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Teoria da Contabilidade 
 
1.Conceito de Contabilidade: 
Na contabilidade, o objeto é sempre o Patrimônio de uma Entidade, definido como um conjunto de 
bens, direitos e obrigações para com terceiros, pertencentes a uma pessoa física ou a um grupo de 
pessoas. 
A contabilidade busca, primordialmente, aprender, no sentido mais amplo possível, e entender as 
mutações sofridas pelo Patrimônio. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem quanto, 
embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o patrimônio. 
 
2 - O Surgimento da Contabilidade: 
Os primeiros sinais objetivos da existência da Contabilidade, segundo pesquisadores, foram 
observados por volta do ano 4.000 a/C, na civilização Sumério-Babilonense e coincidiu com a invenção 
da escrita. 
As primeiras anotações eram feitas em termos físicos pois somente haviam trocas, o que fez com que 
sua evolução fosse bastante lenta. Em 1.100 a/C, este quadro se alterou, por ocasião do surgimento 
da moeda. 
Há informações que os primeiros rudimentos de Balanço apareceram no ano de 1.300 em Florença na 
Itália. 
Entre os séculos XIII e XVIII a contabilidade se distinguiu como uma disciplina adulta, justamente pelo 
fato de que neste período a atividade mercantil, econômica e cultural era muito importante, ou seja, a 
evolução da Contabilidade está associada ao desenvolvimento da sociedade como um todo. Esse fato 
tem feito que mais recentemente a Contabilidade venha sendo considerada como pertencente ao ramo 
da ciência social. 
A intensidade das atividades mercantis, econômicas e culturais, determinou o surgimento e domínio 
das ESCOLAS DE CONTABILIDADE, notadamente na Itália. 
 
3. AS ESCOLAS DE CONTABILIDADE: 
 
3.1 - Escola Italiana de Contabilidade: 
Com o surgimento do Método de Partidas Dobradas no século XIII ou XIV, e sua divulgação através da 
obra "La Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá" de autoria do Frei Luca 
Pacioli, publicada em Veneza em 10/11/1494, a escola Italiana ganhou grande impulso, espalhando-se 
por toda a Europa. 
Vários correntes de pensamento contábil se desenvolveram dentro da escola italiana, sendo as mais 
relevantes: o contismo, o personalismo, o neocontismo, o controlismo, o aziendalismo e o 
patrimonialismo. 
 
3.1.1 - Escola Contista: 
Constituiu-se na primeira corrente de pensamento contábil (1494). Seu surgimento está relacionado 
aos estudos feitos pelos primeiros expositores do Método de Partidas Dobradas. Os defensores dessa 
corrente, adotaram como idéia básica o mecanismo das contas, centrando sua preocupação no seu 
funcionamento, esquecendo-se que a conta é apenas conseqüência das operações que acontecem 
numa entidade, e que essas operações devem merecer a máxima atenção da contabilidade. 
Para os criadores da escola contista, a preocupação central da contabilidade era com o processo de 
escrituração e com as técnicas de registro através das contas. 
O objetivo das contas era sempre o de registrar uma dívida a receber ou a pagar, coincidindo com a 
origem do crédito nas relações comerciais. 
Com o início do regime sócio-econômico, onde os meios de produção passaram a pertencer a qualquer 
pessoa que possuísse capital, as relações de crédito entre compradores e vendedores experimentaram 
um grande crescimento, fazendo com que as contas contábeis se constituíssem num dos mais hábeis 
instrumentos para o registro destas relações. 
Em 1796, Jones apresentou o modelo inglês de registro baseado em dois livros principais: o diário e o 
razão e dois livros auxiliares: caixa e armazém (existências). Este autor teve o mérito de ser o 
primeiro a admitir a necessidade de realizar-se um controle numérico entre os livros principais, 
somando-se separadamente o diário e o razão para verificar a igualdade de ambas somas. 
A preocupação com a fidelidade das informações contidas no diário e no razão, revelou a necessidade 
de uma maior sistematização do processo de registro das operações, com a conseqüente melhoria na 
qualidade do produto deste processo. 
Mais tarde, com o surgimento das sociedades com mais de um capitalista, criou-se a conta capital, 
considerada pelos contistas como uma dívida da empresa para com o capitalista. 
Os principais personagens do contismo foram: Fibonacci, Pegolotti, Pietra, Flori, Degranges, sendo que 
os mais destacados foram Cotrugli e Frei Luca Pacioli. 
 
3.1.2 - Escola Personalista: 
Esta escola surgiu como uma reação ao contismo, durante a segunda metade do século XIX (1867), 
dando personalidade às contas para poder explicar as relações de direitos e obrigações. 
Para os teóricos do personalismo, as contas deveriam ser abertas tanto para pessoas físicas como 
jurídicas (pessoas verdadeiras), e o dever e haver representavam débitos e créditos das pessoas a 
quem as contas foram abertas. 
Um dos primeiros idealizadores desta teoria foi Francesco Marchi (1822/1871). Mas foi Giuseppe 
Cerboni(1827/1917) o verdadeiro construtor da teoria personalista. 
Justificava a personificação das contas por considerar que qualquer operação administrativa, 
correspondente à gestão de qualquer entidade, assume relevância jurídica em virtude do débito e 
crédito que provoca. 
Cerboni fundamentou a teoria personalista nos seguintes axiomas: 
 Toda a administração consta de uma ou várias aziendas (conjunto de bens materiais, direitos 
e obrigações que formam o patrimônio) e toda azienda tem um proprietário ou chefe a quem 
pertence em absoluto ou por representação a matéria administrável. Por outro lado, não se 
pode administrar sem que o proprietário ou chefe entre em relação com agentes 
(empregados) e correspondentes (terceiros). 
 Uma coisa é possuir os direitos de propriedade e de soberania da azienda e outra coisa é 
administrá-la. 
 Uma coisa é administrar a azienda e outra é guardar os bens da mesma e ser responsável por 
eles. 
 Nenhum débito é criado sem que de forma simultânea se crie um crédito e vice-versa. 
 Em relação aos empregados e terceiros, o proprietário é de fato o credor do ativo e o devedor 
do passivo. Os empregados e terceiros nunca serão debitados ou creditados sem que o 
proprietário seja creditado ou debitado pela mesma importância. 
 O deve e o haver do proprietário somente variam como conseqüência de ganhos ou perdas ou 
de reduções ou reforços da dotação inicial da azienda. 
No personalismo, a ciência contábil é considerada o estudo das variações da riqueza em relação a 
azienda e a contabilidade a ciência da administração aziendal. 
Uma importante contribuição desta escola à comunicação contábil foi a de que a contabilidade passou 
a ser considerada um instrumento informacional sobre a gestão das entidades, em vez de uma mera 
técnica de registro de transações econômicas. Portanto, considerada uma disciplina ligada à gestão e 
ao processo de tomada de decisão. 
Os principais personagens foram Marchi, Cerboni e Rossi. 
 
3.1.3 - Escola Controlista: 
Para Fábio Besta (1880) a contabilidade representava a ciência do controle econômico. Este autor 
considerava que o controle econômico se compunha de duas partes: uma responsável pelo registro 
contábil dos momentos da administração econômica e sua efetivação por meio de escrituração e a 
outra representava a revelação das partidas dobradas dos fatos administrativos em conexão com os 
critérios organizacionais articulados de acordo com os mecanismos de controle inerentes à 
escrituração contábil. 
Na visão dos controlistas, os balanços, as contas, os orçamentos, as demonstrações de resultados, 
etc., representavam uma forma de controle da riqueza dos organismos econômicos. 
Besta entendia que a contabilidade tinha a missão de atender as seguintes três fases: primeiro 
estabelecer um ponto de partida para tornar possível a análise dos resultados da gestão; em segundo 
lugar acompanhar a gestão evidenciando os fatos ocorridos que julgar-seo trabalho administrativo e a 
terceira fase demonstrar os resultados finais da administração econômica para a devida aprovação ou 
rejeição da gestão. 
Igualmente considerava que o patrimônio deveria ser representado por uma grandeza mensurável e 
variável, isto é, demonstrado por uma soma de valores positivos e negativos. Besta classificou as 
funções de controle econômico (ou de contabilidade) conforme o momento em que ocorriam com 
referência aos fatos administrativos e de acordo com a sua natureza. Segundo o momento de 
ocorrência, as funções de controle são: antecedentes, concomitantes e subsequentes. 
Antecedentes são os contratos, estatutos, regulamentos, atas, inventários, etc. 
Concomitantes são os controles que se caracterizam pela vigilância das tarefas determinadas para 
cada pessoa. Esta deve ser feita por quem exerce a autoridade direta, pelos administradores ou outras 
pessoas indicadas para tal fim, visando a proteção da entidade. Para tal, podem ser utilizados cartões, 
apontamentos, medidores, etc. 
A função subsequente é o exame dos fatos em seus aspectos jurídicos e econômicos, ou seja, o 
confronto entre o que foi realizado com o que deveria ter sido feito. Os instrumentos usados são os 
documentos referentes aos dois controles anteriores, os registros contábeis, os balanços, as 
prestações de contas, o exame destas prestações e sua aprovação ou rejeição. 
O controle econômico pode ser considerado com uma das finalidades dos sistemas de escrituração, 
não abrangendo, contudo, em sua totalidade o objeto da contabilidade. Aspectos relativos à formação 
dos custos, realização de receita, equilíbrio financeiro e outros que provam variações patrimoniais, são 
objeto de operações de controle, porém, a contabilidade não se limita unicamente a esses aspectos. O 
controle é apenas um instrumento de apoio e não um fim ou objeto da contabilidade. 
As contribuições desta escola à comunicação contábil foram: 
 o controle significava um melhor estudo substancial das operações da entidade para 
estabelecer se as mesmas estavam sendo desenvolvidas de acordo com critérios de 
conveniência econômica que devem guiar a conduta de uma entidade. 
 A informação contábil servia como uma base para a análise da gestão passada e como 
instrumento de informação para previsões futuras. 
 O desenvolvimento sistemático de princípios que informavam sobre o patrimônio das 
entidades, sobre seus inventários, avaliações de bens, orçamentos e demonstrações 
contábeis. 
Os principais personagens desta escola foram: Besta, Alfieri, Ghidiglia, D’Alvise e Lorusso. 
 
3.1.4 - Escola Neocontista: 
O neoconsitmo (1914) restituiu à contabilidade o seu verdadeiro objeto: a riqueza patrimonial e, em 
conseqüência, trouxe grande avanço para o estudo da análise patrimonial e dos fenômenos 
decorrentes da gestão empresarial, tendo surgido como um movimento contrário ao personalista, 
defendendo o valorismo das contas. 
Para os neocontistas as contas não deveriam ser abertas a pessoas ou entidades, nem representavam 
direitos e obrigações, mas deveriam refletir os valores dos componentes patrimoniais sujeitos à 
modificações. 
Esta escola foi responsável, também, por atribuir à contabilidade o papel de colocar em evidência o 
ativo, o passivo e a situação líquida das unidades econômicas. Para tanto, seria necessário abrir-se 
contas com valores dos ativos (positivas), passivos (negativas) e diferenciais (abstratas/situação 
líquida). 
As principais regras contábeis são expressadas a partir da fórmula do balanço, isto é: Ativo (igual) 
Passivo (mais ou menos) Situação Líquida (A=P+/-SL), sendo que a disposição das contas no balanço 
deve basear-se, para o ativo, no seu grau de disponibilidade e para o passivo, no de exigibilidade. 
A dinâmica do balanço era interpretada pelos neocontistas, tomando por base os fatos permutativos e 
modificativos. 
Dentro do que denominavam dinâmica contabilística, afirmavam que num balanço, em um momento 
qualquer, a soma das importâncias referentes ao débito é igual a soma das importâncias referentes ao 
crédito, o que eqüivale a dizer que a um débito corresponde sempre um crédito de igual valor. Nessa 
concepção, as contas ativas são debitadas pelo valor inicial e pelos aumentos e creditadas pelas 
diminuições. Em relação às contas passivas, ocorre exatamente o contrário. 
A escola neocontista concentrou-se na chamada teoria materialista ou positivista das contas, pois para 
a maioria dos seus adeptos, a principal função da contabilidade se resumia na revelação patrimonial, 
ocupando-se principalmente dos processos de classificação e registro das contas, em detrimento dos 
aspectos econômico-administrativos dos eventos registrados. 
Sem dúvida a grande contribuição desta escola à comunicação contábil foi a separação entre passivo e 
situação líquida, no balanço. 
Os principais expoentes desta escola foram: Besta, Dumarchey, Delaporte, Calmés. 
 
 
 
3.1.5 - Escola Aziendalista: 
Cerboni e Besta dirigiram seus estudos ao campo das aziendas, acrescentando a organização, 
administração e o controle, à parte científica da contabilidade. 
Gino Zappa, como máximo representante desta escola, colocou num só plano a Gestão, a Organização 
e a Contabilidade, não admitindo o estudo científico da contabilidade sem o conhecimento 
concomitante das doutrinas que, ao seu lado, formam a economia aziendal. 
A doutrina da gestão está voltada para a definição de um conjunto de princípios destinados a servir de 
instrumento de auxílio à ação da gestão. 
A doutrina da organização está direcionada para o estudo da constituição e harmonização do 
organismo pessoal da entidade. 
A contabilidade tem como função a demonstração dos resultados da gestão, através da observação 
adequada ao estudo quantitativo dos fenômenos empresariais. 
Outro ponto importante do pensamento doutrinário de Zappa foi o de desenvolver um sistema teórico 
contábil a partir do resultado. Segundo ele, a contabilidade deveria ocupar-se da demonstração dos 
fatos da gestão e não se resumir apenas a um simples método de registro. Para que esta 
demonstração fosse possível, todos os fatos a demonstrar deveriam ser conhecidos. Tais fatos são 
fenômenos econômicos que, normalmente, fazem parte de um fluxo de trocas monetárias entre a 
entidade e as economias externas. 
A vida econômica e financeira da entidade somente será plenamente conhecida a partir da total 
revelação destes fatos pela contabilidade. A finalidade desta demonstração é conhecer os custos e 
receitas provenientes da gestão empresarial, ou seja, conhecer o resultado. 
Na concepção de Zappa, o resultado é definido como o acréscimo ou decréscimo sofrido pelo capital 
em determinado período administrativo, como conseqüência das operações da gestão. O resultado e o 
capital representam duas diferentes visões do mesmo fenômeno. O capital é a representação do 
conjunto de elementos do ativo e do passivo que irão gerar o resultado da entidade, ao passo que o 
resultado é a representação das mudanças dos componentes patrimoniais em um determinado 
período. 
Conhecer periodicamente o resultado do período é indispensável para a análise do desempenho da 
entidade e de seus dirigentes, o que levou Zappa a dedicar grande atenção a este aspecto em seus 
estudos. Para ele, a gestão de cada exercício, é influenciada positiva ou negativamente pelos 
acontecimentos que tiveram lugar em períodos anteriores e do que venha a ocorrer em períodos 
subsequentes. 
Para Zappa tanto a separação exata dos resultados de vários exercícios como tentativa de determinar 
com exatidão os custos de produção, é uma utopia, já que existem operações em curso no fim do 
exercício e no início do próximo exercício, que colaboram com a formação do resultado, ou seja, 
operações que iniciaram em exercícios anteriores e operações que se encerrarão em períodos 
posteriores. 
Pode-se resumir as contribuiçõesdesta escola para a comunicação contábil mencionando que para 
seus representantes: 
 A teoria contábil deveria ser capaz de interpretar os acontecimentos ligados a vida da entidade 
e demonstrar a formação do resultado e suas relações com os fatos administrativos e com 
todo o contexto em que a entidade está inserida. 
 O resultado era considerado o mais importante fenômeno econômico de uma entidade. 
 O conhecimento e demonstração do resultado da gestão empresarial representava o principal 
objetivo da contabilidade. 
Os expoentes máximos desta escola foram Zappa e Fibonacci. 
 
3.1.6 - Escola Patrimonialista: 
Os teóricos desta escola (1926) definem o patrimônio como o objeto da contabilidade, pois o mesmo é 
uma grandeza real que se transforma com o desenvolvimento das atividades econômicas, cuja 
contribuição deve ser conhecida para que se possa analisar adequadamente os motivos das variações 
ocorridas no decorrer de determinado período. 
Os fundamentos da doutrina patrimonialista se baseiam nos seguintes princípios: 
 O objeto da contabilidade é o patrimônio aziendal 
 Os fenômenos patrimoniais são fenômenos contábeis 
 A contabilidade é uma ciência social 
 A contabilidade se divide em três ramos na sua parte teórica: estática patrimonial, dinâmica 
patrimonial e revelação patrimonial 
A estática patrimonial se ocupa do patrimônio no seu aspecto estático (equilíbrio funcional e financeiro 
dos elementos patrimoniais). 
A dinâmica patrimonial estuda o patrimônio na sua condição dinâmica (obtenção e emprego de 
capitais). 
A revelação patrimonial pode ser definida como um conjunto de princípios e de normas que regem a 
individuação e a representação qualitativa e quantitativa – especialmente monetária ou valorativa – 
do patrimônio, em dado instante e na sucessão de instantes. 
Para os patrimonialista a contabilidade não é apenas uma disciplina que tem por objetivo a revelação 
do patrimônio, ou seja, a representação da vida patrimonial da entidade como sugeriram os 
neocontistas, mas uma ciência, portanto, com leis e princípios próprios, que estuda e interpreta os 
fenômenos patrimoniais. 
O grande expoente desta escola foi Vicenzo Masi. 
 
3.2 - Escola Americana: 
O início desta escola, a partir do surgimento das grandes corporações no começo do século XX, foi 
caracterizado pelo aspecto prático no tratamento de problemas econômico-administrativos, com 
limitadas construções teóricas as quais tiveram origem em entidades ligadas a profissionais da área 
contábil. 
Transformou-se numa das mais importantes e influentes no mundo, ditando regras para o tratamento 
de questões ligadas à contabilidade de custos, controladoria, análise das demonstrações contábeis, 
gestão financeira, controle orçamentário, etc. 
As associações profissionais foram as principais propulsoras do desenvolvimento doutrinário nos 
EE.UU., especialmente da contabilidade financeira. 
Entre as principais contribuições desta corrente ao processo de comunicação contábil estão: 
A busca da qualificação da informação contábil como forma de subsidiar a tomada de decisão dos 
gestores. 
A padronização dos procedimentos utilizados pela contabilidade financeira como forma de aumentar a 
confiança nas demonstrações contábeis, tendo em vista a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929. 
O estabelecimento dos Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (US-GAAP) para garantir que as 
informações enviadas pela contabilidade aos usuários fossem confiáveis. 
O estabelecimento de dois objetivos gerais da contabilidade 
1 – Fornecer informações sobre os recursos econômicos e as obrigações da entidade. 
2 – Fornecer informações sobre as mudanças nos recursos da entidade, pretendendo fomentar a 
qualificação das informações aos diversos usuários. 
A escola Norte-Americana contribuiu decisivamente para a contabilidade gerencial. 
Os principais personagens desta escola foram: Sprague, Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz. 
 
3.4 - Escola Alemã: 
O desenvolvimento da escola alemã, assim como o próprio desenvolvimento doutrinário da 
contabilidade ocorrido no final do Século XIX e início do século XX, deveu-se em parte às crescentes 
necessidades dos usuários das informações contábeis nos vários setores da sociedade. 
Alguns fatores que muito contribuíram para esta evolução foram: 
 O desenvolvimento dos mercados financeiros 
 A aceleração crescente da concentração das companhias 
 A expansão dos grupos empresariais 
 As crises sociais dos períodos de guerra e pós-guerra. 
As correntes doutrinárias surgidas na Alemanha estavam direcionadas para a análise da gestão e da 
organização das entidades, buscando a sistematização dos conhecimentos relativos à vida econômica 
das empresas, assim como a formulação dos princípios que presidem a organização e a gestão das 
mesmas. 
Diversos tratadistas alemães desenvolveram teorias sobre balanços como forma de dar mais qualidade 
à informação contábil, merecendo destaque a teoria estática, a teoria orgânica e a teoria dinâmica. 
Para os defensores da teoria estática ou monista, o balanço patrimonial é o instrumento responsável 
pela demonstração da situação patrimonial da entidade. O resultado de um período deve ser apurado 
a partir do confronto entre o valor patrimonial inicial e final deste período. A avaliação patrimonial 
mereceu dos primeiros tratadistas desta escola uma dedicação especial, uma vez que a mesma se 
traduz num ato de predizer o resultado em dinheiro calculado na data do balanço. 
De acordo com a teoria orgânica ou dualista, o balanço patrimonial pode fornecer não somente o 
estado patrimonial mas os reais resultados do exercício. Esta dualidade é possível a partir da avaliação 
dos elementos patrimoniais a valor de reposição. 
A teoria dinâmica foi sem dúvida a de maior destaque no doutrinamento alemão tendo como expoente 
máximo Eugen Schmalenbach. Este autor separou os balanços em estáticos e dinâmicos. O balanço 
estático era utilizado para a determinação do valor e composição do patrimônio em um determinado 
momento ao passo que o dinâmico tinha por finalidade a apuração do resultado de um exercício, 
sendo considerado por isso mesmo um balanço de resultados. 
A principal conta do doutrinamento de Schmalenbach era a conta de ganhos e perdas, uma vez que 
ela revelava a movimentação ocorrida num determinado período, em função da gestão sobre um 
patrimônio. 
Uma das características do doutrinamento do balanço dinâmico é a sistemática de movimentação das 
contas, uma vez que nesta demonstração são classificados os valores pendentes. Assim, os ativos 
permanentes como prédios, máquinas, veículos, etc., que aparecem no balanço, devem ser 
interpretados como saídas ou despesas da conta de ganhos e perdas, razão pela qual se encontram no 
ativo, sendo que se forem vendidos, transformando-se em receitas, deverão ser amortizados nos 
períodos seguintes. 
O balanço patrimonial é na realidade uma conta auxiliar que recebe os valores relativos às 
negociações em circulação, ou seja, são valores pendentes que não podem ser classificados na conta 
de resultados. Com exclusão da conta caixa, os demais valores patrimoniais são pré-prestações 
(ativo) ou pós-prestações (passivo), que devem ser entendidos como valores transitórios, ou seja, 
representam elementos positivos e negativos de resultados futuros. Assim, todos os elementos da 
conta de ganhos e perdas devem possuir um relacionamento com as contas do balanço. 
O desenvolvimento das idéias de Schmidt (outro expoente da escola), sobre a contabilidade a valores 
correntes, especialmente na forma de publicação das demonstrações contábeis como decorrência das 
altas taxas de inflação na Alemanha no início do século, significou entre outras, uma importante 
contribuição desta escola ao processo de comunicação contábil. 
Os personagens mais importantes desta escola foram: Schmalenbach, Schmidt,Gomberg, Schar e 
Gutenberg. 
 
4.0 - A Contabilidade no Brasil: 
Ao analisar-se a evolução da contabilidade no Brasil, percebe-se que desde o início fica evidente a 
interferência da Legislação. 
Uma da primeiras manifestações da legislação como elemento propulsor de desenvolvimento contábil 
brasileiro, foi o Código Comercial de 1850 (Extinto pelo Novo Código Civil Brasileiro), que instituiu a 
obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual da demonstração do Balanço Geral 
composto de bens, direitos e obrigações, das empresas comerciais. 
Em 1902, surge em São Paulo a Escola Prática de Comércio que criou um curso regular que 
oficializasse a profissão contábil. O objetivo desta escola era o de aliar ao desenvolvimento agrícola, o 
início da expansão industrial com a necessidade de habilitar e criar especialistas para, internamente, 
preencher as tarefas de rotina da contabilidade e controlar as finanças e, externamente, dotar São 
Paulo de elementos capazes de articular o desenvolvimento dos negócios, com a conseqüente 
ampliação das fronteiras de atuação. 
O Decreto Lei No 2627 de 1940, instituiu a primeira Lei das S/A, estabelecendo procedimentos para a 
Contabilidade como: 
 Regras para a avaliação de ativos. 
 Regras para a avaliação e distribuição de lucros. 
 Criação de Reservas. 
 Determinação de padrões para a publicação do Balanço. 
 Determinação de padrões para a publicação dos lucros e perdas. 
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), através da Resolução CFC 321/72 passou a adotar os 
Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos como normas resultantes do desenvolvimento da 
aplicação prática dos princípios técnicos emanados da contabilidade, visando proporcionar 
interpretações uniformes das demonstrações contábeis. 
Em 1976 foi publicada a nova Lei das S/A nº 6404, significando uma nova fase para o 
desenvolvimento da contabilidade no Brasil e incorporando de forma definitiva as tendências da Escola 
Norte-Americana. 
A Contabilidade no Brasil atualmente é regida pela Lei 6.404/76 e alterações posteriores. Houve uma 
padronização na apresentação de relatórios e na sistemática de lançamentos e em todas as questões 
de ordem legal e societária. A Lei das S/As como ficou conhecida é extensiva para as demais 
sociedades. E desde 1976 até os dias atuais tem sofrido poucas modificações. 
Em 1981 a Resolução CFC nº 529 disciplinou as Normas Brasileiras de Contabilidade e a Resolução 
CFC nº 530 os Princípios Fundamentais de Contabilidade, os quais foram atualizados em 1993 pela 
Resolução CFC Nº 750. 
 
4.1 - A Profissão Contábil no Brasil: 
No Brasil , a profissão de Contador tem completa autonomia, tem regulamentação profissional e 
Conselho próprio ( Conselho Federal e Conselhos Regionais de Contabilidade ). 
Os órgãos da classe contábil no Brasil são: Conselhos, Confederações, Federações, Sindicatos, 
Associações Profissionais, Institutos e Academias. 
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) foi criado pelo Decreto-Lei No 9.295 de 27/05/46, 
coordena e congrega todos os conselhos Regionais de Contabilidade, formando o Sistema Nacional de 
Registro e Fiscalização do Exercício da profissão Contábil. 
O CFC é composto por 15 Conselheiros efetivos e 15 suplentes, sendo 2/3 Contadores e 1/3 Técnicos 
em Contabilidade, eleitos por um colégio eleitoral composto de um delegado-eleitor de cada CRC, com 
mandato de 4 anos. Os conselheiros elegem o Presidente e demais membros da Diretoria, todos com 
mandato de 2 anos, podendo ser reeleitos por igual período. 
Os Conselhos Regionais de contabilidade foram criados com as finalidades de registro e fiscalização do 
exercício da profissão de Contabilista, a profissão está regulamentada e somente podem exercer a 
profissão os contadores e técnicos contábeis registrados no CRC da sua região. 
Sendo o CRC subordinados ao CFC. Atualmente são 27 Conselhos Regionais, com sede nas capitais 
dos estados. 
 
5.0 - Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade: 
Objetivos da Contabilidade 
Contabilidade = sistema de informação e avaliação que visa o provimento de demonstrações e 
análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade aos seus usuários. 
Sistema de informação = conjunto organizado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e emissões 
de relatórios. 
Usuário = pessoa física ou jurídica com interesse na avaliação da situação e evolução de uma 
entidade. Usuários são: 
 acionistas; 
 credores em geral e emprestadores de recursos; e 
 integrantes do mercado de capitais. 
Usuários secundários são os administradores da entidade e o Fisco. 
Informação de natureza econômica = deve ser considerada a visão do que seja econômico para a 
contabilidade (demonstração do resultado do exercício, capital e patrimônio). 
Informação de natureza financeira = fluxos de caixa, capital de giro, etc. 
Informação de natureza física = complemento aos valores monetários (quantidades geradas de 
produto ou serviços, número de depositantes num banco, número de clientes numa empresa, número 
de funcionários numa empresa,etc). 
Informação de natureza de produtividade = se refere à utilização mista de conceitos de avaliação 
(financeiros) e quantitativos (físicos), como: receita bruta per capita, depósitos por cliente, etc. 
As informações de natureza financeira e econômica constituem o Núcleo Central da Contabilidade. As 
informações de natureza física e de produtividade são complementares às demonstrações contábeis 
tradicionais. 
Objetivo principal da contabilidade = permitir que os usuários avaliem a situação financeira e 
econômica da entidade e possam inferir sobre as tendências futuras da mesma. 
Os objetivos da contabilidade devem contribuir para o processo decisório dos usuários, não se 
justificando por si mesma. Antes, deve ser um instrumento útil à tomada de decisões. 
Para tal, devem ser observados dois pontos: 
1. As empresas devem evidenciar ou divulgar todas aquelas informações que contribuem para a 
adequada avaliação de sua situação patrimonial e de resultados, permitindo inferências em relação ao 
futuro. As informações que não estiverem explícitas nas demonstrações, devem constar em Notas 
Explicativas ou Quadros Complementares. 
2. A contabilidade está intimamente relacionada do com aspectos jurídicos os quais, muitas vezes não 
conseguem retratar a essência econômica. Visando uma informação de fácil entendimento, a 
contabilidade deve seguir a essência ao invés da forma. 
A não utilização da informação contábil ou utilização restrita pode ser resultado de: 
 deficiências na estrutura do modelo informativo; 
 limitações do próprio usuário; 
 baixa credibilidade por parte dos usuários; 
 linguagem inadequada nas demonstrações contábeis. 
A contabilidade é uma ciência social no que se refere às suas finalidades, mas, quanto a metodologia 
de mensuração, reúne tanto o social quanto o quantitativo. 
Quanto as finalidades é social, uma vez que por suas avaliações do progresso das entidades, permite 
conhecer-se a posição de rentabilidade e posição financeira e de forma indireta auxilia os acionistas, 
tomadores de decisões, investidores a aumentar a riqueza da entidade. 
Como metodologia, é parcialmente social uma vez que seus critérios de avaliação envolvem muitas 
vezes subjetividade e incerteza, vindas do próprio ambiente social e econômico no qual as entidades 
estão operando. 
É parcialmente quantitativa, por materializar-se através da equação patrimonial básica: 
(ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO). 
Ativo – Conjunto de contas onde se registram os direitos e bens de uma empresa. Classifica-se por 
convenção sempre do lado esquerdo do balanço e as contas, salvo as retificadoras são de natureza 
devedora. 
Passivo – Conjunto de obrigações de uma empresa. Classifica-se do lado direito do balanço e as 
contas, salvo as retificadoras são de natureza credora.Patrimônio Líquido – Diferença entre o ativo e o passivo, classifica-se no lado direito com o passivo, 
para fazer o fechamento do balanço. Tem natureza de saldo credor e somente as contas de prejuízo e 
ações em tesouraria são de natureza devedora. Representa também um passivo para com os sócios. 
 
6.0 - Princípios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade: 
Deliberação CVM No 29, de 05 de Fevereiro de 1986. 
Os Princípios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade são classificados em três categorias: 
 Postulados ambientais da contabilidade 
 Princípios contábeis propriamente ditos 
 Restrições aos princípios contábeis fundamentais – Convenções 
Os postulados ambientais significam as condições sociais, econômicas e institucionais dentro das quais 
a contabilidade atua. 
Os princípios são a resposta da disciplina contábil aos postulados. Constituem o núcleo central da 
estrutura contábil. Procuram delimitar como a profissão deve se posicionar em relação à realidade 
social, econômica e institucional admitida pelos postulados. 
As convenções ou restrições aos princípios representam os condicionamentos de aplicação dos 
princípios, considerando-se as situações práticas vivenciadas. 
 
6.1 Postulados Ambientais da Contabilidade 
 
6.1.1 - Postulado da Entidade Contábil 
Enunciado: "A contabilidade é mantida para as entidades; os sócios ou quotistas destas não se 
confundem, para efeito contábil, com aquelas." 
A contabilidade procura manter registros separados para cada entidade. 
No caso de uma entidade, Empresa ABC Ltda., cujos sócios são A, B e C, o contador ao manter a 
contabilidade para a mesma., está procurando acompanhar a evolução do seu patrimônio líquido e 
não dos seus sócios. Por outro lado, o mesmo contador poderia manter a contabilidade para as 
pessoas físicas dos sócios A, B e C. Tratam-se de quatro entidades distintas, mas com grandes 
relacionamentos de interesse. 
Os Teóricos da Contabilidade, em geral, consideram o Postulado da Entidade dentro da dimensão 
tratada acima. No entanto, este significado não explica toda a dimensão do termo Entidade para a 
contabilidade. 
Nesse sentido pode-se dizer que o Postulado da Entidade tem as seguintes dimensões: 
 Jurídica > nessa dimensão a entidade é perfeitamente distinta dos sócios (separação 
cuidadosa do que é dos sócios e do que é da entidade). 
 Econômica > nessa dimensão a entidade se caracteriza como massa patrimonial, cabendo à 
contabilidade acompanhar sua evolução qualitativa e quantitativa (comparação da situação 
patrimonial da entidade, como um todo, em vários períodos). 
 Organizacional > nessa dimensão a entidade pode ser considerada como um grupo de pessoas 
ou pessoa, exercendo controle de receitas e despesas, investimentos e distribuições (abertura 
de centros de custo, lucro ou investimento). 
 Social > nessa dimensão considera-se que a entidade pode ser avaliada não só pela utilidade 
que a si acresce, bem como pela sua contribuição no campo social (comentários em notas 
explicativas sobre programas de complementação de aposentadoria, etc.). 
O entendimento da contabilidade e sua forma de atuação, requer o entendimento do pano de fundo de 
sua atuação, isto é, as entidades, de toda natureza e fins, e para captar a essência operacional 
destas, além do estudo do seu processo operacional interno deve-se entender o ambiente dentro do 
qual atuam. 
Na verdade quem deve enfrentar o cenário são as entidades e não a contabilidade. Porém, esta vive 
em função daquelas. 
 
6.1.1 Postulado da Continuidade das Entidades 
Enunciado: "Para a contabilidade, a entidade é um organismo vivo que irá viver (operar) por um longo 
período de tempo (indeterminado) até que surjam fortes evidências em contrário.." 
Através do Postulado da Continuidade, encara-se a entidade como algo capaz de produzir riqueza e 
gerar valor continuadamente, sem interrupções. Nesse sentido, o exercício financeiro anual ou 
semestral é uma ficção que decorre da necessidade de conhecer-se o andamento do empreendimento 
de tempos em tempos. As operações produtivas da entidade, no entanto, têm continuidade 
fluidificante. 
Em princípio a contabilidade não desconhece a possibilidade de descontinuidade. Porém, considera tal 
possibilidade somente quando há fortes e claras evidências de sua ocorrência. Em tais situações, os 
Princípios Contábeis Fundamentais não se aplicam às essas entidades, uma vez que as mesmas não 
estão "em marcha". 
Os auditores independentes devem fazer constar em seu relatório (parecer) o perigo de 
descontinuidade, desde que tenham todas as evidências a respeito da mesma. Antes de tal 
reconhecimento, a entidade deve ser considerada em continuidade, aplicando-se todos os princípios 
contábeis como definidos a seguir. 
Uma conseqüência imediata desse postulado é a consideração de que os ativos da entidade não são 
mantidos para que sejam vendidos no estado em que se encontram, mas para, devidamente 
manipulados pela mesma, produzirem receitas superiores às despesas (consumo de ativos para 
produzir receitas), gerando um resultado positivo ou gerando serviços ou benefícios para a 
coletividade (entidades de fins não lucrativos). 
Isso significa que os ativos, enquanto em estoque (em seu estado original ou nos estoques de 
produtos em fabricação e acabados), devem ser avaliados por algum tipo de custo. A avaliação usual 
dos ativos pelo custo (valor de entrada), é conseqüência do Postulado da Continuidade. 
"A verdadeira natureza íntima da contabilidade consiste, basicamente, no confronto entre sacrifícios 
(mensurados por custos) e realizações (mensuradas por valores de venda)." 
Por último cabe concluir que " a Entidade em Continuidade é a premissa básica da contabilidade". 
 
6.2 Os Princípios propriamente ditos: 
Os princípios fornecem as linhas filosóficas de resposta da contabilidade aos desafios do sistema de 
informação contábil, atuando num cenário marcado pela complexidade, ao nível de Postulados. 
Os princípios constituem o núcleo central da doutrina contábil. 
 
 
 
 
6.2.1 Princípio do custo como base de valor 
Enunciado: "...O custo de aquisição de um ativo ou dos insumos necessários para fabricá-lo e colocá-
lo em condições de gerar benefícios para a entidade representa a base de valor para a contabilidade, 
expresso em termos de moeda de poder aquisitivo constante.." 
Trata-se do mais antigo princípio de contabilidade e é considerado dentro da Teoria da Contabilidade 
como uma conseqüência direta do Postulado da Continuidade, como já foi visto. 
No caso de doações de ativos, os mesmos devem ser registrados pelo custo que custaram, 
originalmente, para quem os doou. 
Também é aceito admitir-se como base de valor para doações de ativos, o preço que seria pago por 
um bem no mesmo estado de conservação, no mercado de novos ou usados, se existir. 
Portanto, para base de registro para a contabilidade deve prevalecer o valor de entrada. 
A rigor, existem vários valores considerados como de entrada, o que leva a pensar-se que seria 
melhor considerar o custo original (histórico) como base de registro inicial e não como base de valor. 
As hipóteses de avaliação com base nos valores de entrada são várias devendo-se considerar aquela 
capaz de maximizar a função contábil que se compõe das variáveis: relevância, praticabilidade e 
objetividade. 
Na verdade, a contabilidade é um permanente exercício de busca do equilíbrio entre estas três 
variáveis. O conjunto de Postulados, Princípios e Convenções igualmente deve ser levado em conta na 
escolha da hipótese. 
O valor da transação pode ser considerado uma aproximação razoável do que se considera o valor 
econômico de um ativo por ocasião da transação. No decorrer do tempo, no entanto, devido a 
diversos fatores (desgaste físico, flutuações do poder aquisitivo da moeda, mudanças tecnológicas, 
obsolescência, etc.), o valor registrado tendea perder parte de sua validade, como estimador do valor 
econômico. 
 
6.2.2 Princípio do denominador comum monetário 
Enunciado: "As demonstrações contábeis, sem prejuízo dos registros detalhados de natureza 
qualitativa e física, serão expressas em termos de moeda nacional de poder aquisitivo da data do 
último Balanço Patrimonial..." 
Esse princípio traduz a dimensão financeira da contabilidade, pois a mesma deve tratar de 
homogeneizar, para o usuário das demonstrações contábeis, ativos e passivos que apresentam 
natureza bastante diferenciada entre si, pelo denominador comum monetário, isto é, sua avaliação 
deve ser feita em moeda corrente do País. 
Esse padrão de mensuração (moeda), não deveria sofrer alterações em sua essência. O período 
inflacionário vivido no Brasil até pouco tempo, não reunia as condições para ser considerado um 
padrão de mensuração afiançável, a não ser no exato momento da transação. 
 
6.2.3 Princípio de realização da receita 
Enunciado: "A receita é considerada realizada e, portanto, passível de registro pela Contabilidade, 
quando produtos ou serviços produzidos ou prestados pela entidade são transferidos para outra 
entidade ou pessoa física com a anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de 
pagamento especificado perante a entidade produtora..." 
A contabilidade deve se preocupar com a objetividade e consistência em seus princípios e 
procedimentos, com possíveis reflexos na área do direito. 
Sabe-se que o processo produtivo adiciona valor aos fatores manipulados de forma contínua, porém 
não se pode de forma objetiva escolher pontos ao acaso e sempre determinar com grau de confiança 
aceitável, o valor adicionado. Isso ocorre porque o processo produtivo nem sempre é linear. 
Por exemplo: diferentes etapas na execução de um processo de produção, podem adicionar valor não 
proporcional ao tempo decorrido na etapa e mesmo ao custo, embora a proporcionalidade entre 
custos incorridos e receita-valor gerado tem sido usada em certos casos. 
O Princípio de realização da receita adota como ponto normal para reconhecimento e registro da 
receita na contabilidade da empresa, aquele em que há transferência de produtos ou serviços ao 
cliente. Normalmente este ponto coincide com o momento da venda. Procede-se dessa forma na 
contabilidade, porque: 
 a transferência do produto ou serviço em geral é concretizada quando todo ou praticamente 
todo o esforço para obtenção da receita já foi realizado; 
 nesse ponto conhece-se com mais exatidão e objetividade o valor de mercado (da transação) 
para a devida transferência; 
 também nesse ponto já são conhecidos todos os custos de produção do referido produto ou 
serviço transferido, bem como outras despesas ou deduções da receita associáveis aos 
mesmos, como: comissões sobre vendas, despesas com consertos ou reformas em 
decorrência da garantia concedida, etc. Tais despesas normalmente são pagas após a 
transferência, porém o montante destas é conhecido ou estimável já no ato da transferência. 
Essas três condições determinam quando uma receita pode ser reconhecida na contabilidade da 
entidade, independente dos interesses de ordem fiscal. 
Muitas vezes há a tendência de avaliação dos estoques de produtos ou serviços a valores de mercado, 
antes da transferência ao cliente. Tal atitude tem os seguintes inconvenientes: 
 o mercado, de modo geral, só considera que "deu seu veredito" sobre o valor da transação 
quando esta se completa; 
 muitas vezes este reconhecimento da receita tem por objetivo favorecer esta ou aquela 
configuração de resultados, significando uma utilização indevida dos princípios de 
contabilidade. 
Cabe destacar, ainda, que em atendimento ao Postulado da Continuidade, os ativos figuram nos 
registros pelos seus valores de entrada (custo original) até o "sacrifício" dos mesmos no esforço de 
gerar receita. A receita é dada pelo valor de "saída"; o confronto, portanto, deve ser com valores de 
entrada. 
 
6.2.3.1 Receitas a serem reconhecidas proporcionalmente a certo período contábil já 
decorrido 
Existem determinados serviços, aluguéis, empréstimos, etc., que estão relacionados ao decurso de 
determinado período de apropriação contábil através de contrato. Este período normalmente é 
mensal. Na verdade o serviço é prestado continuamente, até o encerramento do contrato. 
O que se faz, é reconhecer em cada um destes períodos, uma parcela da receita total (do serviço 
total) em termos proporcionais ao período ou evento decorrido, não esperando até o final para 
reconhecimento total, de uma só vez. 
Na prestação de serviços de consultoria e de auditoria, por exemplo, em que se caracteriza este fluxo 
de serviço, em geral as horas de serviço acumuladas no mês ou período de apuração contábil indicam 
a base para o faturamento da receita ao cliente. Segundo vão se acumulando as horas, vai também 
crescendo a receita numa base contínua de tempo decorrido. O valor da receita a reconhecer, 
necessariamente não é proporcional ao esforço realizado ou custos incorridos no mesmo período, mas 
diretamente proporcional ao tempo transcorrido ou horas gastas no serviço. 
De qualquer forma, o tempo transcorrido ou as horas de esforço que foram aplicadas, constituem o 
fator preponderante para reconhecimento da receita em períodos menores que o lapso de tempo 
necessário para completar o contrato ou serviço. 
 
6.2.3.2 Produtos cuja produção é contratada para execução a longo prazo 
Nos casos de produção sob encomenda com prazo de fabricação longo (navio por exemplo), é mais 
conveniente reconhecer, durante o transcurso do exercício financeiro (no final do período de apuração 
contábil) uma parcela da receita proporcional: 
 às etapas físicas de construção completadas (grau de acabamento); ou 
 aos custos incorridos no período de apuração. 
Justifica-se tal comportamento, considerando-se que certamente os acionistas poderiam discordar de 
demonstrações contábeis que não revelassem nenhum lucro num exercício em que foi empregado 
muito esforço e gastos muitos recursos para obtenção de uma parte do acabamento do contrato total 
que permitirá um lucro final, com adequado grau de probabilidade. 
A escolha do critério deve obedecer conceitos teoricamente sustentáveis, especialmente se considerar-
se a comparabilidade por parte do usuário externo, de várias entidades que atuam no mesmo ramo. 
Entidades que produzem produtos de longo período de maturação ou acabamento, tanto do ponto de 
vista teórico como prático, devem reconhecer a receita em proporção aos fatores considerados, 
observando as seguintes condições: 
 o preço total do produto é determinado por contrato ou por correção contratual de seu preço 
atual; 
 a incerteza quanto ao recebimento em dinheiro da transação é mínima ou a mesma pode ser 
bem estimada; 
 os custos necessários para completar a produção podem ser razoavelmente bem estimados. 
Apura-se a receita a ser reconhecida em determinado exercício, dividindo-se os custos incorridos no 
mesmo pelos custos totais estimados do produto, sendo o resultado multiplicado pela receita de venda 
do produto completo o que resulta na receita a ser apropriada. 
Em se tratando de etapa física de acabamento, calcula-se um percentual em relação ao grau de 
acabamento total que, da mesma maneira, é aplicado ao preço do produto totalmente acabado. 
 
6.2.3.3 Reconhecimento da receita antes da transferência por valoração de estoques 
Existem produtos que têm um processo de produção que reúne características especiais, como 
crescimento natural ou acréscimo de valor vegetativo (entidades agropecuárias, mineradoras, 
produtoras de vinho, etc.), e outros cujo valor de mercado é possível determinar-se prontamente, e 
em que o risco de não venda praticamente não existe (mineração, lapidação de metais e pedras 
preciosas), os quais se pode, em circunstâncias bem determinadas,reconhecer receita antes do ponto 
de transferência ao cliente, observando-se as condições a seguir: 
 os estoques existentes no final do período contábil são avaliados com base no valor de 
realização naquele momento, quando objetivamente determinável, através de amplo consenso 
do mercado sobre o valor dos mesmos, deduzindo-se por estimativa o montante necessário 
para o acabamento e suporte de todas as despesas e custos a incorrer para venda efetiva do 
produto. Se o produto estiver totalmente acabado, deduz-se as despesas para sua venda 
como produto final; 
 o processo para obtenção de lucro nessa atividade se caracteriza mais pela atividade física de 
nascimento, crescimento, envelhecimento ou outra, do que pela venda de entrega do bem. 
 
6.2.3.4 Reconhecimento da receita após o período de transferência do produto ou serviço 
É possível reconhecer-se a receita após o ponto de transferência em alguns casos excepcionais como, 
por exemplo, um determinado ativo ser recebido em troca de uma venda realizada, o qual não tem 
valor reconhecido de mercado. Nestas circunstâncias, transfere-se o custo do ativo vendido para o 
ativo recebido em troca e quando esse último for vendido, reconhece-se um resultado. 
 
6.2.4 Princípio do confronto das despesas com as receitas e com os períodos contábeis 
Enunciado: "Toda despesa diretamente delineável com as receitas reconhecidas em determinado 
período, com as mesmas deverá ser confrontada; os consumos ou sacrifícios de ativos (atuais ou 
futuros), realizados em determinado período e que não puderam ser associados à receita do período 
nem às dos períodos futuros, deverão ser descarregados como despesa do período em que 
ocorrerem..." 
A base de confronto são as receitas reconhecidas (ganhas) e as despesas incorridas (consumidas) no 
período. 
Portanto, toda e qualquer despesa ou perda ocorrida num determinado período, deve ser confrontada 
com as receitas reconhecidas no mesmo período ou a ele atribuídas, com exceção de: 
 gastos de períodos em que a empresa é total ou parcialmente pré-operacional. Estes gastos 
são normalmente ativados e começam a ser amortizados como despesa a partir do exercício 
em que a empresa, ou parte do ativo, comece a gerar receitas; 
 parte dos gastos do departamento de pesquisa e desenvolvimento que superar o montante 
necessário para o funcionamento do mesmo, independentemente da quantidade de projetos 
em execução. 
É importante ressaltar que todos aqueles gastos que foram diferidos e que não vierem a gerar 
receitas, terão seus valores descarregados como perda no período em que se confirmar a 
impossibilidade da geração de receita ou desmobilização do projeto. 
Este princípio e o princípio de realização da receita em seu conjunto são conhecidos por Regime de 
Competência. 
 
6.3 Convenções Contábeis (restrições aos Princípios) 
Constituem um complemento dos Postulados e dos Princípios na medida em que lhes delimita os 
conceitos, atribuições e direções que devem ser seguidos. 
 
6.3.1 Convenção da Objetividade 
Enunciado: "Para procedimentos igualmente relevantes, resultantes da aplicação dos Princípios, 
preferir-se-ão, em ordem decrescente: a) os que puderem ser comprovados por documentos e 
critérios objetivos; b) os que puderem ser corroborados por consenso de pessoas qualificadas da 
profissão, reunidas em comitês de pesquisa ou em entidades que têm autoridade sobre princípios 
contábeis..." 
Em obediência a esta convenção, os contadores devem decidir em relação ao atributo ou evento que 
será mensurado, selecionando os procedimentos de mensuração adequados, a fim de que as 
demonstrações contábeis sejam tão confiáveis quanto possível. 
 
6.3.2 Convenção da Materialidade 
Enunciado: " O contador deverá, sempre, avaliar a influência e materialidade da informação 
evidenciada ou negada para o usuário à luz da relação custo-benefício, levando em conta aspectos 
internos do sistema contábil..." 
No que se refere ao usuário da informação contábil, determinada cifra ou informação é material na 
medida em que se não evidenciada ou mal evidenciada, pode levá-lo a cometer um sério erro na 
avaliação do empreendimento e de suas tendências. 
No âmbito interno, é material o procedimento ou cifra que se não for processado, prejudica a 
qualidade e confiabilidade do sistema de informação e do próprio controle interno. 
É relativamente difícil julgar sobre a materialidade ou não de uma cifra. Alguns critérios poderiam ser: 
Quanto ao usuário externo, a evidenciação ou não de determinada cifra e a correta adoção ou não dos 
princípios contábeis, serão mais ou menos materiais quando se referirem: 
 a eventos que refletem tendências do empreendimento; 
 a eventos que afetam apenas um exercício. 
Os valores correspondentes a receitas e despesas operacionais, normalmente são mais materiais, para 
efeitos de avaliação de tendência, do que possíveis ganhos e perdas ou efeitos de exercícios 
anteriores. 
As cifras oriundas de mudanças de critérios usados no passado são consideradas materiais com 
relação à avaliação do usuário. A evidenciação é necessária nesses casos. 
"Materialidade não significa desprezo pelo detalhe em si, se esse estiver encobrindo problemas 
maiores." 
Naturalmente, o conceito da materialidade sempre considerará uma alta dose de julgamento e de bom 
senso do contador, em cada situação. 
 
6.3.3 Convenção do Conservadorismo 
Enunciado: "Entre conjuntos alternativos de avaliação para o patrimônio, igualmente válidos, segundo 
os Princípios Fundamentais, a contabilidade escolherá o que apresentar o menor valor atual para o 
ativo e o maior para as obrigações.." 
O conservadorismo ou prudência em contabilidade, deve ser entendido sob dois aspectos: 
1. Vocacional e histórico da profissão, segundo o qual, dentre várias disciplinas que avaliam, pelo 
menos em parte, o valor de uma empresa, a contabilidade é a que tenderia, consideradas as mesmas 
condições, a apresentar o menor valor. 
2. Operacional que se refere ao fato de que considerados os amplos graus de julgamento que a 
aplicação dos Princípios permite empregar, a contabilidade tende a escolher a menor das avaliações 
igualmente relevantes para o ativo e a maior para o passivo. 
Não se deve pensar em manipulação dos resultados contábeis, e sim considerar o aspecto de 
resguardo e neutralidade que a contabilidade deve apresentar. 
 
6.3.4 Convenção da Consistência 
Enunciado: "A contabilidade de uma entidade deverá ser mantida de forma tal que os usuários das 
demonstrações contábeis tenham possibilidade de delinear a tendência da mesma com o menor grau 
de dificuldade possível..." 
O contador deverá refletir muito antes de decidir pela adoção de determinado procedimento de 
avaliação, para garantir a utilização dos mesmos procedimentos na maior seqüência possível de 
exercícios. Ressalta-se que se uma mudança de procedimento, que seja material se faz necessária, 
essa deve ser evidenciada em notas explicativas e seus efeitos, tanto em relação ao balanço quanto 
aos resultados, devem ser mensurados e bem enunciados. 
Em se tratando de avaliação de tendência do empreendimento, é fundamental que a consistência 
exista nos períodos abrangidos pelas demonstrações. 
É difícil estabelecer regras precisas e matemáticas em relação à consistência e materialidade, o que 
exige um sólido conhecimento de teoria, por parte do contador, para este possa escolher o melhor 
conjunto de procedimentos, em cada situação. 
O Conselho Federal de Contabilidade emitiu em 29/12/93, a Resolução CFC nº 750 que dispõe sobre 
os Princípios Fundamentais de Contabilidade, tornando obrigatória sua observância no exercício 
profissional e constituindo condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade. 
Igualmente ressalta que na aplicação destes princípios a situações concretas, a essência da transação 
deve prevalecer sobre seus aspectosformais (essência x forma). 
 
7.0 - NORMAS E PRINCÍPIOS CONTÁBEIS 
Resolução CFC No 750, de 29 de dezembro de 1993 - Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de 
Contabilidade (PFC). 
Conforme Art.3o - São Princípios Fundamentais de Contabilidade: 
I - o da ENTIDADE. 
II - o da CONTINUIDADE 
III - o da OPORTUNIDADE 
IV - o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL 
V - o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA 
VI - o da PRUDÊNCIA. 
Os Princípios Fundamentais de Contabilidade aprovados por esta Resolução, requerem, para o seu 
amplo entendimento pelos usuários da informação contábil e para a perfeita compreensão pelos 
profissionais da Contabilidade, um grau de detalhamento que não é possível abranger nos próprios 
enunciados. 
O Apêndice aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, (Resolução 774, de 16/12/94), contendo 
comentários sobre o conteúdo dos enunciados, é a forma adequada de melhor compreensão sobre tão 
importante assunto. 
O objetivo, portanto é simples esclarecimento. 
 
7.1 - A CONTABILIDADE COMO CONHECIMENTO: 
 
7.1.1 A contabilidade como ciência social: 
A Contabilidade possui objeto próprio - O Patrimônio das Entidades - e consiste em conhecimentos 
obtidos por metodologia racional, com as condições de generalidade, certeza e busca das causas, em 
nível qualitativo semelhante às demais ciências sociais. 
 
7.1.2 O Patrimônio Objeto da Contabilidade: 
Na Contabilidade, o Objeto é sempre o Patrimônio de uma Entidade, definido como um conjunto de 
bens, direitos e de obrigações para com terceiros. 
O essencial é que o patrimônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, 
o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos limites estabelecidos pela 
ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econômica e administrativa. 
O patrimônio também é objeto de outras ciências - por exemplo, da Economia, da Administração e do 
Direito - que, entretanto, o estudam sob ângulos diversos daquele da Contabilidade, que estuda nos 
seus aspectos quantitativos e qualitativos. 
Por aspecto qualitativo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como 
dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de 
mercadorias etc. 
A delimitação qualitativa desce, em verdade desce até o grau de particularização que permita s 
perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos em máquinas, ainda 
estamos a empregar um substantivo coletivo, cuja expressão poderá ser muita utilidade, em 
determinadas análises. 
Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às "máquinas" como 
categoria, mas se ocupará de cada máquina em particular, na sua condição do componente 
patrimonial, de forma que não possa ser confundida com qualquer outra máquina, mesmo de tipo 
idêntico. 
No atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que 
demanda que a contabilidade assuma posição sobre o que seja "valor" , porquanto os conceitos sobre 
a matéria são extremamente variados. 
Do Patrimônio deriva o conceito de Patrimônio Liquido, mediante a equação considerada como básica 
na Contabilidade. 
(Bens + Direitos) - (Obrigações) = Patrimônio Líquido. 
Quando o Resultado é negativo, convenciona-se denominá-lo de "Passivo a Descoberto". 
O Patrimônio Líquido não é uma dívida da Entidade para com os sócios ou acionistas, pois estes não 
emprestam recursos para que ela possa ter vida própria, mas, sim, os entregam para que com eles 
formem o Patrimônio da Entidade. 
 
7.1.3 Os Princípios Fundamentais da Contabilidade. 
Estes representam o núcleo central da própria contabilidade na sua condição de ciência social, sendo a 
ela inerentes. Os princípios constituem sempre as vigas-mestras de uma ciência, revestindo-se 
sempre dos atributos de universalidade e veracidade. No caso da contabilidade, presente seu objeto, 
seus Princípios Fundamentais de Contabilidade valem para todos os patrimônios, independente das 
Entidades a que pertencem, as finalidades para as quais são usadas, a forma jurídica da qual estão 
revestidos, sua localização, expressividade e quaisquer outros qualificativos, desde que gozem de 
autonomia em relação aos demais patrimônios existentes. 
 
7.4 Das Informações Geradas pela Contabilidade. 
De forma geral, no âmbito dos profissionais e usuários da Contabilidade, os objetivos desta, quando 
aplicada a uma entidade particularizada, são identificados com a geração de informações, a serem 
utilizadas por determinados usuários em decisões que buscam a realização de interesses e objetivos 
próprios. A precisão das informações demandadas pelos usuários e o próprio desenvolvimento de 
aplicações práticas da Contabilidade dependerão, sempre, da observância dos seus Princípios, cuja 
aplicação de situações concretas deverá considerar o contexto econômico, tecnológico, institucional e 
social em que os procedimentos serão aplicados. 
As informações quantitativas que a Contabilidade produz devem possibilitar ao usuário avaliar a 
situação e as tendências desta, com o menor grau de dificuldade possível. 
Devem, permitir ao usuário, como partícipe do mundo econômico: 
 observar e avaliar o comportamento; 
 comparar seus resultados com os de outros períodos ou Entidades; 
 avaliar seus resultados à luz dos objetivos estabelecidos; 
 projetar seu futuro nos marcos políticos, sociais e econômico em que se insere. 
E tudo isso para que o usuário possa planejar suas próprias operações. 
 
7.5 - Dos usuários da Contabilidade: 
Os usuários podem ser tanto internos como externos e, ainda, com interesses diversificados, razão 
pela qual as informações geradas pela Entidade devem ser amplas o suficiente para a avaliação da sua 
situação patrimonial e das mutações sofridas pelo seu patrimônio, permitindo a realização de 
inferência sobre o seu futuro. 
Os usuários internos incluem os administradores de todos os níveis, que usualmente se valem de 
informações mais aprofundadas e específica acerca da Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu 
ciclo operacional. Já os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspectos 
mais genéricos, expressos nas Demonstrações Contábeis. 
O entendimento das informações pelos próprios usuários pode levá-los à conclusão da necessidade de 
valer-se dos trabalhos de profissionais contábeis. 
 
7.6 - Comentários aos Princípios Fundamentais de Contabilidade. 
 
7.6.1 Princípio da Entidade: 
Art.4O - O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da contabilidade e afirma 
autonomia patrimonial, a necessidade de diferenciação de um patrimônio em particular em um 
universo de patrimônios existentes. E ainda o patrimônio de uma Entidade não se confunde como 
aquele de seus Sócios ou proprietários. 
O cerne do Princípio da entidade está na autonomia do patrimônio a ela pertencente. O princípio em 
exame afirma que o Patrimônio deve revestir-se do atributo de autonomia em relação a todos os 
outros patrimônios existentes, pertencendo a uma Entidade, no sentido de sujeito suscetível à 
aquisição de direitos e obrigações. A autonomia tem corolário o fato de que o patrimônio de uma 
entidade jamais pode confundir-se com aqueles de seus sócios. Por conseqüência Entidade poderá ser 
desde uma pessoa física, ou qualquer tipo de sociedade, instituição ou mesmo conjunto de pessoas. 
 
 
 
7.6.2 - Princípio da Continuidade: 
Art.5O - A Continuidade ou não da Entidade, bem como sua vida definida ou provável, devem ser 
considerada quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e 
qualitativas. 
A continuidade influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou vencimento dos 
passivos, especialmente quando a extinção da Entidade tem prazo determinado, previsto ou 
previsível. 
Este princípio também é de fundamentalimportância à correta aplicação do Princípio da competência 
por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do 
resultado, e de se constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de 
resultados. 
A situação-limite na aplicação do princípio da Continuidade é aquela em que há a completa cessação 
das Atividades da Entidade. Nessa situação, determinados ativos, como, por exemplo, os valores 
diferidos, deixarão de ostentar tal condição, passando à condição de despesas, em face da 
impossibilidade de sua recuperação mediante as atividades operacionais usualmente dirigidas à 
geração de receitas. Também o passivo é afetado, pois, além do registro das exigibilidade, com 
fundamentação jurídica, também devem ser contemplados os prováveis desembolsos futuros, 
advindos da extinção em si. 
O Princípio da Continuidade está intimamente ligado ao da Prudência e ao da Competência, formando 
uma espécie de trilogia. A razão é simples: a continuidade, diz respeito diretamente ao valor 
econômico dos bens, ou seja, do fato de um ativo manter-se nesta condição ou transformar-se, total 
ou parcialmente, em despesa. Mas a Continuidade também alcança a reapresentação quantitativa e 
qualitativa do patrimônio de outras maneiras, especialmente quando há previsão de encerramento das 
atividades da Entidade com o vencimento antecipado ou o surgimento de exigibilidades. Nesta última 
circunstância, sua ligação será com o Princípio da Oportunidade. 
 
7.6.3 - O Princípio da Oportunidade: 
O Art. 6O - O Princípio da Oportunidade refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à 
integralidade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que seja feito de imediato 
e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram. 
Este Princípio exige a apreensão e o relato de todas as variações sofridas pelo patrimônio da Entidade, 
no momento em que elas ocorreram. O Princípio da Oportunidade é a base indispensável à 
fidedignidade das informações sobre o patrimônio da Entidade, relativas a um determinado período e 
com o emprego de quaisquer procedimentos técnicos. É o que podemos chamar de "representação 
fiel" pela informação, ou seja, que esta espelhe com precisão e objetividade as transações e eventos 
ocorridos. 
O Princípio da Oportunidade tem sido confundido, algumas vezes, com o da Competência, embora os 
dois apresentem conteúdos manifestamente diversos. Na Oportunidade, o objetivo está na completeza 
da apreensão das variações, do seu oportuno reconhecimento, enquanto, na competência, está na 
qualificação das variações diante do patrimônio líquido, isto é, na decisão sobre estas o alteram ou 
não. Em síntese, no primeiro caso, temos o conhecimento da variação. E, na competência, a 
determinação de sua natureza. 
 
7.6.4 O Princípio do Registro pelo Valor Original: 
Art.7O - Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais da transações 
com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação 
da variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurem agregações ou decomposições no 
interior da Entidade. 
O Princípio do Registro pelo valor original ordena que os componentes do patrimônio tenham seu 
registro inicial efetuado pelos valores ocorridos na data das transações havidas com o mundo exterior 
a Entidade, estabelecendo, pois, a viga-mestra da avaliação patrimonial: a determinação do valor 
monetário de um componente do patrimonial: a determinação do valor monetário de um componente 
do patrimônio. 
Ao adotar a idéia de que a avaliação deve ser realizada com fundamento no valor de entrada, o 
Princípio consagra o uso dos valores monetários decorrentes do consenso entre os agentes 
econômicos externos e a Entidade - Contabilmente, outras Entidades - ou a imposição destes. Não 
importa, pois, se o preço resultou de livre negociação em condições de razoável igualdade entre as 
partes, ou de imposição de uma delas, em vista da sua posição de superioridade. Generalizando, o 
nível dos preços pode derivar de quaisquer das situações estudadas na análise microeconômica. 
A rigorosa observância deste Princípio é do mais alto interesse da sociedade como um todo e, 
especificamente, do mercado de capitais, por resultar na unificação da metodologia de avaliação, fator 
essencial na comparabilidade dos dados, relatos e demonstrações contábeis e, consequentemente, na 
qualidade da informação gerada, impossibilitando critérios alternativos de avaliação. 
Os valores dos componentes patrimoniais devem ser expressos em moeda nacional pois decorre da 
necessidade de homogeneização quantitativa do registro do patrimônio e das suas mutações, a fim de 
se obter a necessária comparabilidade e se possibilitarem agrupamentos de valores. Ademais, este 
aspecto tem por finalidade afirmar a prevalência da moeda do País e, consequentemente, o registro 
somente nela, e ainda de que qualquer transação em moeda estrangeira devem ser transformada em 
moeda nacional no momento do seu registro. 
Este Princípio é de fundamental importância em exame na Contabilidade aplicada à área de custos, 
por constituir-se na diretiva principal de avaliação das variações que ocorrem no ciclo operacional 
interno da Entidades, em que não existe a criação de valores, mas a simples redistribuição daqueles 
originais. 
Cabe ressaltar que os valores originais devem ser reajustados segundo a perda de valor econômico. 
Porém, mesmo tal ajuste não implica, em essência, modificação do valor original. 
 
7.6.5 - O Princípio da Atualização Monetária: 
Art. 8O - Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos 
registros contábeis através do ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes 
patrimoniais. 
Este princípio existe em função do fato de que a moeda - embora universalmente aceita como medida 
de valor - não representa unidade constante de poder aquisitivo. Por conseqüência, sua expressão 
formal deve ser ajustada, a fim de que permaneçam substantivamente corretos - isto é, segundo as 
transações originais - os valores dos componentes patrimoniais e, via decorrência, o Patrimônio 
Líquido. 
O Princípio em causa possui seguimento lógico daquele do Registro pelo Valor Original, pois preceitua 
o ajuste formal dos valores fixados segundo este, sem que isso implique qualquer modalidade de 
reavaliação. 
 
7.6.6 - O Princípio da Competência: 
Art. 9O - As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que 
ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independente de recebimento ou 
pagamento. 
A compreensão deste princípio está diretamente ligada ao entendimento das variações patrimoniais e 
sua natureza. Nestas encontramos duas grandes classes: a daquelas que somente modificam a 
qualidade ou a natureza dos componentes patrimoniais, sem repercutirem no montante do Patrimônio 
Líquido, e a das que o modificam. As primeiras são denominadas de "qualitativas", ou "permutativas", 
enquanto as segundas são chamadas de "quantitativas", ou modificativas. 
A Competência é o Princípio que estabelece quando um determinado componente deixa de integrar o 
patrimônio, para transformar-se em elemento modificador do Patrimônio Líquido. Da confrontação 
entre o valor final dos aumentos do Patrimônio Líquido - usualmente denominados "receitas" - e das 
suas diminuições - normalmente chamadas de "despesas" , emerge o conceito de "resultado do 
período": positivo se as receitas forem maiores do que as despesas; ou negativo, quando ocorrer o 
contrário. 
O Princípio da Competência não está relacionado com recebimento ou pagamento. Mas com o 
reconhecimento das receitas geradas e das despesas incorridas no período. 
Quando existem receitas e despesas pertencentes a um exercício anterior, que nele deixaremde ser 
consideradas por qualquer razão, os competentes ajustes devem ser realizados no exercício em que 
se evidenciou a omissão. 
 
Alguns comentários sobre as DESPESAS: 
As despesas, na maioria das vezes, representam consumpção de ativos, que tanto podem ter sido 
pagos em períodos passados, no próprio período, ou ainda virem a ser pagos no futuro. De outra 
parte, não é necessário que o desaparecimento do ativo seja integral, pois muitas vezes a 
consumpção é somente parcial, como no caso das depreciações ou nas perdas de parte do valor de 
um componente patrimonial do ativo, por aplicação do Princípio da Prudência à prática, de que 
nenhum ativo pode permanecer avaliado por valor superior ao da sua recuperação por alienação ou 
utilização nas operações em caráter corrente. 
Mas a despesa também pode decorrer do surgimento de uma exigibilidade sem a concomitante 
geração de um bem ou de um direito, como acontece, por exemplo, nos juros moratórios e nas multas 
de qualquer natureza. 
Entre as despesas do tipo em referência localizam-se também as que se contrapõem a determinada 
receita, como é o caso dos custos diretos com vendas, nos quais se incluem comissões, impostos, 
taxas. A aplicação correta da competência exige mesmo que se provisionem, com base em 
fundamentação estatística, certas despesas por ocorrer, mas indiscutivelmente ligadas à venda em 
análise, como as despesas futuras com garantias assumidas em relação ao produto. 
Em caso de Entidades em período pré-operacionais, no seu todo ou em algum setor, os custos 
incorridos são ativados, para se transformarem posteriormente em despesas, quando da geração da 
receitas, mediante depreciação ou amortização. Tal circunstância está igualmente presente em 
projetos de pesquisa e desenvolvimento de produtos - muito freqüentes nas indústrias químicas e 
farmacêuticas, bem como naquelas que empregam alta tecnologia - quando a amortização dos custos 
ativados é feita segundo a vida mercadológica estimada dos produtos ligados às citadas pesquisas e 
projetos. 
 
ALGUNS COMENTÁRIOS SOBRE AS RECEITAS E SEU RECONHECIMENTO: 
A receita é considerada realizada no momento em que há a venda de bens e direitos da Entidade - 
entendida a palavra "bem" em sentido amplo, incluindo toda sorte de mercadorias, produtos, serviços, 
inclusive equipamentos e imóveis - , com a transferência da sua propriedade para terceiros, efetuando 
estes o pagamento em dinheiro ou assumindo compromisso firme de fazê-lo num prazo qualquer. 
Normalmente, a transação é formalizada mediante a emissão de nota fiscal ou documento 
equivalente, em que consta a quantificação e a formalização do valor de venda, pressupostamente o 
valor de mercado da coisa ou do serviço. Embora seja a forma mais usual de receita, também há uma 
segunda possibilidade, materializada na extinção parcial ou total de uma exigibilidade, como no caso 
do perdão de multa fiscal, da anistia total ou parcial de uma dívida, da eliminação de passivo pelo 
desaparecimento do credor, pelo ganho de causa em ação em que se discutia uma dívida ou o seu 
montante, já devidamente provisionado, ou outras circunstâncias semelhantes. Finalmente, há ainda 
uma terceira possibilidade: a de geração de ativos sem a interveniência de terceiros, como ocorre 
corretamente no setor pecuário, quando do nascimento de novos animais. A última possibilidade está 
também representada pela geração de receitas por doações recebidas, já comentada anteriormente. 
Mas as diversas fontes de receitas citadas no parágrafo anterior representam a negativa do 
reconhecimento da formação destas por valorização dos ativos, porque, na sua essência, o conceito de 
receita está indissoluvelmente ligado à existência de transações com terceiros, exceção feita à 
situação referida no final do parágrafo anterior, na qual ela existe, mas de forma indireta. Ademais, 
aceita-se, por exemplo, a valorização de estoques significaria o reconhecimento de aumento do 
Patrimônio Liquido, quando sequer há certeza de que a venda a realizar-se e, mais ainda, por valor 
consentâneo àquele da reavaliação, configurando-se manifesta afronta ao Princípio da Prudência. 
Aliás, as valorizações internas trariam no seu bojo sempre um convite à especulação e, 
consequentemente, ao desrespeito a esse Princípio. 
A receita de Serviços deve ser reconhecida de forma proporcional aos serviços efetivamente 
prestados. Em alguns casos, os princípios contratados prevêem cláusulas normativas sobre o 
reconhecimento oficial dos serviços prestados e da receita correspondente. Exemplo neste sentido 
oferecem as empresas de consultoria, nas quais a cobrança dos serviços é feita segundo as horas de 
serviços prestados, durante, por exemplo, um mês, embora os trabalhos possam prolongar-se por 
muitos meses ou até ser por prazo indeterminado. O importante, nestes casos, é a existência de 
unidade homogênea de medição formalizada contratualmente, além, evidentemente, da medição 
propriamente dita. As unidades fiscais mais comuns estão relacionadas com tempo - principalmente 
tempo-homem e tempo-máquina - , embora possa ser qualquer outra, como metros cúbicos por tipo 
de material escavado, metros lineares de avanço na perfuração de poços artesianos, e outros. 
Nas entidades em que a produção demanda largo espaço de tempo, deve ocorrer o reconhecimento 
gradativo da receita, proporcionalmente ao avanço da obra, quando ocorre a satisfação concomitante 
dos seguintes requisitos: 
 o preço do produto é estabelecido mediante contrato, inclusive quanto à correção dos preços, 
quando houver; 
 Não há riscos maiores de descumprimento do contrato, tanto de parte do vendedor, quanto do 
comprador; 
 Existe estimativa, tecnicamente sustentada, dos custos a serem incorridos. 
7.6.7 - O Princípio da Prudência: 
"Art.10 - O Princípio da prudência determina adoção do menor valor para os componentes do Ativo e 
do maior valor para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a 
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido." 
A aplicação do Princípio da Prudência - de forma a obter-se o menor Patrimônio Líquido, dentre 
aqueles possíveis diante de procedimentos alternativos de avaliação - está restrita as variações 
patrimoniais posteriores às transações originais com o mundo exterior, uma vez que estas deverão 
decorrer de consenso com os agentes econômicos externos ou da imposição destes. Esta é a razão 
pela qual a aplicação do Princípio da Prudência ocorrerá concomitantemente com o Princípio da 
Competência, conforme assinalado no Inciso 2O , quando resultará, sempre, variação patrimonial 
quantitativa negativa, isto é, redutora do Patrimônio Líquido. 
A Prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturados por 
determinados valores, segundo os Princípios do Registro pelo Valor Original e da Atualização 
Monetária, surge dúvida sobre a ainda correção deles. Havendo formas alternativas de se calcularem 
os novos valores, deve-se optar sempre pelo que for menor do que o inicial, no caso de ativos, e 
maior, no caso de componentes patrimoniais integrantes do passivo. A provisão para créditos de 
liquidação duvidosa é exemplo da aplicação do Princípio da Prudência, pois sua constituição determina 
o ajuste, para menos, de valor decorrente de transações com o mundo exterior, das duplicatas ou de 
contas a receber. A escolha não está no reconhecimento ou não da provisão, indispensável sempre 
que houver risco de não-recebimento de alguma parcela, mas, sim no cálculo do seu montante. 
No reconhecimento de exigibilidade, Princípio da Prudência envolve sempre o elemento incerteza em 
algum grau, pois, havendo certeza, cabe, simplesmente, o reconhecimento delas, segundo o Princípio 
da Oportunidade. 
Para melhor entendimento da aplicação do Princípio da Prudência cumpre lembrar que: 
 Os custos ativados devem

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