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DIREITO CIVIL II

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DIREITO CIVIL II
Teoria Geral das Obrigações
1- CONCEITO DE OBRIGAÇÕES
	“Consiste em um complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem pessoal e patrimonial que tem por objeto prestação de um sujeito em proveito do outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza pessoal, visto que seu conteúdo é a prestação patrimonial.[...]
	Na verdade, as obrigações se caracterizam não tanto como um dever do obrigado, mas como um direito do credor. A principal finalidade do direito das obrigações consiste exatamente em fornecer meios ao credor para exigir do devedor o cumprimento da prestação.”
Carlos Roberto Gonçalves
1.1- Diferença entre obrigação jurídica e obrigação natural
2- Diferenças entre obrigação e responsabilidade
2.1- Obrigação e Responsabilidade:
	“Contraída a obrigação, duas situações podem ocorrer: ou o devedor cumpre normalmente a prestação assumida - e nesse caso ela se extingue, por ter atingido o seu fim por um processo normal -, ou o devedor se torna inadimplente. [...] Como vimos, a relação jurídica obrigacional resulta da vontade humana ou da vontade do Estado, por intermédio da lei, e deve ser cumprida espontânea e voluntariamente. Quando tal fato não acontece, surge a reponsabilidade. [...] Cumprida, a obrigação se extingue. Não cumprida, nasce a responsabilidade, que tem como garantia o patrimônio geral do devedor. [...] A responsabilidade é, assim, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional.” 	GONÇALVES. C. R.
3- Diferença entre direito das obrigações e direito das coisas
3.1- Natureza do Direito das Coisas:
	O direito das obrigações são relações pessoais não ligadas especificamente a uma coisa determinada, e se dão entre duas ou mais pessoas determinadas; já no direito das coisas a relação ocorre entre o titular do direito real o todas as demais pessoas que devem respeitar o direito daquele titular, denominado como relação jurídica absoluta.
4- Fontes do Direito das Obrigações
4.1- Conceito:
 “Constituem fontes das obrigações os fatos jurídicos que dão origem aos vínculos obrigacionais, em conformidade com as normas jurídicas, ou melhor, os fatos jurídicos que condicionam o aparecimento das obrigações.”
4.2- Espécies:
“Quando se indaga a fonte de uma obrigação procura-se conhecer o fato jurídico, ao qual a lei atribui o efeito de suscitá-la”. Essa constatação impõe distinguir fonte imediata e fonte mediata das obrigações.
Imediata: a obrigação emana diretamente da lei (ex: CC, art. 1.696);
Mediata: a obrigação resulta diretamente de uma declaração da vontade, bilateral (contrato) ou unilateral (promessa de recompensa etc.) ou de um ato ilícito. No entanto, tais fatos só geram obrigações porque a lei assim dispõe(CC, arts. 389, 854 e s., 186, 187 e 927).
Elementos Constitutivos das Obrigações
1- Elemento Subjetivo
	
	“O sujeito ativo é o credor da obrigação, aquele em favor de quem o devedor prometeu determinada prestação. Tem ele, como titular daquela, o direito de exigir o cumprimento desta.
Os sujeitos da obrigação, tanto o ativo como o passivo, podem ser pessoa natural ou jurídica, de qualquer natureza, bem como as sociedades de fato. Devem ser, contudo, determinados ou, ao menos, determináveis. Só não podem ser absolutamente indetermináveis.”
2- Elemento Objetivo
2.1- Objeto Imediato: PRESTAÇÃO
2.2- Objeto Mediato: Para saber qual o objeto mediato (distante, indireto) da obrigação, basta indagar: dar, fazer ou não fazer o quê?
Ex.: 
Na compra e venda: A obrigação de entregar (de dar coisa certa) constitui o objeto imediato da aludida obrigação. se o vendedor se obrigou a entregar um veículo, este será o objeto mediato da obrigação, podendo ser também chamado de “objeto da prestação”.
3- Elemento Abstrato
3.1- Vínculo Jurídico:
“Vínculo jurídico da relação obrigacional é o liame existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e que confere ao primeiro o direito de exigir do segundo o cumprimento da prestação.
O vínculo jurídico compõe-se de dois elementos: débito e responsabilidade. O primeiro é também chamado de vínculo espiritual, abstrato ou imaterial devido ao comportamento que a lei sugere ao devedor, como um dever ínsito em sua consciência, no sentido de satisfazer pontualmente a obrigação, honrando seus compromissos
O segundo, também denominado vínculo material, confere ao credor não satisfeito o direito de exigir judicialmente o cumprimento da obrigação, submetendo àquele os bens do devedor.”
Classificação das Obrigações
1- Quanto ao vínculo obrigacional
1.1- Moral:
Não existe obrigatoriedade para o cumprimento.
1.2- Natural: 
Pode ou não gerar a obrigatoriedade.
1.3- Civil:
Gera a obrigatoriedade para o cumprimento.
2- Quanto ao objeto em relação à sua natureza
2.1- Dar:
A coisa já existe e precisa ser entregue.
2.2- Fazer:
A coisa precisa ser feita e entregue.
2.3- Não Fazer:
Oriunda da obrigação de fazer que não é feita.
3- Quanto à estrutura
3.1- Simples:
Há apenas um credor, um devedor e um só objeto, ou seja, se apresentam com todos os elementos no singular. 
3.2- Complexa:
Basta que um dos citados acima (credor, devedor, objeto) estejam no plural.
4- Quanto ao modo de execução
4.1- Simples:
Único objeto
4.2- Cumulativas:
Mais de um objeto
Ex.: "A" deve dar a "B" um livro e um caderno. 
4.3- Alternativas:
Dois ou mais objetos, podendo escolher um.
 Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 10.000,00 ou um carro.
4.4- Facultativas:
Permite-se que o devedor possa se liberar cumprindo prestação diversa e predeterminada. 
5- Quanto ao Objeto
5.1- Divisível:
Aquelas em que o objeto da prestação pode ser dividido entre os sujeitos.
5.2- Indivisível:
Aquelas em que o objeto da prestação não pode ser dividido entre os sujeitos.
OBRIGAÇÃO DE DAR
	
	A obrigação de dar é obrigação de prestação de coisa, que pode ser determinada ou indeterminada. O Código Civil a disciplina sob os títulos de “obrigações de dar coisa certa” (arts. 233 a 242) e “obrigações de dar coisa incerta” (arts. 243 a 246).
1- Obrigação de dar coisa certa (arts. 233 a 242 CC)
1.1- Conceito:
	Modalidade de obrigação, onde o devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade. Essa obrigação só se exaure com a entrega do objeto, não podendo haver substituição, mesmo que mais valioso.
1.2- Obrigação Entregar:
	Às vezes, no entanto, a obrigação de dar não é cumprida porque, antes da entrega ou da restituição, a coisa pereceu ou se deteriorou, com culpa ou sem culpa do devedor.
1.2.1- Perecimento (art. 234 CC): perda total
Sem culpa do devedor: extingue-se a obrigação para ambas as partes. Se o devedor já recebeu o preço da coisa, deve devolvê-lo ao credor, em virtude da resolução do contrato, sofrendo, por conseguinte, o prejuízo decorrente do perecimento.
Com culpa do devedor: Deve o devedor entregar ao credor não outro objeto semelhante, mas o equivalente em dinheiro, que corresponde ao valor do objeto perecido, mais as perdas e danos, que denotarão o prejuízo invocado.
1.2.2- Deterioração (arts. 135 e 236 CC): perda parcial
Sem culpa do devedor: poderá o credor optar por resolver a obrigação, ou aceitá-lo no estado em que se acha, com abatimento do preço, proporcional à perda.
Com culpa do devedor: (resolver a obrigação, exigindo o equivalente em dinheiro, ou aceitar a coisa, com abatimento), mas com direito, em qualquer caso, à indenização das perdas e danos comprovados.
1.3- Obrigação de Restituir:
	Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. Tal modalidade impõe àquele a necessidade de devolver coisa que, em razão de estipulação contratual, encontra-se legitimamente em seu poder.
1.3.1- Perecimento (art. 238 e 239 CC):
Sem culpa do devedor: resolve-se a obrigação do comodatário, que não terá de pagar perdas e danos, exceto se estiver em mora, quando então responderá pela impossibilidade da prestação
(CC, art. 399).
Com culpa do devedor: deve ressarcir o mais completamente possível a diminuição causada ao patrimônio do credor, mediante o pagamento do equivalente em dinheiro do bem perecido, mais as perdas e danos.
1.3.2- Deterioração (art. 239 e 240 CC)
Sem culpa do devedor: suportará o prejuízo o credor, na qualidade de proprietário.
Com culpa do devedor: responderá o devedor pelo equivalente em dinheiro, mais perdas e danos.
2- Obrigação de dar coisa incerta (art. 243 a 245 CC)
2.1- Conceito:
	A expressão “coisa incerta” indica que a obrigação tem objeto indeterminado, mas não totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. É, portanto, indeterminada, mas determinável. Falta apenas determinar sua qualidade.
2.2- Escolha e Concentração do Objeto:
	A determinação da qualidade da coisa incerta perfaz-se pela escolha. Feita esta, e cientificado o credor, acaba a incerteza, e a coisa torna-se certa, vigorando, então, as normas da seção anterior do Código Civil, que tratam das obrigações de dar coisa certa.
	O ato unilateral de escolha denomina-se concentração. Com a concentração passa-se de um momento de instabilidade e indefinição para outro, mais determinado, consubstanciado.
2.3- Perecimento da Coisa:
	Os efeitos da obrigação de dar coisa incerta devem ser apreciados em dois momentos distintos: a situação jurídica anterior e a posterior à escolha. Só a partir do momento da escolha é que ocorrerá a individualização e a coisa passará a aparecer como objeto determinado da obrigação. Antes, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração, ainda que por força maior ou caso fortuito, pois o gênero nunca perece.
Obrigação de dar coisa incerta
Não cabe perecimento nem perdas e danos.
Escolha e Concentração do objeto
Obrigação de dar coisa certa
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OBRIGAÇÃO DE FAZER
	
1- Obrigações de fazer (arts. 41 249 CC)
1.1- Conceito:
	A obrigação de fazer (obligatio faciendi) abrange o serviço humano em geral, seja material ou imaterial, a realização de obras e artefatos, ou a prestação de fatos que tenham utilidade para o credor. A prestação consiste, assim, em atos ou serviços a serem executados pelo devedor.
1.2- Espécies:
1.2.1- Infungível: quando for convencionado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação.
Recusa ou mora na prestação:
Podem ser acionados, cumulativamente com o pedido de perdas e danos, como a fixação de uma multa diária que incide enquanto durar o atraso no cumprimento da obrigação.
1.2.2- Fungível: quando não há tal exigência expressa, nem se trata de ato ou serviço cuja execução dependa de qualidades pessoais do devedor ou dos usos e costumes locais, podendo ser realizado por terceiro.
Impossibilidade da Prestação:
Sem culpa do devedor: fica afastada a sua responsabilidade (art. 248, 1ª parte).
Com culpa do devedor: possível ao credor optar pela conversão da obrigação em perdas e danos, (art. 248, 2ª parte).
Recusa ou mora do devedor (art. 249)
O credor pode optar pela execução específica, requerendo que ela seja executada por terceiro, à custa do devedor (CC, art. 249).
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
1- Obrigação de não fazer (art. 250 a 251 CC)
1.1- Conceito:
	A obrigação de não fazer ou negativa impõe ao devedor um dever de abstenção: o de não praticar o ato que poderia livremente fazer caso não se houvesse obrigado.
1.2- Impossibilidade da prestação:
Sem culpa do devedor: extingue-se a obrigação.
Com culpa do devedor: pode o credor exigir que ele o desfaça, sob pena de ser desfeito à sua custa, além da indenização de perdas e danos.
OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA	
1- Obrigações Alternativas (art. 252 a 256 CC)
1.1- Conceito:
	Obrigação alternativa é a que compreende dois ou mais objetos e extingue-se com a prestação de apenas um.
1.2- Pluralidade de prestações e Concentração:
	Segundo Karl Larenz, existe obrigação alternativa quando se devem várias prestações, mas, por convenção das partes, somente uma delas há de ser cumprida, mediante escolha do credor ou do devedor. As prestações são múltiplas, mas, efetuada a escolha, quer pelo devedor, quer pelo credor, individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas, como se, desde o início, fosse a única objetivada na obrigação.
1.3- Direito de Escolha:
	A obrigação alternativa só estará em condições de ser cumprida depois de definido o objeto a ser prestado. Essa definição se dá pelo ato de escolha. A quem compete a escolha da prestação?
O Código Civil respeita, em primeiro lugar, a vontade das partes. Em falta de estipulação ou de presunção em contrário, a escolha caberá ao devedor.
Pode também por vontade de ambas as partes, a atribuição da faculdade da escolha à um terceiro de confiança de ambos.
Para que a escolha caiba ao credor, é necessário que o contrato assim o determine expressamente.
1.4- Impossibilidade das prestações:
1.4.1- Escolha do devedor:
Impossibilidade material (art. 253): decorrente, por exemplo, do fato de não mais se fabricar uma das coisas que o devedor se obrigou a entregar ou de uma delas ser um imóvel que foi desapropriado. A obrigação, nesse caso, concentra-se automaticamente, independente da vontade das partes, na prestação restante, deixando de ser complexa para se tornar simples.
Impossibilidade jurídica: se a impossibilidade é jurídica, por ilícito um dos objetos (praticar um crime, p. ex.), toda a obrigação fica contaminada de nulidade, sendo inexigíveis ambas as prestações.
Impossibilidade superveniente:
Sem culpa do devedor: dá-se a concentração da dívida na outra ou nas outras. Assim, por exemplo, caso alguém se obrigue a entregar um veículo ou um animal e este último venha a morrer depois de atingido por um raio, concentrar-se-á o débito no veículo.
Com culpa do devedor: poderá concentrá-la na prestação remanescente.
Se a impossibilidade for de todas as prestações, sem culpa do devedor, “extinguir- se-á a obrigação” por falta de objeto, sem ônus para este (CC, art. 256). Se houver culpa do devedor, ficará obrigado “a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar” (CC, art. 254).
1.4.2- Escolha do Credor:
Mas se a escolha couber ao credor, pode este exigir o valor de qualquer das prestações (e não somente da que por último pereceu, pois a escolha é sua), além das perdas e danos.
Se somente uma das prestações se tornar impossível por culpa do devedor, cabendo ao credor a escolha, terá este direito de exigir ou a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos (CC, art. 255).
OBRIGAÇÕES DE MEIO E DE RESULTADO
1- Obrigação de meio
1.1- Conceito: 
	Quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado resultado sem, no entanto, responsabilizar-se por ele.
1.2- Reflexos Jurídicos:
Não respondem por nada, ou seja não são responsabilizados se agirem de forma diligente.
2- Obrigação de resultado
2.1- Conceito:
	Existe o compromisso do devedor com um resultado específico que é o objetivo da própria obrigação, sem o qual não haverá o cumprimento desta, pois o contratado compromete-se a atingir o objetivo determinado, de forma que quando o fim almejado não é alcançado ou é alcançado de forma parcial ou imperfeita tem-se a inexecução da obrigação.
2.2- Reflexos Jurídicos:
	O devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é alcançado. Não o sendo, é considerado inadimplente e deve responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso.
3- Entendimento do STJ
Regra geral na relação entre médico e paciente: obrigação de meio
Segundo o entendimento do STJ, a relação entre médico e paciente é contratual e encerra, de modo geral, OBRIGAÇÃO DE MEIO, salvo em casos de cirurgias plásticas de natureza exclusivamente estética (REsp 819.008/PR).
Cirurgia meramente estética: obrigação de resultado
A obrigação nas cirurgias meramente estéticas é de resultado, comprometendo-se o médico com o efeito embelezador prometido.
Como é a responsabilidade do médico nos casos de cirurgia que seja tanto
reparadora como também estética?
Nas cirurgias de natureza mista (estética e reparadora), como no caso de redução de mama, a responsabilidade do médico não pode ser generalizada, devendo ser analisada de forma fracionada, conforme cada finalidade da intervenção. Assim, a responsabilidade do médico será de resultado em relação à parcela estética da intervenção e de meio em relação à sua parcela reparadora (STJ. 3ª Turma, REsp 1.097.955-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/9/2011).
OBS: O processo alérgico posterior a cirurgia em caso fortuito, o médico não será responsabilizado.
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
As obrigações divisíveis e indivisíveis, porém, são compostas pela multiplicidade de sujeitos. Nelas, há um desdobramento de pessoas no polo ativo ou passivo ou mesmo em ambos, passando a existir tanto obrigações distintas quanto as pessoas dos devedores ou dos credores. Nesse caso, cada credor só pode exigir a sua quota e cada devedor só responde pela parte respectiva (CC, art. 257).
1- Obrigação Divisível
1.1-Conceito:
	Pode-se conceituar obrigação divisível e indivisível com base na noção de bem divisível e indivisível. Bem divisível é o que se pode fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destina (art. 87).
1.2- Débito dividido (art. 261 CC):
DEVEDOR
CREDOR 1
CREDOR 2
CREDOR 3
R$ 1.500,00
R$ 500,00
R$ 500,00
R$ 500,00
2- Obrigação Indivisível
2.1- Conceito:
	“Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.”
3- Pluralidade de Devedores
3.1- Obrigação Indivisível (art. 259):
	Assim, quando a obrigação é indivisível (entregar um animal ou um veículo, (p. ex.) e há pluralidade de devedores, “cada um será obrigado pela dívida toda” (CC, art. 259). o que paga a dívida “sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados” (parágrafo único), dispondo de ação regressiva para cobrar a quota-parte de cada um destes.
4- Pluralidade de Credores
4.1- Obrigação Indivisível (art. 260):
	Cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro e cada devedor responde também pelo todo. 	Sendo indivisível a obrigação (de entregar um cavalo, p. ex.), o pagamento deve ser oferecido a todos conjuntamente. Nada obsta, todavia, que se exonere o devedor pagando a dívida integralmente a um dos credores, desde que autorizado pelos demais, ou que, na falta dessa autorização, dê esse credor caução de ratificação dos demais credores (CC, art. 260, I e II).
	Se um só dos credores receber sozinho o cavalo mencionado no exemplo acima, poderá cada um dos demais exigir desse credor a parte que lhe competir, em dinheiro. Assim, sendo três os credores e valendo R$ 30.000,00, por exemplo, o animal recebido por um dos credores, ficará o que recebeu obrigado, junto aos outros dois, ao pagamento, a cada um deles, da soma de R$ 10.000,00.
4.2- Remissão da Dívida (art.. 262):
	Se um dos credores perdoar a dívida, não ocorrerá a extinção da obrigação com relação aos demais credores. Estes, entretanto, não poderão exigir o objeto da prestação se não pagarem a vantagem obtida pelos devedores, ou seja, o valor da quota do credor que a perdoou.
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
art. 264 do Código Civil:
“Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de
um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.”
1. Características 
pluralidade de sujeitos ativos ou passivos;
multiplicidade de vínculos, sendo distinto ou independente o que une o credor a cada um dos codevedores solidários e vice-versa;
unidade de prestação, visto que cada devedor responde pelo débito todo e cada credor pode exigi-lo por inteiro. A unidade de prestação não permite que esta se realize por mais de uma vez; se isto ocorrer, ter-se-á repetição (CC, art. 876);
corresponsabilidade dos interessados, já que o pagamento da prestação efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um.
1.2- Outras Considerações:
“Se algum dos devedores for ou se tornar insolvente, quem sofre o prejuízo de tal fato não é o credor, mas o outro devedor, que pode ser chamado a solver a dívida por inteiro’. Na realidade, na solidariedade se tem não uma única obrigação, mas tantas obrigações quantos forem os titulares. Cada devedor passará a responder não só pela sua quota como também pelas dos demais; e, se vier a cumprir por inteiro a prestação, poderá recobrar dos outros as respectivas partes.” C. R. Gonçalves
2. Princípios
2.1- Unidade da Prestação:
2.2- Pluralidade e Independência do vínculo:
2.3- Co-responsabilidade entre sujeitos:
2.4- Intransmissibilidade
2.5- inexistência de presunção de solidariedade, e a manifestação de vontade:
3. Espécies
3.1- Obrigações Solidárias Ativas
	Na solidariedade ativa, há multiplicidade de credores, com direito a uma quota da prestação. Todavia, em razão da solidariedade, cada qual pode reclamá-la por inteiro do devedor comum. Este, no entanto, pagará somente a um deles. O credor que receber o pagamento entregará aos demais as quotas de cada um. O devedor se libera do vínculo pagando a qualquer cocredor, enquanto nenhum deles demandá-lo diretamente (CC, art. 268).
3.1.1- Características:
Cada credor pode, individualmente, cobrar a dívida toda — dispõe, com efeito, o art. 267 do Código Civil: “Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”. Isto não significa, todavia, que o devedor tenha de pagar a mesma dívida mais de uma vez. Efetuado o pagamento integral a um dos credores, o devedor se exonera, devendo o credor contemplado prestar contas aos demais.
O devedor comum pode pagar a qualquer credor — por sua vez, preceitua o art. 268 do Código Civil: “Enquanto alguns dos credores solidários demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar”. Enquanto não houver cobrança judicial, o devedor poderá pagar a qualquer dos credores à sua escolha.
Promover medidas assecutórias:
Interrupção ou suspensão da prescrição por um dos credores: art. 204 § 1º- “ A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.”
3.1.2- Efeitos:
Falecimento do credor solidário (art. 270 CC):
	Os herdeiros do credor falecido não podem exigir, por conseguinte, a totalidade do crédito, e sim apenas o respectivo quinhão hereditário, isto é, a própria quota no crédito solidário de que o de cujus era titular juntamente com outros credores. Assim não acontecerá, todavia, nas hipóteses seguintes:
a) se o credor falecido só deixou um herdeiro;
b) se todos os herdeiros agem conjuntamente; ou
c) se indivisível a prestação.
Em qualquer um desses casos, pode ser reclamada a prestação por inteiro.
Conversão da obrigação em perdas e danos(art. 271 CC):
	Mesmo com a conversão em perdas e danos, a unidade da prestação não é comprometida. A solidariedade permanece, pois emana da vontade contratual ou da lei, que não foram alteradas, e não da natureza do objeto. As obrigações indivisíveis, ao contrário, perdem essa qualidade e se transformam em divisíveis quando convertidas em perdas e danos (art. 263).
Remissão ou Recebimento da dívida por um dos credores (art. 272):
“O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros a parte que lhes cabia.”
Vide: art. 388 CC.
Princípio da inoponibilidade das exceções pessoais (arts. 273 e 274):
	O devedor não pode opor a um dos credores solidários exceções pessoais que poderia opor a outros credores, isto é, exceções que prejudicariam outros credores. Por exemplo, se um dos credores é relativamente incapaz, somente a este credor é que pode haver oposições, nunca aos outros credores.
E se houver julgamento contrário a um dos credores, os outros podem cobrar ao devedor a dívida.
	
Princípio da autonomia dos credores solidários
60
3.2- Obrigações Solidárias Passivas (arts. 275 a 285 CC)
	A solidariedade passiva consiste na concorrência de dois ou mais devedores, cada um com dever de prestar a dívida toda.
3.2.1- Características:
Exigência integral do crédito: o pode credor pode exigir de qualquer um dos devedores o cumprimento integral da prestação. Trata-se, porém, de uma faculdade, e não de um dever, se quiser, poderá o credor exigir parte do débito de cada um dos devedores separadamente.
R$ 100
R$ 100
Devedor demandado não poderá invocar apenas a sua quota: o devedor que for demandado pelo credor ceve pagar a dívida por inteiro.
Pagamento realizado por um dos devedores: se um dos devedores realizar o pagamento integral, os outros codevedores deverão pagar àquele que efetuou o pagamentos ao credor cada qual sua quota na obrigação.
Credor 
Devedores 
A
B
C
Dívida: R$ 300
R$ 300
3.2.2- Efeitos:
Falecimento de um dos devedores solidários (art. 276): morto o devedor solidário, também com herdeiros, divide-se o débito e cada um só responde pela quota respectiva, salvo se a obrigação for igualmente indivisível. Mas, neste último caso, por ficção legal, os herdeiros reunidos são considerados como um só devedor solidário, em relação aos demais codevedores. Verifica-se, desse modo, que a morte de um dos devedores solidários não rompe a solidariedade.
Pagamento parcial feito por um dos devedores (art. 277): O pagamento parcial naturalmente reduz o crédito. Sendo assim, o credor só pode cobrar do que pagou ou dos outros devedores o saldo remanescente.
Remissão e exoneração em favor de um dos devedores (arts. 282 e 284): A remissão ou perdão pessoal dado pelo credor a um dos devedores solidários não extingue a solidariedade em relação aos codevedores, acarretando tão somente a redução da dívida, em proporção ao valor remitido. Distinção entre renúncia da solidariedade e remissão da dívida: a renúncia ao benefício da solidariedade distingue-se da remissão da dívida. Com efeito, o credor que apenas renuncia a solidariedade continua sendo credor, embora sem a vantagem de poder reclamar de um dos devedores a prestação por inteiro, ao passo que aquele que remite o débito abre mão de seu crédito, liberando o devedor da obrigação.
Autonomia dos devedores solidários (art. 278 CC): 
Impossibilidade de cumprimento da prestação (art. 279):
Por culpa do devedor: A solução legal é a de que todos os codevedores são responsáveis perante o credor pelo equivalente em dinheiro do objeto da obrigação. O culpado, porém, e só ele, responde pelas perdas e danos.
Unidade da obrigação (art. 280): só o culpado acabará arcando com as consequências do pagamento dos juros da mora, no acerto final entre eles, pela via regressiva.

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