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RESUMO PARA A 2ª PROVA DE PEC IV Sexta-feira, 04/12 SÍNTESE NEOCLÁSSICA O consenso na macroeconomia, vivido no período pós-guerra, e mais intensamente na década de 60, ficou conhecido como macroeconomia da síntese neoclássica. O termo “síntese” se justificava porque o esquema IS-LM, proposto por Hicks, conciliava hipóteses keynesianas com hipóteses clássicas nas formulações de equilíbrio no mercado de bens (IS) e monetário (LM). A partir deste esquema, defendia-se a eficácia de políticas de administração da demanda agregada para combater o desemprego. O termo “neoclássica” para definir a síntese que caracteriza a macroeconomia neokeynesiana se justifica, pois se acreditava que, apesar de valerem os resultados keynesianos no curto prazo, valeria o caso clássico no longo prazo, isto é, o produto produzido pela economia seria aquele equivalente ao potencial e, portanto, qualquer tentativa de expansão da demanda agregada traria como conseqüência apenas o aumento do nível geral de preços. A síntese neoclássica assumia a hipótese de rigidez de salários, conforme Modigliani. Como estes são o principal componentes dos custos das firmas, a rigidez dos salários refletia a rigidez dos preços e, portanto, a elevação da renda nominal, dadas as políticas expansionistas, estaria refletida totalmente no crescimento da renda real, isto é, produto e emprego. A síntese neoclássica trabalhava, portanto, com uma curva de oferta agregada próxima da horizontal no curto prazo, de forma que as políticas de demanda agregada seriam eficazes. Já no longo prazo, essa curva tornar-se-ia vertical, fazendo com que o ajuste fosse refletido totalmente nos preços. Assim, o espaço para a eficácia da política dentro do consenso neokeynesiano estava dado pelo longo tempo – se é que é possível defini-lo – que a economia levaria para atingir o longo prazo. Aspectos teóricos centrais Dentre os aspectos teóricos centrais que distinguem a escola, podemos citar: 1. A economia não é necessariamente estável e está sujeita a choques erráticos. 2. O processo de ajuste da economia a coques não é rápido (tempo de ajuste: curto prazo � longo prazo). 3. Nível agregado de produto e emprego é definido pela demanda agregada � eficácia de política econômica. 4. Política econômica: Fiscal e Monetária (geralmente a política preferida é o fiscalismo). Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Demanda agregada (Modelo IS-LM) a) Mercado de Bens (curva IS) b) Mercado Monetário (curva LM) O SR. KEYNES E OS CLÁSSICOS Por John Hicks Hicks, a princípio, tem o objetivo de apresentar a sua teoria clássica típica comparativamente à maneira como Keynes apresenta a sua própria teoria. Ele começa a abordagem apresentando as hipóteses iniciais: curto prazo, fatores de produção constantes, mão-de-obra homogênea, depreciação ignorada (produção de bens de investimento corresponde a investimentos novos). Além disso, afirma que a taxa de salário nominal médio, pode ser considerada como dada. Considerando os bens de investimento e consumo, respectivamente, X e Y e Nx e Ny os números de homens empregados na sua produção. Dados os pressupostos: X = f(Nx) e Y = f(Ny), onde f e f são funções dadas. Seja M a quantidade dada de moeda. Deseja-se determinar Nx e Ny. O nível de preços dos bens de investimento e de consumo = custo marginal = w(dNx/dx) e =w(dNy/dy). A renda ganha nos setores de bens de investimento e de consumo são, respectivamente, xw(dNx/dx) = Ix e yw(dNy/dy) = Iy. A renda total = xw(dNx/dx) + yw(dNy/dy), designado por I. Determinando I e Ix, podem ser determinados também Nx e Ny. Hicks admite agora a “Equação Quantitativa de Cambridge”, isto é, a hipótese de que há uma relação clara entre renda e a demanda de moeda. Assim sendo, sem levar em conta o fato de que a demanda de moeda pode depender não só da renda total, mas também de sua distribuição entre pessoas com demandas de saldos líquidos relativamente grandes ou relativamente pequenos, podemos escrever, de maneira aproximada: M = K I Tão logo K seja conhecido, fica determinada a renda total. Para determinar Ix, precisaremos de duas equações: Uma nos indica que o montante do investimento (considerado como demanda de capital) depende da taxa de juros: Ix = C( i ) Além disso, Investimento = Poupança. A poupança depende, por sua vez, da taxa de juros e, se preferirem, da renda � Ix = S ( i , I ) Encarando esses elementos como um sistema, no entanto, temos três equações fundamentais: M = K I ; Ix = C( i ) ; Ix = S ( i , I ), para determinação de três fatores desconhecidos, isto é, renda total, investimento e taxa de juros. Analisando algumas propriedades do sistema: a) Conforme a primeira equação, tão logo sejam conhecidos K e M, I fica completamente determinado, ou seja, a renda total depende diretamente da quantidade de moeda. O emprego total, no entanto, não é necessariamente determinado imediatamente a partir da renda, uma vez que até certo ponto geralmente dependerá da proporção da renda poupada e, por conseguinte, da maneira como a população se divide entre os setores de investimentos e de bens de consumo. b) Um aumento nos incentivos para investir, isto é, um deslocamento para a direita do esquema de eficiência marginal do capital, que denominamos C ( i ), tenderá a elevar a taxa de juros, afetando conseqüentemente as poupanças. Se aumenta o volume das poupanças, o mesmo ocorrerá com a quantidade de investimentos. A mão-de-obra será empregada mais nos setores de investimentos e menos nos de bens de consumo, o que aumentará o número total de empregos se a elasticidade da oferta nos setores de investimentos for maior do que nos de bens de consumo; caso contrário, esse número será diminuído. c) Um aumento na oferta monetária forçará um elemento da renda total, uma vez que as pessoas aumentarão os seus gastos e os empréstimos até que as rendas aumentem o suficiente para que K volte ao seu nível Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Sticky Note Maior taxa de juros = aumento do volume das poupanças = aumento dos investimentos = + empregados no setor de investimentos.nullnull anterior. A elevação da renda tenderá a aumentar o número de empregos, tanto na produção de bens de consumo quanto de bens de investimento. d) Uma elevação da taxa de salários nominais diminuirá necessariamente o número de empregos, elevando os salários reais. Isto porque uma renda nominal inalterada não pode continuar a comprar uma quantidade inalterada de bens em um nível de preços mais elevado. Deve, portanto, ocorrer uma queda no emprego; e, à medida que isto ocorre, diminuirão os custos marginais em termos de trabalho, elevando-se, portanto, os salários reais. Segundo Hicks, quando uma teoria do tipo da teoria “clássica” apresentada acima é aplicada à análise das flutuações industriais, encontra dificuldades de diversos tipos. É evidente que a renda nominal total passa por grandes oscilações no decorrer dos ciclos de negócios, variações essas que a teoria clássica só consegue explicar através de variações em M ou em K ou mediante alterações na distribuição. 1. A variação em M é simples e óbvia, e é bastante utilizada. A variação em M que são identificáveis durante um cicloeconômico são variações que tem lugar através dos bancos – são variações de empréstimos bancários. Recorrendo a eles, precisamos esclarecer a relação entre a oferta de moeda bancária e a taxa de juros. Pode ser esclarecido, imaginando-se os bancos como pessoas com forte propensão a passar o dinheiro adiante sob a forma de empréstimos, ao invés de gastá-lo. Tal atitude tende inicialmente a baixar as taxas de juros e somente mais tarde, quando o dinheiro passa para as mãos daqueles que vão gastá-lo, tende a elevar os preços e as rendas. 2. As alterações em K podem estar relacionadas com alterações de confiança, sendo realista assegurar que o aumento de preços em um boom ocorre pelo fato de que o otimismo encoraja uma redução nos saldos líquidos; ao passo que os preços declinantes numa baixa se devem à procura de um aumento desses saldos, face ao pessimismo e à incerteza. 3. Em termos de teoria pura do valor, fica evidente que o sacrifício direto por parte de uma pessoa que mantém um estoque de dinheiro é sacrifício de juros. O montante de recursos que um indivíduo mantém na forma de moeda será tal que a unidade de moeda que vale a pena ser mantida dessa forma proporciona-lhe um retorno em comodidade e segurança igual à cota de satisfação derivada do dispêndio da unidade marginal em bens de consumo e igual também à taxa líquida de juros. A demanda de moeda depende da taxa de juros. Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Sticky Note Por conta dos empréstimos, a taxa de juros diminui, quando o dinheiro passa para a mão do tomador de empréstimo, há elevação nos preços e nas rendas.null Thaila Sticky Note Taxa líquida de juros: é o sacrifício por não consumir. Thaila Highlight Em contraposição às três equações da teoria clássica: M = K I ; Ix = C( i ) ; Ix = S ( i , I ), Keynes começa com três equações: M = L ( i ); Ix = C ( i ); Ix = S ( I ) Estas diferem daquelas de duas maneiras: Por um lado, a demanda de moeda é concebida como se dependesse da taxa de juros (preferência pela liquidez). Por outro, descarta-se qualquer possível influência da taxa de juros sobre a parte da renda poupada. Esta segunda emenda – embora signifique que a terceira equação passa a ser a equação multiplicadora, responsável pela realização de truques tão bizarros – é uma mera simplificação e fica, por fim, insignificante. O que é vital é a doutrina da preferência por liquidez. Pois agora é taxa de juros, e não a renda, que é determinada pela quantidade de moeda. A taxa de juros, contraposta ao esquema de eficiência marginal do capital, determina o valor do investimento; é isto que determina a renda proveniente do fator multiplicador. O número de empregos (a determinados níveis salariais) é determinado pelo valor dos investimentos e da renda que é gasta em bens de consumo, e não poupada. É este sistema de equações que conduz à estarrecedora conclusão de que um aumento nos incentivos a investir, ou na propensão a consumir, não terá a tendência de aumentar a taxa de juros, mas apenas aumentar o número de empregos. Apesar disso, no entanto, e a despeito do fato de que boa parte do argumento é versado em termos deste sistema, e apenas deste sistema, ele não é A teoria geral. Podemos denominá-lo, se quisermos, de teoria especial do Sr. Keynes. A teoria geral é algo bem mais ortodoxo. Keynes não acredita, no fundo, que a demanda de moeda possa ser determinada apenas por uma variável – nem mesmo sendo a taxa de juros. A dependência da demanda de moeda da taxa de juros nada mais faz, no fundo, do que qualificar a consagrada dependência da renda. Todavia, por mais ênfase que dermos ao “motivo especulação”, o “motivo transação” tem sempre que aparecer também. Temos, portanto a teoria geral: M = L ( l , i ); ); Ix = C ( i ); Ix = S ( I ) Diagrama Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Para determinada quantidade de moeda, a primeira equação M = L ( l , i ) nos dá a relação entre a renda ( l ) e a taxa de juros ( i ). Esta pode ser traçada como uma curva (LL) que se inclina em sentido ascendente, uma vez que o aumento da renda tende a elevar a demanda de moeda, ao passo que um aumento na taxa de juros tende a baixá-la. Adicionalmente, as duas equações restantes em conjunto nos dão outra relação entre renda e juros. A curva IS pode, portanto, ser traçada para mostrar qual a relação entre renda e juro, que deve ser mantida para que as poupanças se igualem aos investimentos. A renda e a taxa de juros são determinadas simultaneamente em P, ponto de interseção das curvas LL e IS. Elas são determinadas simultaneamente, assim como o preço e o rendimento são determinados simultaneamente na moderna teoria da oferta e demanda. CURVA DE PHILLIPS A W. Phillips encontrou, com dados que cobriam um período de quase cem anos da economia inglesa, por meio de métodos estatísticos pouco convencionais, uma relação bastante estável entre a taxa de variação dos salários nominais (w.) e a taxa de desemprego (u). Para baixas taxas de desemprego os salários nominais tendiam a subir rapidamente, enquanto para elevadas taxas de desemprego eles decresceriam, mas a taxas relativamente pequenas. No ponto em que a curva com o eixo horizontal os salários nominais seriam estáveis. Lipsey foi o primeiro economista a sugerir uma moldura teórica para a curva de Phillips. Segundo ele, as variações do salário nominal seriam função do excesso de demanda, medido em termos relativos, no mercado de trabalho. w. = f ((Nd – Ns) / Ns ), f’ > 0 Nd e Ns representam, respectivamente, as quantidades demandada e ofertada de mão-de-obra. Nd é igual a soma do total de empregados N, mais o número de vagas V existente: Nd = N + V. Ns é igual a soma do total de empregados N, mais o número de U de desempregados: Ns = N + U. Logo, (Nd – Ns) / Ns = v – u Para uma dada taxa de vagas v, o excesso de demanda de mão-de-obra está correlacionado negativamente com a taxa de desemprego u. Combinando as duas equações anteriores, chegamos a seguinte relação teórica para a curva de Phillips: w. = g (u), g’ < 0a Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight A curva de Phillips costuma, também, ser apresentada como uma relação entre a taxa de inflação п e a taxa de desemprego u. A substituição da taxa de variação do salário nominal pela taxa de inflação pode ser feita a partir de diferentes enfoques. Um destes enfoques admite que em grande parte das economias capitalistas modernas os mercados são do tipo oligopolista e a formação dos preços se dá segundo uma regra de markup, em que determinada margem é acrescentada ao custo unitário de produção. Por simplicidade, suponha-se que o único insumo utilizado no processo produtivo seja a mão-de-obra. Admitindo-se ainda que a margem de lucro seja constante, o que significa dizer que a distribuição funcional da renda nesta economia hipotética é estável, a taxa de inflação é igual à diferença entre a taxa de crescimento dos salários nominais e a taxa q de crescimento da produtividade média de mão-de-obra: п = w – q Segue-se, então, da equação de w, que a curva de Phillips em termos da taxa de inflação será dada por: П = g(u) – q Logo em seguida a publicação do artigo de Phillips, um bom número de economistas passou a salientar o fato de que a curva de Phillips colocava, do ponto de vista da política econômica, um dilema entreinflação e desemprego. Menos taxas de inflação só seriam obtidas ao custo de maiores taxas de desemprego, e vice-versa. Os formuladores da política econômica teriam de escolher um ponto da curva baseados em sua função utilidade, que traduziria as preferências destes em termos de inflação e desemprego. As duas metas de política econômica, estabilização de preços e pleno emprego, são inconciliáveis, o que define um trade-off entre inflação e desemprego. A crítica monetarista e a hipótese de expectativas adaptativas A crítica ao consenso neokeynesiano que o monetarismo construiu está baseada nos principais trabalhos de Friedman. Para ele a evidência empírica obtida pela curva de Phillips, não permite generalizar o argumento do trade-off existente entre inflação e desemprego. Segundo Friedman, o defeito da versão original da curva de Phillips era o não reconhecimento da diferença entre salários nominais e salários reais. No mercado de trabalho, a variável de decisão dos agentes é o salário real e não o nominal. Os agentes, em específico os trabalhadores, estão preocupados com o poder real de compra que os seus rendimentos possuem, e não com o valor nominal destes. Dessa forma, trabalhadores oferecem trabalho até o ponto em que o salário real fosse exatamente igual ao custo que eles teriam por abdicar do lazer (desutilidade marginal do trabalho). Por outro lado, as firmas demandam trabalho até o ponto em que o salário real fosse exatamente igual à produtividade marginal do trabalho. Definidas oferta e demanda de trabalho, são determinados o salário real e nível de emprego de equilíbrio. Este nível de emprego de equilíbrio não esgota o total da população economicamente ativa que teria condições de trabalhar, ou seja, existe um nível de desemprego consistente com o salário real de equilíbrio, que corresponde a toda a quantidade de trabalho que não é ofertada, àquele salário real de equilíbrio. A taxa de desemprego positiva que corresponde ao equilíbrio no mercado de trabalho é chamada de taxa natural de desemprego (un). Portanto, além disso, a taxa de desemprego positiva que se associa a uma taxa nula de inflação, é a taxa natural de desemprego. Levando tudo isso em consideração, a curva de Phillips foi reformulada, no que ficou conhecido como versão Friedman-Phelps. O primeiro ponto, como já foi dito, diz respeito ao fato de que a variável de decisão para os trabalhadores saberem se oferecem mais ou menos trabalho é o salário real. O segundo ponto, diz respeito ao fato de que os trabalhadores interessados em ofertar trabalho devem possuir uma expectativa de quanto será a taxa de inflação para o período posterior ao recebimento dos salários. Em termos rigoroso, o salário real esperado é a variável de decisão. A fim de manter o poder de compra real, os trabalhadores incorporam a inflação esperada (Пe) nos contratos de trabalho, reescrevendo a curva de Phillips da seguindo forma: w. = Пet + q(ut); g’ < 0 Se os agentes esperam um aumento da taxa de inflação, os trabalhadores renegociarão seus contratos de forma a aumentar os salários. Isso elevará os custos das firmas da mesma forma e, portanto, será refletido na inflação real do período. Da mesma forma que antes, a inflação depende do excesso de demanda do mercado de trabalho. Entretanto, a pressão inflacionária só ocorrerá quando a demanda por trabalho for de tal magnitude que a taxa de desemprego seja inferior à taxa natural (como pode ser visto no comportamento da curva de Phillips). Considerando as últimas informações podemos reescrever, especificando a curva de Phillips na versão Friedman-Phelps: Пt = П e t – b (ut - un); b > 0 A pergunta agora é: como os agentes formulam a inflação esperada? A resposta é: os agentes formulam a inflação esperada através da correção dos erros de previsão cometidos em períodos passados, a isso damos o nome de expectativas adaptativas. Em outras palavras, o mecanismo de expectativa adaptativa supõe que a previsão de uma variável, por exemplo, a taxa de inflação, é igual à previsão feito no período anterior corrigida por uma graça do erro cometido. FÓRMULA ���� A hipótese de expectativas adaptativas afirma que a previsão sobre uma variável, no caso Пt, é igual a média ponderada entre a previsão anterior e o valor efetivo do período passado. DESDOBRANDO A FÓRMULA ���� O resultado que se obtém é que os agentes, ao corrigirem os seus erros anteriores por uma determinada fração, formulam suas expectativas observando os valores passados de П, atribuindo pesos maiores para os períodos mais próximos (mais recentes). Ou seja, quanto mais recente a observação, maior será o seu peso para a previsão do próximo período. Aplicando-se esta hipótese para a curva de Phillips na versão Friedman-Phelps, obtém-se um resultado diferente da versão original. Para um dado aumento da oferta de moeda, os trabalhadores não têm como antecipar perfeitamente o aumento do nível geral de preços, pois suas expectativas inflacionárias são adaptativas. Assim, eles interpretam como aumento do salário real aquilo que na verdade é apenas aumento do salário nominal, levando-os a aumentar a oferta de trabalho. Os empregadores, por sua vez, ao obterem preços mais elevados sem precisar pagar salários proporcionalmente mais altos, aumentam suas demandas por trabalho. Desse modo, tem-se uma redução da taxa de desemprego, e ao mesmo tempo, uma alta da taxa de inflação. Continuaria existindo trade-off da curva de Phillips original. Todavia, no próximo período, os trabalhadores revêm suas expectativas de inflação e percebem que o aumento de salário real não foi aquilo que eles imaginavam, o que os leva a reduzir a oferta de trabalho. Quando os trabalhadores corrigirem por completo a diferença Пet,- Пt,, eles observarão que o salário real é o mesmo do início do processo e retornarão ao mesmo nível de oferta de trabalho. Em outras palavras, quando os agentes observarem Пet,= Пt,, a política monetária expansionista deixará de ter impacto sobre o desemprego. Isto ocorrerá no longo prazo. Assim, se Пet,= Пt,, tem-se que ur = un e, portanto, conclui-se que a economia funcionará no pleno emprego, independentemente da política monetária e da conseqüente inflação que a autoridade monetária resolva determinar. A esse raciocínio corresponde uma curva de Phillips vertical no longo prazo. Neste, não existe trade-off entre inflação e desemprego. Concluindo, a mensagem de Friedman é clara: a política monetária não pode controlar o desemprego por mais do que alguns períodos limitados. No longo prazo, a tentativa do governo de reduzir o desemprego abaixo do natural só provocará inflação. Nesse prazo, os impactos de alterações em variáveis nominais sobre variáveis reais é nulo; vale a situação clássica de neutralidade da moeda, e, portanto, a política monetária é ineficaz para reduzir o desemprego. A passagem lógica dos resultados de curto prazo para a neutralidade de longo prazo é dada pelos mecanismos de transmissão monetária. A expansão da oferta de moeda pela autoridade monetária leva a um excesso de oferta no volume de encaixes reais. No intuito de recompor o equilíbrio em seus portfólios, os agentes compram outros ativos, inclusive ativos reais. Isto provoca a elevação dos preços desses ativos (aumentou a demanda) e, conseqüentemente, a redução da taxa de juros (por quê?!?!). O efeito, no curto prazo, é o estímulo à produção desses ativos e a elevação da renda real. Entretanto, no longo prazo, o aumento da renda (produto) real provoca um aumento da demanda por mão- de-obra, fazendo com que a taxa de desempregofique abaixo da natural, levando ao aumento da inflação. Portanto, no longo prazo, com o produto potencial determinado pela função de produção e, dada a velocidade de circulação da moeda, variações da oferta monetária se traduzem apenas em variações do nível geral de preços. Este tipo de crítica proposto por Friedman abriu a porta para um desafio mais radical ao consenso neokeynesiano. Formulação de expectativas e microfundamentos, os dois pilares da crítica de Friedman, foram aprofundados pela macroeconomia novo-clássica, levando a resultados mais radicais do que a ineficácia da política no longo prazo. ESQUEMA LÓGICO � NOVOS-CLÁSSICOS A macroeconomia novo-clássica também nasce da crítica ao keynesianismo no início da década de 70. Os trabalhos dos novos-clássicos defendem também a busca de microfundamentos para explicar o comportamento das variáveis macroeconômicas, mas não aceitaram os resultados monetaristas de curto prazo. Os novos clássicos restabelecem a visão clássica de neutralidade da moeda – o mesmo volume de emprego produz a mesma quantidade de produto real, não importando qual seja o nível geral de preços – inclusive para o curto prazo. O principal alvo das críticas é o consenso neokeynesiano. Lucas & Sargent apresentam a crítica em duas frentes. Crítica econométrica Inicialmente, eles fazem uma crítica macroeconométrica, enfatizando a falta de rigor dos modelos keynesianos. Segundo os autores, estes modelos ignoram as variáveis defasadas, restringem a ordem e o grau de correlação serial dos Thaila Highlight Thaila Highlight vetores que representam os choques aleatórios e, principalmente, classificam a priori as variáveis endógenas e exógenas. Geralmente, as variáveis exógenas são as que estão sob controle das autoridades, e as variáveis endógenas são determinadas pelos agentes privados. A especificidade dos modelos novo-clássicos pode ser encontrada na presença de três hipóteses características: expectativas racionais, market clearing contínuo e a visão monetarista da estrutura econômica, isto é, a dicotomia clássica entre o lado real determinado pelo modelo de equilíbrio geral e o lado monetário, traduzido pela versão “moderna” da teoria quantitativa da moeda, proposta por Friedman. O pressuposto teórico do modelo é que os agentes são otimizadores em todas as suas atitudes e decisões (através de expectativas racionais) e os mercados se ajustam perfeitamente via preços. Expectativas racionais A hipótese de expectativas racionais tem, para os novos clássicos, um forte embasamento de coerência metodológica. Ao contrário das relações determinísticas de causalidade, presentes nos modelos keynesianos, a macroeconomia novo-clássica trabalha com o caráter aleatório (probabilístico) dos acontecimentos. Os agentes formam expectativas de acordo com uma distribuição subjetiva de probabilidade. Ao formular as expectativas em um determinado tempo t, sobre o comportamento de uma variável em t+1, os agentes o fazem utilizando todas as informações disponíveis naquele momento t. O que a hipótese de expectativas racionais assume, no que ficou conhecido como a versão (hipótese) fraca, é que os indivíduos formam as expectativas usando da melhor forma possível o conjunto de informações de que dispõem. É suposto que as informações não são desperdiçadas. A versão fraca de expectativas racionais, embora já se diferencie da hipótese de expectativas adaptativas, ainda não consegue se distanciar do que parece ser o sendo comum. De fato, qualquer agente racional procura utilizar da melhor forma possível as informações que dispõe. A pergunta que fica é como ele irá utilizar essa informação? É aqui que aparece a versão forte de expectativas racionais. Ela assume que o modo como os agentes entendem o funcionamento da economia corresponde ao seu verdadeiro funcionamento, isto é, a probabilidade subjetiva, formulada em t, de variáveis econômicas futuras coincide com a distribuição objetiva real dessas variáveis. Portanto, se os agentes conhecem o “modelo correto” de funcionamento da economia, conclui- se, desde já, que o resultado de qualquer política econômica, não aleatória, é perfeitamente antecipado. Logo políticas de demanda não podem afetar o produto real da economia. Se os agentes utilizam otimamente toda a informação disponível em t par prever o nível geral de preços, por exemplo, em t+1, a única forma que eles têm de errar em suas previsões é se algo inesperado acontecer, algo que não pertencia ao conjunto de informações em t. O governo só influirá no erro de previsão se tomar uma atitude completamente inesperada. Market clears A hipótese de market clear é, por isso, fundamental para a macroeconomia novo clássica. Esta hipótese assume que todos os mercados da economia equilibram perfeitamente suas demandas e ofertas pelo mecanismo de preço. Isto é, as famílias formulam de modo ótimo as suas preferências, as firmas maximizam perfeitamente os seus lucros e as demandas e ofertas resultantes determinam um vetor de preços que definem um equilíbrio instantâneo da economia. O termo instantâneo é relevante pois, para os novos clássicos, não se define um período de tempo necessário para o ajuste da economia. Todos os momentos do tempo são momentos em que os agentes tomam decisões maximizadoras. Expectativas racionais e informações imperfeitas. Curva de oferta de Lucas A versão fraca de expectativas racionais pode ser utilizada para derivar a curva de oferta de Lucas. A idéia básica deste modelo é que as firmas têm um comportamento do tipo “ilhas”, por não possuírem informações perfeitas sobre o que ocorre nos outros mercados. Assumindo que a oferta Yi, de uma firma i qualquer, seja dada por: Yi = a (Pi - p) + Yi* ; a> 0 Onde: Pi = preço do produto da firma i p = nível geral de preços Yi* = produto potencial da firma i Isto significa que a firma i só produzirá além do seu potencial se houver uma modificação de preços relativos que lhe incentive, ou seja, Pi > p. Como a firma não tem a informações sobre p, formula uma expectativa a seu respeito: Yi = a (Pi - p e) + Yi* ; a> 0 Pela hipótese fraca de expectativas racionais, a firma formula pe fazendo uso das informações disponíveis e, pelo comportamento de “ilha”, o faz baseada no que ocorre em seu próprio mercado: pe = p’ + b (Pi – p’) Substituindo as equações, chega-se a: Yi = a (1 – b) (Pi – p’) + Yi* Como corolário, pode-se afirmar que a política monetária prevista não tem nenhuma eficácia sobre o produto real da economia. Dada uma variação da oferta monetária, que esteja contida no information set dos agentes, o nível geral de preços previsto no início do período será igual ao verificado e y = y*. O resultado da ineficácia de política econômica é obtido independentemente do prazo (curto ou longo) em que se esteja. Só terá efeito real aquela política que não estiver no information set dos agentes, isto é, que for imprevista. Hipótese forte de expectativas racionais e ineficácia de política Consultar as fórmulas no original. A única forma pela qual o produto real poderia ser alterado é através dos choques estocásticos. Em outras palavras, o produto só será diferente do potencial se os agentes forem surpreendidos por um crescimento da demanda agregada ou da oferta de moeda. As regras de expansão monetária e, portanto, políticas monetárias sistemáticas, são antecipadas pelos agentes, não tendo efeito algum sobre variáveis reais da economia. Este é o teorema da ineficácia de política presentes nos modelos da macroeconomia novo clássica. A ECONOMIA NOVO-KEYNESIANAEm anos recentes, os economistas que trabalham dentro da tradição keynesiana têm buscado explicações adicionais para o desemprego involuntário. Os modelos que surgiram dessas pesquisas são chamados de modelos novo- keynesianos. Em parte, essa nova pesquisa é uma resposta à crítica novo- clássica aos modelos keynesianos mais antigos. Uma das principais tarefas é aperfeiçoar as bases microeconômicas do sistema keynesiano. A literatura novo-keynesiana é caracterizada pelo que tem sido chamado de “atordoante diversidade” de abordagens. Elas têm, no entanto, os seguintes elementos em comum: 1. Nos modelos novo-keynesianos, pressupõe-se alguma forma de concorrência imperfeita para o mercado de produtos. Isso contrasta com os modelos keynesianos anteriores, que pressupunham concorrência perfeita; 2. Enquanto a principal rigidez nominal nos modelos keynesianos anteriores era a do salário monetário, os modelos novo-keynesianos também se voltam para a rigidez dos preços dos produtos; 3. Além dos fatores que causam a rigidez de variáveis nominais (por exemplo, o salário monetário), os modelos novo-keynesianos introduzem a rigidez real – fatores que provocam a rigidez do salário real ou do preço relativo das firmas diante de mudanças na demanda agregada. Examinaremos três tipos de modelos novo-keynesianos: modelo de preços rígidos (custo de menu), modelo de salário-eficiência e modelos incluído- excluído. Modelos de Preços Rígidos (Custo de Menu) Um elemento crucial nos modelos de preços rígidos novo-keynesianos é que a firma precisa estar em concorrência perfeita, pois, assim, os preços são simplesmente definidos pelas forças de oferta e demanda. Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight Thaila Highlight O modelo, resumidamente, trata da idéia de que algumas firmas podem manter constantes os preços dos produtos, mesmo com a queda da demanda, se perceberem um custo com a mudança de preços que supere o benefício da redução dos preços. Esses custos de alteração dos preços são chamados custos de menu. Um prejuízo potencial é a perda de prestígio junto aos clientes. Claro que o prestígio junto aos clientes só seria perdido por meio de aumentos de preços, mas firmas que cortam preços em recessões precisam elevá-los quando economia se recupera. As firmas podem, em vez disso, achar que vale a pena alterar preços quando seus custos mudam, porque essa é uma necessidade que os clientes irão entender, embora não optem por variar os preços devido a mudanças na demanda. Um segundo custo percebido possível de uma redução de preços em uma recessão é que isso pode desencadear rodadas competitivas de cortes de preços, ou mesmo levar a uma guerra de preços quando outras firmas responderem. Esse custo potencial é mais relevante para mercados oligopolistas, em que as firmas estão cientes das reações de outras firmas a suas decisões de precificação. Modelos de Salário-Eficiência Segue a premissa de que a eficiência dos trabalhadores depende positivamente do salário real que eles recebem. A idéia do salário-eficiência pode ser formalizada pela definição de um índice de eficiência do trabalhador, ou produtividade (e), tal que: e = e (w/p) A eficiência do trabalhador é uma função positiva do salário real. Sendo assim, podemos expressar a função produção agregada como: Y = f (K, e (w/p)N) Como antes, o produto (y) depende da quantidade de capital (K). O produto também depende da quantidade de mão-de-obra, que agora medimos em unidades de eficiência. O número de unidades de mão-de-obra é igual ao número de unidades físicas (N), medidas em horas-homem por período, por exemplo, multiplicado pelo índice de eficiência. O produto aumenta quando mais unidade de mão-de-obra são contratadas (N aumenta) ou quando a eficiência da força de mão-de-obra existente melhora (e é elevado por um aumento em w/p). Com a função de produção dada, a meta da firma é estabelecer o salário real de maneira que o custo de uma unidade de eficiência de mão-de-obra seja minimizado. Isso se faz aumentando o salário real até o ponto em que a elasticidade do índice de eficiência (e(w/p)) em relação ao salário é igual a 1. [% mudança em e(w/p)] / [% mudança em w/p] = 1 Thaila Highlight Thaila Sticky Note Preços constantes = queda da demanda. Pode haver um custo com a alteração de preços = Custo de menu. O elemento fundamental dos modelos de salário-eficiência é uma explicação do motivo pelo qual a eficiência (ou produtividade) dos trabalhadores depende do salário real. Várias explicações lógicas foram oferecidas: 1. O modelo de leniência. Definindo o salário real acima do nível vigente no mercado, a firma dá ao funcionário um incentivo para não “fazer corpo mole” no serviço. Se ele fizer, poderá ser demitido, e ele sabe que seria difícil encontrar outro emprego com um salário tão alto. 2. Modelos de custos de rotatividade. Ao pagar um salário acima do nível de mercado, as firmas podem reduzir as tavas de abandono de emprego e, assim, os custos de recrutamento e treinamento. 3. Modelos de reciprocidade. Se a firma pagar um salário real acima do salário de equilíbrio de mercado, melhorará o moral dos trabalhadores, que se esforçarão mais. A firma dá aos trabalhadores o presente de um salário acima do mercado, e os trabalhadores retribuem com uma maior eficiência. Modelos Incluído-Excluído e Histerese Conceituando Histerese: uma variável exibe histerese se, quando forçada a se afastar de um valor inicial, não apresenta nenhuma tendência de retorno mesmo quando o choque termina. Em termos de desemprego, modelos de histerese tentam explicar por que altas taxas de desemprego persistem mesmo depois que sua causa inicial já deixou há muito de existir. No caso do modelo incluído-excluído, pressupõe-se que tanto o mercado de produto como o mercado de mão-de-obra sejam imperfeitamente competitivos. No modelo, incluídos são membros de sindicato e excluídos são não- sindicalizados. Pressupõe-se que os incluídos usem seu poder de negociação para empurrar o salário real para cima do nível de equilíbrio do mercado, o que resulta em um grupo de excluídos desempregados. Os incluídos só empurrarão o salário real para cima até certo ponto, porém, porque quanto mais alto o salário real, menos incluídos estarão empregados. Assim, no modelo incluído-excluído, o desemprego resulta de um salário real fixado acima do nível de equilíbrio de mercado (desemprego de excluídos) e de uma resposta cíclica a mudanças da demanda agregada. O desemprego passado, portanto, causa o desemprego atual por transformar incluídos em excluídos; esse é o fenômeno da histerese. Uma vez isso tendo acontecido, ocorre uma espécie de armadilha do desemprego. Os excluídos não exercem pressão para baixo sobre os salários reais porque eles são irrelevantes para o processo de negociação de salários. Os modelos incluído-excluído, assim, explicam por que altas taxas de desemprego persistiram em alguns países europeus por períodos tão longos – períodos longos demais para serem resultado de contratos com salários monetários fixos ou expectativas de preços retrospectivas. Conclusão Os economistas novo-keynesianos acreditam que boa parte do desemprego é involuntário, e que os desvios do produto abaixo do produto potencial durante recessões são socialmente nocivos. A economia novo-keynesiana é uma tentativa de melhoras as bases microeconômicas dos modelos keynesianos tradicionais, sem questionar suas premissas fundamentais.
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