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AULA 5 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A LIBERDADE

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A LIBERDADE
			 
 Prof. Marcelo José Caetano
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Podemos dizer o que quisermos. Estamos num país livre. Usamos e ouvimos esta expressão com demasiada freqüência para que possamos deter-nos e raciocinar sobre o seu significado; tomamo-la como óbvia, explanatória em si mesma, não levantando problemas nem ao nosso entendimento nem aos outros. Em certo sentido, a liberdade é como o ar que respiramos. Não nos perguntamos o que é este ar, não perdemos tempo a discutí-lo, a argumentar sobre ele, a pensar nele. Isto é, a menos que estejamos em uma sala apinhada e abafada, onde seja difícil respirar. (BAUMAN, Zygmunt. A liberdade. Lisboa: Editorial Estampa, 1989. p. 9). 
PONTO DE PARTIDA
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Todos os homens são, necessariamente, iguais se não tivessem precisões. A miséria que avassala a nossa espécie subordina o homem ao homem. O verdadeiro mal não é a desigualdade, mas a dependência. Pouco importa chamar-se o homem Sua Alteza ou Sua Santidade. Duro porém é servir um ao outro. (Voltaire - Diconário Filosófico).
1ª. REFLEXÃO
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“O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência.” (Marx, Karl. Contribuição à crítica da economia política – introdução). – A produção da vida material e a determinação da consciência.
2ª. REFLEXÃO
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“Muitos pereceram convictos de que era preferível morrer na luta contra a opressão do que viver sem liberdade. Essa morte era a mais alta afirmação de sua individualidade. A história pareceu provar ao homem que era possível governar-se a si mesmo, tomar sua próprias decisões e pensar e sentir como acreditava ser conveniente. A expressão plena das potencialidades do homem parecia ser a meta que o desenvolvimento social conquistava rapidamente. Os princípios do liberalismo econômico, a democracia política, a autonomia religiosa e o individualismo se fizeram o anelo da liberdade e, ao mesmo tempo, pareceram aproximar a humanidade de sua plena realização. O homem venceu a dominação da natureza [...], sacudiu a dominação da Igreja e do Estado absolutista. A abolição da dominação exterior parecia ser uma condição não somente necessária, mas também suficiente para alcançar o objetivo desejado: a liberdade individual.” FROMM, Erich. El miedo a la libertad. Buenos Aires. Paidós. 1989. p. 27.
3ª. REFLEXÃO
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Liberdade e determinismo parecem ser pólos opostos e indissociáveis, pontas de uma corda esticada sobre a qual o homem precisa andar. Contudo, será que é mesmo assim? Devemos pensar sobre a liberdade ou a ausência de liberdade do homem nestes termos? Não é fácil demonstrar que somos livres. Contudo, não é menos difícil admitir que a natureza humana se vê submetida exclusivamente nos limites de determinações que impedem o livre-arbítrio.
LIBERDADE E DETERMINISMO
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O homem é livre ou não é?
O que é a liberdade como experiência humana? 
É uma experiência idêntica, independente do tipo da cultura em que a pessoa vive, ou difere de acordo com o grau de individualismo atingido em uma determinada sociedade? 
Por que a liberdade é, para muitos, um objetivo cobiçado e, para outros, uma ameaça? 
QUESTÕES SOBRE A LIBERDADE
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É livre quem tem em si mesmo o princípio para agir ou para não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de não agir. A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma ou para ser autodeterminada. É pensada, também, como ausência de constrangimentos externos e internos, isto é, como uma capacidade que não encontra obstáculos para se realizar, nem é forçada por coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por nada ou por ninguém.
CONCEPÇÕES SOBRE A LIBERDADE – LIBERDADE ABSOLUTA
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A totalidade é livre porque se põe a si mesma na existência e define por si mesma as leis e as regras de sua atividade; e é necessária porque tais leis e regras exprimem o que ela é e faz. Liberdade não é escolher e deliberar, mas agir ou fazer alguma coisa em conformidade com a natureza do agente que, no caso, é a totalidade.
CONCEPÇÕES SOBRE A LIBERDADE – LIBERDADE E TOTALIDADE
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(A terceira concepção da liberdade) introduz a noção de possibilidade objetiva. O possível não é apenas alguma coisa sentida ou percebida subjetivamente por nós, mas também e sobretudo alguma coisa inscrita no coração da necessidade, indicando que o curso de uma situação pode ser mudado por nós, em certas direções e sob certas condições. A liberdade é a capacidade para perceber tais possibilidades (as condições objetivas que permitem o livre-arbítrio) e o poder para realizar aquelas ações que mudam o curso das coisas, dando-lhes outra direção ou outro sentido.
CONCEPÇÕES SOBRE A LIBERDADE – AS CONDIÇÕES OBJETIVAS
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“El problema de la libertad es un problema dialéctico entre la negación y la afirmación, que son necesarias ante cada elección y decisión en nuestras vidas. La relación con nosotros mismos y la relación con los otros traza límites difusos entre el ser para mí y el ser para o por los otros. Cuánto de lo que soy depende de mi autoafirmación y cuánto depende de la negación que me impone la cultura y la sociedad para dejar de ser lo que soy y pasar a ser otro.” OLLEROS, Angelina Uzín. El concepto de libertad en Erich Fromm. In: http://www.monografias.com/trabajos912/el-concepto-libertad/el-concepto-libertad2.shtml, acesso em 25 de agosto de 2011.
O problema da liberdade é um problema dialética entre a negação e a afirmação, que são necessárias diante de cada eleição e decisão em nossas vidas. A relação de cada um consigo mesmo e a relação com os outros traça limites difusos entre o ser para mim e o ser para ou pelos outros. Quanto do que sou depende de minha auto-afirmação e quanto depende da negação que me impõe a cultura e a sociedade para deixar de ser o que sou e passar a ser outro.
O MEDO À LIBERDADE – ERICH FROMM
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A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem não teria mais liberdade, porque todos também teriam tal poder. MONTESQUIEU, Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (col. Os Pensadores).
MONTESQUIEU – DO ESPÍRITO DAS LEIS
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O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se em ferros. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles. Como adveio a mudança? Ignoro-o. O que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão. (...) A ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. Tal direito, no entanto, não se origina na natureza: funda-se, portanto, em convenções. ROUSSEAU, J-J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (col. Os Pensadores).
ROUSSEAU – DO CONTRATO SOCIAL
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O exercício da liberdade humana implica a situação em que o homem se encontra e o confronto com a liberdade dos outros (CORBISIER, Roland.)
LIBERDADE E SITUAÇÃO
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Para Bakunin, o homem só realiza sua liberdade individual ou sua personalidade completando-se com todos os indivíduos que o cercam e somente graças ao trabalho e a força coletiva (GUÉRIN, Daniel).
LIBERDADE E ALTERIDADE
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Um homem é tanto mais livre quanto mais responsável for (Proudhon).
LIBERDADE E RESPONSABILIDADE
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“A independência que cada um possui para fazer escolhas é sua espontaneidade: cada pessoa é o princípio de suas ações. A razão de cada ação é dada por todas as minhas escolhas anteriores, por tudo o que fiz, então jamais posso ser indiferente às opções que se apresentam para mim no momento d e escolher e agir”. (LACERDA, Tessa Moura. Leibniz e o exercício
da liberdade. In.: Cult 21)
LIBERDADE E ESPONTANEIDADE
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“Os homens de hoje tornam-se cada vez mais conscientes da dignidade da pessoa humana e, cada vez em maior número, reivindicam a capacidade de agir segundo a própria convicção e com liberdade responsável, não forçados por coação, mas levados pela consciência do dever. Requerem também que o poder público seja delimitado juridicamente, a fim de que a honesta liberdade das pessoas e das associações não seja restringida além do que é devido.” (Declaração Dignitatis Humanae sobre a liberdade religiosa)
LIBERDADE E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
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REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. A liberdade. Lisboa: Editorial Estampa, 1989. p. 9.
FROMM, Erich. Conceito marxista do homem. 4ª. ed., Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. 223 p.
FROMM, Erich. El miedo a la libertad. Buenos Aires: Paidós. 1989. p. 27.
HUISMAN, Denis. Dicionário dos Filósofos. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
LACERDA, Tessa Moura. Leibniz e o exercício da liberdade. In.: Cult 21.
MARX, Karl. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (col. Os Pensadores).
MONTESQUIEU, Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (col. Os Pensadores).
OLLEROS, Angelina Uzín. El concepto de libertad en Erich Fromm. In: http://www.monografias.com/trabajos912/el-concepto-libertad/el-concepto-libertad2.shtml, acesso em 25 de agosto de 2011.
ROUSSEAU, J-J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (col. Os Pensadores).

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