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A construção do paradigma de
Promoção de Saúde – um Desafio
para as novas gerações
 Nos últimos anos, entre as populações de países industrializados ou ainda em processo de desenvolvimento têm se observado um declínio em doenças como cárie e periodontal, além de uma redução no número de dentes extraídos e necessidades restauradoras.Este declínio provém de uma mudança de atitude com relação à manutenção de uma boa saúde bucal e, principalmente, de uma mudança no paradigma de promoção de saúde.
 Embora não suficiente para excluir a doença periodontal e cárie dos problemas de saúde no mundo, esse declínio vem demonstrando uma mudança de vários aspectos socioeconômicos e culturais da população.
Doenças Infecciosas Bucais: Seu impacto sobre a saúde
Ao contrário do que era aceito, descobriu-se que as doenças infecciosas bucais, assim como qualquer outra área do organismo, têm condições de atuar como focos de disseminação de microorganismos patogênicos, com efeitos metastáticos sistêmicos, ou seja, as doenças bucais também possuem suficiente potencial para gerar desequilíbrios na homeostasia do organismo, comprometendo a saúde como um todo. Em muitos casos foi possível documentar a presença de membros típicos da microbiota periodonto-patogênica e daquela relacionada com a cárie nas lesões extra-orais.
Doenças no Cérebro: abcessos cerebrais podem decorrer de bacteremias desenvolvidas doenças infecciosas bucais.
Doenças Cardíacas: a presença de quadros de periodontite e de abcessos dento-alveolares estatisticamente descreve uma associação com casos de enfarte agudo de miocárdio
Doenças do Pulmão: o abcesso pulmonar pode ser causado pela aspiração de bactérias da microbiota oral provenientes de doenças como a periodontite.
Alterações na gravidez: a doença periodontal pode se constituir em um forte fator de risco para o nascimento de crianças prematuras e com baixo peso.
Os Novos Paradigmas
Por muito tempo, o paradigma cirúrgico-restaurador, o qual instruía os profissionais dentistas, foi incapaz de controlar as doenças bucais e fez com que muitas pessoas, mesmo tratadas perdessem todos ou quase todos os dentes na meia idade.
As nações industrializadas foram levadas a investir em pesquisas para desvendar as verdadeiras causas das doenças mediadas por placas bacterianas, isto é, sua etipatogenia. Isso resultou em uma base de conhecimento que permitiu, anos mais tarde, a estruturação de um novo paradigma de prática. Com essa filosofia de atendimento os países desenvolvidos conseguiram mudar o perfil epidemiológico de suas populações, elevando os níveis de saúde bucal pela prevenção e controle de doenças cárie e periodontal.
O processo de mudança começou a se materializar em 1960, quando PAUL KEYES e ROBERT FITZGERALD demonstraram que a cárie era uma doença bacteriana infecciosa e transmissível. A identificação do caráter infeccioso da cárie, e depois das lesões periodontais sacudiu os alicerces da velha Odontologia cirúrgico restauradora. 
A partir da etiologia das lesões, tornou-se possível a identificação e o controle de suas verdadeiras causas, ficou claro também que a remoção física do tecido afetado, seguida de sua substituição por material restaurador, não era um procedimento com força suficiente para controlar os níveis de infecção e a atividade cariogênica presente no ecossistema da boca.
A odontologia começou a transitar de uma filosofia fortemente concentrada em processos mecânicos e artesanais para uma forma de atenção referendada pelas bases científicas que dão suporte aos seus métodos preventivos, de diagnóstico, de tratamento específico e de controle das principais doenças bucais. A estruturação dessa nova filosofia de prática é o marco referencial para o novo Paradigma da saúde bucal.
Para atualizar nosso paradigma devemos deixar de “tratar de dentes” para tratar de “gente que tem dentes”. Não há como isolar a saúde bucal da sistêmica, por trás de toda boca existe um ser humano completo. Uma patologia bucal pode comprometer ou afetar outras partes do organismo, assim como patologias do organismo podem afetar a cavidade oral. Se “a saúde começa pela boca”, devemos levar em conta que a nossa missão é a promoção de saúde e não somente o tratamento de patologias.

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