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Apostila abuso de autoridade

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PROF. JUENIL ANTONIO DOS SANTOS
DISCIPLINAS: DIREITO PENAL IV 
E TÓPICOS DE DIREITO PENAL
	Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965.
	
	Regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei.
Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79)
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89)
Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
art. 7º recebida a representação em que for solicitada a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar competente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
§ 2º não existindo no município no Estado ou na legislação militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão aplicadas supletivamente, as disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União).
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da autoridade civil ou militar.
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à autoridade administrativa ou independentemente dela, poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsabilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada.
Art. 10. Vetado
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Processo Civil.
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a representação da vítima do abuso.
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e julgamento.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:
a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio de duas testemunhas qualificadas;
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as verificações necessárias.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento.
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a representação poderá conter a indicação de mais duas testemunhas.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia requerer o arquivamento da representação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa da representação ao Procurador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará, desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente. dentro de cincodias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita por mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da representação e da denúncia.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apresentada em juízo, independentemente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso previsto no artigo 14, letra "b", requerimentos para a realização de diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispensáveis tais providências.
Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o representante do Ministério Público ou o advogado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
Parágrafo único. A audiência somente deixará de realizar-se se ausente o Juiz.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência.
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pública, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do Juiz.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sentença.
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência e 77º da República.
H. CASTELLO BRANCO 
Juracy Magalhães
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 13.12.1965
Lei nº 4.898/65 – ABUSO DE AUTORIDADE
Os crimes de abuso de autoridade estão previstos nos artigos 3º e 4º da lei nº 4.898/65. Há crítica ao termo abuso de autoridade, pois, na verdade a lei estaria tratando de crimes de abuso de poder (este sim, refere-se a relações de direito público), pois, abuso de autoridade é relativo a relações de direito privado (vide art. 61, inciso II, alíneas f e g do CP) e, o art. 5º demonstra que a referida lei refere-se a relações de direito público.
Os delitos previstos na lei nº 4.898/65 são de ação penal pública incondicionada, muito embora o art. 2º da mesma lei utilize a expressão “direito de representação”, pois, esta não é condição específica de procedibilidade da ação. A lei nº 5.249/67 determina que o MP possa iniciar ou prosseguir na ação penal, independentemente de representação do ofendido, incide aqui o princípio da oficialidade.�
Segundo o melhor entendimento, o direito de representação previsto no art. 2º da lei nº 4.898/65 tem natureza jurídica de notitia criminis (não se aceitando a natureza de delatio criminis).
O art. 6º trata das três formas de responsabilidade as quais o agente estará sujeito: administrativa, civil e penal.
Por não haver previsão de prescrição na lei 4.898/65, aplica-se o disposto no CP. Quanto à pena de multa, aplica-se o art. 114 do CP; quanto à pena privativa de liberdade, o art. 109 do CP; com relação à pena restritiva de direitos, por não haver previsão nem mesmo no CP, a corrente majoritária entende que a prescrição ocorrerá no prazo mínimo (2 anos), até porque, se a pena privativa de liberdade, que é mais grave, prescreve nesse prazo, não há porque haver prescrição maior para pena menos grave.
O STJ já pacificou entendimento no sentido de que os crimes de abuso de autoridade são de menor potencial ofensivo, pois, mesmo havendo previsão de procedimento especial (art. 61 da lei 9.099/95), a lei 10.259/01, que trouxe a lume o novo conceito de infração de menor potencial ofensivo, não exigiu a ausência de previsão de procedimento especial.
A lei 4.898/65 apresenta dupla objetividade e dupla subjetividade jurídica, isto é, tem como objetos jurídicos tutelados o regular funcionamento da Administração Pública e os direitos e garantias individuais previstos constitucionalmente; e como sujeitos passivos, mediatamente, o Estado – Adm. Pública e, imediatamente, a vítima do abuso.
O sujeito ativo dos delitos previstos na lei 4.898/65 somente pode ser sujeito investido de autoridade. O crime de abuso de autoridade é crime próprio. É preciso que o fato de o sujeito ativo ser autoridade é elementar do crime e, por isso, com base no art. 30 do CP, se um co-autor ou partícipe tem conhecimento de que o autor é autoridade, mesmo que aquele não o seja, responderá pelo delito de abuso.
Obs.: Se um indivíduo passa em concurso público, mas, ainda não tomou posse, não pode ser autor de crime de abuso de autoridade, salvo nos casos de concurso de agentes.
Os crimes da lei 4.898/65 somente são punidos a título de dolo.
Como o CPM não prevê a conduta de abuso de autoridade como crime militar, se uma autoridade praticar delito dessa natureza será julgada na justiça comum (vide verbete da Súmula 172 do STJ).
Dos crimes em espécie
Art. 3º - As condutas descritas nas alíneas deste artigo constituem crimes de atentado, isto é, não admitem a tentativa, pois, esta já se caracteriza como crime consumado.
Liberdade de locomoção – não é necessário prender a vítima ilegalmente, basta qualquer limitação ao direito de ir e vir, embora a mais comum seja a prisão ilegal. 
Inviolabilidade de domicílio – A própria Constituição Federal prevê a inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XI) – vide art. 150, § 3º do CP e art. 303 do CPP (crime permanente).
Violação de correspondência – Há discussão com relação ao preso. De acordo com a doutrina, as correspondências do preso podem ser violadas desde que haja fundada suspeita ou desde que o preso esteja sob investigação.
Incolumidade física do indivíduo – Há corrente entendendo que esta alínea revogou o crime de violência arbitrária (art. 322 do CP). 
Existem situações em que o atentado contra a incolumidade física fica absorvido pelo crime de tortura. Neste caso haverá subsidiariedade.
Havendo lesão corporal, surgem três correntes: a) a majoritária, adotada pelo STF, entende que é caso de concurso material, pois, anteriormente, o preceito secundário do art. 322 do CP dava a entender que, se houvesse lesão corporal, haveria concurso material com a mesma, ainda que houvesse uma única conduta; b) a segunda corrente entende que é caso de concurso formal, pois, há, apenas, uma conduta; c) por fim, há entendimento isolado no sentido de que o delito do art. 3º, i lei 4.898/65 é absorvido pela lesão corporal, sendo esta, agravada pelo art. 61, II, g doCP. Este último entendimento é de Damásio E. de Jesus.
Se militar em serviço pratica crime do art. 3º, i da lei 4.898/65 em concurso com lesão corporal, haverá separação dos processos e a lesão passará a ser da competência da Justiça Militar.
Atualmente entende-se que, se em um mesmo contexto, o agente pratica várias condutas previstas no art. 3º da lei 4.898/65, responde por um único delito, mas, dentre as condutas praticadas, escolhe-se a mais grave para caracterizar o crime, devendo-se, sempre, observar se uma conduta não é meio para a prática de outra (ex..: violação de domicílio é meio para efetuar prisão ilegal).
Art. 4º - Este artigo admite, em tese, a tentativa, desde que o tipo seja plurissubsistente (que se perfaz com vários atos).
Há entendimento de que o art. 350 do CP foi tacitamente revogado pelo art. 4º, alínea a, da lei 4.898/65. Entretanto, o parágrafo único, inciso I, do art. 350 do CP não tem similar na lei de abuso de autoridade; quanto ao inciso II, foi revogado pelo art. 4º, i; o inciso III foi revogado pelo art. 4º, b; o inciso IV prevê regra genérica que não tem similar na lei 4.898/65. Em razão do acima exposto, surgiram duas correntes: uma delas entendendo que, quanto aos incisos do parágrafo único, do art. 350, do CP que não têm similares na lei 4.898/65, não houve revogação; outra entende que a lei 4.898/65, por ser posterior ao CP e tratar da matéria do art. 350 deste estatuto de forma diversa, provocou sua total revogação. Porém, não há entendimento majoritário.
Alínea “a” – Se a vítima for menor de 18 anos, aplica-se o art. 230 do E.C.A. em razão do princípio da especialidade;
Alínea “b” – Quando a vítima estiver presa ou sujeita medida de segurança e o agente tiver dolo de causar sofrimento, haverá crime de tortura (art. 1º, §1º da lei 9.455/97); se a vítima for menor de 18 anos, aplica-se o art. 232 do E.C.A.
Alínea “c” – Deve haver o dolo de não comunicar a prisão ao juiz competente; se o sujeito passivo for menor de 18 anos, aplica-se o art. 231 do E.C.A.
Alínea “d” – Em caso de sujeito passivo menor de 18 anos, aplicação do art. 234 do E.C.A.
Alínea “e” – Deixar a autoridade de arbitrar fiança, quando permitido fazê-lo;
Alínea “f” – Como atualmente não há mais permissão em lei para cobrança de qualquer taxa dentre as expressas nessa alínea, entende-se que a mesma foi revogada. Assim, havendo tal cobrança, aplica-se o art. 316 ou o art. 317 do CP;
Alínea “g” – Assim como a alínea “f”, entende-se que a alínea “g” não vige mais, pois, não há lei que preveja taxa de carceragem. Aplica-se o art. 316 ou o art. 317 do CP;
Alínea “h” – Se a autoridade lesa a honra ou o patrimônio de pessoa física ou jurídica, como por exemplo, a conduta do fiscal que aplica multa indevida, haverá configuração de crime de abuso de autoridade na forma desta alínea, do art. 4º, da lei 4.898/65;
Alínea “i” – Trata do prolongamento do tempo de prisão de forma ilegal quando não é emitido o alvará de soltura em tempo hábil.
Obs.: lembramos que é necessário sempre que a conduta seja dolosa, além disso, quanto à alínea “i” é preciso observar que, nos casos de prisão temporária, a doutrina entende que não é necessário o alvará de soltura, pois, o § 7º, do art. 2º, da lei 7.960/89, estabelece que, decorrido o prazo estabelecido, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade. 
� O artigo 2º tornou-se letra morta, pois em face do princípio da oficialidade, o Ministério Público tem o dever de apurar qualquer crime, não se exigindo nenhum requisito para que o ofendido ou qualquer do povo lhe encaminhe a notitia criminis. Em outras palavras, com ou sem representação, ou ainda que esta não preencha os requisitos enumerados pela lei, o órgão do Ministério Público terá o dever de apurar os fatos, promovendo a competente ação penal, independentemente da vontade da vítima. (Capez, Fernando. Curso de Direito Penal, vol. 4, p.7)

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