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DISCENTE: TANISE LINO CARDOSO Condição cognitiva de crianças de zona rural Carmen Elvira Flores-Mendonza; Elizabeth do Nascimento Estudos de Psicologia – Campinas, vol. 24, pags. 13-22, 2007 Classificação A1 Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universi dade de São Paulo (1999). Membro da International Society for Intelligence Research. Professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Neurociências (Março 20 14-Fevereiro 2016). Co-fundadora do Laboratório de Avaliação das Diferenças Individuais. Ênfase: Psicologia Diferencial Temas: avaliação e mensuração psicológica, adaptação de testes psicológi cos, diferenças individuais e de grupo em inteligência e personalidade, processamento cognitivo. Revisora cientifica de oito periódicos nacionais e nove internacionais. Informações coletadas do Lattes em 05/09/2016 Autoras Carmen Elvira Flores-Mendoza Prado A psicologia diferencial investiga o papel das diferenças individuais tais como inteligência, estilos cognitivos, e personalidade no comportamento humano. O termo foi utilizado a primeira vez por William Stern em 1900. 2 Elisabeth do Nascimento Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (2000). Professora da Universidade Federal de Minas Gerais (2014 – atual) Vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFMG (2014- atual). Ênfases: Construção e Validade de Testes, Escalas e Outras Medidas Psicológicas Temas: inteligência, personalidade, WAIS-III, psicometria, avaliação psicológica, envelhecimento. É pesquisadora CNPq. Informações coletadas do Lattes em 05/09/2016 Autoras Conquistas sociais, comportamen tais e educacionais Associar o desempenho em testes de inteligência e critérios externos Variáveis mediadoras (sociais e biológicas) – Literatura Explicações para o aumento intelectual em duas amplas abordagens: hipótese nutricional hipótese da estimulação cognitiva presença e disponibilidade de desafios cognitivos (televisão, livros, computador, internet, entre outros); assim como à demanda cognitiva de trabalhos cada vez mais complexos Introdução Justificativa Os registros no Brasil envolvendo diferenças intelectuais associadas à modernização urbana são quase inexistentes (Carelli, 1994). A maioria das investigações nacionais sobre diferenças intelectuais e sua relação com variáveis sociais ou acadêmicas pode ser encontrada no período do início do século passado até a década de 1970. Analisar o impacto no desenvolvimento cognitivo da população infantil de um ambiente social extremamente precário e quantificar a fenda cognitiva existente entre crianças de zona rural e de zona urbana. Objetivo Método Vila rural ao norte de Minas Gerais População de aproximadamente 2.500 habitantes (estimativa feita pelos agentes educativos da cidade, pois ela não consta em qualquer censo habitacional.) A vila é dividida em zonas periféricas e centro. Não há asfalto, hospital, posto de correio, bancário ou farmácia. 95% dos habitantes não dispõe de energia elétrica. Somente há um posto de telefone público e uma parada de ônibus intermunicipal. 80% dos habitantes infectados com o Ancilostomo duodenale e Necator americanus (tipo de larva conhecida como “amarelão” e bastante frequente em áreas não urbanas). Duas escolas no centro da cidade: 1ª pré-escola a 4ª série; 2ª da 5ª até a 8ª série. Descrição do local de pesquisa Em cada zona periférica há uma pequena escola com uma sala de aula, uma cozinha e um dormitório para a dupla de professores que se hospeda de segunda a sexta-feira. Em todas as escolas existem dois turnos escolares (matutino e vespertino). A vila só dispõe de médicos 1x na semana. A população da vila trabalha quase que exclusivamente na lavoura. A dieta básica: arroz, feijão, mandioca, milho e macarrão. Quase não há consumo de carne ou peixe. Geralmente eles tem apenas uma refeição ao dia. A maioria das crianças das zonas periféricas desconhece outras vilas, tendo como referência apenas a própria. Em geral, as crianças caminham a pé por um período aproximado de 1 - 2 horas para chegarem à escola. Método Descrição do local de pesquisa 144 crianças entre 6 e 11 anos e onze meses de idade 69 meninas e 75 meninos moradoras de três zonas periféricas (3, 4 e 7) e da área central da vila rural. Participantes Método Provas que demandam inteligência fluida e cristalizada Materiais Refere-se à capacidade de resol ver problemas por meio da descoberta de relações entre várias informações disponíveis. Maior compreensão dos eventos complexos que a rodeiam trazendo uma vantagem adaptativa. Resolver problemas novos Relacionar ideias Induzir conceitos abstratos Matrizes Progressivas de Raven – Escala Colorida Teoria CHC (Cattell-Horn-Carroll) das Habilidades Cognitivas Primi, 2003 Este modelo CHC consiste numa visão multidimensional com dez fatores ligados a áreas amplas do funcionamento cognitivo. Estas capacidades associam-se aos domínios da linguagem, raciocínio, memória, percepção visual, recepção auditiva, produção de idéias, velocidade cognitiva, conhecimento e rendimento acadêmico 9 Provas que demandam inteligência fluida e cristalizada Materiais Refere-se à capacidade de operar eficientemente as informações apreendidas, adquirida principalmente pelo investimento em experiências de aprendizagem. Teoria CHC (Cattell-Horn-Carroll) das Habilidades Cognitivas Primi, 2003 Evitaram provas que solicitassem conhecimento exclusivo de ambientes sociais urbanos. Subtestes Dígitos, Códigos e Aritmética da Escala WISC-III Subtestes verbais dígitos e Aritmética apresentam itens familiares as crianças devido a escola, não caberia aqui por exemplo alguns itens dos outros subtestes verbais como Informação (ex. diga o nome de dois tipos de dinheiro), Semelhanças (ex. piano-violão) ou Compreensão (por que os carros devem ter cinto de segurança) 10 Procedimentos Ex. WISC, tarefas totalmente verbais 11 Realização de atividades lúdicas com as crianças previamente às avaliações a fim de favorecer um contato social que permitisse as testagens. Participação dos professores em todo processo de planejamento e logística das atividades. Todas as crianças foram avaliadas individualmente. Dificultadores: pouco tempo disponível para a realização do estudo, condições precárias ou infra-estrutura insuficiente longa distância das zonas rurais Procedimentos Ex. WISC, tarefas totalmente verbais 12 Resultados Aumento progressivo das pontuações médias nos testes cognitivos (à exceção de Códigos) conforme aumenta a idade nos grupos etários. Indicaram no Teste Raven e no subteste Código o desempenho não dependeu predominantemente do aumento cronológico. Diferenças devido à idade Distorção entre série e idade Observação da presença de crianças com defasagem idade-série avançada A distorção idade série começava a partir dos oito anos e piorava a medida em que aumentavam as idades das crianças que frequentavam séries inferiores às esperadas. Resultados Distorção entre série e idade Observação da presença de crianças com defasagem idade-série avançada A distorção idade série começava a partir dos oito anos e piorava a medida em que aumentavam as idades das crianças que frequentavam séries inferiores às esperadas. 42,3% das crianças com 8 anos estavam defasadas quanto a série assim como 52,3% das crianças com 11 anos Resultados Hipótese: crianças que frequentavam a escola central da vila rural, embora todas provenientes de lares pobres, tivessem um desempenho diferenciado das crianças das zonas rurais periféricas por estarem um pouco mais expostas aos recursos de comunicação e transporte. Análise de variância fatorial: Apesar de as crianças terem um pouco de acesso aos recursos de comunicação e transporte, não se encontraram diferenças substantivas no rendimento intelectual entre as escolas. As crianças das escolas do centro da vila rural encontravam-se quase no mesmo patamar cognitivo que as crianças das escolas das zonas periféricas. Diferenças devido à localidade da escola Talvez pq o acesso aos recursos de comunicação e transporte mesmo existindo fossem escassos, telefone e televisão mesmo só havia na escola, e as crianças não tinham muito acesso mesmo assim. 15 Resultados Os resultados apontaram não haver diferenças significativas entre os gêneros para nenhum dos testes cognitivos tanto no grupo etário de 6 - 7 anos quanto no grupo de 8 - 9 anos No grupo de 10 -11 anos, identificaram-se diferenças significativas entre gêneros no teste Raven e no subteste Código a favor das meninas. Este resultado reforça o padrão demonstrado na literatura, as diferenças oscilam bastante na infância, havendo uma tendência para pontuações superiores das meninas aos dez e onze anos de idade. Diferenças devido ao gênero Discussão Encontra-se associação negativa entre idade e QI. Estudos de 1972 em comunidades isoladas na Inglaterra e no EUA A correlação negativa entre idade e QI era menor em comunidades que permitiam maiores contatos sociais. E maior em comunidades com menor contato social. A série escolar prediz fortemente o desempenho nos testes nas crianças de maior idade (10 e 11 anos de idade) e não a idade cronológica. No grupo de crianças novas a idade cronológica mostrou-se melhor preditor para o desempenho nos testes que a série escolar. Quando se considera o padrão cognitivo de crianças de maior idade com sérios problemas de distorção entre série e idade e o de crianças novas freqüentando a série escolar esperada da zona rural, as análises de regressão indicam que, 17 Discussão Por que a idade cronológica não acompanha o aumento no desempenho dos testes de inteligência no grupo de crianças de maior idade enquanto a escolaridade o faz? O QI sofre efeitos negativos de variáveis ambientais como a frequência escolar intermitente, o início tardio ou o término precoce da escolaridade. Dada a inexistência do registro do índice de absenteísmo nas escolas das zonas periféricas, a distorção entre série e idade constitui uma evidência de irregularidade no período da escolaridade das crianças com maior idade, podendo-se alegar, portanto, que fatores ambientais têm um peso decisivo sobre o QI. 2 possíveis respostas 18 Evidenciou-se a diferença de desempenho cognitivo entre crianças rurais e crianças urbanas. Este resultado se relaciona provavelmente ao grau de estimulação cognitiva, condições de saúde geral e cuidado nutricional recebido de forma diferenciada por ambas amostras, mesmo antes do início formal da escolarização. Diferenças encontradas na avaliação cognitiva: Raven (30 pontos de QI) - WISC-III (média de 16, 19 pontos de QI) Discussão e Conclusões Dados antropométricos Gomes 19 Ambientes rurais, extremamente alheios aos avanços de comunidades urbanas, afetam com maior intensidade a inteligência fluida do que a inteligência cristalizada. Considera-se possível que tanto a hipótese nutricional quanto a hipótese de estimulação cognitiva sejam ambas as responsáveis pelas mudanças de QI na população humana. Nos países em desenvolvimento devido a variabilidade de desenvolvimento social existente entre as zonas rurais, é possível encontrar taxas diferentes de desenvolvimento cognitivo. . Conclusão 20 Limitações Sistematizar maior numero de informações que poderiam aumentar a compreensão das diferenças cognitivas. Medidas antropométricas (peso, altura, espessura do tríceps) que poderiam fornecer um índice nutricional individual preciso; Entrevistas com os pais, forneceriam dados sociofamiliares mais detalhados (anos de escolaridade dos pais, motivação para o estudo). Maior investigação dos dados de saúde que podem afetar o desempenho nos testes poderiam ser observados, como acuidade visual, auditiva. 15% dos alunos tinham desnutrição crônica; 32% eram severamente desnutridos e; 45% tinham alguma deficiência visual. Gomes-Neto et al. (1997) tanisecardoso@outlook.com Obrigada!
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