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Clientela Clinicas-escola Psicologia

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Introdução
Na última década tem sido cada vez mais evidenciada a preocupação dos serviços de
saúde mental, principalmente, os ligados às clínicas-escola e instituições de ensino, na
busca da caracterização de sua clientela, visando a direcionar suas modalidades de aten-
dimento. A clínica-escola oferece atendimento gratuito ou semigratuito para a comuni-
dade, constituindo-se em um local onde o estudante, ou o profissional em formação,
recebe treinamento e orientação na forma de supervisões dos atendimentos clínicos,
com o objetivo de capacitá-lo para a prática e a reflexão do exercício profissional.
111
Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
Caracterização da clientela da 
clínica-escola de psicologia da 
Universidade São Francisco
Rita Aparecida Romaro
Universidade São Francisco
Claudio Garcia Capitão
Universidade São Francisco
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Resumo: Objetivou-se caracterizar a clientela que buscou atendimento psicológico na clí-
nica-escola da Universidade São Francisco – Campus de São Paulo, entre 1995 e 2000, em
função do gênero, faixa etária, escolaridade e adesão ao tratamento, utilizando-se uma
metodologia retrospectiva documental, de consulta aos prontuários clínicos e às fichas de
triagem e um levantamento das queixas apresentadas pelas crianças e adolescentes. Dos
590 pacientes atendidos nesse período, 42% pertenciam à faixa etária de 4-14 anos, 7,5%
de 15-19 anos e 50,5%, acima de 20 anos. As principais implicações deste estudo dirigem-
se para a criação de serviços específicos que atendam à demanda por atendimento psicoló-
gico relativa às diversas faixas etárias, especialmente a adolescência e a terceira idade.
Palavras-chave: Caracterização da clientela; Clínica-escola; Atendimento psicológico;
Triagem psicológica; Saúde mental. 
CHARACTERIZATION OF THE CLIENTELE OF THE SCHOOL-CLINIC OF PSYCHO-
LOGY OF THE UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO.
Abstracts: The research had as aim to give characteristics on the patients who had psycho-
logical assistance in the school-clinic at the São Francisco University – São Paulo Campus,
during the period from 1995 to 2000, according to their gender, age group, educational level,
adhesion to the treatment to the patients who had the service and complains present for chil-
dren and teenagers It was carried out through a documented retrospective methodology,
done by consulting the clinical files and the selected records. From the 590 patients, 42%
were from the group aged between 4 and 14 years old, 7,5% between 15 and 19 years old
and 50,5% were above 20 years old. The main points in this research are concentrated on
the creation of specific services, which will cope with the demand on the psychological assis-
tance field related to the diverse age groups, especially the teenagers and elderly people.
Keywords: Clients characterization; School-clinic; Psychological service; Patient`s selec-
tions; Mental health. 
Deparamo-nos então com um objetivo multifacetado e complexo, atender de forma
mais eficaz possível à comunidade que nos procura, e, ao mesmo tempo, capacitar o
nosso aluno de forma ética, técnica e conceitual. Profissionais e estagiários são chama-
dos a desempenhar vários e conflitantes papéis simultaneamente: de alunos, de profes-
sores, de supervisores, de pesquisadores e de psicólogos clínicos (Ancona-Lopez, 1995).
Nesse sentido, conhecer as características da população que busca uma clínica-escola
constitui-se em um ponto de partida para o conhecimento e avaliação de sua eficácia e
de suas necessidades, aspectos estes referidos em diversos estudos.
Considerando que a clínica-escola da Universidade São Francisco, Campus de São
Paulo, em seu sexto ano de funcionamento, caracteriza-se por oferecer atendimento gra-
tuito à comunidade, na modalidade de psicoterapia breve para crianças, adolescentes e
adultos, realizado por alunos do 5º ano do curso de Psicologia, sob supervisão, como
única forma de atendimento disponível até o momento, pensamos que seria relevante
procedermos a caracterização da clientela que nos procura. Acreditamos que esse perfil
possibilitará um direcionamento mais eficaz da conseqüente ampliação dos serviços ofe-
recidos em função das necessidades da população a ser atendida e da formação profis-
sional de nosso aluno, bem como a detecção, reflexão e possível modificação diante das
dificuldades inerentes à implantação de qualquer serviço.
Este estudo objetivou caracterizar sociodemograficamente a população que procu-
rou atendimento psicológico na clínica-escola da Universidade São Francisco, Campus de
São Paulo, em seus seis anos de funcionamento, e planejar as modalidades de atendi-
mento mais adequadas às necessidades dessa clientela, visando a um serviço psicológico
e uma formação profissional mais efetivos e abrangentes.
Revisão teórica
Ancona-Lopez (1981) avaliou os serviços de psicologia clínica oferecidos por quatro
clínicas-escola da capital de São Paulo1. Realizou um levantamento da clientela que pro-
curou atendimento nessas clínicas, no ano de 1977, caracterizando-a quanto ao gênero,
à idade, ao nível socioeconômico, à forma como chegou à clínica e às queixas apresen-
tadas. De acordo com seu levantamento, salienta-se: a) predominância dos compareci-
mentos de crianças na faixa etária de 6 a 15 anos, do sexo masculino, por meio do enca-
minhamento da professora, com queixa de insucesso escolar (49,8%), seguido pelo
grupo de mulheres, de 16 a 50 anos, que buscaram espontaneamente o serviço com
queixas de distúrbios de ordem afetiva (35,9%); ambos os grupos caracterizavam-se pelo
baixo nível socioeconômico; b) muitos clientes inscritos para psicoterapia não compare-
ceram ao atendimento quando chamados (31,1%) ou desistiram após o início deste
(23%) ou foram encaminhados para atendimento psicológico em outra instituição após
o inicio do atendimento (11,9%) e apenas 4,6% receberam alta; c) 45,5% dos casos sus-
penderam o atendimento sem que se conhecessem os motivos pelos quais o fizeram e
somente 11,4% esclareceram o motivo.
112
Rita Aparecida Romaro, Claudio Garcia Capitão
Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
1 Clínica Psicológica Objetivo, Clínica Psicológica da PUC/SP, Clínica Psicológica São Marcos da FFCL São Mar-
cos, Clínica Psicológica da USP.
Ancona-Lopez (1983) considera que, para o psicólogo, muitas vezes é difícil delimitar
sua área de competência dentro da própria clínica-escola, aceitando indiscriminadamente
os clientes que lhe são encaminhados; no caso da instituição, ao aceitar o cliente, aceita
que este deveria ter-lhe sido encaminhado, assumindo a responsabilidade pelo caso, o que
nem sempre condiz com a realidade dos serviços oferecidos pela instituição. A mesma
autora, em 1995, caracteriza a triagem como “a porta de entrada” da clínica-escola, sendo
responsável pelo tempo de espera, pelos reencaminhamentos, pelas desistências.
Nos estudos revisados, encontramos o registro da entrevista de triagem como um ins-
trumento documental que possibilita, entre outras coisas, a caracterização da clientela. 
Para Aguirre (1987), a situação de triagem caracteriza-se por ser um atendimento psi-
cológico a uma pessoa em sofrimento, por meio do qual poder-se-á reconhecer uma ou
várias queixas, considerando-se essa etapa como fundamental, tanto em relação ao
cliente, quanto à instituição. 
A definição de estratégias eficientes de intervenção clínica requer um conhecimento
prévio e sistematizado dos motivos da procura apresentados pela clientela que busca
atendimento psicológico em serviços de saúde mental, visando a fornecer: subsídios ao
planejamento e à organização do Serviço no que se refere à adequação de modalidades
de atendimento às necessidades da clientela; informações aos profissionais em formação
acerca dos problemas da clientela; reflexões sobre sua prática; e contribuição para o
conhecimento acumuladoacerca das características da demanda dos pacientes que bus-
cam assistência em serviços de saúde mental (LINHARES et al., 1993).
Santos e Borges (1994), avaliando os serviços oferecidos pelo Centro de Psicologia
Aplicada da FFCLRP-USP, constatam que o objetivo básico desses serviços era fornecer
treinamento ao aluno do curso de Psicologia, possibilitando a atuação do papel profis-
sional na área clínica, sendo a caracterização da clientela e dos serviços oferecidos parte
desse processo. Graminha e Martins (1994) consideram que a sistematização e a análise
das características da população que procura o serviço de atendimento psicológico
infantil ligado ao Centro de Psicologia Aplicada da FFCLRP-USP têm sido relevantes para
avaliar o serviço em relação à demanda.
Abramovay, Minosso e Duarte (1987) apontam o estudo da caracterização da cliente-
la da clínica-escola da OSEC como um importante fator para o redimensionamento das
modalidades de atendimento oferecidas nessa instituição. Tal reflexão também é exter-
nalizada por Santos e Borges (1994), ao analisarem as características da demanda da clí-
nica-escola da FFCLRP-USP. 
Metodologia
Na clínica-escola da Universidade São Francisco, campus de São Paulo, os clientes são
inicialmente entrevistados pela psicóloga responsável pela triagem. Um prontuário, con-
tendo os dados pessoais e a ficha de triagem, é aberto para cada cliente. Posteriormen-
te, os pacientes indicados para psicoterapia breve são chamados para iniciarem o aten-
dimento. 
Os dados foram extraídos dos roteiros de entrevista preenchidos no momento da tria-
gem e da análise dos prontuários, caracterizando-se, portanto, como uma pesquisa des-
Caracterização da clientela da clínica-escola de psicologia da Universidade São Francisco
113Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
critiva quanto a seus objetivos e delineada como retrospectiva documental. No presen-
te estudo foram consideradas as variáveis gênero, idade, escolaridade e adesão ao tra-
tamento para a caracterização dos 590 clientes que passaram pelo serviço de triagem
psicológica no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2000. Analisou-se também as
categorias de queixas apresentadas pelas 248 crianças e 44 adolescentes triados no
mesmo período.
Para a classificação das queixas, utilizaram-se os códigos propostos por Barbosa (1992),
porém reagrupados em 14 categorias: Imaturidade e Atraso do Desenvolvimento (difi-
culdades motoras, de aprendizagem de hábitos rotineiros, de discriminações básicas;
lentidão); Dificuldades Escolares (mau comportamento, mau desempenho, resistência
em ir à escola); Comportamento Agressivo (agressividade/brigas, comportamento des-
cuidado/destrutivo, de rebeldia, revolta, de reclamar de tudo, gosto por coisas violen-
tas); Ansiedade/Insegurança (comportamento de busca de atenção, medo/ansiedade,
roer unhas, fala excessiva, insegurança, medo de doença); Problemas de Conduta (fuga
de casa e/ou escola, comportamento de manipulação, comportamento de mentir, vadia-
gem, roubo, adição a drogas); Queixas Somatoformes (desmaios, cefaléias, bronquite,
dores de estômago, vômitos, renite, dores em geral); Problemas Metabólicos e Neuroló-
gicos; Dificuldades em Lidar com Perdas (ligação excessiva com a família, sentimento de
rejeição, reação diante da perda por morte ou separação); Dificuldade nos Relaciona-
mentos Interpessoais (desobediência/teimosia, egoísmo, alto nível de exigência, falsida-
de, fechado/tímido/quieto, problemas de interação com colegas, comportamento solitá-
rio, sensível/mimado); Dificuldade no Controle dos Impulsos (comportamento agitado e
sem parada, birra, choro excessivo, comportamento dispersivo ou falta de concentração,
irritabilidade, oscilação de humor, nervosismo); Dificuldade nas Relações Familiares (ciú-
mes, medo do pai, dificuldade em relação aos pais/familiares, dificuldades com pais
separados); Comportamento Confuso/Bizarro/Regressivo (confuso, fala sozinho, não fala
nunca, comportamento bizarro, riso sem motivo, comportamento de fantasiar/sonhar
acordado, regressão da fala, chupar dedo/mamadeira); Depressão/Tristeza (sentimento
de inferioridade, comportamento suicida, idéia suicida, depressão); Distúrbio do Sono/
Alimentação/Esfíncteres; Perfeccionismo/Mania de Limpeza.
Considerou-se adesão ao processo psicoterápico os atendimentos que chegaram ao
término estabelecido contratualmente com alta ou encaminhamento interno ou externo.
Resultados e discussão
Os dados obtidos são apresentados de acordo com as variáveis levantadas e analisa-
das por meio do método de ocorrência de freqüência.
A Tabela 1 apresenta a distribuição dos dados segundo as variáveis gênero e ano de
atendimento.
Quanto ao número de atendimentos realizados, observou-se uma maior incidência
de casos nos anos de 1997 (22,2%) e uma certa estabilidade, em torno de 18,3%, nos
anos de 1998 a 2000. Provavelmente, a variação no ano de 1995 deva-se ao início do ser-
viço psicológico oferecido pela clínica-escola, e, no ano de 1996, ao reduzido número de
estagiários que disponibilizaram um menor número de vagas e, conseqüentemente, um
114
Rita Aparecida Romaro, Claudio Garcia Capitão
Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
menor número de triagens. Com a estabilização do serviço, já mais conhecido e com o
aumento do número de estagiários, observou-se uma tendência à estabilidade da
demanda nos últimos três anos. Na busca de atendimentos, predominaram os pacientes
do gênero feminino (341), equivalente a 57,8% dos casos, média esta que tendeu a apre-
sentar-se estável nos seis anos. 
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos pacientes em função do gênero e da faixa
etária.
Caracterização da clientela da clínica-escola de psicologia da Universidade São Francisco
115Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
Ano/Gênero
1995
1996
1997
1998
1999
2000
Total
Feminino
f f%
46 7,8
33 5,6
72 12,2
59 10,0
62 10,5
69 11,7
341 57,8
Masculino
f f%
30 5,1
26 4,4
59 10,0
46 7,8
52 8,8
36 6,1
249 42,2
Total
f f%
76 12,9
59 10,0
131 22,2
105 17,8
114 19,3
105 17,8
590 100
Tabela 1: Distribuição dos pacientes em função do gênero e ano de atendimento.
São Paulo, 2003.
Tabela 2: Distribuição da freqüência de ocorrência dos atendimentos em função do
gênero. São Paulo, 2003.
0-4 anos 5-9 anos 10-14 anos 15-19 anos 20-49 anos 50-80 anos Total
Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc
1995 0 0 1,2 2,1 0,34 1,3 0,85 0,34 5,4 1,3 0 0 7,8 5,1
1996 0 0 0,34 2,1 0,7 1,0 0,85 0 3,5 1,2 0,17 0,17 5,6 4,4
1997 0,17 0,5 1,3 3,4 1,5 2,9 1,0 0,34 6,3 2,9 1,9 0 12,2 10
1998 0,34 0,5 1,7 1,9 0,7 1,9 0,34 0,7 6,3 2,9 0,51 0 10 7,8
1999 0,34 1,0 2,4 4,1 1,7 2,4 0,34 0,34 4,9 0,84 0,84 0 10,5 8,8
2000 0,17 0 0,5 1,3 1,2 1,0 1,4 1,0 7,4 2,3 0,97 0,34 11,7 6
Total 1 2 7,5 14,9 6,1 10,5 4,8 2,7 33,7 11,4 4,4 0,5 57,8 42,2
Apesar de um predomínio de pacientes do gênero feminino, observou-se uma varia-
ção do gênero de acordo com a faixa etária; na infância e início da adolescência foi pre-
dominante a procura de atendimento por parte de pessoas do sexo masculino, o que
praticamente se inverteu a partir dos 15 anos. Dos 590 pacientes, 42% pertenciam à
faixa etária de 0 a 14 anos; 7,5% à de 15 a 19 anos e 50,5% estavam acima dos 20 anos.
Entre 0 e 14 anos foram atendidos 248 pacientes, sendo 65,3% do gênero masculi-
no e 34,7% do gênero feminino, assim distribuídos quanto à faixa etária: até 4 anos,
7,2%; dos 5 aos 9 anos, momento de ingresso na escola e das exigências da alfabetiza-
ção, 53,3%; e dos 10 aos 14 anos, 39,5%, o que parece indicar dificuldades no período
da pré-adolescência e início da adolescência. Na população total encontramos a seguin-
te distribuição, respectivamente, 3%, 22,4% e 16,6%. O predomínio do gênero mascu-
linofoi apontado por Ancona-Lopez (1981), Barbosa e Silvares (1994), e Yoshida, Gatti
e Xavier (1994) e indicaram um predomínio de busca de atendimento na faixa etária
entre 6 e 19 anos.
Na faixa etária entre 15 e 19 anos foram atendidos 44 pacientes, com predomínio do
gênero feminino (63,6%). No ano de 1998 predominou o gênero masculino, e no ano de
1999 ocorreu uma procura igual de ambos os gêneros. 
A população atendida a partir dos 20 anos totalizou 298 casos, com um predomínio
do gênero feminino (76,2%) e uma maior concentração nas faixas etárias de 20-29 anos
(22,7%), seguida da faixa de 30 a 39 anos (15,6%). O predomínio do gênero feminino
na faixa etária adulta acima de 75% também foi encontrado por Enéas, Faleiros e
Andrade e Sá (2000) na clínica-escola Mackenzie, ao caracterizarem a população que
buscou a psicoterapia breve nos anos de 1997 e 1998, com predomínio da faixa etária
entre 20 e 29 anos, seguida da faixa de 30 a 39 anos. Cayeres et al. (1999) também apon-
taram relação semelhante quanto ao gênero. No entanto, quanto à faixa etária, encon-
traram um maior percentual entre 18 e 27 anos (44,6%).
A procura de atendimento psicológico a partir dos 50 anos representou 9% da popu-
lação adulta. Se considerarmos a idade a partir dos 48 anos, essa proporção sobe para
11,07%. Observou-se uma maior concentração na faixa entre 48 anos a 59 anos, seguida
da faixa de 60 a 69 anos. Apenas dois pacientes acima de 70 anos buscaram o serviço. 
Ancona-Lopez (1981) considerou a idade-limite de 50 anos. Barbosa e Silvares (1994)
encontraram, no trabalho de caracterização das clínicas-escola de Fortaleza, a busca de
atendimento acima dos 50 anos apenas em 1,8% da população geral. Se fizermos o cál-
culo considerando-se apenas a população adulta, essa proporção sobe para 5,7%. Estu-
dos mais recentes como os de Cayeres et al. (1999) consideram a faixa etária até 78 anos,
apontando uma proporção de 10,7% na busca de atendimento psicológico referente à
população adulta com idade acima de 48 anos. Enéas, Faleiros e Andrade e Sá (2000),
referente à caracterização dos pacientes acima de 48 anos, encontraram uma proporção
de 12,02%, com predomínio do gênero feminino. Provavelmente essa busca de atendi-
mento na terceira idade esteja relacionada a um aumento da longevidade e da busca da
qualidade de vida estimulada pela constante atenção aos problemas específicos enfren-
tados nesse ciclo de vida nos centros urbanos.
A Tabela 3 apresenta a distribuição dos pacientes em função da faixa etária e da esco-
laridade.
Na presente tabela são apresentados os dados a partir de 1996, já que, no ano ante-
rior (1995), essa variável não tinha sido pesquisada em todas as faixas etárias. O núme-
ro de pacientes considerado, 514, foram assim distribuídos: 218 (42,4%) dos 0 aos 14
anos, com predomínio do nível I Grau Incompleto; 37 (7,2%) dos 15 aos 19 anos, com
116
Rita Aparecida Romaro, Claudio Garcia Capitão
Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
Caracterização da clientela da clínica-escola de psicologia da Universidade São Francisco
117
Tabela 3: Distribuição dos pacientes em função da faixa etária e da escolaridade.
São Paulo, 2003.
Escolaridade/ Faixa Etária Crianças Adolescentes Adultos Total
(1 – 14) (15 – 19)
f f% f f% f f% f f%
Não Consta 4 0,8 0 0 10 1,9 14 2,7
Não Freqüenta 8 1,5 0 0 0 0 8 1,6
Escola Infantil 36 7,0 0 0 0 0 36 7,0
I Grau Incompleto 168 32,7 9 1,7 55 10,7 232 45,1
I Grau 0 0 2 0,4 15 3,0 17 3,3
II Grau Incompleto 2 0,4 14 2,7 15 3,0 31 6,0
II Grau 0 0 6 1,2 69 13,4 75 14,6
Superior Incompleto 0 0 6 1,2 72 14,0 78 15,2
Superior 0 0 0 0 23 4,4 23 4,5
Total 218 42,4 37 7,2 259 50,4 514 100
predomínio do nível II Grau Incompleto; e 259 (50,4%) a partir dos 20 anos, com predo-
mínio do nível II Grau (26,6%).
Na faixa etária até os 14 anos predominou o nível I Grau Incompleto (77%); dos 15
aos 19 anos, o nível II Grau. Na população adulta, o predomínio da escolaridade corres-
pondente ao II Grau completo e superior incompleto assemelha-se aos dados encontra-
dos por Cayeres et al. (1999), e Enéas, Faleiros e Andrade e Sá (2000), referentes à carac-
terização de uma clínica-escola da capital de São Paulo. O aspecto da escolaridade, como
apontado por Enéas, Faleiros e Andrade e Sá (2000) reflete o local em que ocorre a pres-
tação de serviço; no nosso caso, um bairro misto da área central da cidade de São Paulo,
ao mesmo tempo rodeado de cortiços, de pessoas com alto poder aquisitivo que moram
próximas de seu comércio, de um colégio de classe média e de uma universidade. Esse
universo e o fato de tratar-se de uma clínica-escola talvez expliquem a alta escolaridade
da população adulta quando comparada a outros serviços de saúde. 
Do total de 590 casos triados, 67,5% concluíram o processo psicoterápico e 32,5%
desistiram. Na faixa etária compreendida entre 0 e 14 anos, o índice de adesão foi de
72%; na faixa entre 15 e 19 anos, a adesão foi de 57%; na faixa entre 20 e 59 anos, a
adesão foi de 64%; e na faixa etária acima de 60 anos, o índice subiu para 100%.
A menor adesão dos adolescentes à psicoterapia provavelmente deva-se ao fato de
muitas vezes serem trazidos pelos pais, influenciados em sua decisão por conselhos de
médicos, de professores e muito raramente pela sua própria vontade, o que pode deter-
minar uma aliança terapêutica frágil, resultando em uma adesão comprometida desde o
princípio (Kalina, 1999), sendo preferível não iniciar o tratamento até que o adolescente
aceite por vontade própria ser tratado. Avaliar tal situação adequadamente está na
dependência do feeling e do bom senso do terapeuta, que poderá determinar qual a
melhor estratégia a ser seguida, para que o adolescente possa, de fato, beneficiar-se de
uma decisão adequada para o seu caso. Essas condições podem ter influenciado, de forma
decisiva, os altos índices de desistência do processo terapêutico no estudo realizado.
As pessoas com mais de 60 anos apresentaram um alto índice de adesão, porque, pro-
vavelmente, essa busca de atendimento na terceira idade esteja relacionada a um
aumento da longevidade e da busca da qualidade de vida estimulada pela constante
atenção aos problemas específicos enfrentados nesse ciclo de vida nos centros urbanos.
A Tabela 4 apresenta a distribuição das queixas apresentadas pelas 248 crianças e 44
adolescentes. As queixas foram classificadas em categorias, de acordo com os relatos
apresentados no momento da triagem, de forma não excludente; em sua maioria eram
queixas múltiplas.
As 248 crianças atendidas apresentaram um total de 1.229 queixas, que correspondem
em média a 4,95 queixas para cada criança. Os 44 adolescentes apresentaram um total de
102 queixas, em média 2,3 queixas por adolescente, provavelmente por poderem relatar
melhor suas dificuldades e por serem os próprios informantes. A multiplicidade das queixas
também foi encontrada por Graminha e Martins (1994), e Yoshida, Gatti e Xavier (1994).
118
Rita Aparecida Romaro, Claudio Garcia Capitão
Psicologia: Teoria e Prática – 2003, 5(1):111-121
Tabela 4: Distribuição de freqüência da ocorrência de queixas de crianças e ado-
lescentes em relação às amostras totais por grupo. São Paulo, 2003.
Categoria da queixa Crianças Adolescentes
(1.229 queixas) (102 queixas)
f f% f f%
Imaturidade, atraso desenvolvimento 27 2,2 0 0
Dificuldades escolares 234 19 10 9,8
Comportamento agressivo 130 10,6 7 6,9
Ansiedade/Insegurança 69 5,6 1 1
Problemas de conduta 36 2,9 2 2
Queixas somáticas 62 5,1 1 1
Metabólicos/neurológicos 24 2 2 2
Dificuldade com perdas 99 8,1 9 8,8
Relacionamento interpessoal 153 12,4 26 25,4
Dificuldade controle impulsos 107 8,7 7 6,9
Dificuldades relações familiares 127 10,3 23 22,5
Comportamento confuso 14 1,1 1 1
Distúrbio na identidade sexual 12 1 00
Depressão tristeza 11 0,9 4 3,9
Perfeccionismo 8 0,6 0 0
Distúrbio sono/alimentação/esfíncteres 116 9,5 9 8,8
1.229 100 102 100
As cinco queixas mais freqüentes na população infantil, por ordem decrescente,
foram as dificuldades escolares (19%), as dificuldades no relacionamento interpessoal
(12,4%), o comportamento agressivo (10,6%), as dificuldades nas relações familiares
(10,3%), e os distúrbios relacionados ao sono, alimentação ou controle dos esfíncteres
(9,5%). Nos estudos de Graminha e Martins (1994), Yoshida, Gatti e Xavier (1994), Bar-
bosa (1992) e Silvares (1991), entre as queixas infantis de maior incidência, encontra-se
em primeiro lugar o mau desempenho escolar e em segundo o comportamento agressi-
vo ou de briga.
No grupo de adolescentes, predominaram as dificuldades no relacionamento inter-
pessoal (25,4%), as dificuldades nas relações familiares (22,5%), as dificuldades escola-
res (9,8%), os distúrbios relacionados ao sono, alimentação ou controle dos esfíncteres
e as dificuldades em lidar com as perdas (8,8 %). Provavelmente a entrada na adoles-
cência e a vivência dos conflitos típicos desta fase acabam refletindo as dificuldades de
relacionamento, os distúrbios ligados às funções do sono e alimentação (preocupação
com o corpo), o que também se reverte em muitas das dificuldades predominantes
supracitadas.
Não foram encontrados dados de pesquisas somente com a população adolescente,
para que os presentes dados fossem comparados, e nas pesquisas revisadas, o levanta-
mento das queixas dos adolescentes era apresentado juntamente com o dos adultos,
como no caso do trabalho de Enéas, Faleiros e Andrade e Sá (2000).
Conclusões
Um trabalho de caracterização da população atendida nos seis anos de funcionamen-
to da clínica-escola, oferecendo apenas a modalidade de psicoterapia breve, pode auxiliar
no planejamento de outros tipos de atendimento que tanto atendam à demanda da clien-
tela quanto enriqueçam a formação do aluno-estagiário com outras atuações clínicas.
Observou-se a importância de outras modalidades de atendimento com crianças e
pais, implemento do atendimento psicológico para adolescentes, e um direcionamento
para a terceira idade. Um outro achado derivado do estudo foi apontar a necessidade
de uma padronização do modelo de ficha de triagem, visto que algumas variáveis como
estado civil, profissão e maior detalhamento da escolaridade, teriam sido, nesse momen-
to, inviáveis.
A estabilidade na busca de atendimentos na clínica-escola nos últimos anos parece
apontar para a importância e reconhecimento desse serviço na comunidade no qual se
insere, e, indiretamente, nos faz pensar sobre a eficácia dos atendimentos e do treina-
mento em serviço de nossos estagiários, quando associamos esse dado com a alta ade-
são ao processo em praticamente todas as faixas etárias. A população adolescente apre-
sentou uma menor adesão à psicoterapia, contrapondo-se ao alto índice de adesão
apresentado pelas pessoas com mais de 60 anos.
No período de 1995 a 2000 foram categorizadas as queixas apresentadas por crianças
e adolescentes, como grupos isolados; no entanto, a categorização das queixas apresen-
tadas pelos adultos não havia sido ainda objeto de estudos.
Caracterização da clientela da clínica-escola de psicologia da Universidade São Francisco
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Contato
Rita Aparecida Romaro
Av. Aclimação, 439, apto. 41
São Paulo-S.P
CEP 01531-001
e-mail: romarorita@uol.com.br
Tramitação
Recebido em abril/2003
Aceito em junho/2003
Caracterização da clientela da clínica-escola de psicologia da Universidade São Francisco
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