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Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos CONCEITOS SOBRE AS PRINCIPAIS CARGAS ATUANTES SOBRE AS LAJES. AUTOR(A): PROF. EDNILSON SILVA RIBEIRO Ações nas lajes As ações ou carregamentos a se considerar nas lajes são os mais variados, desde pessoas até móveis, equipamentos fixos ou móveis, divisórias, paredes, água, solo, etc. As lajes atuam recebendo as cargas de utilização e transmitindo-as para os apoios, geralmente vigas nas bordas. Nos edifícios as lajes ainda têm a função de atuarem como diafragmas rígidos (elemento de rigidez infinita no seu próprio plano), distribuindo os esforços horizontais do vento para as estruturas de contraventamento (pórticos, paredes, núcleos de rigidez, etc.), responsáveis pela estabilidade global dos edifícios. Nas construções de edifícios correntes, geralmente as ações principais a serem consideradas são as ações permanentes (g) e as ações variáveis (q), também chamadas de carga acidental. Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 01 / 12 Legenda: TIPOS DE CARGAS PERMANENTES Ações Permanentes Principais Ações Permanentes 1) Peso Próprio O peso próprio da laje é o peso do concreto armado que forma a laje maciça. Para o peso específico do concreto armado (γ ) a NBR 6118/03 indica o valor de 25 kN/m . O peso próprio para lajes com espessura constante é uniformemente distribuído na área da laje, e para um metro quadrado de laje pode ser calculado como: g = γ . h = 25 . h com: g = peso próprio da laje (kN/m ); h = altura da laje (m). Legenda: PESO PRóPRIO CALCULADO PARA 1 M² DE LAJE conc 3 pp conc pp 2 Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 02 / 12 2) Contrapiso A camada de argamassa colocada logo acima do concreto da superfície superior das lajes recebe o nome de contrapiso ou argamassa de regularização. A sua função é de nivelar e diminuir a rugosidade da laje, preparando-a para receber o revestimento de piso final. A espessura do contrapiso deve ser cuidadosamente avaliada. Recomenda-se adotar espessura não inferior a 3 cm. A argamassa do contrapiso tem comumente o traço 1:3 (em volume), sendo considerado o peso específico (γ ) de 21 kN/m . A ação permanente do contrapiso é função da espessura (e) do contrapiso: g = γ . e = 21 . e com: g = carga permanente do contrapiso (kN/m ); e = espessura do contrapiso (m). 3) Revestimento do Teto Na superfície inferior das lajes (teto do pavimento inferior) é padrão executar-se uma camada de revestimento de argamassa, sobreposta à camada fina de chapisco. Para essa argamassa, menos rica em cimento, pode-se considerar o peso específico (γ ) de 19 kN/m . De modo geral, este revestimento tem pequena espessura, mas recomenda-se adotar espessura não inferior a 1,5 ou 2 cm. Para o revestimento de teto a ação permanente é: grev. teto = γrev . e = 19 . e com: g = carga permanente do revestimento do teto (kN/m ); e = espessura do revestimento (m). 4) Piso O piso é o revestimento final na superfície superior da laje, assentado sobre a argamassa de regularização. Para a sua correta quantificação é necessário definir o tipo ou material do qual o piso é composto, o que normalmente é feito com auxílio do projeto arquitetônico, que define o tipo de piso de cada ambiente da construção. Os tipos mais comuns são os de madeira, de cerâmica, carpetes ou forrações, e de rochas, como granito e mármore. A Tabela 1 da NBR 6120/80 fornece os pesos específicos de diversos materiais, valores estes que auxiliam no cálculo da carga do piso por metro quadrado de área de laje. 5) Paredes contr 3 contr contr contr 2 rev 3 rev. teto 2 Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 03 / 12 A carga das paredes sobre as lajes maciças deve ser determinada em função da laje ser armada em uma ou em duas direções. É necessário conhecer o tipo de unidade de alvenaria (tijolo, bloco, etc.), que compõe a parede, ou o peso específico da parede, a espessura e a altura da parede, bem como a sua disposição e extensão sobre a laje. O peso específico da parede pode ser dado em função do peso total da parede, composta pela unidade de alvenaria e pelas argamassas de assentamento e de revestimento, ou pelos pesos específicos individuais dos materiais que a compõe. 5.1) Laje Armada em Duas Direções Para as lajes armadas em duas direções considera-se simplificadamente a carga da parede uniformemente distribuída na área da laje, de forma que a carga é o peso total da parede dividido pela área da laje, isto é: par par/ laje)/((γ . e . h . l)/ laje) com: γ = peso específico da unidade de alvenaria que compõe a parede (kN/m ); g = carga uniforme da parede (kN/m ); e = espessura total da parede (m); h = altura da parede (m); l = comprimento da parede sobre a laje (m); A = área da laje (m ) = l . l Ao se considerar o peso específico da unidade de alvenaria para toda a parede está se cometendo um erro, pois os pesos específicos das argamassas de revestimento e de assentamento são diferentes do peso específico da unidade de alvenaria. O peso específico das paredes correto pode ser calculado considerando- se os pesos específicos dos materiais individualmente. Não se conhecendo o peso específico global da parede pode-se determinar a sua carga com os pesos específicos individuais da parede, calculando-se a carga da parede por metro quadrado de área: γpar = γalv . ealv + γarg . earg com: γ = peso específico da parede (kN/m ); γ = peso específico da unidade de alvenaria (kN/m ); e = espessura da unidade de alvenaria que resulta na espessura da parede (m); γ = peso específico da argamassa do revestimento (kN/m ); g = (P A alv A alv 3 par 2 laje 2 x y par 2 alv 3 alv arg 3 Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 04 / 12 e = espessura do revestimento considerando os dois lados da parede (m). A carga da parede sobre a laje é: par γ . h . l)/ laje com: g = carga uniforme da parede (kN/m ); h = altura da parede (m); l = comprimento da parede sobre a laje (m). A = área da laje (m ) = l . l 5.2) Laje Armada em Uma Direção Para laje armada em uma direção há dois casos a serem analisados, em função da disposição da parede sobre a laje. Para o caso de parede com direção paralela à direção principal da laje (direção do menor vão), considera-se simplificadamente a carga da parede distribuída uniformemente numa área da laje adjacente à parede, com largura de 2/3 l Legenda: PAREDE PARALELA à DIREçãO PRINCIPAL DA LAJE ARMADA EM UMA DIREçãO A laje fica com duas regiões com carregamentos diferentes. Nas regiões I não ocorre a carga da parede, que fica limitada apenas à região II. Portanto, dois cálculos de esforços solicitantes necessitam serem feitos, para as regiões I e II. arg g = ( par A par 2 laje 2 x y x. Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 05 / 12 A carga uniformemente distribuída devida à parede, na faixa 2/3 l é: par = par/((2/3).lx.lx) = par/2 lx² com: g = carga uniforme da parede na laje (kN/m ); P = peso da parede(kN); l = menor vão da laje (m). No caso de parede com direção perpendicular à direção principal, a carga da parede deve ser considerada como uma força concentrada na viga que representa a laje. O valor da força concentrada P, representativo da carga da parede, é: P = γ . e . h . 1 P = γ . e . h com: P = força concentrada representativa da parede (kN); γ = peso específico da parede (kN/m ); e = espessura da parede (m); h = altura da parede (m). Legenda: PAREDE PERPENDICULAR à DIREçãO PRINCIPAL DA LAJE ARMADA EM UMA DIREçãO Exemplos de peso específicos de alguns materias - NBR-6120/80 x g P 3 P par 2 par x alv alv alv 3 Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 06 / 12 Legenda: PESO ESPECíFICO DE ALGUNS MATERIAIS Ações Variáveis A ação variável nas lajes é tratada pela NBR 6120/80 (item 2.2) como “carga acidental”. Na prática costumam chamar também de “sobrecarga”. A carga acidental é definida pela NBR 6120 como “toda aquela que pode atuar sobre a estrutura de edificações em função do seu uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos, etc.). As cargas verticais que se consideram atuando nos pisos de edificações, além das que se aplicam em caráter especial, referem-se a carregamentos devidos a pessoas, móveis, utensílios materiais diversos e veículos, e são supostas uniformemente distribuídas, com os valores mínimos indicados na Tabela 2”. Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 07 / 12 Legenda: EXEMPLOS DE CARGAS ACIDENTAIS - NBR 6120/80 Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 08 / 12 Legenda: EXERCíCIO - CARGAS NAS LAJES Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 09 / 12 Segurança estrutural. A segurança estrutural em concreto armado está relacionada com os seguintes critérios, em linhas gerais. 1) Aumento dos esforços solicitantes; 2) Redução das resistências dos materiais. 1 - Aumento dos esforços solicitantes. Este critério consiste em se aplicar um coeficiente de majoração dos esforços. Geralmente se adota: γ γ 2 - Redução das resistências dos materiais. Este critério consiste em se aplicar um coeficiente de minoração nas resistência dos materiais. a) Concreto Geralmente se adota: γ γ b) Aço Geralmente se adota: γ γ f = 1,4 Exemplo: - Força cortante característica = Vk = 100 kN - Força cortante de cálculo = Vd = 100 x f = 100 x 1,4 = 140 kN c = 1,4 Exemplo: - fck característico = fck = 35 MPa - fck de cálculo = fcd = fck/ c = 35/1,4 = 25 MPa s = 1,15 Exemplo: - fyk característico = fyk = 500 MPa - fyk de cálculo = fyd = fyk/ s = 500/1,15 = 434,78 MPa Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 10 / 12 ATIVIDADE Qual das cargas relacionadas não faz parte do grupo das cargas permanentes de uma laje? A. Peso próprio. B. Cargas variáveis. C. Paredes. D. Contrapiso. E. Revestimento de teto. ATIVIDADE Uma laje em concreto armado possui as seguintes características: - Mk = 10 kNm/m - Concreto: fck = 25 MPa - Aço CA-60 Quais serão os seus valores de cálculo após a aplicação dos coeficientes de segurança estrutural? A. Md = 7,14 kNm/m; fcd = 35 MPa; fyd = 690 MPa B. Md = 8,70 kNm/m; fcd = 25 MPa; fyd = 428,57 MPa C. Md = 10 kNm/m; fcd = 25 MPa; fyd = 600 MPa D. Md = 14 kNm/m; fcd = 17,86 MPa; fyd = 521,74 MPa E. Md = 11,5 kNm/m; fcd = 21,74 MPa; fyd = 840 MPa Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 11 / 12 ATIVIDADE Qual é o valor da carga de natureza acidental para terraços sem acesso ao público indicada pela NBR 6120/1980? A. 1,5 kN/m² B. 2,5 kN/m² C. 0,5 kN/m² D. 3,0 kN/m² E. 2,0 kN/m² REFERÊNCIA PINHEIRO, Libânio M. Fundamentos do Concreto e Projeto de Edifícios. São Carlos, EESC-USP. 2007. http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/concreto/Textos/ (http://www.set.eesc.usp.br/mdidatico/concreto/Textos/) NBR 6118: Projeto de Estruturas de Concreto Armado – Procedimento. ABNT, 2007. http://www.abnt.org.br (http://www.abnt.org.br/) CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEIREDO FILHO, Jasson Rodrigues de. Cálculo e Detalhamento de Estruturas Usuais de Concreto Armado segundo a NBR 6118:2003. 3ª edição, Ed. UFSCar. 2007. ISBN: 978- 85-7600-086-0, http://www.editora.ufscar.br (http://www.editora.ufscar.br/) BASTOS, PAULO SÉRGIO DOS SANTOS; UNESP(Bauru/SP) 1288 - Estruturas de Concreto I – Lajes de Concreto Estados limites: Ações; Tipos de carregamento; Cargas permanentes e acidentais; Segurança das estruturas: critérios básicos 12 / 12
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