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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE DIREITO
DIREITO PENAL IV
 PROFESSOR: JUENIL ANTONIO DOS SANTOS
Lei nº 9.455/97 – TORTURA
	
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
CONCEITO DE TORTURA
Tortura é a inflição de castigo corporal ou psicológico violento, por meio de expedientes mecânicos ou manuais, praticados por agentes no exercício de funções públicas ou privadas, com intuito de compelir alguém a admitir ou omitir fato lícito ou ilícito, seja ou não responsável por ele. �
NATUREZA DOS CRIMES
Todos os crimes previstos na lei 9.455/97 são equiparados aos crimes hediondos e são de ação penal pública incondicionada. Aplicar-se-á subsidiariamente a lei nº 8.072/90.
SUJEITO ATIVO
Não são crimes próprios nem funcionais, pois, podem ser cometidos por qualquer pessoa. No entanto, existe corrente minoritária que entende que a lei 9.455/97 é inconstitucional, pois, de acordo com o art. 5º, §3º da CF/88, os Tratados Internacionais sobre tortura ratificados pelo Brasil foram recepcionados com status de norma constitucional e, naquelas normas o sujeito ativo do crime de tortura só pode ser funcionário público. Na verdade a lei 9.455/97 não impede que funcionário público seja sujeito ativo do crime de tortura, apenas amplia a possibilidade da referida subjetividade ativa. Além disso, majoritariamente, entende-se que Convenção ou Tratado Internacional ingressa no ordenamento jurídico brasileiro como norma ordinária e, assim, teriam sido revogados pela lei 9.455/97 que tratou do mesmo assunto e é mais recente. Para reforçar o entendimento majoritário menciona-se o fato de que existe previsão de aumento de pena quando o crime de tortura é praticado por funcionário público (art. 1º, § 4º, I, lei 9.455/97) e, se fosse crime funcional não haveria necessidade dessa majorante. 
SUJEITO PASSIVO
O sujeito passivo do crime de tortura pode ser qualquer pessoa. 
ELEMENTO SUBJETIVO
Os crimes de tortura são puníveis, somente, a título de dolo. Este dolo envolve um sentimento de sadismo, de prazer ao fazer o torturado sofrer, diferenciando-se do dolo no crime de maus-tratos (art. do CP), pois, neste o dolo é de corrigir, de educar. Porém, há entendimento no sentido de que o que diferencia o crime de maus-tratos do crime de tortura é a intensidade do sofrimento, do mau tratamento.
DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Art. 1º, I, Lei 9.455/97:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
        I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
        a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
        b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
        c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
        
Tortura prova – Busca-se obter informação, declaração ou confissão.
Tortura como crime meio – Tem o fim de provocar uma ação ou omissão de natureza criminosa, não se aplicando em caso de contravenção. O autor da tortura responderá por este crime em concurso material (art. 69 do CP) com o delito que forçou a vítima a praticar. Neste caso a vítima que pratica o delito pode ser isenta de pena por inexigibilidade de conduta diversa ou coação irresistível. É um caso de autoria mediata.
Tortura discriminatória – Praticada em razão de discriminação racial ou religiosa. Qualquer outra forma de discriminação (sexo, idade etc.) que venha a ser motivo da tortura não caracterizará este tipo de crime.
Art. 1º, II, lei 9.455/97
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
        Pena - reclusão, de dois a oito anos.
A vítima deve estar sob a guarda, autoridade ou poder do torturador; o sofrimento deve ser intenso. Se o sofrimento não for intenso, não haverá delito do inciso II, do art. 1º. A tortura, aqui, é aplicada como penalidade ou castigo.
Art. 1º, § 1º , lei 9.455/97
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Se a conduta do agente for prevista em lei, o fato será atípico. Não é elementar deste tipo o uso de violência ou grave ameaça, embora seja comum a utilização da vis corporalis ou da vis compulsiva.
Art. 1º, § 2º, lei 9.455/97
               § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
É a chamada tortura por omissão. Ocorre quando quem tem o dever de impedir a tortura não o faz. É crime omissivo próprio. Neste caso, não se aplica o art. 13, § 2º do CP, pois, a omissão é própria e o agente responderá especificamente pelo art. 1º, § 2º da lei 9.455/97. Também responde por este crime aquele que se omite em apurar a prática de tortura. Não se exige nenhum elemento subjetivo do tipo como, por exemplo, sentimento pessoal como no crime de prevaricação (art. 319 CP).
Art. 1º, § 3º, lei 9.455/97
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
É uma qualificadora que, segundo o entendimento majoritário, não se aplica aos casos de tortura por omissão (art. 1º, § 2º, da lei 9.455/97).
A qualificadora prevista no § 3º, do art. 1º, da lei 9.455/97 faz cominação de delitos preterdolosos, isto é, o resultado só pode advir a título de culpa, pois, caso contrário, poderá haver concurso, se houver dolo de torturar e de lesionar ou matar; ou haverá apenas lesão corporal ou morte, se a tortura for apenas meio para a obtenção do resultado. Nesse caso, haverá o que parte da doutrina classifica como progressão criminosa, mas, a tortura poderá funcionar como qualificadora do crime-fim.
Art. 1º, § 4º, lei 9.455/97
               § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
        I - se o crime é cometido por agente público;
        II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente;
       II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
       III - se o crime é cometido mediante seqüestro.
É uma causa especial de aumento de pena. Em caso de vítima gestante, este estado deve entrar na esfera de conhecimento do agente; se o autor pratica seqüestro com o fim de torturar a vítima, aquele crime é absorvido pela tortura (crime-meio), porém, se o agente seqüestra para torturar e não pratica tortura, responderá pelo seqüestro em razão do princípio da subsidiariedade.
Art. 1º, § 5º, lei 9.455/97
        § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Prevê os efeitos da condenação. O primeiro efeito da condenação só se aplica ao funcionário público; o segundo efeito aplica-se a qualquer pessoa. Há entendimento de que, quanto a este segundo efeito, deve haver motivação na sentença, outros entendem que é de aplicação automática (não há corrente majoritária).
A reabilitação não permite o retorno ao cargo perdido e não faz cessar a interdição, pois, esta pode perdurar pelo dobro do tempo da pena. Há quem entenda que o termo a quo da interdição é o momento em que o condenado é colocado em liberdade, pois, teoricamente, só a partir daí poderia prestar concurso público, mas, há quem entenda que o termo a quo é o trânsito em julgado da SPC.
Art. 1º, § 6º, lei 9.455/97
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
A tortura é crime insuscetível de fiança, anistia ou graça, mas, não se veda a liberdade provisória. Também não se veda o indulto. Entretanto,o art. 5º , XLIII, da CF/88, para a maioria dos autores, veda a graça em lato sensu da qual são espécies a graça stricto sensu e o indulto. Assim, vedado estaria também o indulto nos casos de tortura. Também não se admite a comutação de penas, também conhecida como indulto parcial.
Art. 1º, § 7º, lei 9.455/97
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Salvo nos casos de tortura por omissão, o regime inicial será o fechado. Nos casos do § 2º, o regime inicial pode ser qualquer um daqueles previstos no art. 33, § 2º do CP. A expressão “inicialmente fechado” significa que, aos crimes de tortura, aplica-se a progressão de regime.
É majoritário o entendimento de que é inadmissível a concessão do sursis nos crimes de tortura, uma vez que o regime inicial deverá ser o fechado, salvo nos casos de tortura por omissão. Nesta modalidade admite-se, também, a suspensão condicional do processo (art. 89, lei 9.099/95) desde que não incida causa de aumento de pena dentre as previstas no §4º, do art. 1º.
Art. 2º , lei 9.455/97
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
        
		Sendo a vítima brasileira ou, entrando o agente em território brasileiro, ainda que o crime seja cometido fora do território nacional, pode ser aplicada a lei 9.455/97. É um caso de extraterritorialidade.
Art. 4º , lei 9.455/97
Revogou o art. 233 da lei 8.069/90 (ECA).
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
        
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
� Uadi Lammêgo Bulos in Capez, Fernando. Curso de Direito Penal, vol. 4, p.668

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