinas do Reino) decretava a colônia como local de moradia para os “degredados”. A pena era aplicada às pessoas que transgredissem a ordem vigente. Foi a Constituição do Império de 1824 que implantou a punição em “Casas de Correção”. Esses locais eram destinados à “correção” da mendicância e da vadiagem. As pessoas, independentes de sua idade ou sexo, que fossem flagradas perambulando nas ruas ou cometessem atos considerados e julgados ilícitos seriam recolhidos às “Casas de Correção”. EXECUÇÃO PENAL Os pobres, criminosos e os loucos que perambulavam pelas ruas e praças no Rio de Janeiro deveriam ser enclausurados e afastados da cidade “civilizada”. Como não havia prisões suficientes para acolher tanta gente, o Império cuidou de criar um asilo de mendigos inspirados nos presídios europeus. Em 1879, Dom Pedro II inaugurou o “Asylo da Mendicidade”, onde hoje funciona a Escola São Francisco de Assis, situado na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro. Pena privativa de liberdade Com o surgimento da República e a entrada em vigor do Código Penal de 1890, foi implantada como punição a pena por prisão em novas modalidades: prisão celular, reclusão com trabalho obrigatório, prisão disciplinar, interdição, suspensão e perda do emprego público. A Primeira Constituição da República (1891) legislou sobre a Justiça Federal e não atingiu o Direito Penal, mas incluiu o processo penal, tendo como resultado uma variedade de princípios e orientações processualistas. Em 1924, com a criação do Conselho Penitenciário, o Brasil passou a dar os primeiros passos para a humanização da pena privativa de liberdade, visto que existiam ações para regulamentar o benefício de livramento condicional e a homogeneização da execução da pena no país. Normas gerais de regime penitenciário A Constituição de 1934 inaugurou a inclusão da competência da União em legislar sobre as Normas Gerais de Regime Penitenciário. Foi criada a Inspetoria Geral Penitenciária que tinha a competência de aplicar os recursos financeiros provenientes da venda do selo penitenciário em todo o país. Tais recursos deveriam ser aplicados na instalação, conservação e EXECUÇÃO PENAL manutenção dos estabelecimentos penais, nas assistências penais, na administração geral penitenciária e na prevenção e repressão criminal. Ainda definindo o rumo da organização dos serviços penitenciários no Brasil, em 1935, foi aprovado o Código Penitenciário da República com o objetivo de organizar o sistema penitenciário. A divisão das ações do Direito Penal e do Direito Processual A fase processualista do Direito brasileiro teve início com a entrada em vigor da Constituição de 1937, pois foi dado aos Estados brasileiros autonomia para legislar em matérias que não estavam previstas anteriormente, tais como os dispositivos específicos sobre o regime penitenciário. Foi, então, a partir desse período que ocorreu a divisão das ações do Direito Penal e do Direito Processual. Em 1940, foi promulgado o Código Penal Brasileiro e, em 1941, foi promulgado o Código de Processo Penal. No ordenamento jurídico brasileiro, a legislação penal vigente é formada por uma tríade de regras que se complementam, assegurando o pleno Estado Democrático de Direito. Esta tríade é composta: Pelo Código Penal (CP); Pelo Código de Processo Penal (CPP); Pela Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/1984 - LEP). Em síntese, o Código Penal, de conteúdo substancialmente material, tipifica os crimes, cuida das penas, tendo, porém, a necessidade para sua aplicação a existência de um rito, que é tratado pelo Código de Processo Penal, que cuida EXECUÇÃO PENAL de cada etapa (fase processual) até a definição da sentença (de conteúdo absolutório ou condenatório). Dessa forma, complementando o Código Penal e o Código Processual Penal, vem a Lei de Execução Penal (LEP) com objetivo de garantir a eficácia da aplicação penal no caso das sentenças condenatórias. Vencida a fase instrutória (de conhecimento) e julgada procedente a ação penal (total ou parcial), faz-se necessária a execução do título executivo judicial. Em suma, até a condenação do réu, as regras são definidas pelo CP e o CPP. Depois, é a LEP que define, entre outras coisas, como serão os benefícios concedidos aos presos (tríade de regras). A essência da Lei de Execução Penal A Lei de Execução Penal (LEP) tem como objetivo a efetivação da sentença penal e da reinserção social do condenado ou do internado. É um diploma autônomo que regula o cumprimento das penas impostas aos condenados por sentença penal, estabelecendo a prestação de assistência aos condenados, seus deveres e direitos, a progressão de regime, graça, anistia e indulto. Para a LEP, o apenado é um sujeito social em condições de retorno para a sociedade extramuros prisional; assim, prevê a lei que, durante a etapa de execução da pena, o apenado deve ter assistência integral, inclusive no que se refere à sua condição educacional. Atenção É importante destacar que a execução penal está sujeita aos princípios e garantias constitucionais, que devem ser observados, tais como: legalidade, jurisdicional idade, devido processo legal, verdade real, imparcialidade do juiz, EXECUÇÃO PENAL igualdade das partes, persuasão racional ou livre convencimento, contraditório e ampla defesa, iniciativa das partes, publicidade, oficialidade e duplo grau de jurisdição. Assinale, ainda, que os três sujeitos principais da relação jurídica na execução penal são: o juiz, o Ministério Público e o condenado. O Ministério Público e o condenado são partes. Acerca da competência do juiz, esta é tratada no Art. 66 da LEP. Por oportuno, é importante destacar que o juiz da execução penal, de maneira imparcial, deve, durante o desenvolvimento daexecução, de ofício, a requerimento das partes ou de outras pessoas legitimadas, cuidar para que o processo siga de forma regular, de modo a ser garantida efetiva participação das partes, com observância do contraditório, do direito de defesa, do direito à prova, tudo com o escopo de que, em um processo justo, seja cumprida a sentença condenatória e possam ser atingidos os fins objetivados pela Lei de Execução Penal. A lei de execução penal Como já dito, a sentença penal condenatória transitada em julgado finaliza o processo de conhecimento, transformando-se em título executivo penal; com este título, instaura-se o processo de execução. Assim, para que seja efetivada a execução penal, tem de existir uma sentença criminal que tenha aplicado pena (privativa de liberdade ou não) ou medida de segurança, conforme prevê Art. 1º da LEP. Acerca da expedição da guia de recolhimento, cabe ao juiz da condenação determinar a sua expedição e posterior remessa à Vara de Execução competente. É neste juízo, portanto, onde deverá correr a execução e onde devem ser feitos os pedidos a esta, os quais possam estar relacionados (Art. 107 da LEP). EXECUÇÃO PENAL Oportuno se torna dizer que com a última mudança na LEP, trazida pela Lei nº 12.313/2012, a Defensoria Pública foi alçada ao status de órgão de execução, o que significa que, antes de se decidir sobre um processo penal, o juiz terá que ouvir, além do Ministério Público, a defensoria. Além disso, ninguém deverá ser recolhido, para cumprimento de pena privativa de liberdade sem a guia expedida pela autoridade judiciária. A guia de recolhimento é um título executivo que viabiliza a execução das penas (Art. 106 LEP). Princípios da personalidade, da individualidade e da humanização Pelo princípio da personalidade, também denominado princípio da intranscendência, segundo o qual o processo e a pena, bem como a medida de segurança, não pode ir além da pessoa do autor da infração (Artigo 5º, XLV, da CRFB/88). Pela leitura do Artigo 3º, caput, da LEP, preservam-se todos os direitos do preso. Desse modo, observados os limites jurídicos e constitucionais da pena e da medida de segurança, todos os direitos não atingidos pela sentença criminal permanecem a salvo. Não se pode perder de vista que o preso não só tem deveres a cumprir, mas é sujeito de direitos, que devem ser reconhecidos e amparados pelo Estado, de acordo com o princípio da humanização. É fundamental que se tenha em mente o conhecimento sobre a individualização da pena, que é regra constitucional do Artigo 5º prevista nos incisos XLV e XLVI: XLV: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado...”; XLVI: “a lei regulará a individualização da pena...”. EXECUÇÃO PENAL Tal regra constitucional é observada em três momentos distintos: 1. O primeiro momento ocorre na cominação da pena, quando esta é elaborada pelo legislador. 2. O segundo momento ocorre quando o julgador aplica a pena no caso concreto. 3. No terceiro momento verifica-se na execução da pena, a cargo do juiz da execução penal. E para nortear a individualização da execução de suas penas, os presos deverão ser classificados e separados de acordo com seus antecedentes e periculosidade, conforme Artigo 5º da LEP: “os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal”. Desse modo, a separação dos presos nos estabelecimentos penais deverá obedecer à seguinte regra: os presos provisórios devem ficar separados dos condenados definitivos, bem como os presos primários devem ser mantidos separados dos reincidentes. O preso definitivo e o preso provisório O preso é aquele que se encontra recolhido em estabelecimento prisional, cautelarmente ou em razão de sentença penal condenatória com trânsito em julgado. Há duas espécies de preso: Presos definitivos: são aqueles que contam em seu desfavor com sentença penal condenatória transitada em julgado, à qual já não caiba recurso. Preso provisório (nacional ou estrangeiro): é aquele que foi privado de sua liberdade por força de prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva ou por força de sentença condenatória EXECUÇÃO PENAL recorrível. Devem, os provisórios, ser mantidos separados dos condenados. Atenção É importante ressaltar que os preceitos da Lei de Execução Penal se estendem aos presos provisórios. Em favor do preso provisório, milita o Princípio da Presunção da Inocência (Art. 5º, LVII, CRFB/88), já que inexiste uma formação de culpa concluída, ou seja, uma sentença condenatória transitada em julgado. Pelo mesmo princípio, o preso provisório não tem os seus direitos políticos suspensos, o que só vem a ocorrer com os presos condenados definitivamente. A identificação penal do preso Nos termos do Artigo 5º, LVIII, CRFB/88, a identificação criminal no Brasil encontra amparo constitucional: “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. A Lei nº 9.034/95, no seu Artigo 5º, regulamenta tal hipótese: “A identificação criminal de pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações criminosas será realizada independentemente da identificação civil”. É de se verificar, porém, quando cabível, a identificação criminal será realizada pelo processo datiloscópico (coleta de impressões digitais) e fotográfico (Artigo 5º, caput), de maneira a evitar, tanto quanto possível, maior constrangimento ao identificado. Assim, existem três formas de identificação criminal que são permitidas. São elas: EXECUÇÃO PENAL Datiloscópica; Fotográfica; Perfil genético (DNA – ácido desoxirribonucleico). Pelo Artigo 3º da Lei nº 12.654/2012, que acrescentou o “Artigo 9º-A” à Lei de Execução Penal, corresponde à submissão compulsória ao fornecimento de material, nos seguintes termos: “Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no Artigo 1º da Lei nº 8.072/1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor”. Então, na fase de execução da pena, já transitada em julgado a sentença penal condenatória, aqueles condenados por crimes dolosos praticados com violência física de natureza grave contra pessoa ou qualquer dos crimes previstos no Artigo 1º da Lei nº 8.072/90 (crime hediondo), serão submetidos a uma nova identificação criminal, agora pelo fornecimento obrigatório de material genético. Identificação biogenética A Lei nº 12.654/2012 permite que, além do cumprimento da pena de prisão, seja cumprido um novo tipo de pena a cumprir: a pena de identificação biogenética da pessoa, com repercussões em outras investigações. Não é mansa e pacífica a questão da extração de DNA de forma compulsória no corpo do condenado, ainda que por técnica adequada e indolor, com o intuito de obter a identificação do perfil genético do acusado, que servirá como prova de natureza criminal. É bem verdade que, quando não consentida, essa intervenção no corpo do condenado é providência desaprovada na ordem constitucional vigente. EXECUÇÃO PENAL Neste sentido entendem nossos Tribunais: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL - COLETA DE PERFIL GENÉTICO - Artigo 9º-A DA LEP - OBRIGATORIEDADE - IMPOSSIBILIDADE - MANUTENÇÃO DA DECISÃODO MAGISTRADO 'A QUO' - NECESSIDADE - RECURSO DESPROVIDO. A coleta do perfil genético de sentenciados, mediante extração de DNA é prevista, de forma obrigatória, pelo Artigo 9º-A da LEP, podendo tais dados ser requisitados pelas autoridades policiais no caso de inquéritos instaurados. Não há como compelir indivíduo a fornecer material que entenda lhe ser desfavorável, sob pena de violação da garantia de não autoincriminação e em obediência ao princípio do ‘nemo tenetur se detegere (Agravo em Execução Penal – 10024057931461002 – TJMG). Como se nota, a intervenção no corpo do acusado somente será reconhecida como prova de natureza criminal se a coleta for precedida de seu livre consentimento, pois ele tem a garantia de não produzir prova contra si mesmo, extraída da melhor interpretação do Artigo 5º, LXIII, da CRFB/88 e do Artigo 8, II, “g”, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Em face da violação do direito de liberdade, intimidade, dignidade humana e intangibilidade corporal, é inconstitucional a disposição legal. É interessante dizer que o réu tem o direito de se defender falando ou não. Ele pode chegar ao Tribunal para depoimento e ficar calado (direito de silêncio), ou seja, não é obrigado a fazer nada que faça prova contra ele. Coleta de material genético No Brasil, não se permite a extração compulsória do DNA nem mesmo para fins de investigação de paternidade, como se verifica em jurisprudência firmada pelo Supremo Tribunal Federal: “INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE - EXAME DE DNA - CONDUÇÃO DO RÉU DEBAIXO DE VARA”. EXECUÇÃO PENAL Discrepa, a mais não poder, de garantias constitucionais implícitas e explícitas - preservação da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do império da lei e da inexecução da específica e direta de obrigação de fazer - provimento judicial que, em ação civil de investigação de paternidade, implique determinação no sentido de o réu ser conduzido ao laboratório, "debaixo de vara", para coleta do material indispensável à feitura do exame DNA. A recusa resolve-se no plano jurídico-instrumental, consideradas a dogmática, a doutrina e a jurisprudência, no que voltadas ao deslinde das questões ligadas à prova dos fatos (HC 71373/RS. Rel. Min. Marco Aurélio. Julgamento: 10.11.1994. DJ, 11 nov. 1996). Atenção Em apreensão de material genético desprendido (por exemplo, material coletado no local do crime pela perícia como vestígio) do corpo do investigado ou réu (saliva, sangue, tecido humano) será desnecessário o consentimento de quem quer que seja, conforme prevê o Art. 6º, incisos I, II, III e IV, do CPP). Os estabelecimentos penais no Brasil A execução penal é uma atividade complexa da qual participam diretamente dois poderes: O Judiciário, por meios das instituições judiciárias. O Executivo, na administração e na manutenção da estrutura física e humana dos estabelecimentos penais. As administrações das instituições prisionais no Brasil, em sua maioria, estão sob a responsabilidade das Secretarias de Segurança Pública, no âmbito estadual, e o gerenciamento das unidades prisionais é normalmente função da EXECUÇÃO PENAL segurança pública. A LEP mantém a autonomia das direções das unidades prisionais e a atuação do Juiz da Execução se faz na fiscalização e no cumprimento dos determinantes legais para o cumprimento da pena. A penitenciária destina-se aos presos com pena de reclusão em regime fechado (Artigo 87, LEP). Sob o enfoque de segurança, a penitenciária se define como estabelecimento de segurança máxima. Na penitenciária para as mulheres, apenas mulheres trabalharão na segurança interna, salvo pessoal técnico especializado e, ainda, serão dotados de berçários, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até os seis meses de idade (Artigo 83, § 2º, LEP). Os estabelecimentos penais no Brasil Os tipos de estabelecimentos penais destinados ao condenado, ao internado e ao preso provisório são: Penitenciária: destinada ao condenado à reclusão, a ser cumprida em regime fechado; Colônia agrícola, industrial ou similar: Reservada para a execução da pena de reclusão ou detenção em regime semiaberto (Artigo 91 e 92 LEP); Casa do albergado: Prevista para colher os condenados à pena privativa de liberdade em regime aberto e à pena de limitação de fim de semana (Artigo 93 LEP); Centro de observação: Onde serão realizados os exames gerais e criminológicos; Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico: Se destina aos doentes mentais, aos portadores de desenvolvimento mental incompleto ou retardado e aos que manifestam perturbação das faculdades mentais; Cadeia pública: Para onde devem ser remetidos os presos provisórios (prisão em flagrante, prisão temporária ou prisão preventiva) (Artigo 87 e ss. LEP). EXECUÇÃO PENAL Pena de reclusão A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto (Artigo 33, caput, CP). Regime Fechado - A execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média. Regime Semiaberto - A execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Regime Aberto - A execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. É importante, também, dizer que não se pode modificar o regime inicial de cumprimento da pena pelo juízo da execução, sob pena de violação da coisa julgada (Artigo 5º, XXXVI, CRFB/88). Regime fechado Na aplicação dos regimes da pena privativa de liberdade, o regime fechado estará previsto para os seguintes casos: Condenados a 8 anos ou mais; Reincidentes; Cumprir a pena em penitenciária; Sem trabalho externo; Sujeitos a penas disciplinares (RDD). Regime semiaberto Para reclusão em regime semiaberto, os casos previstos são: Primários com pena maior do que 4 e menor do que 8 anos; Pode frequentar cursos fora do estabelecimento prisional; Reincidentes com pena até 4 anos de reclusão ou detenção; EXECUÇÃO PENAL Direito a saídas temporárias; Regime possível para detento que tenha cumprido 1/6 da pena em regime fechado; Cumprimento em colônia agrícola; Direito a trabalho externo. Regime aberto Para reclusão em regime aberto, os casos previstos são: • Para presos que vêm do regime semiaberto; • Presos com pena inferior a 4 anos; • Cumprimento em casa de albergado; • Possíveis o trabalho e o estudo fora; • Recolhe-se à noite e dias de repouso. Atenção Existem penas que devem ser cumpridas inicialmente em regime fechado. É o caso dos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e crimes hediondos (Artigo 2º, §1º, da Lei nº 8.072/1990). A Lei nº 11.464/2007 deu nova redação ao § 1º, Artigo 2º, da Lei nº 8.072/90, que passou a determinar que a pena decorrente de condenação por tais crimes será cumprida inicialmente em regime fechado, extinguindo o regime integralmente fechado. Em reforço, a mesma lei passou a permitir expressamente a “progressão de regime” no cumprimento de pena decorrente da prática de crime hediondo ou assemelhado. EXECUÇÃO PENAL Sobre o excesso Sempre que na execução da pena ou medida de segurança se constatar algo que vá além do decidido na sentença ou acórdão submetido à execução, de maneira que seja sempre prejudicial ao executado, haverá “excesso”. Pela melhor doutrina, ocorre excesso de execução “quando o sentenciado é submetidoa tratamento mais rigoroso do que o fixado na sentença ou determinado pela lei” (Haroldo Caetano da Silva, Manual de execução penal). Como exemplo de excesso, seguem os mais comuns: 1. Submeter o executado a regime mais rigoroso do que aquele a que tem direito em razão do fixado na sentença ou em decisão que concedeu progressão; 2. Manter em cadeia pública ou estabelecimento inadequado aquele a quem se impôs medida de segurança; 3. Submeter o executado a sanção administrativa além do fixado em lei. Sobre o desvio A ocorrência de “desvio” é a mudança do curso normal da execução. O “desvio” distingue-se do “excesso” na medida em que se revela favorável qualitativamente ao executado, enquanto aquele lhe será danoso. Dentre outras várias hipóteses, também haverá desvio, por exemplo, se for concedido ao executado o benefício da permissão de saída sem estrita observância das regras ditadas pelo Artigo 120 da LEP. De igual forma, também ocorrerá desvio no caso de concessão de saída temporária fora das hipóteses elencadas no Artigo 122 da LEP, ou por prazo superior a 7 dias, ou, ainda que observado esse limite, se for renovado o benefício por mais vezes durante o ano do que autoriza o Artigo 124 da LEP. EXECUÇÃO PENAL Ademais, assevera o ilustre jurista Julio Fabbrini Mirabete que: “A Lei de Execução penal, impedindo o excesso ou o desvio da execução que possa comprometer a dignidade e a humanidade da execução, torna expressa a extensão de direitos constitucionais aos presos e internos.” Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre a Lei de Execução Penal, leia o texto As vicissitudes do liberalismo no direito penal brasileiro, disponível em nossa biblioteca virtual. Referências JÚNIOR, Miguel Reale. Instituições de direito penal – parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 2003. MARCÃO, Renato. Curso de execução penal. São Paulo: Saraiva. 2014. MARQUES, José Frederico. Tratado de direito penal. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1. MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 9. ed. São Paulo: Atlas. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 2007. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2003. EXECUÇÃO PENAL Exercícios de fixação Questão 1 No Brasil Imperial, com a finalidade de corrigir a mendicância e a vadiagem, para onde eram destinadas as pessoas que perambulavam pelas ruas? a) Calabouço b) Casas de correção c) Albergue d) Hospício e) Porão de navio Questão 2 Após analisar cada uma das questões abaixo, verifique se elas são verdadeiras ou falsas: I – Na Antiguidade, o encarceramento já era uma forma de pena, pois a prisão privativa de liberdade era tida como sanção penal. II – Na Idade Média, surgiram alguns avanços no sistema prisional, pois o encarceramento passou a ter caráter de pena. III – Apesar do desenvolvimento da sociedade industrial, na Era Moderna, não surgiram normas e legislações de proteção ao patrimônio. IV – Foi o Artigo do Direito Romano que a Igreja desenvolveu locais para cumprimento da pena, as denominadas penitenciárias. V – A redefinição da legislação penal em âmbito mundial surgiu após a Primeira Guerra Mundial, baseando-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem. a) F-V-V-F-F b) F-V-F-F-V c) V-F-V-V-V d) F-V-F-V-F e) V-V-V-F-V EXECUÇÃO PENAL Questão 3 Após analisar cada uma das questões abaixo, verifique se elas são verdadeiras ou falsas: I – Foi com a Constituição da República de 1891 que se implantaram no Brasil as Casas de Correção destinadas à correção de mendicância e da vadiagem. II – A primeira Constituição da República de 1891 não legislou sobre a Justiça Federal. III – A fase processualista do Direito brasileiro teve início com a entrada em vigor da Constituição de 1937. IV – Pode-se dizer que, no ordenamento jurídico brasileiro, a legislação penal é composta pela tríade de regras que é composta pelo CP, CPP e a LEP. V – Em 1935 foi aprovado o Código Penitenciário da República com objetivo de organizar o sistema penitenciário. a) V-F-F-V-V b) F-F-F-V-F c) F-F-V-V-V d) V-V-F-V-F e) V-F-V-F-V Questão 4 Quanto à assistência à saúde do preso, analise as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta. I - A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo compreenderá exclusivamente o atendimento médico e farmacêutico. II - Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. EXECUÇÃO PENAL III - Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-Artigo, extensivo ao recém-nascido. a) Apenas a afirmação I está incorreta. b) Apenas a afirmação II está incorreta. c) Apenas a afirmação III está incorreta. d) As afirmações II e III estão incorretas. e) As afirmações II e III estão incorretas. Questão 5 A assistência ao egresso consiste. a) Na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 1 (um) mês. b) Na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. c) Na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 3 (três) meses. d) Na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 6 (seis) meses. e) Na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade e na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 1 (um) ano. EXECUÇÃO PENAL Questão 6 Os presos provisórios devem ficar separados dos condenados definitivos e os presos provisórios separados dos reincidentes. Essa previsão encontra-se no Artigo 5º da LEP, que tem como princípio norteador o... a) Da oficialidade b) Da imparcialidade do juiz c) Da individualização da pena d) Da publicidade e) Da legalidade Questão 7 Assinale, dentre as alternativas abaixo, qual reflete o resultado de sua análise: I - Quanto à identificação penal do preso, hoje existem 3 formas: processo datiloscópico (coleta de impressão digitais), fotográfico e perfil genético (DNA). II - Os presos provisórios serão submetidos à identificação criminal por meio de coleta de perfil genético (DNA). III - Ao condenado em crime doloso, com violência ou grave ameaça contra pessoa, ou por qualquer crime previsto na Lei nº 8.072/90 (Crime Hediondo), obrigatoriamente, será coletado o seu perfil genético. IV - A Lei nº 12.654//2012 prevê a submissão compulsória do condenado por crimes violentos à coleta de seu perfil genético (DNA). Entretanto, há divergências acerca da obrigatoriedade e um dos pontos a favor do preso é a garantia de não se produzir prova contra si mesmo. V - O material genético desprendido do corpo recolhido pela perícia no local do crime, como sangue, cabelo e saliva não necessitará de consentimento para que sirva de prova criminal. a) V-V-F-F-V b) V-F-V-V-V EXECUÇÃO PENAL c) F-F-V-V-Fd) F-V-V-V-V e) V-V-F-V-F Questão 8 Qual o tipo de estabelecimento penal previsto para os presos provisórios? a) Colônia agrícola, industrial ou similar b) Penitenciária c) Hospital de custódia d) Cadeia pública e) Casa do albergado Questão 9 Na aplicação dos regimes da pena privativa de liberdade, o regime semiaberto estará previsto para os seguintes casos: a) Reincidente com pena até 4 anos de reclusão ou detenção. b) Condenados a 8 anos ou mais. c) Presos com pena inferior a 4 anos. d) Sujeitos a penas disciplinares do RDD. e) Cumprimento em casa de albergado. Questão 10 Analise as assertivas abaixo como verdadeiras (V) ou falsas (F): I - Nos crimes hediondos as penas devem ser cumpridas integralmente em regime fechado. II - Permite-se a progressão de regime no cumprimento de pena decorrente da prática de crime hediondo ou assemelhado. EXECUÇÃO PENAL III - Sempre que na execução da pena se constatar algo que vá além do decidido na sentença, haverá “desvio”. IV - Haverá “desvio” quando ocorrer mudança no curso normal da execução. V - O “desvio” distingue-se do “excesso” na medida em que se revela favorável qualitativamente ao executado. O “excesso” é danoso, por exemplo, ao submeter o executado a regime mais rigoroso do que aquele a que tem direito em razão da sentença. a) V-V-F-F-V b) V-F-F-V-V c) F-V-F-V-V d) F-V-V-V-F e) F-V-F-F-F EXECUÇÃO PENAL Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: A Questão 2 - D Justificativa: I – Falsa (o encarceramento não era uma forma de pena e a prisão privativa de liberdade não era tida como sanção penal). III - Falsa (o Estado passou a implantar normas e legislações de proteção ao patrimônio). V - Falsa (após a segunda guerra mundial). Questão 3 - C Justificativa: I – Falsa (foi com constituição do império de 1824). II – Falsa (legislou sobre a justiça federal). Questão 4 - A Justificativa: Dispõe o Artigo 14 da Lei de Execução Penal, que "a assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico". Por sua vez, os §§ 2º e 3º, respectivamente, preveem que "quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento" e que "será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-Artigo, extensivo ao recém-nascido”. Questão 5 - B Justificativa: Determina o Artigo 25 da LEP, in verbis: "A assistência ao egresso consiste: I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; II - na EXECUÇÃO PENAL concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses“. Questão 6 - C Justificativa: Artigo 5º da LEP. Questão 7 - B Justificativa: I - verdadeiro – Artigo 9º-A da LEP. II - falso – Artigo 9º-A da LEP (somente aos condenados definitivamente). III - verdadeiro – Artigo 9º-A da LEP. IV - verdadeiro – Artigo 5º, LXIII, CRF e Artigo 8, II, “g” da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. V - verdadeiro – Artigo 6º, I, II, III e IV, do CPP Questão 8 - D Justificativa: Artigo 102 da LEP Questão 9 - A Justificativa: Artigo 33, § 2º, do CP. Questão 10 - C Justificativa: I - falsa – Artigo 2º, §1º, Lei 8.072/90 (cumpridas inicialmente em regime fechado) II - verdadeira – Artigo 2º, §2º, Lei 8.072/90 III – falsa (sempre que na execução da pena ou medida de segurança se constatar algo que vá além do decidido na sentença ou acórdão submetido à execução, de maneira que seja sempre prejudicial ao executado, haverá excesso). EXECUÇÃO PENAL Introdução A presente aula tem como objetivo apresentar o estudo do controle disciplinar do apenado, tendo em vista que tal controle é um dos mecanismos para a educação da conduta do preso. Na oportunidade, faz-se necessário verificar os direitos e deveres dos presos previstos na Constituição da República e na Lei de Execução Penal. Para isso, serão abordados, também, a classificação e a função da pena e o caráter progressivo do regime adotado pela Lei de Execução Penal. Objetivo: 1. Aprender sobre controle disciplinar do apenado, os direitos e benefícios do apenado e sobre a função da pena; 2. Conhecer as penas restritivas de direito, a medida de segurança, a multa, o sistema progressivo da execução, a vedação da progressão por salto, regressão, detração, a permissão de progressão de regime nos crimes hediondos, preso com várias condenações, conversões. EXECUÇÃO PENAL Conteúdo O controle disciplinar do apenado Para a preservação da sociedade, é indispensável que haja limites aos direitos individuais. Por isso, o Estado tem o poder para salvaguardar a propriedade, a integridade física e a vida dos cidadãos. Estes, por sua vez, têm o dever de cumprir as normas impostas pelo Estado. O não cumprimento das “obrigações” resultará em aplicação de sanções. Destaca-se ainda, que para se manter a ordem, nem os condenados estão isentos de cumprirem regras (dentro e fora das prisões). Com isso, a Lei de Execução Penal normatiza não só os direitos, mas também os deveres dos apenados. Na hipótese do apenado não cumprir as regras estabelecidas na LEP e as normas regimentadas pelas unidades prisionais, os infratores sofrerão punições disciplinares. Assim, através do controle disciplinar, que é um dos mecanismos para educação da conduta do apenado, limitando seus movimentos, gestos, atitudes, com a finalidade de modelar e enquadrar suas ações busca-se o adestramento, ou seja, a domesticidade do preso. Sendo assim, colaborar com a ordem significa praticar observância estrita ao rol dos deveres do preso (Artigo 39 LEP). Por tal motivo, ao ser submetido à prisão (definitiva ou provisória), o preso deverá ser cientificado das normas disciplinares do estabelecimento. E, ainda, é importante destacar que o apenado disciplinado tem o mérito da inclusão para participar de programas e ações desenvolvidas na instituição prisional em prol de seu bem-estar. EXECUÇÃO PENAL Ante o exposto, faz-se necessário apontar os deveres dos condenados, conforme Artigo 39 da LEP, que também se aplica ao preso provisório, no que couber. I. Comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; II. Obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III. Urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV. Conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; V. Execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; VI. Submissão à sanção disciplinar imposta; VII. Indenização à vítima ou aos seus sucessores; VIII. Indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; IX. Higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; X. Conservação dos objetos de uso pessoal. No que concerne às condutas ensejadoras de falta grave no cumprimento de pena privativa de liberdade, o Artigo 50 da LEP classifica alguns comportamentos que se enquadram nessa categoria, estendendo-os também aos presos provisórios no que couber como: I. Incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II. Fugir; III.Possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV. Provocar acidente de trabalho; V. Descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI. Inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do Artigo 39 desta lei; EXECUÇÃO PENAL VII. Ter em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Acerca das faltas disciplinares que estão classificadas em leves, médias e graves, o Artigo 53 da LEP prevê as sanções disciplinares que podem ser aplicadas nos seguintes casos: • As faltas leves ou médias serão punidas com advertência verbal ou repreensão; • As faltas graves serão punidas com a suspensão ou restrição de direitos; • Isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no Artigo 88 da LEP, ou, ainda, inclusão no regime disciplinar diferenciado (RDD). Convém ressaltar que o isolamento, a suspensão e a restrição de direito não poderão exceder trinta dias, ressalvada a hipótese do RDD (Artigo 58 LEP). Direitos e benefícios do apenado Como é sabido, a Lei de Execução Penal diz que o preso – tanto o que ainda está respondendo ao processo (preso provisório), quanto o condenado – continua tendo todos os direitos que não lhes foram retirados pela pena ou pela lei. Isso significa que o preso perde a liberdade, mas tem direito a um tratamento digno, direito de não sofrer violência física e moral. A Constituição do Brasil assegura ao preso um tratamento humano. Conforme o Artigo 5º da CRFB/88 são assegurados aos executados os seguintes direitos: a) Direito à liberdade e à igualdade; b) Direito de igualdade entre homens e mulheres; c) Direito à segurança e à propriedade; EXECUÇÃO PENAL d) Direito à inviolabilidade do direito à vida; e) Direito de sujeição ao princípio da legalidade; f) Direito de integridade física e moral, não podendo ser submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante, entre outros. Lei de execução penal A LEP prevê, também, o desenvolvimento e atendimento das assistências ao recluso e ao egresso do Sistema Penitenciário; estas devem ser as estratégias para preparar o apenado para o retorno ao convívio social. O Artigo 12 refere-se que a “assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações sanitárias”. Segundo esse enunciado, a assistência material está restrita às necessidades essenciais físicas. Entre os direitos do apenado, estão à alimentação e o vestuário adequado com suas necessidades orgânicas, sendo permitido, por ocasião das visitas de familiares e amigos, o recebimento de material para complementar essas necessidades. Atenção Egresso é o condenado liberado definitivamente, pelo prazo de 1 ano a contar da saída do estabelecimento ou em benefício do livramento condicional, durante o período de prova (Artigo 26 da LEP), que tem direito à assistência (Artigos 25 e 27 LEP), que serão a orientação e o apoio para reintegração à vida em liberdade e, ainda, se necessário, concessão de alojamento e alimentação, pelo prazo de 2 meses, em estabelecimento adequado. EXECUÇÃO PENAL Sobre a saúde do apenado, o tema é tratado no Artigo 14 da LEP. Alguns estudos indicam que as condições de confinamento humano são promissoras para o desenvolvimento de perturbações nas condições de saúde, permitindo a proliferação e/ou a eclosão de doenças físicas e mentais, as quais podem ter possíveis causas nas condições psicológicas e vivências sociais do apenado. Da mesma forma que a Constituição da República, a LEP também nos apresenta os direitos do preso (Artigo 41), que também se estende ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber: 1. Alimentação suficiente e vestuário, atribuição de trabalho e sua remuneração e previdência social; 2. Constituição de pecúlio, proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; 3. O exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; 4. A assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa e a proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; 5. A entrevista pessoal e reservada com o advogado, a visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados e o chamamento nominal; 6. A igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização da pena e audiência especial com o diretor do estabelecimento; 7. A representação e petição a qualquer autoridade em defesa de direitos e o contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes; 8. O atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena de responsabilidade da autoridade judiciária competente. EXECUÇÃO PENAL Regalias Tenha-se presente que o bom comportamento do preso, sua colaboração com a disciplina e sua dedicação ao trabalho podem render-lhe recompensas, consistentes em elogio ou concessão de “regalias” (Artigo 56, I e II, da LEP). Dentre as principais regalias concedidas ao preso, temos: Receber bens de consumo; Visitas íntimas; Assistir a sessões de cinema e teatro (atividades socioculturais em geral); Participar de exposições de trabalho (pintura, escultura), entre outros. Quanto aos benefícios previstos na LEP, o preso tem ainda: • A progressão de regime prisional; • A concessão de trabalho interno e externo; • Saídas especiais, mediante apresentação de requisitos (objetivos e subjetivos); • Atendimento de suas necessidades de saúde, educação e de profissionalização. A função da pena A Política Penitenciária no Brasil não entende a pena somente como a privação de liberdade (prisão e detenção), pois ela possui outras espécies, num total de três: • As privativas de liberdade (Artigos 33 a 42 do CP); • As restritivas de direitos (Artigos 43 a 48 do CP); • A multa (Artigos 49 a 52 do CP). Ademais, a pena na LEP é entendida como mecanismo para “reeducar” a personalidade do condenado, transgressor dos códigos e das normas sociais. EXECUÇÃO PENAL Para Miguel Reale Junior, o significado de pena é uma coisa muito óbvia, já que trata de uma sanção determinada a uma pessoa infratora de uma norma penal. Ele conceitua pena da seguinte maneira: “pena constitui uma privação de direitos cominada com a lei penal e aplicada pelo juiz ao condenado, que a ela deve-se submeter". (REALE JÚNIOR, Miguel. Instituições de direito penal – parte geral. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 43). Para a doutrina tradicional, a pena é concebida como um mal que deve ser imposto ao autor de um delito para que expie sua culpa. A função preventiva da pena é divida em prevenção geral e prevenção especial. • Prevenção geral Tem como postulado que o problema da criminalidade pode ser resolvido através do Direito Penal. O homem racional se absteria da prática do delito ao identificar que o castigo teria um custo elevado em relação ao possível benefício obtido com tal ação ou omissão. • Prevenção especial Segue o entendimento de que a pena tem como finalidade evitar a prática de delitos intimidando o delinquente apenas e não os demais atores sociais. Desse modo, a aplicação da penasegue a tese da ressocialização e da reeducação do delinquente, intimidando aqueles que não careçam de ressocialização e neutralizando os incorrigíveis. Princípio da Reabilitação Social Na execução da pena, tem de ser observado o princípio da reabilitação social, visto que o Estado deve prevenir o delito, evitando-se a reincidência, passando a orientar e preparar o retorno da pessoa em privação de liberdade para o convívio social. EXECUÇÃO PENAL A execução da pena abrange tanto o preso definitivo quanto o provisório e, também, cabe ao o internado ou o submetido a tratamento ambulatorial nas hipóteses de medida de segurança. Na aplicação da pena, o juiz determinará o regime inicial de sua execução, que poderá ser fechado, semiaberto ou aberto. Quanto à pena de detenção, o condenado não pode iniciar em regime fechado, porém, poderá ser cumprido no regime fechado, se houver regressão. Pelo sistema vicariante ou unitário, aplica-se somente uma das sanções: Pena (Pena Privativa de Liberdade ou Pena Restritiva de Direitos) ou medida de segurança. Para melhor entendimento, verifica-se a aplicação da pena ou medida de segurança: • Pena ao imputável; • Medida de Segurança ao inimputável (obrigatoriamente); • Medida de Segurança ao semi-inimputável (facultativamente e em substituição à pena quando o acusado necessitar de especial tratamento curativo). As penas restritivas de direito A legislação brasileira autoriza a aplicação de 5 tipos de penas restritivas de direitos (Artigo 43 do CP), que são autônomas e substituem as privativas de liberdade (Artigo 44 do CP), quais sejam: • Prestação pecuniária; • Perda de bens e valores; • Prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; interdição temporária de direitos; • Limitação de fim de semana. EXECUÇÃO PENAL Atenção É importante destacar que a “interdição temporária de direitos” refere-se ao exercício de cargo, função ou atividade pública; exercício ou atividade que dependem de licença do Poder Público; suspensão para dirigir veículo. A proibição tem caráter temporário, razão pela qual não possui qualquer relação com a “perda do cargo”, que é definitivo, sendo efeito da condenação prevista no Código Penal no Artigo 92, inciso I. Como ensina o Prof. Damásio E. de Jesus, as penas restritivas de direitos, também denominadas “penas alternativas” são: “sanções de natureza criminal diversas da prisão, como a multa, a prestação de serviços à comunidade e as interdições temporárias de direitos, pertencendo ao gênero das alternativas penais”. Nos termos dos Artigos 44 e 59 do CP, será de competência do juízo de conhecimento a verificação dos requisitos legais para a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Na pena restritiva de direitos, o apenado fica submetido à interdição de direitos, à observância de condições, bem como ao cumprimento de normas de condutas e obrigações específicas sem recolhimento à prisão. Não se trata de prisão domiciliar, e sim de penas cuja execução contempla a aplicação de penas pecuniárias e a prestação de serviços à comunidade, em que a participação da sociedade e das organizações sociais são prioritárias para sua execução. A medida de segurança Medida de Segurança consiste em tratamento ambulatorial ou internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (Artigos 171 a 178 da LEP). EXECUÇÃO PENAL O prazo mínimo de internação ou de tratamento ambulatorial (Artigo 97, § 1º, CP) é de 1 a 3 anos. Quanto à duração máxima, o prazo é indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia, a cessação da periculosidade. A multa A pena de multa é modalidade punitiva prevista no Artigo 5º, XLVI, “c”, da CRFB/88. É incogitável a conversão da pena de multa (pecuniária) em prisão e o não pagamento do valor estipulado implicará em execução como dívida de valor. O sistema progressivo da execução A Lei de Execução Penal (Artigo 112) adota um sistema progressivo de execução das penas privativas de liberdade, passando do regime mais severo ao menos gravoso, desde que atendidos os requisitos objetivo e subjetivo. O requisito objetivo é cumprimento de 1/6 da pena (na generalidade dos crimes); o requisito subjetivo é o bom comportamento carcerário. Havendo imposição da pena privativa de liberdade, deve o juiz da condenação, de maneira fundamentada, fixar o regime da prisão. A Lei nº 11.464/2007 dispõe que, para efeitos de progressão de regime para os crimes hediondos, exige-se o cumprimento de 2/5 da pena para os condenados primários e 3/5 para os reincidentes. O Supremo Tribunal Federal confirmou a exigência de cumprimento de 1/6 da pena para a progressão de regime se aplica aos crimes hediondos praticados antes da vigência da Lei nº 11.464/2007. A Súmula nº 471, STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no EXECUÇÃO PENAL Artigo 112 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional”. Sintetizando os requisitos para progressão, temos: • Cumprimento de 1/6 da pena (na generalidade dos crimes); • Cumprimento de 2/5 da pena (se primário em crime hediondo ou assemelhado); • Cumprimento de 3/5 da pena (se reincidente em crime hediondo ou assemelhado). A vedação da progressão por salto A característica fundamental do sistema penitenciário brasileiro é a progressividade de regime e sempre a ordem deve ser observada, pois é vedada a progressão por salto. As penas possuem 3 regimes para cumprimento da pena que são: • Fechado; • Semiaberto; • Aberto. É obrigatório respeitar essa ordem. Posta assim a questão, para a obtenção da progressão, o condenado que cumpre pena de regime fechado não poderá progredir diretamente para o regime aberto, pois, antes, deverá cumprir no regime semiaberto o tempo de pena necessário. Como se vê, a progressão por salto não é permitida, ou seja, passar do regime mais rigoroso para o mais brando sem passar pelo regime intermediário. A Súmula nº 491 do STJ (Superior Tribunal da Justiça) diz: “É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional". EXECUÇÃO PENAL Da regressão Regressão, ao contrário da progressão, é a transferência do condenado para regime mais rigoroso, ou seja, do regime aberto para semiaberto ou semiaberto para fechado (Artigo 118, LEP). Assim, como não se admite a progressão por salto, a regressão também deverá ser escalonada, vedada sua efetivação per saltum. A progressão pressupõe a seguinte ordem: • Regime fechado; • Regime semiaberto; • Regime aberto. Já a regressão determina a ordem inversa: • Regime aberto; • Regime semiaberto; • Regime fechado. Da detração O regime inicial de cumprimento da pena sofre ainda a influência da detração penal (Artigo 42, do CP), que é o desconto das prisões provisórias, temporárias, administrativa e de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, na pena aplicada, devendo ser considerada a “pena líquida” quando da imposição do regime. A permissão de progressão de regime nos crimes hediondos Em março de 2014, o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu possibilidade de progressão de regime para crimes hediondos, em julgamento do HC nº 82959, ajuizado em 2006. EXECUÇÃO PENAL Na decisão, o Supremo declarou inconstitucionalo § 1º do Artigo 2º da Lei nº 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos), que proibia a progressão. A Corte usou o argumento de que, embora o Artigo 52, inciso X, da Constituição, estabeleça que o Senado deva suspender a execução de dispositivo legal ou da íntegra de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF, as decisões da Corte, ao longo dos anos, têm-se revestido de eficácia expansiva, mesmo quando tomadas em controvérsias de índole individual. Súmula Vinculante nº 26 do STF: “para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do Artigo 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990”. Portanto, bastou a sentença do STF declarando a inconstitucionalidade do dispositivo sem haver a necessidade da manifestação do Congresso Nacional para declará-lo. A Súmula nº 471 do STJ: “Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no Artigo 112 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional”. A permissão de progressão de regime nos crimes hediondos Para o preso que tiver várias condenações em processos distintos ou no mesmo processo, o regime de cumprimento será o que resultar da soma dessas penas (Artigo 111 da LEP, caput). Sobrevindo nova condenação durante o cumprimento de uma pena, a determinação do regime será feita através da soma do restante da que está sendo cumprida com a nova condenação (Artigo 111, par. único, LEP). EXECUÇÃO PENAL Havendo várias condenações por concurso formal (Artigo 70, CP) ou crime continuado (Artigo 71 do CP) essas penas deverão ser unificadas para fixação do regime prisional. No que concerne à hipótese de um delinquente cometer vários crimes em evidente situação de continuidade delitiva (Artigo 71, CP), não raras vezes são instaurados inquéritos policiais e processos criminais um para cada crime (distintos), quando o correto é a unidade de processo e julgamento para se ter uma denúncia e uma única sentença, salvo hipótese de aplicação do Artigo 80 do CPP. Por consequência, haverá condenação em cada um dos processos e, então, em sede de execução penal, será preciso proceder à unificação das penas a fim de se ver quantificadas em ajuste com a previsão do Artigo 71 do CP, pois, do contrário, será aplicada a regra do concurso material (Artigo 69 do CP) com a soma das penas, o que resultará em enorme prejuízo ao executado (Artigo 111 da LEP). Não se pode deixar de frisar que o limite de cumprimento de pena é de 30 anos, conforme prevê o Artigo 75 do CP. No entanto, tal limite em uma pena unificada não é parâmetro ou base de cálculo para os demais direitos em sede de execução penal, como se verifica na Súmula nº 715 STF: "A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo Artigo 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução”. Todos os benefícios (progressão de regime, livramento condicional, por exemplo) serão calculados com base no total da pena imposta (total) e não sobre o limite de 30 anos. EXECUÇÃO PENAL Das conversões A conversão consiste na substituição de uma sanção por outra no curso da execução. Artigo 180 da LEP: “A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que: I. O condenado a esteja cumprindo em regime aberto; II. Tenha sido cumprido pelo menos 1/4 da pena; III. Os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável”. A conversão, entretanto, continua condicionada à satisfação de 3 requisitos objetivos: • Que a pena privativa de liberdade aplicada, seja ela de que natureza for (reclusão, detenção ou prisão simples), não seja superior a 4 anos; • Que ela esteja sendo cumprida em regime aberto (desde o início ou em razão de progressão); • Que o executado tenha cumprido pelo menos 1/4 da pena (observada eventual detração e/ou remição). Referências MARCÃO, Renato. Curso de execução penal. São Paulo: Saraiva. 2014. MARQUES, José Frederico. Tratado de direito penal. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de direito penal. 17. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1. MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução penal. 9. ed. São Paulo: Atlas. EXECUÇÃO PENAL NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 2007. REALE JÚNIOR, Miguel. Instituições de direito penal – parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 2003. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2003. Exercícios de fixação Questão 1 Após analisar cada uma das questões abaixo, verifique se elas são verdadeiras ou falsas: I – A LEP normatiza não só os direitos, mas também os deveres dos apenados que deverão cumprir sob pena de sofrerem punições disciplinares. II – Não se aplica aos presos provisórios, em nenhuma hipótese, as regras disciplinares impostas aos condenados definitivos. III – As faltas disciplinares, previstas na LEP, são classificadas em leve, média e grave. IV – No que concerne às condutas ensejadoras de falta grave no cumprimento de pena privativa de liberdade, a fuga é considerada uma falta grave. V – O preso ter em sua posse aparelho telefônico estará enquadrado em falta média. a) F-V-V-F-F b) V-V-V-F-V c) F-F-V-V-F d) V-F-V-V-F e) V-F-V-V-V EXECUÇÃO PENAL Questão 2 Aquele preso liberado pelo prazo de 1 ano, a contar da saída do estabelecimento ou em benefício do livramento condicional, é denominado: a) Preso temporário b) Preso provisório c) Egresso d) Anistiado e) Primário Questão 3 Analise as assertivas abaixo: I – A pena possui 4 espécies, que são: privativa de liberdade, restritiva de direitos, repreensão e multa. II – Segundo a função preventiva, a pena tem como finalidade evitar a prática de delitos intimidando os delinquentes. III – Pelo sistema vicariante ou unitário, aplica-se somente uma das sanções: pena (PPL / PRD) ou medida de segurança. IV – Quanto à pena de detenção, inicialmente, o condenado cumprirá em regime fechado. V – Será o juiz da execução quem determinará o regime inicial da execução (fechado, semiaberto ou aberto). a) V-F-F-F-F b) F-F-V-V-F c) F-V-V-F-V d) F-V-V-F-F e) F-V-F-V-V EXECUÇÃO PENAL Questão 4 Após analisar cada uma das questões abaixo, verifique se elas são verdadeiras ou falsas: I – Colaborar com a ordem na prisão significa praticar a observância do rol dos deveres do preso. II – As faltas leves serão punidas com repreensão. III – Ao preso que apresentar bom comportamento poderão ser concedidas regalias. IV – A LEP não é um mecanismo para reeducar preso, e sim castigá-lo para que não volte a cometer crimes. V – Pelo Princípio da Reabilitação Social, o Estado deve orientar e preparar o retorno do preso ao convívio social. a) F-F-V-F-V b) V-V-V-F-F c) V-V-V-F-V d) F-V-F-F-V e) V-V-F-F-V Questão 5 Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta. I - Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. II - As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado. III - É vedado o emprego de cela escura. IV - São permitidas as sanções coletivas.
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